09 agosto 2021

Um pai como Deus

Um pai como Deus

Aristarco Pereira Coelho

Deus é Pai

 

Introdução

Domingo passado vimos que o Deus da Bíblia é pai. No entanto, algumas experiências com homens descontrolados, desorientados e inseguros, que vivem para si, desligados de seu papel como pai, turvam a visão de um Deus que é pai. E quando esses modelos adoecidos de paternidade nos tocam, o desejo natural é fugir do Deus que é pai.

Há vários caminhos para essa fuga da presença de Deus. Domingo passado vimos três deles.

PRIMEIRO é virar às costas ao Deus que é pai e correr para os braços divindades femininas que parecem mais compreensíveis. Muitos têm corrido para os braços de Maria, mãe do Senhor Jesus. Ela foi uma serva preciosa do Senhor, uma mulher íntegra e cheia de virtudes. Humana como nós somos, ela morreu e hoje aguarda a plena revelação do seu Senhor. Maria nunca pretendeu essa condição de mediar nosso relacionamento com Deus.

SEGUNDO caminho é despersonalizar Deus e tratá-lo como uma força associada à natureza. O panteísmo é a forma mais comum dessa fuga. Quem trilha esse caminho não acredita em um Deus com consciência de si mesmo, que interaja com as pessoas e muito menos que tenha opinião sobre nossa maneira de viver. Quem foge por esse caminho transforma Deus numa energia cósmica integrada ao universo.

TERCEIRO caminho de fuga é tratar Deus como se Ele fosse uma combinação entre o gênio da lâmpada e o Papai Noel, acreditando que se formos bonzinhos ele vai atender os nossos desejos. Com um Deus assim tudo é apenas funcional: a gente pede e espera que ele atenda as nossas orações. Troca-se a presença de Deus por aquilo que ele pode dar.

Cada uma dessas situações é uma fuga da presença de um Deus pessoal que se apresentou com um pai. Este ciclo segue assim: por não conhecermos a Deus fugimos dele; por que fugimos dele continuamos sem conhecê-lo e ao seu amor.

No entanto, há alguém que conhece o Pai e pode revelá-lo a nós. O Senhor Jesus! Ele é o caminho que nos leva ao Pai, sendo Ele mesmo sua plena revelação. Ele conhece o Pai porque tem um relacionamento íntimo com Ele desde a eternidade. Por isso, se queremos parar de fugir da presença de Deus e conhecê-lo como pai, para enfim aprender a amá-lo, então precisamos nos achegar a Ele através de Jesus.

Jesus e o Pai

O que Jesus afirma sobre Deus? Será que é possível aprender sobre quem é Deus através do relacionamento de Jesus com o Pai? Será possível aprender sobre nosso papel como pais observando os diálogos de Jesus com o seu pai? Eu acredito que sim.

Prepare-se, então, para navegar pela sua Bíblia. Vamos observar com cuidado algumas das situações em que o relacionamento entre Jesus e o Pai se tornou visível e tentar aprender mais a respeito do nosso Pai que está no céu e sobre como ser um pai parecido com Ele.

1. Ama por igual

Mateus 5.44–45 RA

44 Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem;

45 para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.

Deus não tem predileções. Ele ama por igual bons e maus, justos e injusto. Jesus explica que o amor de Deus não é controlado pela reação das pessoas. Há quem pense que o Senhor prefere uns e despreza outros, mas isso não é verdade. Há amor nele o suficiente para todos nós. Ele não faz acepção de pessoas. Por isso não há razão para ficar inseguro quanto ao Seu amor por você, e nem orgulhoso achando que Ele o ama mais que a outros.

Quem desejar cumprir bem seu papel de pai deve imitar o Senhor nessa questão. Os filhos são diferentes, reagem de formas diferentes ao amor com que são amados, mas essas respostas diferentes não podem ser motivo para predileção ou desprezo. Não importa o motivo, se você desprezar um filho em relação aos outros, estará provocando nele sentimentos de insegurança que o acompanharão por toda a vida; da mesma forma, se você destacar um filho em relação aos outros apenas por causa de sua predileção pessoal, estará alimentando nele orgulho e desprezo pelos outros irmãos.

Deus ama igualmente, e nós também devemos fazer assim se quisermos ser pais como ele.

