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17 setembro 2016

A unidade que agrada a Deus


Boa noite, irmãos queridos. Que o Senhor seja a força de suas vidas! Que vocês encontrem nele o lugar seguro para os dias difíceis! E sejam alcançados pela sabedoria que vem do alto. Minha gratidão à juventude desta igreja e em especial ao Wellington pela oportunidade de compartilhar a palavra de Deus nesta noite.

Nunca me canso de agradecer a Deus pela liberdade que temos de fazer isso: reunir-nos livremente, abrir as escrituras, lê-las e refletir sobre seus ensinamentos. Isso é um privilégio que muitos irmãos amados ao redor do mundo não têm. Apenas esse entendimento já seria suficiente para considerar cada encontro como este um presente dos céus.

Durante os próximos minutos iremos pensar juntos sobre UNIDADE, um dos temas mais importantes para a igreja, sobretudo nos tempos difíceis que vivemos. Penso que os irmãos foram felizes em escolher esse assunto, sobretudo quando desejam tratar não uma unidade qualquer, mas da unidade que agrada a Deus.

Quando me refiro a tempos difíceis, não pensem que falo isso com algum saudosismo; como se os dias passados fossem sempre melhores que o presente. Não! Seguir a Jesus no passado não era mais fácil ou mais difícil. Porque cada época guarda suas próprias dificuldades.

Os tempos que vivemos, portanto, são difíceis porque trazem consigo desafios que somos chamados a enfrentar hoje. São desafios desta geração. Desafios para mim e para você. Um desses desafios é experimentar a unidade como uma vocação, um chamado irresistível de Deus para nós.

O texto que sobre o qual vamos tratar encontra-se no capítulo 17 do evangelho de João. Vamos ler juntos os versos 20 e 21 e em seguida orar ao Senhor.

20 "Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles,21 para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Jo 17.20,21 (NVI)

A oração de Jesus

Jesus vivia os momentos que antecediam sua prisão, julgamento, tortura, crucificação e morte. Talvez os discípulos não tivessem clareza sobre o que viria, mas Jesus sabia. Como um de nós, ele estava ansioso. Como um de nós, ele sofria angustiado com o que havia de vir. Além disso ele antevia os dias difíceis que seus discípulos iriam viver e isso, de alguma forma consumia seu espírito. O que fez Jesus? Ele orou ao Pai.

O capítulo 17 do evangelho de João é conhecido como “Oração Sacerdotal”, mas talvez esse título pomposo nos afaste do coração amorosos e sensível do Senhor. Ele, antevendo o caminho difícil a ser trilhado por seus discípulos, não decretou vitória, não amarrou satanás, não ficou inconformado nem tampouco evocou poderes angelicais. Jesus simplesmente orou e pediu ao Pai por seus discípulos. Aqui, na disposição de Jesus para a oração há lições importantes, mas não é nosso assunto hoje.

Jesus falou muitas coisas importantes nesta oração, mas, por causa dos pedidos que fez ao Pai por seus discípulos, este capítulo se tornou conhecido, como falei, como uma oração sacerdotal, isto é, intercessora.

Há algo maravilhoso nessa oração, porque Jesus deixa bem claro que ele não estava intercedendo apelas pelos doze, ou pelos demais discípulos que o seguiam naqueles dias. Ele afirma com todas as letras:

20 Não oro somente por estes discípulos, mas igualmente por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da mensagem deles, (KJA)

Jesus orou por você, meu irmão. Antes que você viesse a existir ele já intercedia pela sua vida, pedindo por sua caminhada em direção ao Pai. Encha-se de alegria e satisfação diante desse amor! Você não é um lobo solitário que vai vencer a dureza da vida na marra; você é uma ovelha do rebanho do Senhor, ovelha amada e cuidada por ele há muito tempo. Deixe de lado esse script de guerreiro esforçado e permita que o amor de Deus o alcance, fortaleça e console.

É importante lembrar que estamos diante de uma oração. Com isso quero dizer que este capítulo não é um roteiro com tarefas que devemos seguir. Não estamos falando de um “passo a passo” para uma vida de sucesso. Estamos diante de uma maravilhosa conversa entre o Filho e o Pai, através do Espírito. Estamos testemunhando a trindade conspirando em nosso favor, tecendo teias de amor e bondade para nos sustentar nos dias difíceis!

O que Jesus pediu ao pai em sua oração?

