Mostrando postagens com marcador Mulheres da Bíblia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mulheres da Bíblia. Mostrar todas as postagens

28 maio 2006

Mulheres da Bíblia - Marta e Maria

Duas visões de Mundo

Textos Bíblicos: João 11:1-45; Lucas 10:38-42,

Introdução à Serie

Agar
Escrava egípcia, alvo de preconceito e desprezada por Sara e Abraão, Agar foi acolhida por Deus. Ela aprendeu que o Senhor é o Deus que nos vê em nossas angústias. Aprendeu também que obedecer-lhe é a melhor decisão que se pode tomar. Depois de haver fugido para o deserto, ela retornou para a casa de seus patrões e enfrentou a realidade da sua vida. Ela parou de fugir e decidiu confiar em Deus.

Maria
Uma jovem judia que ansiava por agradar a Deus. Maria disse sim para uma situação que aparentemente seria um desastre para sua vida: conceber antes do casamento um filho que seria gerado sem a participação de seu futuro marido. Maria estava disposta a abrir mão de seus sonhos para fazer a vontade de Deus. (1) Ela colocou suas emoções a serviço de Deus, (2) considerou o Senhor a fonte da sua alegria e (3) por isso tinha sobre si uma correta, nem aquém, nem além.

Lídia
Empresária do ramo de tecidos, próspera representante comercial dos fabricantes de Tiatira, Lídia descobriu que a vida não é só trabalho. Em um sábado, (1) ela parou os negócios para orar e falar sobre Deus. Foi aí que ela ouviu falar de Jesus. Sensível para as coisas eternas, Lídia (2) teve se coração aberto pelo Senhor para atender à palavra de Deus. (ocupar a mente, aplicar-se). Imediatamente, Lídia (3) colocou-se à disposição para servir, acolhendo Paulo e os demais irmãos como hospedes em sua casa.
Introdução

Hoje, vamos concluir essa série de mensagens sobre “As mulheres da Bíblia” refletindo sobre Marta, Maria e suas visões a respeito do mundo.



(38) Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. (39) Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos.

(40) Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.

(41) Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada. (Lucas 10:38 – 42 ARA)
A Cidade

O pequeno povoado de Betânia era muito simples. Não havia nada de especial que fosse capaz de chamar a atenção para ele. Não era um centro comercial... Lá não havia em Betânia concentração de artesão... Também não era um local de peregrinação religiosa... Ou mesmo a terra natal de alguma pessoa importante. Mas para Jesus, Betânia era especial. Ali moravam seus amigos: os irmãos Marta, Maria e Lázaro.

Betânia era um pequeno vilarejo, que ficava na encosta oriental do monte das oliveiras, a cerca de três quilômetros de Jerusalém. Betânia era importante, porque ali moravam os amigos de Jesus.

As Irmãs

Marta e Maria. Porque não Maria e Marta? A preferência na ordem dos nomes pode indicar que Marta era a mais velha das irmãs e provavelmente a pessoa responsável pela casa. Maria era a mais nova. Assim, considerando o sistema patriarcal dos judeus, possivelmente Marta fosse uma viúva que liderava o seu lar.

No Brasil as estatísticas apontam para um crescimento constante, e significativo nas últimas décadas, do número de mulheres que lideram suas casas. Mulheres que vivem e lutam para manter seus lares funcionando, que se tornam responsáveis pelo sustento e manutenção de suas casas algumas vezes pela omissão e pelo abandono de maridos irresponsáveis e incapazes para assumir um dos papéis que lhe cabe no lar. Viúvas de maridos vivos. Provavelmente não era esse o caso de Marta, mas tudo indica que era ela quem liderava sua casa.

Marta e Maria eram irmãs, mas muito diferentes uma da outra. Elas viam o mundo de forma tão diferente que eram capazes de reagir de forma oposta ao viverem uma mesma situação.

Marta era uma mulher prática, realizadora, daquelas que começa e termina aquilo tudo o que faz. Marta sabia que certas coisas que precisam ser feitas não devem ser adiadas. A vida fica melhor quando tudo está no seu devido lugar. Marta não era dada a muitas surpresas. Seus dias eram planejados com antecedência. Rotinas são cansativas, mas são necessárias.

Maria era do tipo contemplativa. Emoções à flor da pele, Maria era capaz de esquecer da vida se alguém começasse a contar suas dores e alegrias. Para Maria cada dia era um novo dia, e podia trazer novos acontecimentos, mesmo ali no vilarejo de Betânia. As rotinas não eram seu forte, além do mais havia muitas pessoas precisando de alguém do lado para ajudá-las.

A morte de Lázaro
(João 11:1-45)

João, o evangelista, conta a história da morte de Lázaro, irmão de Marta e Maria. É impressionante o relato sobre a reação das duas irmãs.

Depois de usar os escassos recursos de que a medicina dispunha naqueles dias, Marta e Maria mandam avisar a Jesus que Lázaro estava doente. Elas sabiam que Ele poderia ir além das tentativas frustradas dos médicos.

Ao receber a notícia, ele diz aos discípulos que Lázaro está morto, mas que iria despertá-lo. Jesus recebe a notícia, mas não vai de imediato. Quando ele chega a Betânia, Lazáro estava morto há 4 dias.

Marta e Maria estavam arrasadas com a morte do irmão, provavelmente mais novo. João diz que muitas pessoas foram visitar as duas para consolá-las a respeito da morte do irmão. É nesse cenário que chega a notícia de que Jesus estava chegando à vila. Qual a reação das irmãs?



Marta, quando soube que vinha Jesus, saiu ao seu encontro; Maria, porém, ficou sentada em casa. (João 11:20 ARA)
Marta não pode esperar. Ela sabe por qual caminho Jesus está chegando. Ela viu seu irmão adoecer, tomou as providências necessárias e ainda assim viu a doença se agravar; tomou a iniciativa de avisar a Jesus, e ainda assim seu irmão morreu. Porque as coisas não estavam funcionando como deveriam? Ela não podia esperar. Correu ao encontro do mestre.

Maria não tinha forças para reagir. Seu coração estava partido. O irmão a quem tanto amava se fora. Ela ficara ao lado dele durante toda a enfermidade. Compressas quentes e chás (que Marta providenciara), noites em claro acompanhando a agonia do irmão. Mas ele se fora. Maria não conseguia se mover. Ficou sentada em casa esperando Jesus.

Marta sai em busca de Jesus. Se alguém poderia resolver tudo isso era Jesus. As coisas não estavam funcionando bem, mas Jesus poderia colocar tudo nos seu devido lugar.



Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão. Mas também sei que, mesmo agora, tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá. (João 11:21-22 ARA)
Ela conhecia o Mestre, sabia dos milagres que ele já fizera. Ela sabia que bastava uma oração de Jesus ao Pai. Mas para Marta, naquele momento, o amigo Jesus era apenas o meio para por em ordem o caos que tomara conta do seu mundo.

Jesus tenta consolar Marta dizendo que Lázaro voltaria à vida. Ela entra numa discussão teológica sobre a ressurreição do último dia. Jesus tenta explicar novamente para a agitada Marta: Eu sou a ressurreição e vida! Marta, esqueça seu irmão, esqueça sua vida certinha e organizada, acalme seu coração.



Jesus disse: “Sou eu quem levanta os mortos e dá a eles uma nova vida. Todo aquele que crê em mim, mesmo que morra como qualquer outro, viverá novamente. (João 11:25 BV)
Maria ainda está em casa. Marta fala com a irmã em separado e diz que Jesus a está chamando. Maria não tem forças, mais levanta e vai ao encontro de Jesus, que ainda não tinha entrado na cidade. As pessoas que estavam consolando Maria foram junto, pensando que ela iria chorar no túmulo do irmão.



Quando Maria chegou ao lugar onde estava Jesus, ao vê-lo, lançou-se-lhe aos pés, dizendo: Senhor, se estiveras aqui, meu irmão não teria morrido. Jesus, vendo-a chorar, e bem assim os judeus que a acompanhavam, agitou-se no espírito e comoveu-se. (João 11:32 – 33 ARA)
Então acontece ao que impressiona. Maria encontra Jesus e fala exatamente a mesma coisa que irmã havia falado. Mas ela não tem argumentos teológicos.

Ao ver Jesus ela se lança aos pés do mestre e chora. Maria não tem mais o que falar, ela chora abraçada aos pés de Jesus. E foi o lamento daquela mulher que moveu o coração Jesus, e ele chorou pela dor que todos ali estavam passando.

A visita de Jesus

Certa vez, Jesus e os discípulos chegam à pacata Betânia e imediatamente são acolhidos por Marta, Maria e Lázaro. Essa é outra bom ocasião para conhecermos um pouco mais sobre Marta e Maria.

Marta sabia o que fazer. Visitas em casa significava mais dedicação para que tudo estivesse em ordem. Ela não podia admitir que Jesus tivesse uma má impressão da casa, que as refeições não fossem especiais ou que algum dos visitantes não fosse atendidos em suas necessidades. Por isso Marta trabalhava duro.

Maria não tinha dúvidas. Não perderia nem uma sequer das palavras de Jesus. Ela sentou-se ao lado do Mestre para ouvi-lo falar sobre o Reino de Deus. Maria queria ouvir sobre as curas realizadas, sobre as perguntas dos fariseus e as respostas de Jesus. Maria queria ver através das palavras de Jesus tudo aquilo que Deus estava fazendo.

Duas maneiras diferentes de ver o mundo. Dois jeitos diferentes de enxergar a vida.

Marta sentiu-se injustiçada. Realmente não era justo. Enquanto ela trabalhava duro para que tudo fosse perfeito. Maria estava sentada ouvindo Jesus. Depois de planeja o que dizer, Marta toma coragem e reclama com Jesus:



Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. (Lucas 10:40 ARA)
Não é um apelo emocional. Ao mesmo tempo em que pede a Jesus por justiça, Marta revela seu desejo de que a irmã seja igual a ela. Há muitas coisas pra providenciar até que tudo esteja do jeito que deve estar e Maria precisa me ajudar nisso.

Agitada, correndo de um lado para outro, cheia de coisas urgentes, sem tempo para ninguém (talvez nem para si), Marta não podia parar, nem ver ninguém parado.

Maria não retruca. Ela não tem nada a dizer. Talvez Marta estivesse certa. A própria Maria, por diversas vezes já se sentira culpada por não ser com sua irmã. Diversas vezes Maria se perguntara se algum dia ela seria tão esforçada e dedicada como a irmã e sentia-se culpada por não ser igual a ela. Mas Maria não disse nada, afinal Marta falara com Jesus.

Eu quase posso ver o sorriso no rosto de Jesus quando ele afirmou:



... Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas; entretanto
poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada. (Lucas 10:41 -42 ARA)
Você sabe por que está ansiosa, Marta? Você sabe o motivo da sua inquietação? Você está preocupada com muitas coisas! Sua vida está consumida em tantas atividades... E você é tão exigente em cada uma delas que sua alma está perturbada.

Não são necessárias tantas preocupações! A vida pode ser mais simples! Na verdade, Marta, apenas uma coisa é necessária para viver uma vida que rende louvor a Deus, e Maria fez a escolha certa.

Parecia injusto que Marta trabalhasse duro e Maria estivesse ouvindo Jesus. Mas ambas havia tomado essa decisão. Se Maria havia tomado a decisão de estar com Jesus, Marta tomara a decisão de dedicar-se às sua atividades.

O texto não diz que Maria não fizera nada. É provável que ela tivesse cumprido as tarefas que lhe cabiam, mas para Marta isso não bastava. Era preciso ir além, provar para toda a aldeia de Betânia que elas eram capazes de fazer tudo o que era necessário.

Marta, Marta... Maria escolheu a boa parte. Porque você escolheu a parte mais difícil?

Marta ou Maria

Eu sei que há Martas e Marias aqui hoje. Depois de ouvir um pouco da vida dessas duas mulheres, podemos ser tentados a condenar as Martas e absolver as Marias e deixar de aprende lições preciosar. A vacina contra esse erro é olhar para Jesus.

(1) O Senhor ama tanto as Marias como as Martas. Ele escolheu ambas para serem suas amigas. O apóstolo João registrou bem isso: Ora, amava Jesus a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro. João 11:5

Maria, você não precisa tentar seu igual a sua irmã. Não dê lugar ao sentimento de culpa apenas porque vocês são diferentes. Você sabe que o mundo em estamos é o mundo de Marta, mas não ceda à tentação de correr... Seu coração não vai suportar.
Marta, Marta... Cuidado com o seu jeito de ver o mundo. Quando a vida começa a se tornar uma seqüência interminável de tarefas a serem cumpridas... Quando você acha que vai conseguir controlar tudo... Quando o limite da exigência, consigo e com os outros, é extrapolado... Quando as pessoas se tornam meros instrumentos para alcançar resultados... Você precisa mudar o seu jeito de ver o mundo.

É preciso voltar aos pés de Jesus e ouvir novamente suas palavras... Reencontrar as prioridades da vida... Amar as pessoas ao seu redor... Aprender a chorar nos pés de Jesus... Reaprender a confiar nele... Marta, Marta, porque andas ansiosa... Uma coisa só basta: a presença do filho de Deus.