2. Valoriza o que é certo

Mateus 6.3–4 NVI

3 Mas quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita,

4 de forma que você preste a sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o recompensará.

O Senhor sabe o valor do reconhecimento. Ele sabe que as boas atitudes devem ser recompensadas como forma de confirmar aquilo que é certo. Ele nunca deixa de premiar seus filhos quando a direção certa é tomada. Por isso, mesmo quando fazer o que é certo for difícil, se perseverarmos nessa direção colheremos os bons frutos que Ele promete.

Se você é um pai que deseja imitar o Pai Celeste, você precisa aprender sobre o valor do reconhecimento. Quando seu filho faz algo certo, ou toma uma decisão acertada, você não pode simplesmente resmungar como se ele tivesse feito apenas sua obrigação. O mundo tem muitos prêmios para quem faz a coisa errada, você precisa premiá-lo por fazer a coisa certa.

Mas, ATENÇÃO! É preciso equilíbrio nessa questão. A recompensa não pode ser mais importante do que a atitude correta a ser tomada nem pode ser usada como uma forma de chantagem, caso contrário você vai acabar tornando seu filho um manipulador chantagista que apenas corre atrás dos prêmios.

3. Conhece as necessidades

Mateus 6.31–32 NVI

31 Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer?’ ou ‘Que vamos beber?’ ou ‘Que vamos vestir?’

32 Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas.

Como um pai cuidadoso, O Senhor conhece as necessidades de seus filhos. Antes que você fale, antes que sua dor se transforme em lágrimas, antes que você compartilhe com alguém, o Senhor já sabe. Ele sabe por que está sempre ao seu lado, porque Ele acompanha o seu dia-a-dia, porque ele está interessado em você. Ele é um pai presente; creia que o Senhor se move em direção às suas necessidades para, no tempo certo, supri-las .

Para sermos pais à semelhança de Deus, o pai do nosso Senhor Jesus Cristo, é preciso estar atento às necessidades dos nossos filhos, mas não há como percebê-las se não estivermos presentes na vida deles. Você precisa acompanhar o dia-a-dia deles. Pais ausentes estão sempre em desvantagem, sempre atrás do prejuízo. A vida é uma correria e passa muito rápido. A festa perdida, o sorriso que você não viu, a tristeza que você não consolou, não volta atrás. Seus filhos precisam de você ao lado deles, atento às suas necessidades.

4. É confiável

Mateus 7.9–11 NVI

9 “Qual de vocês, se seu filho pedir pão, lhe dará uma pedra?

10 Ou se pedir peixe, lhe dará uma cobra?

11 Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem!

Deus é completamente confiável. Não há motivos para esperarmos do Senhor alguma maldade. Desamor, maltrato, desconsideração, grosseria, desrespeito ou coisas parecidas não fazem parte do seu agir. Deus é confiável! Ele não está esperando na esquina para arrasar com você; Ele não prepara armadilhas contra você. Jesus diz que o nosso Deus é um pai digno e confiável. Ele não entrega pedras para quem está com fome.

Pais precisam ser confiáveis. Nossos filhos não podem ficar inseguros quanto às nossas atitudes. Eles não podem ficar em dúvida se o que fazemos e dizemos é para mal ou para o bem deles. Precisamos ser homens honrados que rejeitam o mal e buscam o bem. De certa forma, ser confiável é não deixar dúvidas sobre o bem que você deseja fazer.

Se você já perdeu a confiança de seus filhos sua situação não é boa. A confiança perdida é um tesouro difícil de ser recuperado, mas não se desespere: a mão poderosa do Senhor pode restaurar essa situação. Você precisa, no entanto assumir o compromisso de se tornar a cada dia mais confiável para seus filhos.

5. Pronto a acudir

Mateus 26.53 NVI

53 Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos?

O Senhor está sempre pronto a socorrer seus filhos. Você pode contar com Ele a qualquer tempo, em qualquer circunstância. O Senhor não permite que seus filhos sejam massacrados pelo inimigo, ele se coloca em nossa frente com um protetor. Você pode contar com a proteção dele seja qual for a situação. Mesmo quando não houver mais ninguém para protegê-lo, o Senhor será a sua proteção!