(A)        Protege-os em teu nome (v.11)

Começando no verso 11, Jesus pediu ao Pai que fôssemos protegidos, guardados. Vejamos:

11 Agora vou deixar o mundo e deixá-los a eles também, para ir para junto de ti. Pai Santo, guarda-os sob o teu cuidado, todos aqueles que me deste, para que permaneçam unidos, como nós estamos unidos (...) 15 Não te peço que os tires do mundo, mas que os conserves a salvo do poder de Satanás. (OL)

Olhando pelas frestas dessa oração, irmãos, parece-me que a unidade da qual Jesus está falando é resultado, antes de tudo, da proteção e do cuidado de Deus sobre nossas vidas. A verdade é que sempre que tentamos resolver nossas vidas por conta própria corremos o risco de estragar tudo, por causa de nosso coração corrompido e egoísta. Então, preste atenção: a unidade desta igreja, depende da sua rendição aos cuidados de Deus.

Enquanto estivermos confiados em nosso próprio esforço ou simplesmente na força do grupo para que a igreja seja unida e tudo dê certo, não experimentaremos a unidade que agrada a Deus.

Enquanto for a sua mão, querido líder, a conduzir e proteger os irmãos ao seu redor, ainda que você faça isso de boa vontade, não experimentaremos a unidade que agrada a Deus.

Enquanto sua confiança, amado irmão, estiver depositada nas mãos de alguém diferente do Filho de Deus, não experimentaremos a unidade que agrada a Deus.

Apenas se você estiver rendido aos cuidados do Pai, e protegido por Ele, a unidade pela qual Jesus intercedeu será possível. Renda-se aos cuidados de Deus, meu irmão! Confie no poder e no amor dele por você, ainda que as circunstâncias pareçam desfavoráveis! Apenas nesse lugar de descanso, poderemos viver como um povo de um só coração e de uma só mente.

(B)        Santifica-os na verdade (v.17)

No verso 17 Jesus intercedeu por nós de outra maneira. Veja o que ele pediu:

16 Não são do mundo, como eu do mundo não sou. 17 Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.18 Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.19 E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade. (ACF)

Novamente eu o convido a olhar pelas frestas dessa oração e enxergar como a unidade que agrada a Deus pode tornar-se uma realidade entre nós.

No pensamento comum do dia-a-dia, alguém é considerado santo por aquilo que faz. Isto é, quando se vê alguém realizando algo que parece bom ou correto vê-se ali algum tipo de santidade. Os católicos romanos têm um procedimento complexo e cuidadoso para verificar se alguém pode ser considerado santo. Esse procedimento passa pela verificação da vida moral e da comprovação dos milagres realizados pelo candidato. Essa santidade é resultado do esforço pessoal para uma vida disciplinada.

Em sua oração, no entanto, Jesus parece falar de outro tipo de santidade. Digo isso porque ele pediu a Deus que nos santifique. Santificar é o mesmo que consagrar, isto é, separar para um propósito sagrado. Jesus deixa claro, portanto, que a santidade na qual ele acredita é uma ação de Deus na vida das pessoas, não uma ação das pessoas em direção a Deus, o que é bem diferente.

Assim, em sua oração Jesus pede ao Pai para que Ele nos santifique, isto é, que Ele dê a cada um de nós um propósito sagrado e nos inclua a cada um nos planos dele de maneira que nos tornemos um povo de um só coração e uma só mente. Portanto, irmãos, a unidade que agrada a Deus só acontece quando nós nos rendemos individual e coletivamente aos propósitos eternos de Deus.

Para experimentar essa unidade é preciso deixar que nossa maneira de pensar seja moldada pela verdade. Porque é na verdade que somos santificados por Deus. Essa verdade que santifica, segundo afirmou Jesus, é exatamente a palavra de Deus. É a palavra de Deus que tem o poder de moldar nossa maneira de pensar e nos fazer parte de um propósito sagrado.

Portanto, para que esta igreja experimente a unidade que agrada a Deus, você precisa submeter-se à Palavra de Deus. É preciso que você compreenda e adote o ponto de vista de Deus sobre a vida, sobre as pessoas, sobre os relacionamentos, sobre as coisas comuns da vida. A unidade não pode ser experimentada individualmente, porque é algo coletivo por sua própria natureza, mas ela começa individualmente.

Pare de resistir à Palavra! Admita suas limitações! Deixe que Deus o torne alguém santo! Deixe-se ser incluído nos propósitos de Deus para este mundo. Deixe-se ser santificado pela palavra e a unidade que agrada a Deus virá como um vento suave e refrescante.

