18 setembro 2010

Eleições: vale a pena?


 Em algumas semanas todo o país vai participar de mais um eleição. Todos os brasileiros com mais de 16 anos de idade poderão expressar sua vontade através do voto direto.

Em cada Estado deste país, brasileiros e brasileiras irão se deslocar até suas sessões eleitorais e exercer o direito inalienável de escolher seus governantes.

São centenas de candidatos disputando mandatos para Presidente da República, Senador, Deputado Federal, Governador e Deputado Estadual.

Quem assiste ao programa eleitoral gratuito sabe que tem candidato de todo jeito:


·       Tem aquele que fala muito e ninguém entende nada;
·       Tem candidato que fala pouco e também não se entende nada;
·       Tem candidato engraçado e simpático e outros sérios e sisudos;
·       Há quem se apresente com o nome completo e outros pra quem basta o apelido;
·       Tem candidato que não pede voto, tem os que pedem e aqueles que imploram “pelo amor de Deus”;
·       Tem candidato que apela pedindo voto porque é  “irmão”;
·       E tem também aquele que apela porque é negro, jovem, pobre, homossexual, deficiente, funcionário público, militar, do interior, ou porque teve uma vida sofrida na infância.

No entanto, mesmo com tanto barulho, ninguém pode negar: quando o assunto é eleição, somos uma sociedade em fase de aprendizado; faz pouco tempo que reconquistamos a plenitude do direto de escolher nossos representantes.

Isso aconteceu com o retorno das eleições diretas na segunda metade da década de 80, no século passado. Pode parecer muito tempo para os mais novos, mas em termos de história é quase nada. Pode-se dizer com tranqüilidade que estamos em pleno aprendizado. Há menos de 30 anos atrás, uma eleição como essa da qual vamos participar no próximo mês era apenas um sonho acalentado no coração de alguns.

Partindo desse cenário, hoje eu gostaria de refletrir sobre compromissos que os seguidores de Jesus deveriam assumir nesses tempos de eleição. Vamos fazer isso nos nos detendo em quatro questões:

(A) Política serve para alguma coisa?

Infelizmente, em nosso país, quando ouvimos a palavra política as imagens que nos vêm à mente são corrupção, mar de lama, desonestidade, suborno, sangue-suga, acordos feitos na calada da noite, mensalão, propina, máfia das ambulâncias, corrupção e uma total falta de compromisso em conciliar os interesses da nação.

No Brasil, a política tornou-se uma forma de usurpar os recursos públicos e usá-los em benefício próprio ou em benefício de um grupo de amigos privilegiados.

Mas, política serve para alguma coisa boa? Claro que sim! Alguém afirmou que “política é a ciência que estuda e exercita os relacionamentos entre as pessoas, entre as pessoas e instituições e entre instituições”.

A política está sempre associada ao “conjunto de relações sociais que distribuem o poder, ordenam, hierarquizam e organizam os grupos humanos”. A política está presente tanto nas relações familiares, quanto nos acordo internacionais.

1.         Negociar com o filho adolescente a que horas ele vai voltar para casa é um exercício político;
2.         Apaziguar uma disputa entre filhos pequenos é um ato também político;
3.         Decidir se vai pintar o muro do condomínio ou colocar uma cerca elétrica é um grande desafio político;
4.         Realizar um acordo de paz entre duas nações é fazer política (em alguns casos esse acordos entre nações são mais fáceis do que aquela decisão do condomínio).

A política não é má em si mesma, ela é o meio pelo qual os interesses divergentes de uma sociedade são atendidos. Portanto, nenhum cristão deveria considerar a política como algo desprezível e inservível, mas sim como uma ferramenta capaz de ser usada em benefício do ser humano e do restante da criação de Deus.

(A) Política serve para alguma coisa?
(B) O que a Bíblia fala sobre política

A palavra política não se encontra na Bíblia. Mas, o conceito de política perpassa praticamente todos os livros das Escrituras Sagradas. E não podia ser diferente, porque a Bíblia narra a história de pessoas, de seus relacionamentos com Deus e entre si. Um exemplo disso são os vários personagens bíblicos que ocuparam posições onde a política estava sempre presente.

José
Depois de ser vendido pelos irmãos como um escravo e preso injustamente, José foi conduzido por Deus ao centro das decisões políticas do Egito: a nação mais rica e poderosa do seu tempo. (Gen. 41:37-40)

Foi José quem organizou a produção do Egito durante os sete anos de fartura lidando com interesses divergentes e a perspectiva de uma grande fome que se aproximava.
Por isso, além de habilidades administrativas, Ele precisou de sabedoria política dada por Deus para sobreviver nesse ambiente, ainda mais sendo um hebreu em meio aos egípcios.

Davi
Davi, um simples pastor de ovelhas, também tem sua história ligada ao ambiente político. Enquanto José foi mantido por Deus no centro das decisões através de suas habilidade administrativas, Davi foi conduzido através suas habilidades militares.

Antes mesmo de ser ungido rei, Davi foi perseguido e enfrentou a ira de Saul. Fez aliança com Jônatas e sobreviveu às perseguições do Rei sem jamais atentar contra a vida dele. Davi também precisou lidar com os interesses de seus generais e relacionar-se com os reinos vizinhos.

Perseguido por Absalão, seu filho, Davi foi expulso de Jerusalém. Em sua fuga, encontra Husai e planeja uma estratégia para lidar com a rebelião de seu filho em que Husai, amigo de Davi, entra no conselho de Absalão para se contrapor a Aitofel, o conselheiro que era contra Davi. (2 Sam. 15:31-37)

Daniel
Daniel foi cativo na Babilônia por muitos anos. Em certo momento, o rei Dario cogitou colocar Daniel como um dos três presidentes responsáveis por acompanhar o trabalho dos 120 sátrapas, que eram administradores de pequenas províncias.