Mas a proteção de Deus não livra das consequências de nossas próprias decisões. Isso quer dizer que algumas vezes Ele sofrerá a dor de nos ver sofrer e não agirá em nosso favor. Ele permitirá e usará as circunstâncias da vida para ensinar verdades e valores que são eternos.

Se você quer ser um pai como o nosso Pai Celeste, você deve estar pronto a socorrer seus filhos. Talvez você não possa enviar doze legiões de anjos, mas pode estar ao lado dele quando ele precisar de ajuda. Por outro lado, assim como faz o Senhor conosco, você não deve livrá-los de toda dor, de todos os incômodos e desconfortos da vida. Você precisa permitir que eles aprendam com os pequenos sofrimentos a respeito de verdades e valores que são eternos.

6. Digno de ser imitado

João 5.17 NVI

17 Disse-lhes Jesus: “Meu Pai continua trabalhando até hoje, e eu também estou trabalhando”.

Veja como o Senhor Jesus reconhece a influência do Pai sobre a vida dele! Se o Pai trabalha, ele trabalha; o que ele vê o Pai fazer, ele também faz. O nosso Pai Celeste é digo de ser imitado; você vai se sair bem se fizer como ele. O Senhor Jesus encontrou no Pai um modelo de vida digno de ser copiado.

Queira você ou não, é isso o que você é para os seus filhos: um modelo de vida. Seu jeito de viver, sua maneira de tratar as pessoas, a forma como você usa seu dinheiro, sua escala de valores para a vida, tudo em você precisa ser dignos de ser copiados, porque será copiado mesmo que você não faça nada para isso.

Aquilo que você amar, seus filhos amarão; aquilo que você desprezar, seus filhos desprezarão; aquilo em que você encontrar valor, seus filhos valorizarão; se você mentir, eles mentirão; se você respeitar, eles respeitarão. Eis o grande desafio para quem deseja ser um pai com Deus: viver uma vida digna de ser imitada!

7. Comunica o seu amor

Mateus 3.16–17 NTLH

16 Logo que foi batizado, Jesus saiu da água. O céu se abriu, e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre ele.

17 E do céu veio uma voz, que disse: — Este é o meu Filho querido, que me dá muita alegria!

Deus se alegrou com Jesus e declarou seu amor por ele publicamente. Ele sabe o quanto é importante para um filho ouvir que é amado. Que aspecto maravilhoso da paternidade de Deus.

Há pais que nunca se alegram com o sucesso de seus filhos porque se colocam em estado de competição com eles, às vezes alimentados pela inveja de suas realizações. A saída para esses pais é buscar em Deus a sabedoria para lidar com seus próprios fracassos, porque assim poderão encontrar alegria no sucesso dos filhos.

Assim como Deus não perdeu nenhuma oportunidade de se alegrar com Jesus nem de comunicar seu amor por ele, para ser um pai como Deus é preciso aprender a dizer para eles o tamanho desse amor. Experimente! Não doe nada e será uma bênção para vocês pelo resto da vida.

8. Ouve seus filhos

João 11.41 NVI

41 Então tiraram a pedra. Jesus olhou para cima e disse: “Pai, eu te agradeço porque me ouviste.

Jesus não tinha dúvidas que seu Pai o estava ouvindo. O pai estava sempre disponível e eles estavam acostumados a conversar. Inúmeras vezes, os evangelhos mostram Jesus se retirando para regiões afastadas com o propósito de ter um tempo de conversa com o Pai.

Isso é verdade também para você. Os ouvidos do Senhor estão atentos para as suas orações. Você pode conversar com ele a qualquer momento, porque o nosso Deus é um Pai que ouve o que seus filhos dizem.

Às vezes os pais estão consumidos, com a cabeça a mil por hora, pensando nos negócios, no emprego, nas contas do mês ou em suas lutas pessoais. Mas se queremos ser pais como nosso Pai Celeste, precisamos nos dispor a ouvir nossos filhos e a encontrar tempo para fazer isso com qualidade. Lembre-se de que ouvir é mais do que escutar o que está sendo dito; é interessar-se por quem está falando.

Pais imperfeitos, um Deus perfeito.

