Um representante da Santa Sé – o arcebispo Agostino Marchetto, Secretário do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes – deu "Cartão vermelho" à indústria da prostituição, que atinge um dos acontecimentos esportivos mais importantes do planeta, a Copa do Mundo.
Em declarações à "Rádio Vaticano", ele asseverou que, atrás dos bastidores, o que acontece é um autêntico tráfico de seres humanos.
Cerca de três milhões de estrangeiros, em sua maioria homens, invadiram a Alemanha durante o mês de junho. Com eles, fontes não oficiais asseguraram que 40.000 pessoas, empregadas do sexo, entraram no país para satisfazer aos apetites sexuais dos torcedores.
A prostituição foi legalizada na Alemanha em 2002. Estima-se que 400.000 mulheres se dediquem, no país, à indústria do sexo, cujos lucros chegam a 18 bilhões de dólares ao ano. A maioria absoluta dessas mulheres é estrangeira, em grande parte da Europa do leste, mas o Brasil também ajuda a aumentar esse contingente, com mulheres enganadas por falsas promessas de trabalho temporário e lucrativo.
Algumas vítimas que conseguem escapar dos exploradores telefonam para as instituições de apoio em busca de ajuda. "Já recebemos várias ligações de vítimas. Clínicas também estão nos colocando em contato com mulheres que foram obrigadas a se prostituir e agora pedem ajuda", afirmou Lea Ackermann, chefe da Slowodi, uma ONG que trabalha na defesa dos direitos humanos.
Oficialmente, cerca de mil mulheres são levadas para a Alemanha todos os anos, mas há informações afirmando que esse número pode ser seis vezes maior.
Em sua denúncia, Dom Agostinho explicou: "A prostituição viola a dignidade da pessoa humana, fazendo dela um objeto e um instrumento do prazer sexual. As mulheres convertem-se em mercadoria que se pode comprar, cujo custo, inclusive, é inferior ao da entrada em uma partida de futebol".
Não é revelar nenhum segredo afirmar que essas grandes manifestações mundiais escondem um sub-mundo de pecado e de corrupção. São gigantescos os interesses econômicos gerados pela indústria do futebol, numerosos e graves os desvios em relação ao ideal ético e moral do esporte.
Mas, ao lado das trevas, muitas luzes brilham durante a Copa. O aspecto mais belo e importante é o incentivo dado à fraternidade e à paz universal. Os jogos podem converter-se num novo passo rumo a uma globalização mais autêntica, construída sobre valores humanos e cristãos.
Outro dado positivo é o exemplo dado por algumas pessoas ligadas ao esporte. Luiz Felipe Scolari, campeão do mundo com a seleção brasileira em 2002 e atual técnico da seleção portuguesa, numa entrevista dada no início da Copa, explicou o papel da fé e, em especial, da sua conhecida devoção a Nossa Senhora na sua vida e na sua profissão: "Antes das grandes competições ou dos jogos, costumo conversar com Nossa Senhora para que eu me sinta à vontade e possa transmitir aos meus atletas algo que os deixe mais à vontade".
Kaká é um jogador que não sente nenhum constrangimento em falar de sua crença evangélica. Seu livro de cabeceira é a Bíblia: "Para mim, a Bíblia é fundamental. Tem dia que eu acordo e leio um versículo, que para mim é importante, tudo. Hoje eu li um salmo, acho que o Salmo 24, que fala que o Senhor dá a conhecer a intimidade dele àqueles que o buscam. Para mim, mexeu muito. Imagina você conhecer a intimidade de Deus, deve ser uma coisa tremenda. Você ser íntimo de Deus, ser amigo. Isso foi uma coisa que hoje mexeu comigo".
E qual é seu relacionamento com os jogadores que não partilham as mesmas idéias e atitudes? "Respeito total! Não tem essa separação dos evangélicos e a turma do pagode. A gente respeita, faz aquilo que acha que possa fazer, que é legal, isso a gente faz. Claro, a gente preserva sempre os valores, mas não tem problema nenhum. Eles também estão abertos. Quando fazemos as reuniões, convidamos todo mundo para ir lá participar, ouvir, orar junto. Não tem problema nenhum. É uma relação super-respeitosa".
Jornal O Progresso 30/06/2006
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