Daniel, não fugiu da responsabilidade, mas teve que enfrentar as articulações políticas tanto dos outros dois presidentes quanto dos sátrapas. (Daniel 6:1-9)

A política faz parte da vida das cidades. Não há como, nem porque fugir dela. É no meio de tudo que é insosso que o sal é notado; é no meio da escuridão que a luz é vista; é no meio de uma sociedade que não tem compromisso com o bem comum que o cristão deve afirmar sua disposição em fazer parte da solução e enfrentar o risco de participar, de opinar, de votar e ser votado, pedindo a Deus sabedoria para isso de forma a manter intacto seu compromisso como os valores do Reino de Deus.



(A) Política serve para alguma coisa?
(B) O que a Bíblia fala sobre política
(C) Como o cristão deveria lidar com política?

(1) Alguns cristãos fogem da política como o diabo foge da cruz. Por isso, pouco sabem sobre a maneira como o país é governado e muito menos sobre que participação cada um de nós pode ter.

(a) Alguns se omitem porque trazem consigo uma herança distorcida dos missionários estrangeiros que, ao chegarem ao Brasil, não podiam envolver-se com as questões políticas do país e por isso se mantinham afastados.

O que não foi muito bem explicado aos nossos pais na fé, a geração que foi evangelizada por esses missionários, é que em seus países de origem eles eram em sua maioria cidadãos comprometidos com suas comunidades e muitas vezes envolvidos politicamente.

A fé evangélica não deveria ser usada como motivo de alienação política nem justificativa para nos afastarmos das decisões do país.

Ao contrário disso, em vários momentos da história, a Igreja esteve profundamente envolvida nas questões sócio-politicas, como nos avivamentos que abalaram a Europa nos séculos XVII e XVIII, com participação ativa de homens com a envergadura John Wesley e George Whitefield, e que tocaram em questões de grande interesse político e econômico como o trabalho escravo nas minas de carvão.

(b) Há outros que se omitem de participar politicamente, porque se sentem impotentes diante de tanta corrupção e desonestidade. Não se pode negar que estamos anestesiados diante da triste realidade em que se encontram nossas instituições. Há um clima geral de desesperança e tristeza.

Esse é um desalento legítimo. Mas deve nos alertar para o fato de que as esperanças da nação não podem ser depositadas nas mãos de uma só pessoa (seja ela presidente, governador, senador ou deputado). Políticos não são messias prometidos por Deus. O desalento é legítimo, mas não podemos nos deixar dominar por ele.

Martin Luther King, pregador batista, viveu dias em que nos EUA um negro não podia sentar em um mesmo ônibus com um branco. E quando um branco entrasse no ônibus, o negro tinha que se levantar e ceder o lugar. Os banheiros públicos eram separados, os bairros eram separados e, pasmem, as igrejas eram separadas.

Foi ele quem disse a seguinte frase: "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons."

·       É o seu silêncio, a sua omissão como cidadão brasileiro, o abandono das suas responsabilidades como cidadão do Reino que abrem o espaço para que o grito dos maus seja ouvido com tanta força.

(2) Há um segundo grupo de cristãos que está próximo da política e se acha astuto e inteligente, mas na verdade tem se deixado corromper pelo brilho do poder e pelas cifras do dinheiro, que estão sempre perto das decisões políticas. Para esses cristãos tudo não passa de um jogo de interesses.

Alguns deles são eleitores venais que, de título na mão buscam favores e benesses (devidamente traduzidas como “bênçãos” no evangeliquês), oferecendo em troca seus votos; outros são pastores e líderes venais, que por sua vez vendem os votos da igreja inteira ao político A ou B, de porteira fechada, como diz o ditado.

Pela ação dessas pessoas, igrejas se transformam em verdadeiros currais eleitorais que denigrem a integridade dos crentes e trata com desprezo a sensatez dos eleitores evangélicos.

·       Não coloque seu voto à venda, junto com ele você está vendendo também a sua dignidade.
·       Da mesma forma, os púlpitos das igrejas não podem ser “alugados” como palanques para fins de politicagem eleitoreira;
·       O aprisco de Deus não pode ser tratado como curral eleitoral.
·       Que o Senhor guarde a sua igreja e o seu povo!

(A) Política serve para alguma coisa?
(B) O que a Bíblia fala sobre política
(C) Como o cristão deveria lidar com política?
(D) Que compromissos deveríamos assumir nestas eleições?

1.  Não abra mão do direito de votar. Deus constrói a história se utilizando das estruturas sociais, econômicas e políticas de cada tempo. Votar em branco é entregar para os outros o direito que é seu; Anular intencionalmente o voto é fugir de uma responsabilidade que é sua;

2.  Não negocie seu voto. Um servo de Jesus não vende ou compra votos, não troca o voto por um favor, por um emprego, uma promessa, um aperto de mão, um elogio ou qualquer outra coisa. Voto não é mercadoria, é o exercício livre da sua vontade.

3.  Não vote no irmão só porque ele é irmão. Eleição não é um concurso para escolhermos o cristão do ano. Presidente, senadores, deputados e governadores devem exercer suas funções de forma abrangente, para todas as pessoas. Por isso, seja um evangélico ou não, devemos escolher aqueles que irão governar ou legislar para todos. Também não deixe de votar porque ele é um irmão; avalie as propostas.