(C)        Que eles sejam levados à plena unidade (21-23)

Nos versos 20 a 23 a oração de Jesus vai direto ao ponto da unidade. Vejamos:

20 "Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, 21 para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. 22 Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: 23 eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste.

Neste terceiro ponto, quero chamar sua atenção para dois sinais externos, visíveis para os que estão fora da igreja, de que estamos vivendo a unidade que agrada a Deus.

É importante relembrar que a oração de Jesus não era apenas por seus discípulos mais próximos... “os doze”, nem também pelos demais discípulos dessa época. Ele deixou claro que intercedia por todos aqueles que viesse a crer no evangelho a partir daquele momento. Portanto, a unidade de que Jesus estava falando não tem fronteiras; junta todas as gerações de discípulos debaixo do mesmo modo de pensar e sentir: uma só mente, um só coração.

Vejam, agora, que coisa maravilhosa, irmãos: essa unidade que atravessa as gerações de discípulos de Jesus está relacionada à proclamação do Evangelho: “...para que o mundo creia que tu me enviaste.”.

Pelas frestas da oração sacerdotal, somos levados a compreender que o mundo em nossa volta, ao observar a forma como nos relacionamos uns com os outros, reconhecerá que esse modo de viver não pode ser produzido apenas com boa vontade e esforço pessoal. Então eles serão levados à conclusão de que o Jesus a quem seguimos é o filho de Deus, o messias enviado, e crerão nele.

Esse é o primeiro sinal externo de que estamos usufruindo da unidade que agrada a Deus: as boas novas são anunciadas de forma natural e orgânica, como resultado da maneira que vivemos.

Por outro lado, Jesus afirmou também que, além levar as pessoas a crerem que ele é o filho de Deus, quando a igreja vive em unidade as pessoas de fora reconhecem que esse modo de vida só pode ser resultado de amor, de muito amor, do amor de Deus derramado sobre a igreja.

Quando pessoas diferentes, com histórias diferentes, com costumes diferentes, de diferentes realidades sociais, com diferentes situações financeiras e que trilharam caminhos diferentes pela vida caminham juntos em uma só mente e um só coração, a única explicação que é elas foram inundadas pelo amor de Deus.

Jesus afirmou que as pessoas de fora da igreja irão reconhecer isso. Assim, quando essa unidade que agrada a Deus é experimentada por nós o amor de Deus é anunciado de forma natural e orgânica, como resultado da maneira que vivemos. Esse é o segundo sinal externo a que Jesus se refere em sua oração.

Não temos como controlar esses sinais, irmãos. Apenas podemos observá-los. A ausência deles é um alerta que não devemos desprezar. Alguns acham que a unidade é um produto apenas para o consumo interno da igreja, mas isso não é verdade. A unidade desta igreja alcança os de fora e testemunha a respeito de Cristo e do amor de Deus; e você, que é a igreja, precisa permanecer atento para o tipo de testemunho que está sendo dado.

(D)        Que estejam comigo onde eu estou. (24)

Quero concluir essa reflexão, irmãos, apresentando a quarta intercessão de Jesus por nós em sua oração, chamada sacerdotal. No verso 24 ele revela a natureza relacional do seu amor.

24 "—Pai, quero que, onde eu estiver, aqueles que me deste estejam comigo a fim de que vejam a minha natureza divina, que tu me deste; pois me amaste antes da criação do mundo." (NTLH)

Essa unidade que estamos aprendendo agora é uma realidade para o Deus trino desde sempre. Jesus disse que antes de o mundo existir ele e o pai já experimentavam este amor. Veja que coisa maravilhosa, irmãos: nós fomos chamados, por causa da bondade e da misericórdia de Deus, a fazermos parte com Ele desse maravilhoso relacionamento de amor e confiança.

Ele quer que todos nós estejamos onde ele estiver para experimentarmos essa mesma unidade que ele tem com Pai. Isso tudo acontecerá de forma plena na eternidade. Jesus já havia dito antes para seus discípulos (Jo 14):

1 "Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. 3 E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver.

Portanto irmãos, a unidade que agrada a Deus não é apenas para esta vida. Somos chamados para experimentá-la já agora, mas sem esquecer de que um dia a oração do Senhor será completamente atendida e experimentaremos a alegria de juntos (gente de toda raça, tribo, nação e época) vivermos em harmonia... uma só mente... um só coração. Esse tempo ainda chegou, mas todo nós já podemos ir treinando agora e provando um pouco da maravilha que será.


