27 março 2016

Ligado à Cabeça


Ligado à Cabeça
 Comunidade Batista em Mangabeira - João Pessoa/PB - Escola Bíblica  03/04/16 


Introdução

Continuando nossas reflexões sobre a realidade do Corpo de Cristo, passamos agora a refletir sobre a necessidade de nos mantermos firmemente ligados à Cabeça.

1.   A vida procede de Jesus

A Igreja não é geradora de vida. A vida do Corpo vem de Cristo, por meio da ligação que temos com Ele. Apenas Ele tem vida em si mesmo; nós recebemos vida da parte e continuamos vivos estamos nele.

25 Eu lhes afirmo que está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que a ouvirem, viverão. 26 Pois, da mesma forma como o Pai tem vida em si mesmo, ele concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. Jo 5.25-26 (NVI)

Isso quer dizer que a vida do corpo é resultado da ligação de cada um de seus membros à Cabeça. É bom estar empolgado com programações e programas, mas definitivamente isso não nos torna participante da vida da igreja, porque não somos nós, membros do corpo, que concedemos vida uns aos outros. A vida circula entre nós, mas sua fonte é um só: a cabeça. Portanto, não há vida para um membro do corpo fora de sua ligação com a Cabeça.

1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, Ef. 2.1 (ARA)

Recebemos vida, mas nenhum de nós goza de independência ou autonomia de vida. Fora do corpo estamos mortos; no corpo nossa vida é resultado da vida que vem de Jesus.

4 Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim. Jo 14.4 (NVI)

Alguém que discerniu seu lugar no Corpo de Cristo não deveria jamais se arriscaria a viver sua nova vida por conta própria, desconectado da cabeça; porque sabe que depende completamente da vida que há em Jesus.

2.   Obediente à Cabeça

Em um corpo humano sadio os membros não fazem o que querem, eles estão submetidos à vontade da cabeça. Assim, também na igreja, os membros do Corpo de Cristo obedecem à autoridade que há nele. Sem essa submissão, o corpo segue com movimento desengonçados e descontrolados.

18 Que ninguém afirme que vocês estão perdidos porque se recusam a adorar a anjos, como dizem eles que vocês devem. Dizem que tiveram uma visão e por isso sabem que vocês têm que fazer isso. Esses homens vaidosos têm uma imaginação muito esperta. 19 Mas eles não estão ligados a Cristo, a Cabeça à qual todos nós, que somos o seu corpo, estamos unidos; porque somos unidos pelos seus fortes ligamentos e só crescemos á medida que recebemos dele a nutrição e a força. Col 2.18-19 (BV)

Infelizmente não é raro que participem de nossas reuniões pessoas que rejeitam a autoridade e Jesus e se coloquem a si mesmas como autoridade sobre o Corpo, expulsando a Cristo do lugar que lhe é devido.

E também há aqueles que preferem submeter-se a essas falsas cabeças, tanto por subserviência infantil, como por não estarem dispostos a investir em um relacionamento pessoal com Cristo.

Obedecer a Cristo é reconhecer e submeter-se aos seu Senhorio e segui-lo; porque Jesus não é tão somente salvador, mas Senhor sobre tudo e todos. Seguir quer dizer que “o caminho por onde ando é o lugar para onde vou foram decididos por outra pessoa.

3.   Ajustados e consolidados

15 Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. 16 Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função. Ef. 4.15-16 (NVI)

A ligação de cada membro à cabeça nos torna capazes de realizarmos nossa função no corpo. E, enquanto realizamos nossas funções, somos ajustados e unidos uns aos outros. É claro que por vezes esse processo produz problemas de relacionamento entre nós.

Embora sejamos tentados a resolver esses problemas prioritariamente (ou até exclusivamente) entre nós, eles encontrarão solução eficaz em nossa submissão à cabeça. Isso não significa que devemos deixar de tratar nossas diferenças, mas que uma vida comunitária satisfatória está baseada primeiramente em nosso relacionamento com Cristo. Vejamos algumas opiniões sobre esse assunto:

Nee

(...) não nos tornamos cristãos por causa de termos achado que os outros cristãos são pessoas agradáveis, nem temos êxito como crentes por termos dominado com perícia uma técnica cristã. Chegamos a ser cristãos porque conhecemos a Cristo. E a maneira em que continuamos vivendo com êxito a vida cristã é a mesma maneira na qual nascemos como cristãos.