4.  Conheça e acompanhe seu candidato. Antes de votar, procure conhecer o máximo possível sobre o seu candidato. Conheça suas propostas, suas bandeiras políticas, seu estilo de vida, sua maneira de ver o mundo. Leia jornais e revistas que falam sobre ele, pesquise na internet, investigue sobre sua história política. Depois de votar, acompanhe seus discursos e entrevistas, compare as promessas feitas com as realizações, escreva cartas e emails, aplauda os acertos e reclame quando for preciso;

5.  Conheça as propostas e programas dos partidos políticos. Você não precisa filiar-se a um partido, mas deve conhecer a linha política do partido ao qual seu candidato pertence. Votar em um candidato é também votar em um partido;

6. Peça sabedoria ao Senhor. Votar é um importante aspecto da vida. Todo cristão deve votar de forma livre, de acordo com sua consciência. Não vincule seu voto a quem quer que seja. Padres, pastores, professores, médicos ou qualquer outra autoridade podem ser bons conselheiros, mas não devem definir o seu voto. Depois de conhecer os candidatos, partidos e suas propostas, peça sabedoria a Deus e vote em paz com sua consciência.

7. Ore pelo Brasil e pelas pessoas investidas de autoridade. Ore por aqueles que receberam autoridade para administrar orçamentos, prestar serviços ao público, construir obras públicas, definir estratégias, optar por projetos, contratar serviços, assinar contratos, etc.


(1) Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, (2) em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. (3) Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, (4) o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. (I Timóteo 2:1-4)

Oração pelo Brasil

11 setembro 2010

William Tyndale (1483-1536)



O pai da Bíblia Inglesa


William Tyndale nasceu aproximadamente em 1483, na vila de North Nibley. Ordenado ao sacerdócio em 1502, ele se distinguiu em Oxford recebendo o seu diploma de Bacharel em Artes, em 1515. Mais tarde ele se transferiu para Cambridge, onde se tornou familiarizado com Erasmo e o seu Novo Testamento Grego. Enquanto atravessava esse tempo de reflexão, Tyndale experimentou uma iluminação espiritual semelhante à de Lutero.


Quanto mais ele estudava esse tesouro recém descoberto, mais acentuada se tornava a sua preocupação no sentido de que os seus companheiros ingleses dele compartilhassem. Foi durante esse período de formação que aconteceu a clássica discussão de Tyndale com um papista fanático. Antagonizado pela sua incapacidade de refutar a racionalização Bíblica de Tyndale, o exasperado sacerdote gritou: "seria melhor que ficássemos sem as leis de Deus do que sem as leis do papa", ao que Tyndale retorquiu indignado:
Desafio o papa e todas as suas leis; e se Deus me poupar a vida por muitos anos, levarei um garoto que conduz o arado a conhecer mais a Escritura do que vós.

Com essas audaciosas palavras representando a motivação de toda a sua vida, Tyndale decidiu resgatar os seus iletrados patrícios da desesperança e infelicidade do Romanismo, declarando:
Essa causa apenas me conduziu a traduzir o Novo Testamento. Porque eu havia percebido, por experiência, como seria impossível levar o povo leigo à verdade, a não ser que as Escrituras fossem claramente colocadas diante dos seus olhos na língua mãe.
O pedido de Tyndale para se alojar com o renomado Cuthbert Tonstal, Bispo de Londres, recebeu uma fria negativa. Do mesmo modo como o estalajadeiro de Belém negou abrigo à "Palavra Viva" o prelado indiferente fez o mesmo ouvido surdo à "Palavra Escrita", nenhum deles reconhecendo o tempo de sua visitação.


O Senhor compensou essa humilhação, enviando Tyndale até um comerciante simpático, o qual não apenas abriu sua residência em Londres, para o Reformador, como ainda lhe deu dez libras de presente, pedindo-lhe que orasse por "seu pai, sua mãe, suas alma e todas as almas cristãs". Contudo seis meses depois do início da tradução, Tyndale detectou uma crescente hostilidade dos oficiais lacaios contra o seu projeto. Grande parte dessa pressão foi atribuída às pazes de Henrique VIII com Roma, a respeito do controvertido pedido de anulação do seu casamento com a "estéril" rainha Catarina. Tyndale conclui com tristeza:
A partir daí, percebi que não apenas no palácio do bispo de Londres, mas em toda a Inglaterra, não havia lugar onde eu pudesse tentar uma tradução das Escrituras.
Em face dessas condições inaceitáveis, Tyndale transferiu-se para a Alemanha, em 1524, sem imaginar que jamais colocaria os pés novamente em solo inglês (Contudo, Foxe chamou Tyndale de "o Apóstolo da Inglaterra").


Tendo garantido alojamento em Hamburgo, o fugitivo fez uma peregrinação imediata até Wittenberg. O patrocínio negado a Tyndale por Tonstal foi mais do que compensado pelo audacioso Lutero, que iria declarar sem timidez: "Nasci para a guerra e a luta contra as facções e os demônios".


O Dr. J. R. Green captou o espírito contagiante de Lutero com a narrativa da visita deste a Tyndale:
Encontramo-lo em seu caminho para a cidadezinha que havia repentinamente se tornado a cidade sagrada da Reforma. Estudantes de todas as nações ali se reuniam com um entusiasmo que lembrava aquele dos cruzados. "Quando vinham para ver a cidade", conta-nos um contemporâneo, "retornavam graças a Deus com as mãos preparadas para de Wittenberg, como a partir de Jerusalém fosse a luz da verdade do evangelho espalhada até aos confins da terra". Foi por insistência de Lutero que Tyndale ali traduziu os evangelhos e as epístolas.
Tyndale receberia muita coragem para suas futuras experiências da parte do austero alemão, cuja visão pessoal sobre os perturbadores era essa: "você não pode enfrentar um rebelde com a razão. Sua melhor resposta é esmurrá-lo no rosto até que ele sangre pelo nariz".