21 maio 2006

Mulheres da Bíblia - Lídia



Hoje nossa personagem é Lídia. Assim como Maria e Agar, Lídia é um personagem coadjuvante. Sua história está narrada no livro de Atos dos Apóstolos, cujos personagens principais são os apóstolos e principalmente Pedro e Paulo. Mas hoje vamos prestar bastante atenção às pequenas falas de Lídia e aprender com essa mulher, que em muitos aspectos da vida não teria dificuldade para viver em nossos dias.

As Cores e os Tecidos

Quantas cores diferentes existem na natureza? Com a tecnologia atual, somos capazes de identificar e reproduzir milhões de tonalidades diferentes, como na tela de um computador.

Mas não foi sempre assim. Durante séculos as cores não fizeram parte da investigação humana. Às vezes pelas limitações técnicas, às vezes por simples desinteresse nelas como experiência estética.

Por muito tempo os principais tecidos utilizados na confecção de roupas não tinham cor. Eram de origem animal, como lã de carneiro, pelo de cabra e o couro de diversos animais, ou de origem vegetal como o linho e mais recentemente o algodão.

Com o tempo foi-se aprendendo a fabricar diversos tipos de tintura e as roupas começaram a ganhar cor: O Carmin era extraído de insetos; o Rosa era tirado das romãs; o Amarelo vinha do açafrão e o Púrpura (roxo) era extraído de um molusco comum no mediterrâneo, o Murex.

Lídia era uma vendedora do ramo de confecções. Não se sabe ao certo se ela trabalhava apenas com as tinturas ou se ela vendia os tecidos já tingidos. O certo é que no seu ramo de atividade ela negociava com produtos finos.

A história de Lida está registrada em Atos 16:13-15

Paulo, o missionário

Lídia entra em cena no texto bíblico a partir de um encontro com o apóstolo Paulo. Paulo, que havia perseguido e matado os cristãos, tivera um encontro pessoal com Jesus e agora também era um cristão. Ele passou a dedicar sua vida à pregação do evangelho e trabalhava como um missionário itinerante.

Paulo fez três viagens missionárias pelo oriente médio, uma parte da Ásia e o sul da Europa. Sempre pregando e testemunhando sobre o nome de Jesus. Foi no começo de sua segunda viagem que Paulo encontrou-se com Lídia.

A viagem até Filipos
(Atos 15:40 – 16:12) Explicar no mapa

Quem era Lídia?

(Atos 16:13-15.)

As poucas informações que temos sobre Lídia estão registradas no encontro que ela teve com Paulo.

Lídia era uma comerciante. Ela era natural da cidade de Tiatira. Tiatira era um importante centro manufatureiro: tintura, confecções, cerâmica e trabalhos em bronze faziam parte da sua pauta de exportações. Lídia poderia ser uma espécie de representante comercial, em Filipos, dos produtores de Tiatira.

Os tecidos tingidos, que Lídia vendia eram bastante caros, coisa fina, comprados apenas pela elite política e militar de Filipos. Por isso não é difícil imaginar que ela era um mulher bem relacionada na alta sociedade filipense. Quem sabe uma espécie de Daslu, aquela loja chique de São Paulo.

No texto, ela coloca sua casa à disposição de Paulo, Silas, Lucas e outros que talvez estivessem com eles. Não era uma casa pequena. E para mantê-la, Lídia deveria contar com alguns empregados. Por isso é razoável concluir que Lídia provavelmente gozava de excelente situação financeira. Além disso, os tecidos de púrpura eram caríssimos e os lucros deveriam ser muito bons.

Lídia era uma mulher independente. Tinha seu próprio negócio e aparentemente não precisa prestar contas a ninguém. Ela convidou Paulo para hospedar-se em sua casa sem ter a necessidade de consultar qualquer outra pessoal. Pode ser que Lídia fosse solteira ou mesmo uma viúva.

Outra coisa que chama a atenção a respeito de Lídia é que Lucas a identificou como uma mulher temente a Deus. Essa expressão não tinha o mesmo significado que tem hoje. Lídia não era judia nem cristã. Ela não era uma mulher com um profundo relacionamento com Deus.

Na verdade a expressão “temente a Deus” servia para identificar aquelas pessoas que tinha simpatia pelo Judaísmo, mas que ainda não se haviam convertido àquela religião. Como simpatizante, Lídia deveria ter ouvido algo sobre o messias e escutado alguma coisa sobre as promessas do Deus criador de todas as coisas

Quantas Lídias estão aqui hoje? Quantas gostariam de ser essa Lídia: empresária bem sucedida, bons relacionamentos na alta sociedade, vestida de púrpura, independente e temente a Deus?

O Encontro

Depois da longa viagem de Antioquia até Filipos, Paulo descansou. Ele tinha a informação de que algumas pessoas usavam a margem de um rio, fora da cidade, para orar e conversar sobre Deus.

No Sábado, ele se dirigiu para lá e começou a apresentar o evangelho de Jesus às mulheres que estavam por perto. Uma daquelas mulheres era Lídia, a vendedora de púrpura.

A vida não é só trabalho

O que fazia a empresária do ramo de confecções, em pleno sábado, sentada na beira do rio junto com outras mulheres? Porque ela não estava conferindo a vendas da semana e verificando os pagamentos da semana seguinte? Porque ela não estava negociando melhores preços com os mercadores que chegaram de Tiatira? Porque ela estava em um chá beneficente promovido pela esposa de um militar romano, onde poderia conquistar outros clientes? Por um motivo simples. É saudável e necessário trabalhar, mas a vida não é só trabalho. Lídia parou os negócios para orar.

Há mulheres com grande capacidade de trabalho, talvez Lídia fosse assim, talvez você seja assim. Inúmeras atividades ao mesmo tempo: compra mercadorias, vende seus produtos e serviços, arruma a casa, orienta os funcionários, vai ao banco, conversa com os filhos, apóia o marido, vai ao supermercado, sorrir para o cliente, aconselha a amiga, negocia como fornecedor, dá um jeito no cabelo, escolhe a carne da semana, pechincha o preço, acerta um prazo. Você precisa parar!

A vida não é só trabalho! Era sábado e Lídia parou os negócios para orar e conversar sobre Deus. Quando é que você para? Ou você acha que não precisa? Ou você pensa que não dá? É muito bom realizar-se profissionalmente, dá muito prazer ser reconhecido por aquilo que se faz, mas a vida não é só trabalho.

É preciso parar pra tocar a família. Não é só alimentar vestir e dar conselho, mas abraçar beijar, ficar junto, sorrir junto. Quando é que você para pra estar em família?

É preciso parar pra ver a si mesma. Olhar-se no espelho, olhar pra dentro si, sentir suas dores e alegrias, enxergar para onde se está caminhando e quem realmente somos. Quando é que você pára pra ver a si mesma?