(...) Necessitamos da comunhão com os demais porque o Cristo que habita em mim e o Cristo que habita em você são inseparáveis. O Cristo que habita em mim não é fragmentário, mas um todo - Cristo. Cristo em você é Cristo em mim - Este é o Cristo que é a base de nossa comunhão.   

(...) existe, todavia, uma coisa que todos temos em comum, que é o Cristo que habita no interior. Visto que o Cristo em nós é o Mesmo, podemos ter comunhão uns com os outros.

A comunhão entre cristãos deve ser a que se relaciona com Cristo. Não temos base para a comunhão fora da Cabeça. Nossa comunhão é normal e proveitosa se todos nos mantemos ligados à Cabeça. De outra forma, a comunhão é deficiente.

NEE, Watchman. O corpo de Cristo: uma realidade. Clássicos. São Paulo. 2004

Em II Sm 15:1-17 vemos os desdobramentos da comunhão baseada na habilidade, na simpatia e na consideração.

Tozer

Cada membro é juntado ao todo por uma relação de vida. Assim como se pode dizer que a alma é a vida do seu corpo, também a habitação do Espírito é a vida da Igreja.

(...) um corpo com vários membros obedientes, com uma cabeça a dirigi-los, assim também é exato que a verdadeira Igreja é um corpo, e os cristãos individualmente são membros, e Cristo é a Cabeça.

Como toda atividade humana se executa através da mente, assim também a obra da Igreja se faz pelo Espírito, e somente por Ele.

TOZER A. W. O caminho do poder espiritual. Mundo Cristão. São Paulo. 1985

Dietrich

Segundo: Um cristão só chega a outro através de Jesus Cristo. Entre as pessoas reina a discórdia. “Ele é a nossa paz” (Efésios 2.14), afirma Paulo a respeito de Jesus Cristo no qual a velha humanidade dilacerada tomou a unificar-se. Sem Cristo há inimizade entre as pessoas e entre elas e Deus. Cristo tomou-se o mediador e trouxe a paz com Deus e entre as pessoas. Sem Cristo não conheceríamos Deus, não poderíamos invocá-lo nem vir a ele. Sem Cristo também não conheceríamos o irmão nem poderíamos encontrá-lo. O caminho está bloqueado pelo próprio eu. Cristo desobstruiu o caminho que leva a Deus e ao irmão. Agora os cristãos podem viver em paz uns com os outros, podem amar e servir uns aos outros, podem se tomar um. Contudo, também de agora em diante só poderão fazê-lo por meio de Jesus Cristo. Apenas em Jesus Cristo nós somos um, apenas por meio dele estamos unidos. Ele permanece o único mediador até a eternidade.

Pertencemos a ele, porque estamos nele. Por isso a Escritura nos chama de corpo de Cristo. Mas se, mesmo antes de podermos saber e desejar, fomos eleitos e aceitos em Jesus Cristo com toda a comunidade, também lhe pertencemos todos juntos em eternidade. Nós que vivemos em sua comunhão aqui, estaremos um dia com ele em comunhão eterna. Quem olha para seu irmão, saiba que estará eternamente unido com ele em Jesus Cristo. Comunhão cristã é comunhão através de e em Jesus Cristo. Nessa pressuposição baseiam-se todos os ensinamentos e regras da Escritura acerca da vida em comunhão da cristandade.

(...) O irmão com o qual lido na comunhão não é aquela pessoa honesta, ansiosa por fraternidade e piedosa que está diante de mim, mas é a pessoa redimida por Cristo, justificada, chamada para a fé e para a vida eterna. Nossa comunhão não pode ser baseada naquilo que a pessoa é em si, em sua espiritualidade e piedade. Determinante para nossa fraternidade é aquilo que a pessoa é a partir de Cristo. Nossa comunhão consiste unicamente no que Cristo fez por nós dois. E isso não é assim apenas no início, como se, no decorrer do tempo, algo fosse acrescentado a essa comunhão, mas assim será para todo o futuro e em toda a eternidade. Só tenho e terei comunhão com outra pessoa através de Jesus Cristo. Quanto mais autêntica e profunda fôr nossa comunhão, tanto mais tudo o resto ficará em segundo plano, com tanto mais clareza e pureza Jesus Cristo, única e exclusivamente ele, e sua obra se tornarão vivos entre nós. Temos uns aos outros apenas através de Cristo, mas através de Cristo nós de fato temos uns aos outros, inteiramente para toda a eternidade.