Com o coração reanimado, Tyndale iniciou o seu esforço pioneiro de produzir a Bíblia Inglesa traduzida diretamente das línguas originais. Partiu dele uma excepcional concessão para uma tão grandiosa ventura. O professor Herman Buschais descreveu Tyndale para Spalatin como:
Um homem tão versado nas sete línguas: Hebraico, Grego, Latim, Italiano, Espanhol, Inglês e Francês, que qualquer uma que ele falasse poderia dar a impressão de ser a sua língua nativa.
Esta erudição foi confirmada no comparecimento de Tyndale diante dos editores de Colônia, Quental e Byrschmann, antes de completar um ano. Embora desconhecido a Tyndale, o arquinimigo de Lutero, o teólogo católico John Cochlaeus, Deão da Igreja da Bendita Virgem em Frankfurt, seguiu direto em suas pegadas. Quando viu os católicos na Alemanha preparados com Bíblias até às orelhas, Cochlaeus se queixou:


O Novo Testamento de Lutero se multiplicou e espalhou de tal maneira através dos editores que até mesmo alfaiates e sapateiros, sim, até mesmo as mulheres e as pessoas ignorantes, que aceitaram esse novo evangelho luterano e podiam ler um pouco de alemão, estudavam-no, com a maior avidez, como sendo a fonte de toda a verdade. Alguns o memorizaram, carregando-o no íntimo. Em poucos meses esse povo ficou tão letrado que não se envergonhava de debater sobre a fé e o evangelho, não apenas com os leigos católicos, mas até mesmo com os padres e monges e doutores em divindades.


Cochlaeus não podia permitir que esse pesadelo alcançasse a Inglaterra. Certo dia ele escutou por acaso alguns tipógrafos discutindo a respeito da obra de Tyndale. Embriagando-os com uma certa quantidade de vinho, ele ficou perplexo ao descobrir que o Novo Testamento Inglês já estava sendo impresso. Depois de ver apenas dez folhas completadas, Tyndale foi advertido da chegada de magistrados. Auxiliado pelo seu amanuense, William Roye, ele pôde transferir os preciosos documentos para Worms, deixando ao chão um padre frustrado.


Com a comparativa segurança da "retaguarda" oferecida por Lutero, as primeiras três mil cópias do Novo Testamento de Tyndale foram completadas em 1525 pelo editor de Worms - Schoeffer – e contrabandeadas para a Inglaterra, em barris, pilhas de roupa e sacos de farinha. Ao contrário da tradução dos manuscritos latinos de Wycliff, a obra de Tyndale foi diretamente traduzida do Grego e, mais que isso, do Textus Receptus da segunda e terceira edições de Erasmo. (Erasmo havia rejeitado as leituras Alfa e Beta da Vulgata, pavimentando, assim, a estrada para centenas de mártires em Smithfield, os quais iriam morrer por causa do Texto Majoritário).


Tendo sido alertado por Cochlaeus da "importação pendente de perniciosa mercadoria", o clero inglês ficou de sobreaviso nos portos. Muitas Bíblias foram interceptadas e queimadas em cerimônias, na Saint Paul Cross em Londres, pelo bispo Tonstal, que as chamava de "uma oferta queimada ao Deus Todo Poderoso".


Esse bispo enfatuado afirmava ter encontrado 2.000 erros na mesma. Sir Thomas More acrescentou: "tentar encontra erros no livro de Tyndale foi o mesmo que tentar água no mar". More seria degolado mais tarde, como um traidor da pátria.


Sem se intimidar, Tyndale exclamou no espírito do seu mentor alemão:
Ao queimar o Livro eles fizeram exatamente o que eu esperava; provavelmente eles vão também me queimar, se for essa a vontade de Deus.
Contudo, apesar desse diabólico esforço, muitos dos volumes reprovados foram dispersos pela terra (quase 50.000, segundo alguns cálculos). As dores sofridas no sentido de proteger esses Novos Testamentos podem ser vislumbradas através do que um sóbrio cristão escreveu:


Guardas perigosos cheios de whisky,
que em vão buscavam essa coluna,
gozavam de clandestinidade
e esconderijo com sofrimento ansioso.
Enquanto tudo à volta era miséria e escuridão,
Este livros nos mostrava o beijo sem fronteira,
além da tumba,
libertos dos padres venais – do castigo feudal.
Ele permitiu ao sofredor
seus passos fatigados até Deus.
E quando essa sofrida maldição na terra aconteceu
Esta principal riqueza do seu filho desceu.


Que o poder do Novo Testamento de Tyndale foi causa de alarme entre os católicos ficou evidenciado pela carta do bispo de Nikke ao seu superior, na qual se lia em parte: "está além do meu poder, ou de qualquer homem espiritual, impedir isso agora, e se assim continuar por muito tempo, ele a todos nos destruirá".


Com a cabeça erguida, Tyndale se mudou para Marburg, em 1528, onde ficou sob a proteção de Philip, o Magnânimo, Conde de Hesse. Após ter trabalhado, por quase um ano, no Pentateuco, ele embarcou para Hamburgo, porém sofreu um naufrágio na viagem, perdendo o manuscrito de Deuteronômio recém concluído.