Que o Senhor nos socorra em nossas limitações e nos ajude a nos rendermos aos seus cuidados, nos deixarmos santificar por sua Palavra, de maneira que as pessoas em nossa reconheçam a Jesus com salvador e testemunhem do amor de Deus entre nós. Assim estamos cada dia mais próximos de experimentar a plenitude a unidade que Ele planejou para sua igreja.

26 junho 2016

Escola Bíblica - Um por todos, todos por um - Dedicados uns aos outros


Dedicados uns aos outros

Paulo usou a metáfora do corpo para mostra que os seguidores de Jesus são membros uns dos outros. Essa bonita ilustração mostra como a Igreja funciona. Cada crente é necessário e vitalmente importante no plano de Deus.

Analogias são ótimas para introduzir um assunto ou para fornecer acesso a um conhecimento. No entanto, comparações não são perfeitas em tudo e não têm a função de esgotar o assunto. Isso quer dizer que nem tudo a respeito do corpo humano pode ser aplicado à igreja e que há muitos aspectos da igreja que não podem ser percebidos através da comparação com o corpo.

É por isso, e também por causa da importância e complexidade do assunto, que as Escrituras nos fornecem outras analogias sobre a Igreja, como lavoura, edifício, exército, etc. Em Rm 12.10 temos indícios de outra analogia importante para compreendermos a natureza da Igreja que somos.

10 Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios. Rm. 12.10 (NVI)

O termo philadelphia, traduzido por amor fraternal, originalmente refere-se aos relacionamentos familiares. Quando o apóstolo Paulo o aplica à igreja, parece afirmar que o relacionamento entre os discípulos de Jesus é marcado por um amor semelhante ao amor que existe entre irmãos.

O termo adelphos, usado nas escrituras por mais de 200 vezes e traduzido como irmão, quer dizer, literalmente “do mesmo ventre” e é claramente um termo familiar. Assim, a Bíblia aponta para uma realidade inescapável e profunda: nascemos de novo (como Jesus falou a Nicodemos) dentro da família de Deus. Ele nos adotou a todos como filhos e filhas por meio de Jesus Cristo.

5 Deus nos destinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo; esse era o seu desejo e o seu propósito. Ef 1.5 (VFL)

As duas analogias (corpo e família) claramente nos fornecem comparações diferentes e parecem ter objetivos diferentes: quando Paulo usou a metáfora do corpo, valeu-se dos aspectos físicos para ilustrar o funcionamento da igreja com a participação de todos discípulos a partir das habilidade e capacitações de cada um; mas quando empregou a metáfora da família o foco é outro: ele quis mostrar os aspectos psicológicos das relações entre os cristãos.

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Dizer que a igreja é como uma família pode ser inspirador para alguns, mas não ajuda muito outras pessoas, cuja a experiência familiar não foi (ou não é) das melhores.

Com frequência, crianças crescem sem sentir como é ser aceito, amado incondicionalmente ou sentir-se seguro; não aprendem a confiar nos outros, pelo contrário. Por causa do ambiente hostil em que são criadas, aprendem a mentir, trapacear e enganar; assim, o egoísmo acaba se tornando um modo de sobrevivência onde há pouco espaço para confiança, generosidade e afeto.

Como esse cenário se liga à analogia da igreja como família? O ponto a ser considerado é o fato de que alguém se tornar um cristão não muda automaticamente atitudes e modos de pensar que foram desenvolvidos ao longo da vida. Assim, quando passam a fazer parte da família de Deus, muitos chegam apenas com uma vaga noção do que seja ser amável, carinhoso, sincero e confiante e com pouca disposição para acreditar que esta família seja diferente daquela em que ele cresceu.

A boa notícia é que Deus projetou a igreja (a família dele) para trazer cura espiritual e emocional a todos os que nela forma incluídos, mesmo aqueles que tiveram poucas experiências familiares de amor e cuidado mútuos.


Infelizmente, o mundo está cheio de igrejas que não funcionam como famílias plenas e funcionais. Nessas igrejas os crentes não são dedicados uns aos outros em amor fraternal; nessas igrejas o lema “um por todos, todos por um” é motivo de gracejos, piada e descrença; nessas igrejas há poucas empatia, pouco desprendimento e pouca disposição para se gastar em benefício dos outros; nessas igrejas as pessoas que chegam vindas de famílias quebradas e desestruturadas são expostas a outras famílias que quase nada podem fazer, porque também se encontram na mesma situação.

Quando isso acontece, o plano de Deus para a cura espiritual e emocional é impedido. De fato, essa situação leva à desilusão e devastação espiritual. É inegável que vivemos tempo difíceis.