BONHOEFFER, Dietrich. Vida em Comunhão. Sinodal. São Leopoldo – PR. 1997


20 março 2016

Pistas para um imitador de Jesus


Pistas para um imitador de Jesus
Comunidade Batista em Mangabeira 4 -  João Pessoa/PB - 20/03/2016

Conexão

Boa noite, irmãos. Semana passada fomos desfiados pelo pr. Francisco a avaliar o custo de ser um discípulo de Jesus. Seguir o Senhor não é como no Facebook; não é apenas clicar e adicioná-lo como amigo.

Ele nos alertou que ser discípulo significa estar disposto a colocar tudo e todos em segundo plano. É confiar no amor de Deus e seguir o exemplo que ele nos deu: Jesus entregou a vida por você (um sacrifício de sangue); você entrega sua vida a ele como uma oferta viva a Deus. Ele morreu por você afim de que você viva para Ele.

Os desafios de entrega total a que o Senhor nos chama são tão difíceis que poderíamos desanimar. Mas ele mesmo é quem garante que não seremos abandonados nessa empreitada. Quando entregamos nossa vida ele, o seu amor gracioso nos alcança e nos socorre em nossas imperfeições e pecados.

O chamado de Jesus para sermos discípulos dele é um convite para nos tornarmos seus imitadores e fazermos como ele fez. Esse chamado ecoou pela voz dos seus apóstolos. É nesse sentido que Paulo nos convoca a termos em nós o mesmo sentimento que também houve em Cristo Jesus.

Hoje vamos continuar esta série de pregações refletindo sobre uma história conhecida por muitos. Esta semana ela foi repetida pelo Papa Francisco como parte das celebrações da semana que é chamada santa: a cerimônia de lava-pés.

Alguns acham que seguir a Jesus é algo misterioso (embora na verdade não seja). Diante disso, meu propósito hoje à noite é oferecer, a partir da narrativa do apóstolo João, algumas pistas para aqueles que desejam ser imitadores de Jesus. Portanto abram suas bíblias no capítulo 13 do evangelho de João para acompanharmos juntos a leitura dos primeiros dezessete versos.

Leitura Bíblica (Jo. 13.1-17).

Oração

Introdução

Neste final de semana muitos estão celebrando a Páscoa. No entanto, a Páscoa festejada nos meios de comunicação nada tem a ver com aquela que estava prestes a acontecer quando os fatos da nossa história se desenrolaram. Hoje a páscoa é uma mistura de símbolos com significados pagãos, como o ovo e o coelho, e muita vontade dos comerciantes de vender chocolate. Essa Páscoa nada tem a ver com o evangelho de Cristo.

Já a páscoa do relato de João era uma festa judaica, instituída por Deus para que os Israelitas celebrassem a libertação do povo que fora escravizado no Egito. Era a lembrança daquele dia fatídico em que os primogênitos egípcios foram mortos, enquanto o anjo passou por cima de todas as casas cujos umbrais estavam marcados com o sangue do cordeiro, poupando assim os filhos de Israel. Essa Páscoa também não é uma festa cristã. Ela é o que é: uma celebração judaica. Portanto, com base nas Escrituras, não há razão para os cristãos festejarem a páscoa judaica e muito menos a páscoa pagã. 

Por outro lado, é inegável que desde os primeiros dias da fé cristã, os discípulos de Jesus de origem judaica reconheceram que há um paralelo entre essas histórias de libertação. Por isso Paulo afirma que Jesus é nosso cordeiro pascoal (I Co. 5.7). No entanto, enquanto celebrava a páscoa judaica com seus discípulos, falando sobre seu sangue a ser derramado e seu corpo a ser entregue por nós, o Senhor nos chama a celebrar uma nova aliança. 

Assim, embora Cristo seja nosso cordeiro pascoal, fomos chamados por ele não para celebrar a páscoa, mas para um memorial sobre seu sacrifício voluntário, anunciando sua morte até que ele venha. 

...um pouco antes da festa da Páscoa, Jo 13.1

Foi um pouco antes da festa da Páscoa, afirma João, que essa história se deu. De forma inusitada, no meio de uma refeição, Jesus tira a capa de sobre seus ombros, amarra uma toalha na cintura, enche uma bacia com água e começa a lavar os pés dos discípulos.