Após uma chegada com atraso em Hamburgo, ele foi residir com Margarete von Emmerson, onde concluiu a tradução de Gênesis até Deuteronômio. Com o seu aparecimento na cidade livre de Antuérpia (para conseguir a impressão desses novos livros), Tyndale arquitetou um plano engenhoso para repor suas urgentes carências financeiras. Já ficou conhecido que o arrogante bispo Tonstal, levado ao desespero pela divulgação do Novo Testamento, havia tentado salvaguardar-se, removendo-os do comércio através de uma compra ilegal. Contudo, sem que Tonstal o soubesse, o comerciante intermediário do qual ele se aproximou, Augustine Pakinghton, era um dos simpatizantes e mantenedores de Tyndale. Foxe o descreve com esta maravilhosa narrativa poética de justiça:
Alguma semanas mais tarde, Pakinghton entrou no humilde alojamento de Tyndale, cujas finanças ele sabia terem se esgotado.
Pakinghton – "Mestre Tyndale, encontrei para vós um bom comprador dos vossos livros.
Tyndale – quem é?
Pakinghton – o senhor bispo de Londres.
Tyndale – mas se o bispo quer esses livros será apenas para queimá-los.
Pakinghton – bem... e então? O bispo os queimará de qualquer maneira e bom seria que conseguíssemos dinheiro para imprimir mais.
Tyndale – ficarei contente por esses benefícios que advirão: vou receber o dinheiro para me livrar dos débitos e o mundo inteiro vai gritar contra a queima da Palavra de Deus. O restante do dinheiro me possibilitará corrigir o dito Novo Testamento, e novamente imprimir o mesmo, confiando em que o segundo será bem melhor do que o primeiro já impresso.
Depois disso, os Novos Testamentos reimpressos logo alcançaram a Inglaterra. Então o bispo mandou procurar novamente Pakinghton indagando como era possível que os livros fossem ainda tão abundantes? "Meu senhor", respondeu o comerciante, "realmente eu acho que seria melhor que comprásseis também os tipos pelos quais eles são impressos".


Que esse conselho não foi seguido, nem é preciso declarar.


Com o lucro do seu "mais novo cliente", Tyndale entregou o seu Pentateuco, em 1530, através da Casa publicadora Hans Luft, de Marburg, com a sua tradução de Jonas sendo publicada na Antuérpia, no ano seguinte.


Por esse tempo a animosidade contra Tyndale havia aumentado consideravelmente. Além das traduções desprezadas, seus diversos ataques verbais contra Roma não estavam lhe angariando muitos amigos: "A parábola do Maligno Mamom", 1528; "A Obediência de um Cristão" e "Como os Governantes de Cristo Devem Governar", em 1530; e sua "Prática de Prelados" , também em 1530. Numa de suas notas marginais em Jonas ele comparou a Inglaterra com Nínive.


No ano de 1535, um crédulo Tyndale foi traído por um agente secreto católico, Henry Phillips, o qual havia angariado a confiança do reformador. Depois de tomar um empréstimo de última hora no valor de 40 shillings, de sua generosa vítima, os dois homens seguiram para a pensão de Tyndale, a fim de jantar. O traidor Phillips insistiu pretensiosamente como o seu "amigo", para ir na frente. Logo que saiu, Phillips, no espírito de Judas Iscariotes, apontou na direção dele pelas costas, como sinal combinado para identificá-lo aos oficiais. O idoso santo foi depressa levado para o calabouço da fortaleza próxima de Vilvorde, dezoito milhas ao norte de Antuérpia.


Como o julgamento do seu Mestre por Pilatos, o caráter de Tyndale era inquestionável, impressionando até mesmo o promotor do Imperador que o levara a considerá-lo "homo doctus, pius, et bonus" (homem sábio, piedoso e bom).


Durante os dezoito meses do seu encarceramento, Tyndale se manteve firme. Um dos documentos mais tristes existentes em toda a história da igreja (tirado dos arquivos do Concílio de Brabant) é uma carta escrita em Latim, pela própria mão do reformador, para o governador de Vilvorde, talvez o Marquês Burgon:
Creio, cheio de legítima adoração, que não estarei despercebido do que pode ter sido determinado com respeito a mim. Daí porque peço a Vossa Senhoria, e isso pelo Senhor Jesus, que se devo permanecer aqui pelo inverno, Vossa Senhoria diga ao comissário que faça a gentileza de enviar-me, dos meus pertences que estão com ele, um boné contra o frio, visto como sinto muito frio na cabeça e sou afligido pelo contínuo catarro, que aumentou muito nesta cela. Também uma capa de inverno, pois a que tenho é muito fina; também uma peça de roupa para agasalhar minhas pernas. Meu sobretudo está gasto; minhas camisas também estão gastas. Ele tem uma camisa de lã e por favor, ma envie. Também tenho com ele perneiras de pano grosso para usar por cima. Ele tem também toucas quentes de dormir.
Peço que me seja permitido ter uma lâmpada à noite. É de fato aterrador ficar sentado sozinho no escuro. Mas, antes de tudo, peço que ele gentilmente me permita ter uma Bíblia hebraica, uma gramática hebraica e um dicionário hebraico, para que eu aproveite o tempo estudando. Em compensação Vossa Senhoria possa conseguir o que mais deseja, contanto que seja apenas para a salvação de sua alma. Mas se qualquer outra decisão foi tomada a meu respeito para ser executada antes do inverno, terei paciência, aceitando a vontade de Deus, para glória da graça do meu Senhor Jesus Cristo, cujo Espírito eu oro que possa dirigir sempre o vosso coração. Amém! Assinado: W. Tyndale
De fato, foi a vontade de Deus que o seu servo passasse ali, não apenas aquele inverno, mas a próxima primavera e também o verão. Temos confiança de que ele conseguiu seus auxílios lingüísticos, visto como deixou atrás dele a tradução completa de Josué até II Crônicas.