Uma pergunta é inevitável. Pode a igreja trazer cura e saúde a quem tanto precisa? A resposta é decididamente “SIM”. Isso já aconteceu incontáveis vezes na história e pode acontecer aqui com a gente também. Que passos podemos dar para caminhar em direção a uma igreja-família, cujos relacionamentos dão testemunho aos de fora e acolhimento aos de dentro?

Apesar de nossa condição como membros da família de Deus ser uma ligação produzida pelo Espírito de Deus, mediante a regeneração, que nos insere em uma nova vida, ainda assim mostrar amor e afeto por outros cristãos e trata-los como irmãos e irmãs precisa ser aprendido.

PASSO 1

O primeiro passo para esse aprendizado é examinar com cuidado e espírito de submissão o que a Bíblia fala sobre amor fraternal. A seguir, uma amostra:

9Mas quanto ao amor fraternal puro que deve existir entre o povo de Deus, eu não preciso falar muito, tenho certeza! Porque o próprio Deus está ensinando vocês a se amarem uns aos outros. 10Na verdade, já é forte o amor que vocês têm por todos os irmãos em Cristo no seu país todo. Mesmo assim, queridos amigos, nós lhes rogamos que amem cada vez mais a eles. 1 Ts 4.9,10

1Não deixem nunca de se amar com amor de irmãos. 2Não se esqueçam da hospitalidade, porque foi assim que alguns hospedaram anjos, sem o saber. 3Lembrem-se dos presos como se estivessem presos com eles; e dos que são maltratados como se fossem vocês mesmos a sofrer. Hb 13.1-3

22Agora podem ter entre vocês um amor fraterno, não fingido, porque as vossas almas foram purificadas pela obediência à verdade. Amem-se, pois, uns aos outros de todo o coração. 23Porque vocês nasceram de novo, não de uma semente deteriorável, mas de uma semente imortal, pela palavra de Deus viva e que permanece para sempre. 1 Pe 1.22,23

8E agora, esta palavra a cada um: vocês devem ser como uma grande família feliz, cheios de simpatia uns pelos outros, amando-se uns aos outros, com corações ternos e mentes humildes. 9Não paguem mal por mal. Não retribuam àqueles que dizem coisas desairosas sobre vocês. Em vez disso, orem para que Deus ajude os tais, pois devemos ser bondosos para com os outros, e Deus nos abençoará por isso. 1 Pe 3.8,9

5-7Sendo assim, esforcem-se diligentemente por acrescentar à vossa fé uma boa conduta; e além disso o conhecimento das coisas espirituais; depois aprendam o que é o domínio dos vossos próprios desejos naturais; acrescentem a perseverança, e ainda uma relação efectiva com Deus. E não se esqueçam da afeição fraterna, e enfim do amor. 8Porque se estas qualidades abundarem na vossa vida, elas não vos deixarão ociosos nem estéreis, mas antes frutuosos no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. 2 Pe 1.5-7

PASSO 2

Avalie suas atitudes e ações com respeito aos outros membros da sua família cristã. Até que ponto você sente amor e afeto em relação aos seus irmãos em Cristo? Vejamos se as perguntas a seguir podem auxiliar-nos nessa reflexão:
  
Bloco A

1.     Você se sente à vontade para expressar seus sentimentos a outras pessoas? Por quê?
2.     Você já foi magoado por alguém em quem confiava? O que você aprendeu com essa situação?
3.     Você acha que vale a pena abrir o coração na família de sangue? E na família de fé?
4.     Quais são os riscos que corremos ao expressar nossos sentimentos na família de Deus? Você acha que vale a pena?

Bloco B

1.     Na sua família, com seus pais e irmãos, como vocês expressavam amor uns pelos outros?
2.     Como você classificaria sua família (pais e irmãos) em relação a expressar sentimentos? Muito Aberta, Aberta, Fechada, Muito Fechada.
3.     Em termos de expressar sentimentos e emoções, o que era assunto proibido em sua família (pais e irmãos)?
4.     Você se sente confortável em chamar Deus de pai? Por quê?

Bloco C

1.     Por quanto tempo você já ficou ruminando uma briga em que você foi ofendido: dias, semanas, meses ou, anos?
2.     Para você, o que é ressentimento? Como você lida com esse sentimento?
3.     Como você acha que as pessoas percebem você: fácil de provocar ou difícil de provocar? De bem com a vida ou de mal com a vida?

Bloco D

1.     Por quanto tempo você já ficou ruminando uma briga em que você foi ofendido: dias, semanas, meses ou, anos?
2.     Para você, o que é ressentimento? Como você lida com esse sentimento?
3.     Como você acha que as pessoas percebem você: fácil de provocar ou difícil de provocar? De bem com a vida ou de mal com a vida?