O que era surpreendente naquela cena? Certamente não era que alguém estivesse lavando os pés de outra pessoa, porque aquilo fazia parte da cultura da época. Os pés empoeirados das estradas eram lavados para oferecer mais conforto e higiene durante as refeições, que muitas vezes eram servidas em sofás que permitiam às pessoas conversarem deitadas, próximas umas das outras.

O surpreendente era que Jesus estivesse fazendo uma tarefa que era função de um empregado dos mais simples, muitas vezes um escravo. Isso sim foi impactante para os discípulos e em especial para Pedro.

1ª Pista: Abra mão do controle

É nesse ponto que deixo a PRIMEIRA PISTA para os imitadores de Jesus: abra mão do controle.

Quando Pedro viu o que estava acontecendo, imediatamente se opôs: “Senhor, vais lavar meus pés?”. Ele não estava entendendo aquilo. Não fazia sentido! Como reagiu, Pedro? Ele tentou parar com tudo e assumir o controle da situação.

Não é raro agirmos assim quando sentimos que a vida não nos pede licença para acontecer. Tentamos assumir o volante achando que assim vamos nos sentir mais seguros. Mas o Senhor Jesus fez diferente.

No deserto, faminto e sedento, questionado em sua identidade, seu poder e sua missão, Jesus é tentado a assumir o controle da própria vida e encurtar o caminho. Mas, ao invés disso, ele entregou o destino de sua vida e de seu ministério nas mãos do Pai.

No Getsemani, às vésperas de ser preso e crucificado, angustiado com tudo que o esperava, Jesus fica entristecido ao ponto de suar sangue, mas não cedeu. Entregou sua vontade nas mãos do Pai e confiou nele.

Portanto, irmãos, aqueles que desejam imitar a Jesus devem aprender a abrir mão do controle e confiar no Senhor.


2ª Pista: Saia do raso

Pedro não se satisfez com a primeira fala de Jesus. Disse claramente que de forma alguma Jesus ia lavar os pés dele. "Não; nunca lavarás os meus pés". Aquilo não era o jeito certo de fazer as coisas. Imagine o meu Senhor agir como um servo.

Jesus, então, fala que ele precisava se submeter àquele momento, porque aquilo era uma demonstração, um símbolo da essência da sua missão na terra: “Se eu não os lavar, você não terá parte comigo.”

 Mas Pedro ainda não estava entendendo quase nada. Ele estava em outro canal. Diante da fala de Jesus, pediu para que não só os pés fossem lavados, mas também as mãos e a cabeça. É então que Jesus tenta tirar Pedro do raso e levá-lo para o fundo. Aqui está a SEGUNDA PISTA: para imitar Jesus, saia do raso!

Algumas vezes estamos como Pedro, tateando de um lado para outro, sem compreender a profundidade do amor graciosos de Deus por nós. Gastamos nosso tempo em muitas coisas e algumas delas bastante fúteis. Nossas energias são desperdiçadas sem que nada realmente importante para a eternidade ocupe nossas mentes e corações. Jesus fez diferente.

Ainda adolescente ele demonstrou interesse pelos ensinamentos da lei. Em seus discursos diante dos líderes religiosos judeus e em pregações ao povo, ele se apresentou como alguém que estudava as escrituras e conhecia o ensino dos profetas.

Além disso, os evangelhos nos mostram que o Senhor era uma pessoa de oração. Jesus, mesmo sendo o próprio filho de Deus, por certo limitado em sua humanidade, recorreu à oração como um modo para aprofundar seu relacionamento com o Pai e o entendimento da missão que recebera.

Um amigo muito querido, Silvestre Kuhlmann, escreveu os seguintes versos na canção Choro de Deus:

Sou mar tão profundo e por mais que mergulhes
Os mistérios não cessam por todos os lados;
A cada braçada se vê tanta vida
Por Mim envolvida e que em Mim subsiste.

Sou tão grande tesouro e por mais fundo caves
Não se esgotarão as riquezas que trago
Em meu ser escondidas, gigantes jazidas,
Reservas imensas, insondáveis.

Te contentas com superfície,
Com ouro de tolo, o refugo e o raso;
Com pedras nas mãos não podes cavar,
Com os pés na areia não podes mergulhar.