E mais que tudo é preciso parar pra ficar junto de Deus. Colocar uma trava na vida que nos permita contemplar o que há de mais importante: a presença do Deus eterno. Essa era a idéia do shabat, do descanso: Parar e contemplar a Deus em oração e reflexão. Você tem que parar, se não a jornada vai ficar cada vez mais difícil e cansativa. Quando é que você pára pra ficar junto de Deus?

Sensibilidade à Palavra de Deus

Outro aspecto importante da vida de Lídia é sua sensibilidade à Palavra de Deus. Ela achava bom ouvir sobre Deus. Quando Paulo se aproximou e começou a falar sobre o evangelho de Jesus, ela prontamente quis saber do que se tratava. Talvez ela já tinha ouvido falar sobre o Deus Iavé e sobre os feitos tremendos que o povo de Israel vivera no passado, mas Jesus ela não conhecia.

Então, seu coração, sensível às coisas eternas, foi aberto pelo Senhor para atender às coisas que Paulo dizia. A palavra grega usada por Lucas para descrever a atitude de Lida, traduzida como atender, tem o sentido de... Ocupar a mente em... Prestar atenção a... Ser cuidadoso sobre... Aplicar-se a… Aderir a…

Depois de parar e orar, a comerciante de Tiatira agora está prestando atenção. Deus abriu seu coração, lhe fez sensível. Ela decidiu ocupar sua mente em compreender o evangelho de Jesus, optou por aplicar-se a tudo que Paulo lhe falava e por fim aderiu à mensagem salvadora de Jesus.

Em que você ocupa sua mente? Em que você tem investido sua energias e emoções? A vida é muito breve e muitas vezes consumimos nossos dias com frivolidades e intrigas; outras vezes,obsecados pela perfeição, ocupamos a mente com detalhes bobos e sem importância; outras vezes ainda aplicamos nossa vida em coisas, e não em pessoas. As coisas são fulgazes, pessoas são eternas.

Lídia descobriu que há algo maior e melhor do que tudo: conhecer ao Senhor Jesus e viver para Ele. Não é abandonar a vida, mas viver a vida para o louvor de Deus, do jeito que se alegra e que é o melhor para nós. Se Deus lhe tornou sensível ao evangelho, abra seu coração para atender ao que a Palavra lhe diz.

Disposição e Decisão para Ajudar

Em seu negócio, Lídia era acostumada a tomar decisões, a solucionar problemas. Não é demais dizer ela gostava de fazer parte das soluções. Depois de ser batizada e conduzir sua família ao batismo, Lídia colocou sua casa à disposição para hospedar Paulo e os demais irmãos. Ela viu a necessidade e decidiu ser parte da solução.

Qual é a sua reação diante dos problemas e necessidades com as quais você se depara?

Há pessoas que simplesmente tentam encontrar culpados que não sejam elas mesmas. No lugar de Lídia, essas pessoas diriam: “O problema é que a igreja de Antioquia foi irresponsável. Enviou Paulo e os outros sem os recursos necessários e agora eles estão por aqui sem poder nem domir em bom hotel”

Há pessoas que diminuem os problemas para não ter que se envolver com eles. No lugar de Lídia, eles diriam: “Olha, eu não vou nem perguntar se Paulo tem onde ficar, com certeza ela vai ficar em um bom hotel. Paulo é gente boa e um caro desenrolado, ele vai resolver essa questão fácil, fácil”

Outras pessoas parecer ter satisfação quando os problemas fazem outros sofrerem. Eles talvez falassem o seguinte: “Missionário é assim mesmo! O sujeito tem que penar! Ele não resolveu sair pelo mundo afora pregando, agora tem aguentar,né?”

Com Lídia foi diferente. Lucas diz o seguinte: “Ela foi batizada com toda a família, e nos pediu que ficássemos como seus hóspedes. “Se os senhores concordam que sou fiel ao Senhor” disse ela, “venham ficar em minha casa”. E ela insistiu até que fomos. O que você diria para aquele pregador itinerante?

Conclusão

Lídia era uma comerciante bem sucedida em seus negócios. Ela havia prosperado financeiramente, era respeitada na sociedade, andava sempre bem vestidda e tinha amigos influentes. Precisa mais?

Precisa! Lídia descobriu que nada disso fazia realmente sentido sem que o vazio existência que ela levava no peito fosse preenchido.

Quando ela ouviu Paulo falar sobre Jesus o filho de Deus. Aquele cujo amor por nós foi maior que amor por sua própria vida, Lídia entregou-se por inteira e tornou-se a primeira pessoa da Europa, que se tem registro, a aceitar a Salvação através de Cristo Jesus.

Eu quero lhe oferecer a oportunidade de renovar seu compromisso com o Senhor. Se você compreendeu hoje que você precisa do exemplo de Lídia em sua vida, venha até à frente para orarmos juntos ao Senhor.

Se você ainda não entregou sua vida a Jesus, eu quero lhe dar a oportunidade de dizer publicamente: assim como fez Lídia, eu aceito a Jesus como meu Senhor e Salvador, e você vai fazer isso levantando uma de suas mãos.

Lídia gostava das cores, ela vendia tecidos coloridos, mas descobriu que em Jesus, as cores ganham vida e a vida passa a ter sentido.

14 maio 2006

Mulheres da Bíblia - Maria

Introdução

Maria era uma jovem judia, filha de pais judeus. Ela viveu na palestina, há mais de 2000 anos, em uma época em que seu país estava sob a dominação do Império Romano.

Sob a opressão dos romanos os judeus ansiavam pela vinda do Messias: um líder prometido por Deus a seus antepassados e que viria livrar o povo de Israel do estado de penúria em que se encontrava. A história de Maria está contada na Bíblia nos evangelhos.

Os evangelhos são biografias de Jesus. Um relato sobre sua vida e seus feitos. Jesus é o personagem principal. Todos os demais são secundários. Maria é um desses importantes personagens coadjuvantes. Hoje vamos aprender com a vida dessa serva amada por Deus.




No sexto mês enviou o anjo Gabriel a Nazaré, cidade da Galiléia, a uma virgem prometida em casamento a certo homem chamado José, descendente de Davi. O nome da virgem era Maria. O anjo, aproximando-se dela disse: “Alegra-te agraciada! O Senhor está com você!”.

Maria ficou perturbada com essas palavras, pensando no que poderia significar esta saudação. Mas o anjo disse: - Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e será chamada Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim. (Lucas 1:26-33 BV)

Provavelmente Maria não tinha mais do que quinze anos (alguns estudiosos falam em treze) quando recebeu esse aviso do anjo Gabriel. Apenas uma garota, mas uma garota especial.