PASSO 3

Se depois dessas perguntas você achar que precisa de ajuda, procure um membro amadurecido do Corpo de Cristo em quem você confie. Isso é muito importante para sua caminhada. Comece a agir em harmonia com aquilo que você sabe ser o desejo de Deus. Não espere sentir vontade. Frequentemente sentimentos vêm logo após ações. Expressa o amor de forma tangível o ajudará a desenvolver sentimentos de amor e a comunica-los verbalmente.

Adaptado a partir de capítulo homônimo do livro "Um por todos, todos por um", Gene Getz, Ed. Textus - Rio de Janeiro - 2000. Tradução por Ana Vitoria Esteves de Souza.

19 junho 2016

Escola Bíblica - Um por todos, todos por um - Membros uns dos outros


Membros uns dos outros

Há um certo tipo de poder quando as pessoas se unem: quando a torcida pula junto e grita o nome do time, há uma força nessa unidade; quando na quadra de vôlei, cada jogador az sua parte e todos se esforças para cobrir as falhas uns dos outros e o ponto parece não ter fim, para que tipo de poder toma conta de todos que estão por perto.

É difícil negar que quando as pessoas se unem em torno de um objetivo surge uma energia que nos faz realizar bem mais do que imaginamos ser capazes. Vamos ver um vídeo sobre o poder da unidade.

Há um poder na união. Mesmo quando ela é um processo puramente humano. Imagine agora o que pode acontecer quando essa união é o resultado da ação do Espírito Santo em cada um de nós. Quando lemos as escrituras parece que essa unidade no Espírito era um dos desejos mais intensos de Jesus. Ele até orou sobre isso em Jo 17.20-23.

Uma analogia é a tentativa de explicar algo através de outra coisa. Para tentar explicar essa unidade no Espírito, que existe entre os seguidores de Jesus, a Bíblica usa uma analogia, isto é, ela compara os seguidores de Jesus ao corpo humano em I Co 12.14-26.

VERDADES IMPORTANTES

Há muito a aprender na leitura dessa comparação entre a Igreja e o copo humano. O apóstolo Paulo resume da seguinte forma: “Então nós ... somos membros uns dos outros.” (Rm 12.5). Hoje vamos destacar três verdades importantes que podem ser aprendidas neste texto.

1.     Nenhum cristão deve atuar sozinho: somos interdependentes. Não há lugar para carreira solo entre os seguidores de Jesus – o nosso canto é sempre coral. Não há lugar para monólogo – nossa atuação é sempre coletiva. Não há lugar para lobos solitários – nós andamos sempre em bandos. Nós dependemos uns dos outros. Mas, por quê?

a.      Fomos feitos diferentes; I Co 12.15,16
b.     Fomos feitos incompletos; I Co 12.21
c.      Somos apenas uma parte, não o todo. I Co 12.14

2.     Nenhum cristão deve sentir-se mais importante que os demais: somos limitados. Somos chamados à humildade, isto é, ao reconhecimento de nossos limites – nem mais, nem menos. Ninguém pode dizer a outro irmão “não preciso de você”. Por quê?

a.      Fomos feitos diferentes; I Co 12.15,16
b.     Fomos feitos incompletos; I Co 12.21
c.      Somos apenas uma parte, não o todo. I Co 12.14

Além disso, veja o ensino de Paulo aos irmãos de Roma em Rm 12.3.

3.     Cada cristão deve trabalhar para preservar a unidade: somos responsáveis. A manutenção da unidade na igreja é o resultado de nossas atitudes e uns para com os outros.

No time de futebol ou na torcida, a união vem por causa dos objetivos comuns. Porque todos querem a mesma coisa, juntam-se para alcançar os resultados. Na igreja é diferente. A unidade do Corpo de Cristo é resultado da presença do Espírito Santo em nós. Fazemos parte do mesmo corpo, porque fomos feitos parte da família de Deus (Jo 1.12)

Ninguém é parte da Igreja de Jesus apenas por vontade própria. Foi Deus quem fez de você um membro do Corpo de Cristo. É como na família de sangue: ninguém escolhe por si mesmo fazer parte. A escolha é dos outros. Portanto, eu e você não podemos produzir união. A união já existe, porque fomos feitos irmãos uns dos outros. Pode ser que essa união não esteja funcionando, bem, mas ela é uma realidade que não depende da nossa vontade.