Sou céu infinito e por mais que te aventures
Não há eternidade capaz de decifrar-me;
Vem, pois, desfrutar-me, não percas mais tempo,
Lança fora o refugo, tira os pés do chão.

Portanto, irmãos, aqueles que desejam viver como discípulos, isto é, imitadores de Jesus, devem abandonar a vida espiritual rasa e buscar nas escrituras e na oração a profundidade do relacionamento com o Senhor.

3ª Pista: Siga o exemplo

Não sabemos qual foi, ou mesmo se houve uma resposta por parte dos discípulos à pergunta de Jesus: “Vocês entendem o que lhes fiz?”. Talvez alguns acenaram com a cabeça afirmativamente e outros ficaram ali com cara de paisagem.

O Senhor, então, explica um outro aspecto do significado daquele momento: O meu amor pelo mundo não é da boca pra fora! Eu estou entregando minha vida como prova desse amor. Eu vim para servir. Servi-los não me diminui, ao contrário, confirma o meu ministério.

Ele conclui essa fala dizendo: “vocês também devem lavar os pés uns dos outros.”. Essa é a TERCEIRA PISTA para o imitadores de Jesus: Siga o exemplo

A verdade, irmãos, é que não basta compreender Jesus e seu ministério. Discípulos são aqueles que fazem como ele fez (e ensinam outros a fazer do mesmo jeito). Compreender é o primeiro passo da jornada, mas não é a jornada toda. A maior parte do caminho é fazer como ele fez. De forma plena, seguir a Jesus é antes de tudo praticar seus ensinamentos.

Veja como o Senhor explica isso:

24 "Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. 25 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha.
26 Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. 27 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda".

Portanto meus irmãos, aqueles que desejam viver com imitadores de Jesus devem praticar seus ensinamentos em sua vida comum. Enquanto compram, vendem, estudam, trabalham, se divertem...

Conclusão

Hoje vimos três pistas úteis para alguém que deseja ser um imitador de Jesus:

Abra mão do controle: confie no Senhor;
Saia do raso: aprofunde relacionamento com Cristo;
Siga o exemplo: pratique o que você compreendeu.

Essas pistas são apenas para quem deseja ser um seguidor de Jesus, um discípulo dele. Não há qualquer imposição aqui, porque seguir a Jesus não é uma obrigação.

Há pessoas que acham o evangelho intimidador. Às vezes sentem-se incomodados com as palavras contundentes de Jesus. Já outros ouvem com atenção, desejando aprender. Reconhecem que são palavras de vida, e sabem que por mais que os desafios pareçam impossíveis, eles poderão contar sempre com a ajuda do Senhor. A diferença entre um grupo e outros e a confiança.

Não tenha dúvidas! O senhor o ama e deseja sua felicidade. Ele lhe deseja todo o bem que existe. Ele entregou-se para que você experimente vida abundante. Confie nele! Ele provou esse amor em uma cruz. 

As pistas estão aí. Que tal segui-las?

13 março 2016

Discípulos ou Expectadores


Discípulos ou Expectadores
Comunidade Batista em Mangabeira 4 -  João Pessoa/PB - 13/03/2016


Introdução

Boa noite, irmãos. Que o Senhor seja nossa alegria nos dias bons e nosso consolo nos dias maus. Que o amor de Jesus ocupe nossas vidas de forma graciosa e constante, e que nossos dias sejam preenchidos de sentido pela presença do Espírito de Deus em nossas vidas.

É uma alegria ter novamente a oportunidade compartilhar o entendimento que tenho das Escrituras com vocês. Minha oração hoje à noite é um pedido ao Senhor para que não me permita atrapalhar a boa obra Espírito Santo de Deus, de revelar a Cristo Jesus, autor e consumador da nossa fé

Hoje vamos continuar a série de mensagens sobre o desafio de ser e fazer discípulos. Desta vez, vamos observar mais de perto uma luta que acontece dentro da maioria de nós: ser discípulo de Jesus e abraça a igreja ou ser um expectador da igreja e observar Jesus de longe.

Essa dúvida está sempre presente na vida daqueles que frequentam, mesmo que uma vez ou outra, as reuniões de uma igreja; e é uma dúvida legítima com implicações importantes.