O que fazia de Maria alguém tão especial para ser escolhida por Deus para abrigar em seu ventre o Salvador? Os tempos eram de tremenda opressão, de expectativa da vinda de um salvador, e assim com Maria, outras jovens provavelmente alimentavam a expectativa de participarem do plano de Deus para trazer um libertador para Israel. Por que Maria? O que tinha ela de especial?

Maria: poucas palavras.

(1) Maria não foi uma profetisa. Ela não levou palavras de contestação a reis e príncipes; (2) Maria não foi uma pregadora, evangelista entre os povos distantes; (3) Maria não fez grandes discursos, nem protestou em passeatas contra a opressão dos romanos;(4) Maria também não foi um escritora ou romancista de sucesso, nem mesmo depois da morte e ressurreição de Cristo. (5) Maria foi simplesmente mãe.

A julgar pelos evangelhos, Maria era uma pessoa de poucas palavras. Depois de descobrir que o pequeno Jesus se perdido da caravana que voltava de Jerusalém para Nazaré, Ela e José, seu esposo voltaram e encontraram o menino no templo, conversando com os mestres. Por três dias o pequeno Jesus, agora com12 anos, havia estado no templo conversando sobre o Reino de Deus. Passada a preocupação, Maria guardou todas essas coisas no coração, provavelmente se lembrando das palavras do anjo Gabriel.

A maior fala de Maria em todo o evangelho acontece logo após ela receber essa notícia do anjo Gabriel. Não foi um discurso, não foi uma profecia, não foi uma poesia, nem um protesto. Foi uma oração em forma de canção.

A Canção

A partir dessa canção de Maria eu gostaria de compartilhar três dos motivos que faziam daquela jovem uma pessoa especial.

Então disse Maria:




Minha alma engrandece ao Senhor (1) e meu espírito se alegra em Deus (2), meu salvador (3); pois atentou para a humildade de sua serva.

De agora em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, pois o Poderoso fez grandes coisas em meu favor; santo é o seu nome.

A sua misericórdia estende-se aos que o temem, de geração em geração. Ele realizou poderosos feitos com seu braço; dispersou os que são soberbos no mais íntimo de seu coração.

Derrubou governantes dos seus tronos, mas exaltou os humildes. Encheu de coisas boas os famintos, mas despediu de mãos vazias os ricos.

Ajudou a seu servo Israel, lembrando-se da sua misericórdia para com Abraão e seus descendentes para sempre, como dissera aos nossos antepassados.

Por que Maria? O que tinha ela de especial?

(1) Maria era especial porque ela louvava ao Senhor com suas emoções... Minha alma engrandece ao Senhor. A alma é a sede das emoções. Os sentimentos, agradáveis ou desagradáveis, deixam marcas em nossas almas. Maria colocou suas emoções a serviço do louvor, do engrandecimento de Deus.

Nós vivemos em um mundo que se alimenta de emoções fortes e intensas. São tempos pós-modernos em que os sentimentos têm-se tornado o centro da vida.

Na TV, em meio a uma manifestação, o repórter, com um grande sorriso no rosto pergunta: e aí, o que você está sentindo? No intervalo, o anúncio sobre uma entrevista diz “não perca o depoimento de fulano de tal, você vai se emocionar”. A chamada no rádio sobre o novo sabor de um refrigerante diz: “Prove essa emoção!”

As emoções fazem parte da vida, mas elas não são a vida. Viver em função das emoções é se contentar só com uma parte da vida. A vida é cheia de emoções e não devemos, nem podemos deixá-las de lado, mas há muito mais que isso.

Maria era especial, porque seus medos, suas alegrias, as angústias, as incertezas, sua raiva, sua determinação, sua indignação, estavam à disposição para louvar ao Senhor.


A vida emocional de Maria não era um refúgio, um esconderijo para ela fugir da presença de Deus, mas um livro aberto diante Dele. Por isso, ela podia dizer: a minha alma engrandece ao Senhor. Sua alma engrandece ao Senhor, ou tem-se escondido Dele? Você é capaz de expor o que sente diante de Deus

Deus conhecia o turbilhão de emoções que se passava no coração de Maria. A jovenzinha aprendeu a colocar essas emoções com transparência e confiança diante do Senhor. Ela dispôs sua vida emocional para declarar sua dependência Dele. Deus também conhece o que se passa em seu coração agora, mas Ele quer ouvir a sua voz. Experimente fazer como fez Maria: seja franco com o Senhor. Louve a Ele com suas emoções.

Por que Maria? O que tinha ela de especial?

(2) Em segundo lugar, Maria era especial porque a fonte da sua alegria era o Senhor... Meu espírito se alegra em Deus... O espírito é a sede do nosso relacionamento com Deus, a imagem dele em Nós. É esse o ponto de conexão que nos liga com a eternidade. Maria extraia a alegria da sua vida da sua relação com Deus.

Há uma sede muito grande em nós. É uma sede de significado, de sentido pra vida. Essa sede tem sido aplacada de várias maneiras durante a existência humana. Uma delas é a grande onda espiritualista dos últimos 50 anos.

É impressionante constatar que o mundo virtual do século XXI é um mundo tremendamente espiritualizado. O sujeito liga seu computador de última geração, acessa a internet banda largar e entra em um site para ver horóscopo do dia.

Mesa branca, o jogo do copo, cartomancia, reencarnação, energias espirituais positivas, adivinhações, encostos, o deus e a deusa do paganismo, horóscopo chinês, búzios, meditação, fechar o corpo, tomar um passe, receber uma oração poderosa... Somos uma nação escancarada a todo tipo de expressão de espiritualidade capaz de aliviar um pouco essa sede propósito que nos aperreia a vida.

Como todas as mulheres da sua época, Maria tinha um sonho. Não apenas um sonho: casar e ter filhos. Mas não era apenas um sonho. No mundo em que Maria vivia, casar e ter filhos era o próprio sentido da vida.

Agora lhe chega um anjo, diz que ela vai ficar grávida. A pobre Maria ainda perguntou: como, se sou virgem? A virtude do espírito a cobriria. Um filho sem pai, um noivado desfeito e nome na sarjeta.

No meio de tudo isso e ainda sem saber como tudo aconteceria, Maria buscou significado para sua vida em seu relacionamento com o Senhor. Seu espírito se alegrava Nele. Em que o seu espírito se alegra? O que é que faz com que sua vida tenha sentido? Onde você tem procurado a sua alegria?

Através do profeta Jeremias, o Senhor lançou uma alerta sobre a fonte da nossa alegria.

“ O meu povo cometeu dois pecados terríveis: eles me abandonaram a mim, fonte de água viva; e cavaram suas próprias cisternas, cisternas rachadas que não retêm água.” (Jeremias 2:13 NVI)

Todos nós somos desafiados, pelas palavras de Maria em sua oração, a abandonarmos as cisternas rachadas das nossas vidas e procurar nossa alegria no Senhor. Ele é a fonte de água viva.