1. Amar por igual

2. Valorizar o que é certo

3. Conhecer as necessidades

4. Ser confiável

5. Estar pronto para acudir

6. Tornar-se digno de ser imitado

7. Anunciar o seu amor

8. Ouvir os seus filhos.

Parece um desafio quase impossível! E realmente não é nada fácil. São tantas as mudanças que precisamos promover para sermos pais que imitam nosso Deus e pai, que a gente chega a esmorecer. A questão é que Deus não faz nada pela metade. Tudo que ele faz é com perfeição. Ele nos criou à sua imagem e semelhança e por isso nos desafia a rejeitar a mediocridade. Veja o que Jesus disse:

Eu sei que o desafio à perfeição pode nos encher de medo, porque sabemos quem somos. Mas o alvo é ser como Ele, porque fomos criados para isso. Mesmo imperfeitos, somos chamados ser como ele. Portanto, por mais difícil que tudo isso pareça, não rebaixe seu objetivo. O alvo é ser como Ele! Ainda que você esteja bem longe de alcançar, o alvo é ser como Ele.

Creia que a maneira como você lida com seus filhos pode melhorar e compreenda que o caminho para isso é o seu relacionamento com o Pai Celeste por meio de Jesus Cristo. Quanto mais você aprender do amor de Deus, caminhando com Jesus na sua vida, mais você será como Ele e estará mais habilitado a amar do jeito que ele ama. Porque o Deus Perfeito que nos chama à perfeição é o mesmo que age como um Pai e nos enche de conforto e ânimo.

Por isso, quero terminar nossa reflexão hoje olhando para algumas das maravilhosas promessas de Deus. Deixe que elas encham seu coração de coragem para enfrentar a vida!

Josué 1.9 NVI

9 Não fui eu que lhe ordenei? Seja forte e corajoso! Não se apavore, nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar”.

Deuteronômio 31.8 NVI

8 O próprio Senhor irá à sua frente e estará com você; ele nunca o deixará, nunca o abandonará. Não tenha medo! Não desanime!”

Isaías 41.10 NVI

10 Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa.

Isaías 41.13 NVI

13 Pois eu sou o Senhor, o seu Deus, que o segura pela mão direita e lhe diz: Não tema; eu o ajudarei.


Exportados do Software Bíblico Logos, 23:15 9 de agosto de 2021.

Um Deus que é Pai

 

Um Deus que é Pai

Aristarco Pereira Coelho

Deus é Pai

 

Introdução

Neste e no próximo domingo pensaremos juntos sobre a paternidade perfeita de Deus e sobre o desafio de ser pai em nossos dias. Numa verdadeira excursão pelas Escrituras descobriremos um Deus que é pai e veremos o que é ser um pai como Deus.

Hoje, nossa jornada começa com três histórias terríveis de homens desorientados quanto ao seu papel neste mundo. Exemplos extremos do cenário de confusão sobre as funções e as responsabilidades que competem aos homens.

Depois vamos ver que Deus se revelou com pai tanto no Novo Testamento quanto no Antigo Testamento.

Em seguida vamos olhar de perto as rotas de fuga que levam muitas pessoas para longe do Deus que é pai.

E por fim vamos apresentar o caminho para conhecer e reconhecer Deus como pai.

Homens desorientados

Vejamos as histórias desse homens desorientados.

Um pai esfaqueou e matou o filho de seis anos e feriu a filha, de quatro, no município de Guaraciama. O crime teria sido motivado pelo ciúmes que Godinho sentia pela companheira, de quem estava separado há cerca de 15 dias. Embriagado, ele tentou agredi-la, mas a mulher conseguiu fugir. Em seguida, Godinho foi à casa dela e desferiu uma facada no peito filho, prestes a completar seis anos. O menino morreu na hora. Sua irmã, também foi atingida na parte esquerda do tórax. Diário de Pernambuco

O técnico ucraniano Mykhaylo Zubkov pode ser expulso dos quadros da Fina (Federação Internacional de Natação) após ser flagrado agredindo a sua filha Kateryna Zubkova durante o Mundial de Esportes Aquáticos, em Melbourne. Zubkov havia se irritado com o desempenho da filha na competição. Após a prova, ele partiu para a agressão e as câmeras registraram o fato. Portalmonte.com

O Conselho Tutelar de Capão Alto, na Serra catarinense, denunciou à polícia a gravidez de uma menina de 13 anos, estuprada há 11 meses pelo pai. A menina e a mãe foram retiradas do convívio do homem. Intimado, o pai, um lavrador de 33 anos, não compareceu à delegacia. A polícia pediu a prisão preventiva dele. Na família do acusado existe um histórico de crimes semelhantes. Jornal A Notícia

Como dizer a essas famílias que Deus é pai?