Nas igrejas é comum encontrarmos essas duas posições: aqueles abraçaram a vida com Cristo em todas as suas implicações e estão vivendo a aventura de segui-lo, e aqueles que frequentam os cultos gostam das pregações, aprendem as músicas, admiram Jesus, mas observam tudo a uma distância seguro.

Essa não é uma situação nova. Quando Jesus exerceu seu ministério entre nós, algumas vezes ele era acompanhado por multidões que seguiam em busca dos milagres que ele fazia ou até por causa da fama de que ele podia multiplicar pães e peixes.

No meio da multidão havia aqueles que o seguiam mais de perto. Talvez poderíamos chama-los de candidatos a discípulos, mas que ainda guardavam no coração certa desconfiança a respeito de quem era Jesus e o que ele pretendia

E havia os discípulos, que reconheciam Jesus como o enviado de Deus e estavam dispostos a ouvir sua palavra e segui-lo para onde quer que fosse. Dentre esses discípulos havia um pequeno grupo a quem Jesus chamou para perto de si e deu a missão específica de serem colunas de sustentação para a igreja, que eram os apóstolos.

Em que grupo você está? Na multidão que corre atrás daquilo que Jesus pode oferecer? No grupo dos simpatizantes do evangelho, que observa de longe, desconfiado? Ou você é parte do grupo dos discípulos que decidiu seguir Jesus por onde quer que ele vá?

Sem dúvida seremos incomodados pelas palavras do irmão de Jesus: Tiago. Ele nos desafiará a deixarmos de ser apenas expectadores para nos tornarmos discípulos de Jesus. Um desafio para assumirmos compromissos decisivos com Deus, a quem dizemos servir.
  
Leitura Bíblica

22 Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos.

23 Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho 24 e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência.

25 Mas o homem que observa atentamente a lei perfeita que traz a liberdade, e persevera na prática dessa lei, não esquecendo o que ouviu mas praticando-o, será feliz naquilo que fizer. Tg 1.22-25 (NVI)

É maravilhoso que um desafio como esse seja feito por Tiago, o irmão de Jesus. Isso é uma prova do quanto Deus pode nos transformar. Digo isso porque Tiago, durante o ministério de Jesus, mesmo sendo irmão dele, era um daqueles que observava a distância, desconfiado talvez a respeito das pretensões de seu irmão.

Mas é exatamente nisso que está a maravilha: Deus usou a experiência de Tiago, que ficou longe durante todo o ministério de Cristo, ouvindo e observando sem se comprometer, para nos fazer esse importante alerta. E assim como Tiago deixou de ser um mero observador distante do evangelho para se tornar um dos líderes da igreja em Jerusalém, você também pode deixar de ser expectador das reuniões da igreja para se tornar um discípulo comprometido com seu Mestre e Senhor.


... e não apenas ouvintes, Tg 1.22b

Quero começar com essa expressão para afirmar que ouvir a Palavra de Deus não é algo sem importância. Separar tempo para ouvir explicações sobre as Escritura é uma atitude que tem seu valor. As Escrituras nos dizem que a fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Deus (Rm 10.17)

Então, esta palavra hoje não tem o propósito de desencorajá-lo a ouvir. Aqui ou em qualquer outra igreja que anuncie o nome de Cristo, sempre que você desejar ouvir sobre o evangelho de Jesus, com certeza estará fazendo uma boa coisa. Na verdade, esse é o primeiro passo para as mudanças que Deus deseja fazer em sua vida.

Escrevendo aos irmãos da cidade de Roma, o Apóstolo Paulo repetiu uma verdade maravilhosa dita pelo profeta Joel (Jl. 2.32) para depois afirmar a importância de ouvir sobre as boas novas do evangelho de Cristo. Vejamos:

13 porque "todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo". 14 Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? Rm 10.13-14 (NVI)

Sejam praticantes da Palavra, Tg 1.22a

Esclarecida a importância de ouvir, devemos nos deter na primeira frase do nosso texto. Todas as vezes em que leio esse texto sou incomodado sobre a maneira como estou vivendo minha vida.

Será que estou praticando a Palavra? Será que os ensinamentos de Jesus têm se transformado em hábitos do meu dia-a-dia? Será que o modo como eu lido com as pessoas reflete o evangelho de Jesus? Será que a maneira como eu... pergunto, respondo, compro, vendo, peço, reclamo, contrato, demito, trabalho, descanso, ensino, cobro, aprendo, falo... faz de mim um discípulo de Jesus?