Por que Maria? O que tinha ela de especial?

(3) Em terceiro lugar, Maria era especial porque ela tinha uma imagem correta sobre si mesma... O Senhor é o meu salvador...

Algumas pessoas ficam chateadas, até com raiva, quando alguém afirma: eu sou salvo. “É muita arrogância achar que está salvo”. Seria realmente arrogante se essa salvação fosse pelo meu esforço. Maria não diz: eu tenho a salvação; ela diz: o Senhor é o meu salvador. Há uma sutil diferença.

Maria sabia que não poderia salvar-se a si mesma, mas ela não tinha dúvidas sobre o amor e salvação que há em Deus. Ela tinha uma imagem correta sobre si mesma.

Muitas pessoas têm uma péssima imagem sobre si mesmas. Acham-se inferiores, indignas, e incapazes. Pensam sobre si aquém do que realmente são: seres humanos criados à imagem e semelhança de Deus, e por isso são incapazes de enxergar o amor de Deus por elas. Há em você um reflexo de Deus. A bíblia diz que Deus já provou o amor dele por você entregando Jesus para morrer na cruz. Levante a cabeça!

Já outras pessoas têm uma imagem excessivamente positiva sobre si mesmas. Acham-se superiores, cheios de direitos e capazes de fazer qualquer coisa com seu esforço próprio, por isso são incapazes de enxergar o seu estado de pecado e rebeldia. A Bíblia diz que todos somos pecadores e precisamos de Deus. Por isso seja mais modesto ao pensar sobre si mesmo. Dobre os Joelhos!

Nem aquém, nem além. Maria tinha uma imagem correta sobre si mesma. Também eu e você somos desafiados a corrigir a imagem que temos de nós mesmos. É na palavra de Deus que essa imagem é corrigida. Por isso, abandone as crendices e a religiosidade e use a bíblia como um espelho para enxergar quem você é. Nem aquém, nem além.

Conclusão


O anjo, aproximando-se dela disse: “Alegra-te agraciada! O Senhor está com você!”. (Lucas 1:28 NVI)

Alegre-se minha irmã! O Senhor está com você. Gerar o salvador em seu próprio útero foi um privilégio exclusivo de Maria, uma mulher especial, uma mãe especial.

Mas você também pode se tornar uma pessoal especial para os propósitos de Deus. Seus filhos e marido e cada uma de vocês pode se tornar instrumento pronto para ser usado por Deus. Ele quer fazer isso. Deus que todos sejamos especialmente usados por Ele.

Que tal fazer como Maria?

Primeiro, louve ao Senhor com todas as suas emoções. Não esconda nada dele. Abra suas emoções e sentimentos em oração e clamor diante dele. Ele vai compreender.

Segundo, descubra as cisternas rachadas que você construiu na sua vida. Pessoas e situações que se transformaram no sentido e propósito da sua existência. Abra mão delas e busque a fonte de água viva. O Senhor Deus.

Terceiro, use a Bíblia, a palavra de Deus como um espelho para você enxergar exatamente quem é. Não pense menos, nem mais; Nem aquém, nem além. Procure conhecer ao Senhor. Ele vai lhe mostra sua verdadeira imagem.

07 maio 2006

Mulheres da Bíblia - Hagar

Quem era Hagar?

Hagar é uma personagem da Bíblia, ma não é muito conhecida do grande público. Na verdade, se a Bíblia fosse uma novela, ela faria parte daquele grupo de personagens coadjuvantes que passa toda a história na sombra dos personagens principais. Esses personagens de segunda linha nunca têm a sua história muito bem contada, ficam sempre em segundo plano. Mas, com certeza, sem eles não haveria história. 



De vez em quando, um desses personagens se destaca no desenrolar da trama e aí o público começa a conhecê-lo melhor. Será assim desta vez: Hagar, que sempre apareceu em letras pequenas no final da lista de créditos, será a personagem principal e veremos seu nome em letras que podem ser lidas.

Hagar era uma jovem natural do Egito que aparece pela primeira vez na bíblia no capítulo 16 do livro de Gênesis. Ela era apenas uma das muitas escravas de Abraão - um homem muito rico - e de sua esposa, Sara. 



Abraão e Sara, os personagens principais, eram nômades. Eles não tinham residência fixa. Iam de lugar em lugar procurando pasto para os seus rebanhos e água pra beber.  Fazia 10 anos que eles haviam saído da cidade deles, Ur dos Caldeus, e estavam morando em uma região chamada Canaã quando Hagar entrou em cena no capítulo 16 de Gêneses.
A escrava egipcia trabalhava para patrões naturais da Caldéia e morava na região de Canaã; uma verdadeira sopa cultural. Então, no começo dessa história, ela estava há pelo menos 10 anos longe de casa, da família e de sua terra natal.

Fico imaginando quantas vezes na vida nós nos encontramos exatamente como Hagar: longe da família, dos amigos de infância e da cidade em que nascemos. Um outro sotaque, outros costumes... Nem sempre é fácil lidar com isso! No caso de Hagar havia uma distância física, mas às vezes a distância é emocional; moramos na mesma cidade, visitamos a família no final de semana, mas nos sentimos como quem vive longe de casa - uma situação tão difícil quanto a dela.

Hagar era uma escrava. Ela servia pessoalmente a Sara, uma mulher muito rica. Para chegar a essa posição de destaque entre os empregado certamente ela precisou conquistar a confiança de sua patroa. Hagar deve ter demonstrado competência no desempenho de suas funções, além de um temperamento cordato e submisso.

É preciso esclarecer que a escravidão era uma prática comum na antiguidade. Embora privar outro ser humano de sua liberdade tenha sido sempre algo inaceitável, a condição dos escravos no antigo oriente jamais pode ser comparada com a crueldade a que foram submetidos negros e índios nas Américas. São situações diferentes.

Sabe-se, por exemplo, que em várias circunstâncias, no antigo oriente, os escravos eram tratados como membros da família; Além disso, era perfeitamente possível a um escravo comprar sua liberdade e tinham também o direito de possuir propriedades (inclusive outros escravos) e realizar negócios.

A Promessa

Como todo personagem coadjuvante, quando Hagar entrou em cena a história já havia começado. Então é bom que primeiro se dê uma olhada nesse começo para entender melhor o que veio depois.

Abraão saiu da cidade de Ur, na Caldéia, porque ele atendeu a um chamado de Deus. Abraão creu na promessa feita pelo Senhor de que a descendência dele se tornaria uma grande nação. Deus afirmou que alguns dos descentes de Abraão seriam reis. Além disso, Deus disse que os filhos, netos e bisnetos dele teriam uma terra onde habitariam para sempre.