Com as folhas do outono de 1536 anunciando a aproximação certa de outro inverno, o tempo da partida de Tyndale havia chegado. Condenado pelo decreto do Imperador, na assembléia de Augsburg, a data de sua execução foi estabelecida para 6 de outubro. Foxe nos transporta até essa cena sombria:
Trazido para o local da execução, ele foi atado à estaca, estrangulado por um carrasco e depois consumido pelo fogo, na cidadezinha de Vilvorde em 1536 d.C., gritando na estaca, em alta voz com fervorosa preocupação: "Senhor, abre os olhos do Rei da Inglaterra!
Quando o fiel Tyndale estava terminando a obra de sua vida, com uma última e incompreensível oração pela iluminação do rei, ele não podia imaginar que a resposta do céu já estava a caminho. McClure relata o miraculoso testemunho de que:
O que foi mais estranho em tudo isso e inexplicável para aqueles dias é que na hora exata em que Tyndale, por obtenção dos eclesiásticos ingleses e pelo tácito consentimento do rei inglês, foi queimado em Vilvorde, uma edição paginada de sua tradução era impressa em Londres, com o seu nome na página titular e por Thomas Berthlet, com a própria patente de impressão do rei. Essa foi a primeira cópia das Escrituras impressa em solo inglês.
Contudo, muito mais significativo do que esse misterioso rasgo da Providência foi a sanção oficial dada pelo próprio Henrique de duas Bíblias Inglesas dentro de um ano, a partir do martírio de Tyndale. A primeira destas foi a Bíblia Coverdale, nomeada segundo o antigo revisor em Antuérpia, Miles Coverdale (1488-1569).


A Bíblia Coverdale mantém a honra exclusiva de ser a primeira Bíblia Inglesa completa já impressa. Como Wycliff, Coverdale era fraco nas língua originais, de modo que sua obra consistiu do Novo Testamento e do Pentateuco, com os demais livros do Velho Testamento sendo conseguidos, primeiramente da tradução alemã de Lutero, com pequeno empréstimo da Vulgata Latina e da Bíblia Suíça de Zurique.


Embora Coverdale tivesse sido forçado a publicar sua primeira edição em Colônia (1535), ele muito prudentemente dedicou-a ao rei da Inglaterra e também teve o cuidado de excluir o estilo controverso das notas marginais associadas com a Bíblia de Tyndale. Não é difícil entender a boa vontade de Henrique de pessoalmente autorizar essa Bíblia (segunda edição da Coverdale de 1537), quando a capa o apresentava sentado e coroado, empunhando uma espada na página dedicatória, creditando-o como "defensor da fé". A diplomacia de Coverdale coincidia com a recente quebra do controle de Roma sobre as igrejas inglesas. Embora sem renunciar às doutrinas católicas o Ato de Supremacia aprovado pelo Parlamento em 11/11/1534, foi certamente o passo mais importante em direção à Reforma Inglesa.


A segunda Bíblia a receber sanção especial naquele ano foi outra aventura discreta. Conhecida como a Bíblia de Mateus, essa tradução foi realmente feita por John Rogers (1500-1555), o qual usou o pseudônimo de Thomas Matthews, em vista de sua bem conhecida associação com Tyndale. O melhoramento fundamental da Bíblia de Matthews foi a inclusão das obras de Tyndale "escritas no cárcere" – Josué e 2 Crônicas. Com o Pentateuco de Tyndale e o Novo Testamento basicamente intactos, a Bíblia Coverdale preencheu o vácuo, visto como Rogers assegurou alguma assistência das versões francesas de Le Fevre e Olivertan. Como a Bíblia Coverdale, a de Rogers foi também autorizada pelo rei, que tornou legal que a mesma pudesse ser comprada, lida, reimpressa e vendida. Do lado mais claro, a Bíblia de Mateus é algo referido como "a Bíblia do homem que apanha da mulher", por causa da nota, fora de época, em 1 Pedro 3:1, onde se lê: "Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra".


Logo depois veio a Grande Bíblia de 1538, nomeada conforme o seu tamanho especial (16" por 11"). Ela era basicamente uma revisão da Bíblia de Mateus feita por Miles Coverdale, com pouca mudança, exceto pela remoção das notas marginais controversas de Rogers. A Grande Bíblia teve a distinção de ser a primeira Bíblia oficialmente autorizada para uso público nas igrejas da Inglaterra, pelo que foi exigido que ela fosse literalmente acorrentada a uma parte do mobiliário da igreja, onde os paroquianos tinham "acesso à mesma para ler".


Com a obesidade de Henrique forçando-o provavelmente a pensar na eternidade (tendo engordado tanto que precisava ser levantado com roldanas para montar no cavalo), o rei sancionou oficialmente a Grande Bíblia com: "Em nome de Deus, deixe-a partir para o estrangeiro, junto do nosso povo". Sem dúvida, Tyndale teria dado uma risada, por razões óbvias. Em janeiro de 1547, o próprio Henrique partiu desta terra.

Nota da tradutora:
Aqui tivemos um esboço da vida do pai da Bíblia inglesa, que se entregou à morte por amor à Palavra de Deus, levando ao seu país uma grande renovação espiritual, a qual aconteceria dentro de pouco anos. Mary Schultze (maryschultze@uol.com.br)


Dados compilados do capítulo 9 do livro "Final Authority", do Dr. William P. Grady, Th.D.
Fonte: http://solascriptura-tt.org

Tempos difíceis...

Lealdades e Conseqüências - Os Poderes do Dinheiro



Hoje concluíremos esse primeiro diálogo de Jesus sobre ser discípulo dele.

58 Jesus respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. Luc 9:58 

Já vimos que Ele rejeitou os poderes da religião e da política. Fazendo isso abriu mão dos travesseiros oferecidos por eles e preferiu, neste mundo não ter onde reclinar a cabeça. 