Por outro lado, fomos chamados para preservar a essa unidade através de humildade, mansidão, longanimidade e apoio mútuo, conforme. (Ef 4.1-3)

1Suplico-vos pois - eu, prisioneiro por causa de servir o Senhor - que se conduzam de uma maneira digna da chamada que receberam de Deus. 2Sejam humildes, delicados para com os outros e pacientes, numa base de compreensão mútua e com uma afeição sincera. 3Procurem conservar entre vocês a unidade que o Espírito Santo produziu com laços de paz. (Ef 4.1-3 OL)

PERGUNTAS PARA DISCUSSÃO

1.     Somos uma igreja unida? Como podemos melhorar?
2.     Nosso jeito de viver igreja valoriza essa dependência uns dos outros?
3.     A humildade é um valor que nos caracteriza com igreja?
4.     Até que ponto o individualismo está trabalhando contra a unidade da igreja?

5.     O que poderia melhorar em nossas programações para nos sentirmos ainda mais membros uns dos outros?

Adaptado a partir de capítulo homônimo do livro "Um por todos, todos por um", Gene Getz, Ed. Textus - Rio de Janeiro - 2000, 

17 abril 2016

A Função e a Harmonia dos Membros


Comunidade Batista em Mangabeira - João Pessoa/PB - Escola Bíblica  17/04/16 


Em nossa jornada para discernir de forma apropriada o Corpo de Cristo, refletiremos sobre a função dos membros e sobre sua harmonia no corpo.

Existe ao menos um impedimento que bloqueia o exercício de nossas funções no Corpo: a mentalidade individualista, isto é, o apego a si mesmo. Enquanto essa forma de pensar dominar nossa mente não haverá espaço para o serviço, e portanto, não haverá o que ser falar sobre nossa função no corpo ou sobre a harmonia entre nós.

Dessa forma, nossa reflexão sobre função e harmonia no Corpo de Cristo pressupõe que fomos libertos de nós mesmo, que estamos prontos para pensar a vida da igreja como uma oportunidade para ser canal para a nova vida, a vida do Espírito de Deus que recebemos por meio de Jesus Cristo a fim de abençoar nossos irmãos.

Todos têm uma função (I Co 12.13)

13 Pois em um só corpo TODOS nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a TODOS nós foi dado beber de um único Espírito.

A igreja é composta de pessoas que foram imersas na vida do Espírito de Deus. Esse mergulho no Espírito Santo marca ao mesmo tempo nossa redenção individual (penhor 2 Co 1.21,22) e nosso arrolamento como parte da coletividade membro do Corpo de Cristo. Porque a salvação é individual, mas é operada na coletividade.

Paulo parece explicar que o tratamento do Espírito é o mesmo para todos que o Senhor é bondoso (cf. I Pe. 2.3). Não há qualquer distinção. Não há um membro do Corpo que não tenham uma vocação de Deus. TODOS temos algo a realizar em favor dos demais membros.

Entre o primeiro e o segundo “TODOS”, Paulo apresenta aos seus leitores dois profundos abismos (judeus/gregos e escravos/livres) de sua época para ilustrar o trabalho do Espírito na constituição do Corpo de Cristo: primeiro, duas cosmovisões diferentes (cultura, história, religião ...); depois, duas realidades de vida distintas (identidade, esperanças, sonhos ...).

E o que nos diz o apóstolo? Afirma que esses abismos são produzidos por nós, e que o Espírito de Deus não se limita por causa deles. Ao contrário, junta na Igreja quem ele quer e dá a todos uma incumbência de serviço ao corpo a ser cumprida.

Ainda sobre o TODOS, precisamos lembrar que vivemos tempos em que a sacerdotalização em forma de casta tem renascido e sido acolhida por vários irmãos como um modo aceitável de viver a fé.

São tempos em que a igreja reformada por Lutero e outros é tentada a refluir para o padrão clero/laicato. Tempos em que a fé se vê ancorada em líderes personalistas, hiperativos e repletos de dons, enquanto o restante do corpo assiste passivo as performances e aguarda dos iluminados bênçãos, orações e fórmulas para fazer a vida funcionar.

É certo que o modo sacerdotal de viver a fé dominou a cena da humanidade por muito tempo, mas também é verdade que ele encontrou no evangelho de Cristo um forte opositor.

Mc 15.38 – O véu rasgou-se
I Pe. 2.5-9 – Sacerdócio Santo e Real
Ap. 1.5 – Sacerdotes para servir
Ap. 5. 8-10 – Sacerdotes para o nosso Deus

É surpreendente que, no interior de um uma religião essencialmente sacerdotal, nasceu o evangelho de um único e perfeito mediador que a todos chama para aproximar-se de Deus como um filho se aproxima de um pai amoroso.