Alguns detalhes que cercam essa história são bem incomuns e dignos de nota:



Primeiro, é curioso que ao prometer uma terra para os descendentes de Abraão, Deus não disse onde essa terra ficava. Simplesmente disse para ele sair de Ur com sua família. Uma promessa de terra que primeiro fez de Abraão um sem terra;


Em segundo lugar, é surpreendente que até àquela altura da história Abrão e Sara não tinham filhos que pudessem levantar uma descendência para eles. Uma promessa de filhos para um ninho vazio;


Por fim, é digno de nota que Abraão era um ancião de 75 anos quando atendeu ao chamado de Deus - Sara, sua esposa, tinha 65 anos. Portanto, uma promessa de filhos para idosos sem filhos.


Mas os detalham não param por aí. Conta o texto bíblico que dez anos se passaram e nada acontecia. Nenhum filho para começar a descendência prometida. Então Deus chamou Abraão e disse: Abraão, eu lhe darei muito mais bens do que você já tem. Abrão respondeu: Para quê, Senhor, se eu não tenho herdeiros? Se tudo o que tenho será herdado pelo meu servo, Eliezer?

Então, quando Abraão tinha 85 anos e já estava quase sem esperança de que a promessa se cumpriria, Deus reafirmou o que havia dito antes e reanimou Abraão dizendo que ele teria não só um herdeiro mais seria o pai de uma grande nação.



O Arranjo

A essa altura, Sara tinha 75 anos. Há algum tempo ela já havia entrado na menopausa e Abraão não estava exatamente em pleno vigor sexual. Então, ela resolve dar um “jeitinho” para que a promessa do Senhor se cumprisse. Segundo o costume da época, Ela autorizou e incentivou Abraão a dormir com uma escrava para que o filho gerado por essa relação pudesse ser o herdeiro legítimo do casal, e assim iniciar a descendência prometida por Deus.

Isso se parece muito com o "jeitinho brasileiro", conhecido por todo mundo. O sujeito se aposenta sem ter direito, faz um retorno na rua que não pode, ganha salário sem trabalhar, vende ambulância pelo dobro do preço, recebe doação de bandido, se livra de uma multa de trânsito e compra um DVD da Cassiane por R$ 5,00. O importante é dar um jeito de se dar bem. E No final tudo vira bênção de Deus. Se ele está por nós, quem será contra nós?


A barriga de aluguel escolhida por Sara foi Hagar. Mulher, escrava, estrangeira... Não cabia a ela decidir nem sobre seu próprio corpo. Mesmo que não quisesse, seria obrigada a dormir com o patrão para gerar um filho que não seria seu.

Ser privado da própria liberdade é terrível. Muitas pessoas se sentem exatamente como Hagar se sentiu: obrigados a fazer algo que não querem. Sequer sua opinião é pedida, apenas a ordem é dada. Como Hagar, muitas vezes cumprimos um papel que não gostaríamos de fazer. Como é difícil lidar com essas situações!

Veja que para o arranjo arquitetado por Sara desse certo, era preciso, de acordo com os costumes da época, que Hagar fosse promovida. E foi isso que aconteceu. A própria Sara promoveu sua escrava à posição de segunda mulher de Abrão.

Para entender um pouco melhor essa situação é preciso lembrar que uma das principais funções das mulheres na sociedade patriarcal era gerar filhos. Assim, uma mulher que não pudesse gerá-los sentia-se uma pessoa de segunda categoria e era quase rejeitada social e religiosamente. Uma vez que os filhos eram reconhecidos como bênçãos de Deus, quem não os tinha é porque não tinha a benção de Deus.

Outra informação que pode ajudar é saber que os filhos eram muito importantes em uma sociedade que dependia do trabalho braçal para comer e proteger-se. Assim, era comum que homens ricos tivessem mais de uma esposa para ter muitos filhos e assim aumentar a força de trabalho da família.

Assim, sendo bem sucedido o plano de Sara, o filho que seria gerado no ventre de Hagar seria contado como de fosse dela, Sara. Aí a família que Deus prometera para Abraão poderia começar. 
Você já se flagrou assim: ajeitando as coisas para Deus não ficar descoberto? 

A Disputa

Imagine o quadro:

Abrão agora tem duas mulheres: Sara e Hagar.

· Sara era conhecida em toda parte por sua beleza e lealdade ao marido, mas era estéril;
· Hagar talvez nem fosse tão bela e era uma escrava, mas era bem mais jovem;
· Sara carregava consigo o preconceito do útero vazio;
· Hagar carregava consigo sua condição de estrangeira e escrava;
· Ambas eram mulheres em um mundo de homens;
· Ambas, agora, tinham o mesmo marido.

Acontece o esperado. Hagar fica grávida. Imagino que nenhuma das duas sabia exatamente o que estava sentido quando recebeu a notícia.

Sara deveria ficar alegre. Afinal, o plano dela havia funcionado. Ela tinha ajudado o Senhor a cumprir sua promessa. Se fosse hoje, talvez Sara dissesse: É de Deus!!

Hagar passava por uma tempestade de sentimentos: alegria por saber que não estéril como sua patroa; expectativa sobre sua nova posição de esposa; apreensão pela consciência de que o filho que estava em suas entranhas não seria seu.

Quantas vezes você já se sentiu como Hagar: confusa sobre seus sentimentos? Não se pode dizer a qualquer sentimento para não aparecer. Não dá para escolher o se vai sentir. Mas é possível escolher como lidar com os sentimentos que aparecem.

As reações foram inesperadas. A escrava Hagar, que deveria cumprir seu papel com gratidão e discrição, começa a desprezar sua patroa. Em bom português, Hagar resolveu tirar uma “casquinha” de Sara. A esposa rica e bonita não podia ter filhos, mas a escrava estrangeira agora estava grávida do patrão. Gracejos... Piadinhas entre os empregados... Um carinho na barriga na frente da patroa... Reclamações de enjôo e indisposição... Hagar estava dando o troco.

E você? Já deu o troco para a Sara da sua vida? Quando a se foi explorado, usado ou maltratado por alguém, parece que justifica dá o troco, né? Veja só:

Sara era rica e bonita. Cheia de servos, não precisava fazer nada e ainda tinha um marido que a amava profundamente. Já a coitadinha da Hagar era pobre, não tinha tempo para se cuidar e estava longe da família. Parece com aquelas cenas de novela: É isso aí, Hagar! Mostra para Sara quem é a poderosa!