Certamente há muitos outros travesseiros que Jesus abriu mão. Hoje, gostaria de concluir esse bloco de mensagens conversando sobre os Principados do Dinheiro.



A bíblia está repleta de histórias, circunstâncias e ensinamentos relacionados ao dinheiro.

“O terreno coberto de espinheiros representa um homem que ouve a mensagem, mas as preocupações desta vida, e pelo dinheiro, sufocam a Palavra de Deus, e ele trabalha cada vez menos para Deus”. Mat 13:22 

Jesus lhe disse: “Se quer ser perfeito, vá e venda tudo o que tem, dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu, depois venha e siga-Me”. Mat 19:21 

15 Quando chegaram de volta a Jerusalém, Ele foi para o templo e começou a expulsar os negociantes e seus fregueses, derrubando as mesas dos cambistas de dinheiro e as barracas dos vendedores de pombas, 16 impedindo que alguém carregasse mercadorias pelo templo.17 E dizia-lhes: “Está nas Escrituras: ‘Meu templo deve ser um lugar de oração para todas as nações’, mas vocês o transformaram num esconderijo de ladrões”. Mar 11:15-17

6 Estando Jesus em Betânia, na casa de Simão, o leproso, 7 aproximou-se dele uma mulher com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro. Ela o derramou sobre a cabeça de Jesus, quando ele se encontrava reclinado à mesa. 8 Os discípulos, ao verem isso, ficaram indignados e perguntaram: “Por que este desperdício? 9 Este perfume poderia ser vendido por alto preço, e o dinheiro dado aos pobres”. Mat 26:6-9

41 Então Ele passou para onde estavam os cofres de ofertas do templo. Sentou-Se e ficou observando o povo colocar seu dinheiro. Alguns que eram ricos punham grandes quantias. 42 Nisso veio uma viúva pobre e colocou duas moedinhas. Mar 12:41-42

3 Então Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, um dos Doze.4 Judas dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes e aos oficiais da guarda do templo e tratou com eles como lhes poderia entregar Jesus. 5 A proposta muito os alegrou, e lhe prometeram dinheiro. 6 Ele consentiu e ficou esperando uma oportunidade para lhes entregar Jesus quando a multidão não estivesse presente. Luc 22:3-6

·       Novo Testamento, contem aproximadamente dez vezes mais  versículos que falam sobre o dinheiro e finanças, do que sobre salvação e fé.
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S São 215 versículos relacionados a fé, 218 versículos sobre salvação e 2084 versículos tratando de administração e contabilidade de dinheiro e finanças.
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D Dezesseis das trinta e oito parábolas de Jesus tratam de dinheiro.

Para falar sobre os poderes ou principados do dinheiro, vamos ler uma das afirmações mais contundentes de Jesus sobre esse assunto

19 Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; 20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. 21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 22 A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; 23 Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas! 24 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. Mat 6:19-24

Lealdades e Conseqüências

1.  O que é realmente importante para você?
2.  Não importam suas respostas, por mais coerentes, sensatas e religiosas elas sejam. Para saber o que realmente é importante para você basta olhar para o que você está juntando durante a sua vida.

Não ajunteis tesouros na terra... Ajuntai tesouros no céu

É provável que você já tenha ouvido essa palavra de Jesus. Não sei o que ele provoca em você, mas se ela faz brotar em seu coração sentimentos de desdém, pouco caso, descrença ou chacota, eu peço que você reflita sobre onde está o seu tesouro.

Os fariseus que amavam profundamente o seu dinheiro, naturalmente zombavam de tudo isso. Luc 16:14 

1.  Aquilo que se tornar o seu tesouro ganhará seu coração.
2.  Sua lealdade será rendida ao tesouro da sua vida.

...onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração

Quem possuir sua lealdade definirá os valores (seu jeito de ver a vida) da sua vida. Então, tenha cuidado com o que você está juntando, porque isso definirá a quem você será leal. E não se pode ser leal a dois senhores.

Imagine se, ao chegar ao trabalho amanhã, lhe derem a notícia de que agora o seu setor vai ter dois chefes e que você deve atender às orientações dos dois?

E se você descobrisse que os dois chefes têm visões opostas sobre o funcionamento do setor, usam metodologias de trabalho que entram em conflito, têm valores pessoais que se chocam e, por fim, têm metas para você que não são conciliáveis. É possível atender aos dois chefes?

 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro

·       Não é possível servir a Deus (Criador do universo) e a Mamon (divindade do panteão caldeu).
·       Não é possível seguir ao mesmo tempo os valores de Deus e os valores das Potestades do Dinheiro.
·       Não é possível agradar ao mesmo tempo ao Espírito de Deus e ao Espírito de Riqueza.
·       Não é possível entregar sua lealdade a Deus e a Mamon.

A Agenda de Deus
7  aproximou-se dele uma mulher com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro. Ela o derramou sobre a cabeça de Jesus, quando ele se encontrava reclinado à mesa. 8 Os discípulos, ao verem isso, ficaram indignados e perguntaram: "Por que este desperdício? 9  Este perfume poderia ser vendido por alto preço, e o dinheiro dado aos pobres". 10 Percebendo isso, Jesus lhes disse: "Por que vocês estão perturbando essa mulher? Ela praticou uma boa ação para comigo. Mat 26:7-10

Quem entrega sua lealdade a Deus usa o que tem conforme a agenda de Deus; e a agenda do Pai é a glória do Filho. Mas quem é leal a Mamom, usa seus bens e recursos do jeito que quer. Esta é a agenda de Mamom: rejeitar a vontade do pai.

O perfume era caríssimo. Havia muitas coisas úteis e importantes que poderiam ser feitas com a quantia que foi usada para comprar aquele perfume. Mas a mulher usou em benefício do corpo de Cristo. O Filho de Deus e sua obra de salvação entre nós é mais importante que qualquer outra coisa.