19 Sendo assim, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos mediante o sangue de Jesus,20 por um novo e vivo Caminho que Ele nos descortinou por intermédio do véu, isto é, do seu próprio corpo;21 e tendo um magnífico sacerdote sobre a Casa de Deus.22 Portanto, acheguemo-nos a Deus com um coração sincero e com absoluta certeza de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada, e os nossos corpos lavados com água pura.

Ninguém pode ser descartado (I Co 12.21-24a)
  
21 O olho não pode dizer à mão: "Não preciso de você! "Nem a cabeça pode dizer aos pés: "Não preciso de vocês!" 22 Pelo contrário, os membros do corpo que parecem mais fracos são indispensáveis, 23 e os membros que pensamos serem menos honrosos, tratamos com especial honra. E os membros que em nós são indecorosos são tratados com decoro especial, 24 enquanto os que em nós são decorosos não precisam ser tratados de maneira especial.

O argumento de Paulo é de que não somos nós quem diz se alguém é necessário ou não ao corpo. Em princípio todos os membros do corpo são necessários e nenhum pode ser simplesmente descartado.

Parece que Paulo coloca sob suspeita os critérios que usamos para fazer essa avaliação. Primeiro ele fala do engano de contarmos apenas com aqueles que consideramos fortes: história de fé na família, vida financeira estruturada, família equilibrada, frequente nos cultos, contribuinte, comprometido: esses são os que parecem fortes! Eles estão sempre visíveis e são sempre chamados a se apresentar no front da batalha. Mas nem por isso os demais membros do corpo podem ser dispensados.

Aqueles que parecem fracos, não podem ser dispensados da comunhão nem tampouco desprezados. Nas palavras de Paulo eles são indispensáveis para a harmonia do corpo. A analogia aponta as partes do corpo humano que são pouco resistentes, mas que cumprem funções importantes. Os lábios são frágeis, as orelhas são frágeis, os olhos são frágeis, todos eles precisam ser protegidos por braços e mãos, mas sem eles o corpo perderá sua harmonia.

Os irmãos mais sensíveis, menos resistentes aos desgastes da vida, mais frágeis diante do mundo, menos capazes de reagir, menos perceptivos sobre as sujeiras da vida, não podem ser jogados fora. Ainda às vezes seja trabalhoso, eles devem ser cuidados e protegidos. O corpo depende deles para cumprir sua vocação.

Outro aspecto do mesmo argumento é quanto aos membros mais ou menos decorosos. Esse é um argumento impressionante porque Paulo afirma que aqueles de quem temos mais vergonha não devem ser expostos ao ridículo, mas protegidos para que se apresentem de forma digna.

Em um corpo harmônico não há lugar para a exposição gratuita das fragilidades dos irmãos. Não há lugar para envergonhar os outros porque eles são diferentes. Não há lugar para humilhar os que não conseguem. Não há lugar para fazer pouco caso de quem quer que seja por seja qual for a razão. Porque quando um membro do corpo é envergonhado, todo o corpo sente vergonha com ele.

Vocação: para cada um, por causa de todos.

Mas Deus estruturou o corpo dando maior honra aos membros que dela tinham falta, 25 a fim de que não haja divisão no corpo, mas, sim, que todos os membros tenham igual cuidado uns pelos outros. (I Co 12.24b-5)

Nosso lugar no corpo foi planejado por Deus. Não há acasos nisso. Nossa história tem parte nisso, nossas experiências são importantes, nossa formação tem seu lugar, mas ao final tudo está sob a coordenação daquele que é o cabeça da igreja.

Paulo revela uma lógica invertida nessa montagem do corpo. Aparentemente o Senhor providenciou equilíbrio no corpo ao conceder honra exatamente àqueles que dela tinham falta.

A abordagem sobre honra aqui é a mesma. Vestir de forma apropriada, os membros do corpo que expostos estariam desprotegidos e à mercê de comentários. A ideia é de proteger quem está desprotegido. Então, explica que o próprio Senhor da Igreja age assim para produzir harmonia no corpo.

Dessa forma, todos os membros são vocacionados (chamados) a servir ao Corpo. E são capacitados, protegidos e honrados de forma que haja harmonia. Assim, quando cada membro do corpo exerce sua função estamos cuidados uns dos outros e o corpo opera seu próprio crescimento de forma harmônica.