Mas Hagar não mediu bem seu poder de fogo. Sara era a esposa amada de Abraão, companheira de longos anos e apoiadora fiel. Sentindo-se desprezada pela escrava recém promovida a esposa, Sara vai direto para Abrão e diz:

“Você é que deveria passar a vergonha que eu estou passando! Entreguei a minha criada a você... Dei a ela a honra de ser sua mulher... E veja agora o que aconteceu: Ela me despreza! O Senhor julgue este caso entre nós."

Sara jogou todo o peso de sua posição. O resultado foi líquido e certo. Abraão entregou Hagar nas mãos de Sara para que ela fizesse o que achasse melhor.

Segundo os costumes da época, Hagar não poderia mais ser mandada embora. Sara, então, inicia uma batalha pessoal contra a ex-escrava. Ela torna a vida de Hagar bem difícil: tira os privilégios de esposa e lhe devolve a condição de escrava... Coloca Hagar para fazer trabalhos mais pesados... Conta entre os empregado piadinhas sobre os egípcios... Enfim, ela inferniza a vida da escrava até que, sem suportar as humilhações, ela foge para o deserto.

Com certeza você já passou por situações em que se sentiu humilhado. O preconceito em nosso país é como fogo de palha: a gente só vê a fumaça. Humilhado por que é negro... Humilhada porque tem o cabelo ruim... Humilhado porque tem o nariz grande... Humilhada pelos quilos a mais... Humilhado porque falta um dente... Humilhado porque nasceu no interior... Humilhado porque a família é pobre... Humilhado porque gosta de música brega... Humilhado porque é nordestino... Humilhada porque é mulher... Humilhada porque não tem filhos... Humilhada porque ainda não casou... Como você reage a tudo isso?

Hagar. Mulher, escrava, estrangeira, grávida e rejeitada. Emocionalmente, ela estava no fundo do poço. Como muitas mulheres, ela correu para a casa da mãe. O deserto apenas estava no caminho. Foi nessa situação, fugindo de tudo e de todos, que Hagar encontrou o Senhor.

O Primeiro encontro

No meio do deserto, provavelmente chorando e lamentando por sua vida desgraçada, pelo sofrimento e pelo abandono em que se sentia, a escrava egípcia ouve uma das palavras mais agradáveis de se ouvir: seu próprio nome. Hagar.

Meus irmãos, minhas irmãs, Deus nos conhece pelo nome. Ele sabe quem somos. Ele nos vê quando a sensação de inadequação toma conta de nós, e Ele nos chama pelo nome. Ouça a voz do Senhor!

Mesmo quando a dor da humilhação é imensa ao ponto de eu mesmo me rejeitar... Quando fugimos em busca de um lugar seguro porque nada nem ninguém parece nos acolher... O Senhor nos chama pelo nome. Ele sabe quem você é.

Em seguida, Hagar é confrontada com sua real situação: serva de Sara. Hagar não deveria fugir dessa realidade, mas aprender a enfrentá-la. Por mais dolorido que fosse, era a verdade. Ela era uma das servas de Sara.

A fuga sempre é um recurso disponível. Se eu não gostei da pessoa, eu fujo; se sou impaciente, eu fujo; se eu me senti rejeitado, eu fujo; se o trabalho é difícil, eu fujo; se o chefe é duro, eu fujo; se é difícil cuidar dos meninos, eu fujo; se a ira me consome, eu fujo; se a esposa é fria, eu fujo; se o marido é grosso, eu fujo; Nem sempre é ir pra longe, às vezes é apenas fugir para dentro de si mesmo.

Depois disso, Hagar é levada a refletir sobre sua própria vida: De onde vens e para onde vais, Agar? Essa é uma pergunta Chave. Quais os propósitos da sua vida? Quais seus objetivos? O que lhe motiva a viver, Hagar?

Hagar, que estava consumida em sua própria dor, em seu abandono. É chamada a pensar sobre a trajetória da sua vida. Nem sempre é fácil fazer isso. Às vezes, o passado nos consome; outras vezes o futuro nos amedronta.

Talvez ainda soluçando, Hagar tem a coragem de pintar seu auto-retrato: sou Hagar, escrava, egípcia, e fujo da presença de Sara, minha senhora.

Não feche os olhos quando o Senhor colocar o espelho diante de você. Ele quer que você enxergue sua real situação e assim como Hagar reconheça a trajetória da sua vida e onde você está.

Quão difícil dever ter sido para ela admitir tudo isso! Mas foi o ponto de partida. Se ela não tivesse tido a coragem para se olhar no espelho, nada mais teria acontecido.

Depois disso, Hagar recebe uma orientação no mínimo estranha: Volte para a sua senhora, submeta a ela.

Talvez fosse razoável que o Senhor lhe dissesse: Hagar, realmente foi um absurdo o que Abraão, e principalmente Sara, fez com você. É uma injustiça e eles vão pagar caro por isso. Aí Hagar, voltaria como uma justiceira de si mesma trazendo castigo pra todo mundo.

Diante da cara de espanto que Hagar fez ao ouvir as orientações, o Senhor explicou os detalhes. Ele não vê apenas os patrões ricos de Hagar. Realmente não era através do filho de Hagar que Deus cumpriria a promessa feita a Abraão, mas o menino no ventre de Hagar não seria esquecido. Havia um plano para ele.

De repente, aquilo que Hagar estava vivendo, a sua dor, a humilhação pela qual havia passado, tudo seria usada para construir o futuro. Deus tinha um plano. Agar e seu filho faziam parte deste plano.

O menino deveria se chamar Ismael. Ele também seria pai de uma grande nação. De sua descendência surgiriam doze príncipes. Um povo comparado a jumento selvagem, indomável de relacionamento pouco amigável com estranhos. Além disso, a grande nação descendente de Ismael estaria sempre perto do restante da família de seu pai.

Deus constrói o futuro que ele deseja a partir de você. Isso quer dizer que a sua vida faz parte daquilo que o Senhor está realizando. Por isso, antes do desespero ouça o que diz o apóstolo Paulo sobre a questão:




“... todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus; daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Romanos 8:28

Hagar obedece. Grande dádiva é obedecer. Obedecer é a prova da confiança. A fé se mede pela obediência. Para Hagar obedecer significava voltar para a casa dos patrões, reconhecer seu erro ao fugir, admitir sua posição de escrava, e suportar os possíveis maus-humores de Sara.

Quando Deus lhe encontrou no deserto, chorando e lamentando, o que Ele lhe disse que fizesse? Pra onde você tem que voltar? Com quem você precisa falar? A quem você precisa pedir perdão? O que você precisa reconhecer sobre si mesmo?

Minha oração hoje é que haja espaço em seu coração para a obediência. Obedecer é uma grande dádiva! Agar obedeceu e Deus cumpriu aquilo que havia prometido. Você também pode obedecer e ter certeza de que o Senhor irá cumprir a vontade Dele em sua vida.