 Os discípulos de Jesus estão atentos ao seu modo de viver, porque desejam refletir em suas vidas os ensinamentos do Mestre, mas expectadores não têm essas preocupações, irmãos. Para ser um expectador basta ouvir com atenção; para ser um discípulo é preciso seguir o Mestre.

Para deixar de ser um expectador é preciso dar um passo além da simples admiração por Jesus e se comprometer com um modo de vida digno dele, e isso envolve o amor que ele teve pelas pessoas.

...enganando-se a si mesmo, Tg 1.22c

Ainda no verso 22, Tiago não alivia. Ele afirma que dizer-se discípulo e agir como expectador não é bom. Quem faz assim está apenas se enganando.

Então você precisa ser sincero consigo mesmo. Viver como expectador, apenas olhando a igreja de longe, e dizer que é um discípulo de Jesus, não passa de autoengano, que é mentir para si mesmo.

É claro que isso não é bom! Porque quem mente muito para si mesmo acaba acreditando na própria mentira e se tornando dissimulado. Quem se torna um mero expectador fica de ouvido calejado e de coração endurecido. Torna-se insensível à Palavra. De tanto ouvir e não praticar, começa a desacreditar no poder e na eficácia do evangelho e, por fim, vai perdendo um pouco da fé simples que havia em seu coração.

A princípio parece que o expectador está sempre levando vantagem sobre o discípulo, porque ele chega e sai das reuniões em cima da hora; é educado com todos (mas não se envolve com ninguém); não gasta muito tempo com oração (já que ele não tem por quem orar); não sente falta do estudo das Escrituras (porque não busca nelas orientação para a vida); não tem atrito com os irmãos (porque não está comprometido com eles a ponto de envolver-se em suas vidas); e, por causa de tudo isso, sente-se livre para adorar junto com o irmãos apenas quando não tem nada melhor na agenda para ser feito.

Quem vive como expectador, pode pensar que é um discípulo, mas, como disse Tiago está apenas enganando-se com falsos discursos, como diz uma outra tradução.

...logo esquece a sua aparência, Tg 1.24b

Tiago nos desafia a colocar um fim em nossa vida de ouvintes expectadores, porque essa forma de lidar com o Palavra de Deus não produz transformação em nossas vidas. Ele explica que essa situação é como algum que dá uma olhada rápida no espelho, mas logo esquece o que viu.

A palavra de Deus realmente é como um espelho que revela nossas imperfeições e desalinhos, mas não adianta quase nada apenas olhar de relance, de longe, como quem quer cumprir uma obrigação. Lidar assim como a Palavra não muda nada em nós. É preciso olhar sem pressa. É preciso ouvir sem pressa. É preciso conviver com irmãos sem pressa.

Assim, deixando de ser expectadores e nos tornando discípulos comprometidos com o corpo de Cristo, haverá tempo suficiente para que a Palavra nos transforme.

... não esquecendo o que ouviu mas praticando-o, Tg 1.25b

O irmão de Jesus, que antes era expectador, mas depois tornou-se discípulo, conclui essa parte dizendo que aquele que não fica apenas ouvindo, mas também pratica a Palavra, isto é, transforma os ensinamentos de Jesus no seu modo de viver, encontrará significado para aquilo que faz e se sentirá feliz.

Essa é uma promessa maravilhosa! Sobretudo nos tempos difíceis em que vivemos. Tempos em que a vida parece insossa e sem graça para uns e difícil e desesperadora para outros.

Para enfrentar tempos assim, Tiago recomenda uma dobradinha: ouvir e praticar. Essa combinação é um santo remédio para os vazios da alma. Ela nos desafia a lidar com quem somos, ao olharmos atentamente para o espelho que é a Palavra de Deus; desafia-nos a lidar com o Senhor, enquanto tentamos ouvir sua voz e a lidar como os nossos irmãos, em nossas tentativas de colocar em prática aquilo que ouvimos.

Conclusão

Em que grupo você está? Na multidão que corre atrás daquilo que Jesus pode oferecer? No grupo dos simpatizantes do evangelho, que observam de longe, desconfiados? Ou você é parte do grupo dos discípulos que decidiu seguir Jesus por onde quer que ele vá?