Essas histórias mostram homens que se tornaram a pior versão de si mesmos. Eles esqueceram (ou nunca souberam) o significado de palavras como honradez, respeito, cuidado, sacrifício, dedicação, doação e domínio próprio.

Homens sanguinários que conhecem apenas a linguagem da violência para expressar seus sentimentos. Homens desesperados, irresponsáveis, inseguros, inquietos e ansiosos.

Homens que receberam o dom de gerar filhos, mas não têm ideia de quais são as responsabilidades da paternidade e nem de como exercê-las.

Deus é pai no AT

Exemplos terríveis como esses não são uma novidade na história da humanidade. Por outro lado, desde o Gênesis a Bíblia nos apresenta a paternidade sadia de Deus, marcada pela provisão, proteção e orientação. Um Deus que interfere na história oferecendo sustento, guarida e direção, afim de que a humanidade encontre a plenitude para a qual foi criada.

Assim, a figura de Deus como um pai está presente desde o Antigo Testamento. Vejamos um pouco disso nas falas de Davi, Jeremias e Isaías

DAVI, o rei.

Certa vez, em um momento de adoração pública, diante de todo povo de Israel, o rei Davi falou assim:

1Crônicas 29.10 (NVI)

10 Davi louvou o Senhor na presença de toda a assembléia, dizendo: “Bendito sejas, ó Senhor, Deus de Israel, nosso pai, de eternidade a eternidade.

JEREMIAS, o profeta

profeta Jeremias reclamou que o povo de Israel em vez de chamar de pai ao Deus Criador de todas as coisas estava dando esse título às suas imagens de escultura.

Jeremias 2.27 NVI

27 Pois dizem à madeira: ‘Você é meu pai’ e à pedra: ‘Você me deu à luz’. Voltaram para mim as costas e não o rosto, mas na hora da adversidade dizem: ‘Vem salvar-nos!’

ISAÍAS, o profeta

Mas, talvez seja o profeta Isaías aquele que mais abertamente compara a atuação de Deus em nossa história à figura de um pai.

Isaías 63.16 NVI

16 Entretanto, tu és o nosso Pai. Abraão não nos conhece e Israel nos ignora; tu, Senhor, és o nosso Pai, e desde a antigüidade te chamas nosso Redentor.

Séculos depois de Davi e dos profetas, Jesus retomou e ampliou a imagem de Deus como pai. Os evangelhos apresentam Jesus em constante diálogo com Deus, e sempre o tratando como pai. Vejamos alguns textos.

Um pai acessível

Ao ensinar os discípulo a orar ele nos apresentou um pai acessível

Mateus 6.9 NVI

9 Vocês, orem assim: “Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome.

Um pai confiável

No jardim chamado Getsemani, angustiado e em sofrimento emocional, Jesus revelou um pai confiável.

Mateus 26.39 NVI

39 Indo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres”.

Um pai presente

Na cruz vimos um pai que nunca abandona, mesmo quando parece que fomos abandonados.

Lucas 23.46 NVI

46 Jesus bradou em alta voz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. Tendo dito isso, expirou.

A revelação que a vida de Jesus trouxe sobre a paternidade de Deus foi tão marcante que seus discípulos abraçaram o mesmo entendimento. O apóstolo Paulo, inclusive, adotou uma saudação em suas cartas que confirma essa percepção de Deus como pai:

Romanos 1.7 NVI

7 A todos os que em Roma são amados de Deus e chamados para serem santos: A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.

É claro que Deus não é humano; ele não tem sexo. É claro que Ele criou homens e mulheres para expressarem conjuntamente sua imagem e semelhança. Portanto Deus não está sujeito às condições de gênero como nós. Mas isso não anula o fato de que ao se comparar a um pai Ele deseja ensinar coisas importante sobre o seu caráter.