É por isso que Jesus afirma que não é possível dividir-se entre dois Senhores. Não é possível a nenhum ser humano conciliar em sua alma o amor ao dinheiro e o amor a Deus.
Não adianta você tentar controlar seu dinheiro, ainda que seja para aplicar em coisas que você considera louváveis, porque ainda assim você estará cumprindo a agenda de Mamom; o chamado de Jesus é para você sempre perguntar a Deus sobre qual é o uso deseja para aquilo que Ele lhe permitiu possuir.

Quem tenta acumular e controlar o dinheiro acaba dominado por Mamom e suas potestades, mas quando você coloca aquilo que possui a serviço da agenda de Deus, os principados e potestades que corrompem o uso do dinheiro perdem o controle e são obrigados a se retirar.

Tudo entregarei
41 Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias. 42 Vindo, porém, uma viúva pobre, depositou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante. 43 E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes. 44 Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento. Mar 12:41-44

Quem entrega sua lealdade a Deus coloca tudo o que tem a serviço Dele. Mas quem serve a Mamom retém para si aquilo que lhe dá segurança e entrega ao Senhor o controle sobre as sobras.

Na minha infância e adolescência eu cantei muitas vezes um hino que dizia o seguinte:


Tudo, ó Cristo, a ti entrego;
Tudo, sim, por ti darei!
Resoluto, mas submisso,
Sempre, sempre, seguirei!

Tudo, ó Cristo, a ti entrego,
Corpo e alma, eis aqui!
Este mundo mau renego,
Ó Jesus, me aceita a mim!

Tudo, ó Cristo, a ti entrego,
Quero ser somente teu!
Tão submisso à tua vontade
Como os anjos lá no céu!



O ensino de Mamom para reter o dinheiro diz respeito a uma de suas promessas: Mamom oferece segurança. Ele diz que não devemos esperar em Deus e que não vale a pena confiar nele, por isso devemos reter tudo o que for possível para nos garantirmos por nós mesmos. Se sobrar alguma coisa (dinheiro, tempo, energia, disposição), então podemos entregar a Deus.

O ensino do Deus de Abraão, Isac e Jacó é que Ele mesmo será a nossa segurança. Que Ele é que nos sustenta e nos sustentará. Que vale a pena confiar nele e não em nossos tesouros (que os ladrões roubam, a traça come e a ferrugem corrói).

Não é possível conciliar as atitudes da viúva e dos homens ricos; Também não é possível atender aos ensinamentos de Mamom e do Deus de Abraão, Isac e Jaco, o nosso Deus.

Faça o que for necessário
13 Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para Jerusalém. 14 E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e também os cambistas assentados; 15 tendo feito um azorrague de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas 16 e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio. Joã 2:13-16

Quem entrega sua lealdade a Deus permanece leal ao modo de Deus ver a vida (princípios e valores que ele nos ensina). Mas que serve a Mamom fará o que for necessário para ganhar e acumular dinheiro.

Mamom não tem escrúpulos. Os Principados do Dinheiro tem pautado a agenda econômica das nações e das pessoas.
Então, se para acumular riqueza uma nação precisar explorar outra, pagando menos do que vale naquilo que compra ou vendendo mais caro por causa da necessidade do outro não vai haver hesitação.

Mamom colocou lenha na fogueira da exploração das Américas pelos europeus, na escravidão da África pelo resto do mundo e nos sistemas de crédito e endividamento que mantiveram pobres nações inteiras, por décadas, trabalhando para sustentar o padrão de riquezas de seus credores nações.

São Poderes do Dinheiro que ensinam as pessoas a desprezarem a vida humana. Por dinheiro, Mamom mata, explora, extorque, corrompe, mente, ameaça, engana, finge, manipula, dissimula, abandona e transforma até o culto a Deus em forma de acumular riqueza para si.

Mas Jesus, em sua um momento de ira e zelo pelo nome de Seu Pai, denuncia os Poderes do Dinheiro e anuncia que existe algo mais importante e mais recompensador: confiar no Pai e seguir seus ensinamentos.

Não é o dinheiro que garantirá o seu futuro, mas o Deus em quem você diz confiar. Então, em vez de corromper todos em sua volta para obter mais dinheiro; em vez de tornar a vida uma jornada sem fim para juntar um tesouro longe de Deus, renda-se ao Senhor da vida e ore, ore, ore.

Todas as quartas temos um encontro de oração dos membros de nossa igreja onde nos colocamos diante do Senhor para reconhecê-lo como o nosso Deus, buscarmos orientação para a caminhada, confessarmos nossos pecados e lutas e intercedermos uns pelos outros.

A vida não é um negócio. Não fomos criados para lucrar a qualquer preço. A vida é mais que o dinheiro, mais que o lucro, mais que a riqueza. A vida é um presente de Deus que devolvemos a Ele em oração como uma expressão da nossa confiança e amor.

Raposas e Pássaros

Quando aquele homem disse que seguiria a Jesus para onde quer que Ele fosse, o Senhor lembrou:

58 Jesus respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. Luc 9:58 

Eu abri mão do travesseiro dos Poderes do Dinheiro. Eu decidi confiar no Pai e entregar a ele a minha vida. Eu decidi que o dinheiro não será o centro da minha vida. Eu decidi que não buscarei segurança em juntar um tesouro aqui. Minha vida aqui será pela agenda de Deus e não pela agenda de Mamom. Você ainda quer me seguir?

Eu tenho um travesseiro diferente, que é travesseiro do Espírito, a alegria de fazer a vontade do Pai, é nele em que eu reclino minha cabeça.