Portanto, seja no Antigo ou no Novo Testamento, temos muito a aprender de Deus, que se revela e é percebido como Pai.

O Conflito

Veja que situação! De um lado a Bíblia inteira nos apresenta Deus como um pai acessívelrelacionalconfiável e presente, um pai amoroso que cuida de nós; mas a realidade dos pais desajustados ao nosso redor parecem jogar um balde de água fria em tudo isso e nos fazer ficar inseguros sobre que tipo de pai Deus de fato é.

Isso certamente impulsiona várias pessoas a se afastarem de Deus. Quero apresentar três rotas de fuga usadas por várias pessoas que se sentem inseguras sobre que tipo de pai Deus é.

A sensibilidade

Algumas dessas pessoas ficam temerosas em se aproximar de um Deus que é pai porque vêem os pais como intolerantes e insensíveis. Assim, acabam tomando uma rota de fuga e procuram refúgio na pretensa sensibilidade das divindades femininas. Isso aconteceu entre os gregos, romanos, nórdicos, egípcios, celtas e sumérios.

Também entre os cristãos há aqueles que desistiram de um relacionamento real com Deus Pai e optaram, por exemplo, por um relacionamento impossível com Maria. Digo impossível, porque aquela abençoada serva do Senhor não pode ouvir nem considerar a angústia dos filhos de Deus.

Ela não pode ouvir-nos, porque não é onipresente nem onisciente; não pode interferir diante de Deus, porque Jesus é o único mediador entre Deus e os homens; além disso o acesso a Cristo não passa por ela, já que é franco pela ação do Espírito.

Essa busca pelo feminino é a primeira das três rotas de fuga que levam para longe do Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, mas essa fuga não precisa acontecer. Não é porque Deus é comparado a um pai que ele se torna insensível, muito ao contrário. Se você se deixar amar pelo Deus da Bíblia vai fazer a mesma descoberta que o apóstolo Paulo fez:

Romanos 8.38–39 NAA

38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes,
39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

A impessoalidade

A segunda rota de fuga que leva para longe de um Deus que é pai é aquela que leva a criar para si um Deus impessoal, sem opinião ou vontade própria. Talvez o motor sejam o medo de a vontade de Deus não seja lá tão boa.

Várias religiões despersonalizam Deus. Os panteístas, por exemplo, não fazem distinção entre a criação e o criador. Para eles o divino é experimentado numa união impessoal, coletiva e mística com a natureza. Ele têm uma pegada ecológica que agrada muitas pessoas e por isso filmes, novelas e séries estão cheio de panteísmo.

Essa é um rota de fuga muito apreciada, porque ela dá a impressão de que é possível evitar o constrangimento de Deus que tem opiniões sobre a gente. Mas, quando estamos falando do Deus Criador dos céus e da terra, a rota da impessoalidade acaba em um beco sem saída, pelo menos por três razões.

a. Deus é diferente da natureza

Ele é o Criador de tudo que há e não precisa justificar seu poder e sua autoridade, que são sempre exercidos em amor.

Isaías 45.12 NTLH

12 Fui eu que fiz a terra e criei os seres humanos para morarem nela. Com as minhas próprias mãos, estendi o céu e ordenei que o sol, a lua e as estrelas aparecessem.

b. Deus tem valores éticos e morais

O Deus da Bíblia não é amoral como as plantas, as pedras e o riacho. Ele tem valores éticos conceitos sobre certo e errado que podem ser contrariados através do jeito que vivemos.

Provérbios 14.31 NVI

31 Oprimir o pobre é ultrajar o seu Criador, mas tratar com bondade o necessitado é honrar a Deus.

c. Deus é compassivo

O Deus da Bíblia não é impassível como as montanhas, o céus e o mar, mas cheio de compaixão por aqueles que estão cansado e sem ânimo para viver.

Isaías 40.28–29 NVI

28 Será que você não sabe? Nunca ouviu falar? O Senhor é o Deus eterno, o Criador de toda a terra. Ele não se cansa nem fica exausto; sua sabedoria é insondável.

29 Ele fortalece o cansado e dá grande vigor ao que está sem forças.

O utilitarismo

    Vimos dois caminhos de fuga que levam para longe de Deus: (1) acusar Deus de insensível e (2) esvaziá-lo de sua personalidade. O terceiro caminho é transformar o Deus que é Pai em um deus que é servo.

    Este terceiro caminho de fuga continua marcado pela confusão entre a paternidade adoecida dos homens e a paternidade sadia de Deus: Se Deus é pai, ele não deveria dar o que pedimos? Porque então eu continuo pedindo sem ser atendido?

    Ora, a resposta para essa pergunta exige diálogo. Mas será que temos coragem conversar com Deus sobre porque nossa vida está do jeito que está?

    Entre a frustração de não ser atendido e o desafio de dialogar com Deus, uma saída comum é diminuir Deus e tratá-lo como se fosse submisso aos nossos desejos: uma espécie de gênio da lâmpada, um deus-mago que não interage, um pai que sempre faz as nossas vontades.

    Mas o Deus é diferente. Ele não é mesquinho sobre nossas necessidades; nem volúvel para seduzir com presentes. Ele tem prazer em nos abençoar; mas o Senhor não abre mão de desenvolver conosco um relacionamento livre e maduro.

    O Senhor não usa as pessoas nem se deixa usar. Ao invés disso, Deus propõe um relacionamento de amizade conosco: ele é um pai que deseja ser também amigo, como foi de Abraão.

    Veja como Jesus explica isso aos seus discípulos esse delicado relacionamento:

João 15.5 NVI

5 “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma.

João 15.15 NVI

15 Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido.

    Assim completamos os três caminhos de fuga: acusar Deus de insensível, destituir Deus de sua personalidade e tratar Deus como um gênio da lâmpada. Esse três são caminhos de morte, porque nos lançam para longe do Pai, que é, ele mesmo, a vida. Existiria, então um caminho de vida, que nos leve a conhecer o Pai e a confiar no seu amor por nós?

O Caminho para o Pai

    Como chegaremos a Deus? Há alguém que conheça a Deus e seja capaz de revelá-lo a nós? O que podemos esperar podemos esperar de Deus como Pai? Muitas perguntas nesta parte final.

    Pelas Escrituras sabemos que apenas Jesus Cristo, o Filho, conhece realmente o Pai. Por isso, se queremos um relacionamento de pai e filho com o Senhor, precisamos olhar para Jesus e pedir a Ele que nos revele o Pai.

Mateus 11.27 NVI

27 “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar.

Na verdade foi exatamente isso que Tomé fez. Pediu a Jesus que lhes revelasse o Pai. Veja o texto.

João 14.6–11 NVI

6 Respondeu Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.
7 Se vocês realmente me conhecessem, conheceriam também o meu Pai. Já agora vocês o conhecem e o têm visto”.
8 Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”.
9 Jesus respondeu: “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?
10 Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu lhes digo não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra.
11 Creiam em mim quando digo que estou no Pai e que o Pai está em mim; ou pelo menos creiam por causa das mesmas obras.

    Que diálogo maravilhoso! Que revelação tremenda feita por Jesus: o Pai revelou-se a nós em Cristo. O seu caráter e sua maneira de se relacionar conosco estão espelhadas na vida de Jesus e no seu relacionamento com o Pai.

    Alguns nunca experimentaram um relacionamento sequer razoável com o próprio pai; além de não serem muitos os exemplos de pais que cumpriram bem seu papel. Isso dificulta as coisas em nosso relacionamento com Deus.

    Mas, há alguém que experimentou em toda sua vida um relacionamento perfeito como o Pai: Jesus Cristo. Por isso Ele é o caminho para o Pai, e por isso podemos aprender com ele não só a nos relacionarmos com o Pai, mas também como a sermos pais que amam em todo o tempo, como é o Senhor.

João 14.6 NVI

6 Respondeu Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.

    Se você pegou um rota de fuga qualquer e tem andado longe do Pai, hoje é dia de dar um passo de fé no caminho de volta para Ele, e isso só pode ser feito através de Jesus, porque ele é o caminho.

    No próximo domingo vamos aprender sobre como ser um pai como Deus olhando para o relacionamento entre Deus e seu filho Jesus Cristo. Você não pode deixar de participar e convidar outra pessoas a fazer o mesmo.


Exportados do Software Bíblico Logos, 01:39 9 de agosto de 2021.