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18 setembro 2016

Escola Bíblica - Um por todos, todos por um - Servindo uns aos outros


 Servindo uns aos outros

13 Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Gl. 5.13 (NVI)

Há quatro palavras básicas na linguagem do Novo Testamento que são frequentemente traduzidas por “servir”, “servo, “servindo”, e usadas mais de 300 vezes (cercad de 130 nos Evangelhos e Atos, e aproximadamente 170 nas epístolas. A duas mais frequentes são diakoneo (διακονεω) – Atos 6.2 e douleuo (δουλευω) Gálatas 5.13.

Diakoneo quer dizer ajudar ou servir. Escritores do Novo Testamento usaram essa palavra para ser referir a alguém que serve comida ou bebida, isto é, que se importa com as necessidades materiais dos outros. Num sentido mais geral, é aquele que faz qualquer coisa para servir aos interesses de outrem. Daí tiramos a palavra diácono.

Doulos era uma um escravo, um servo, alguém que servia. Neste sentido mais forte significa alguém que abdica de si mesmo completamente em favor do desejo de outro, alguém que serve com sentido de devoção.

Charles Swindoll propôs uma pirâmide verbal para simbolizar os valores que pautam grande parte dos relacionamentos humanos. São valores representados por frases como:
(1). Eu sou importante;
(2). Não abro mão dos meus direitos;
(3). Farinha pouca, meu pirão primeiro;
(4). Se você não se colocar pra cima, ninguém o fará.

EU
M E U
A   M I M
P A R A    M I M

Por que agimos dessa forma?

Essa atitude reflete o princípio (ou lei) do pecado que está ativo em nós. Desde Adão e Eva, passamos a não desconfiar do cuidado de Deus por nós. Os homens se tornaram dominantes e muitas vezes cruéis, enquanto as mulheres se tornaram insubmissas e resistentes a qualquer forma de autoridade. Assim, todos buscam proteger-se em um mundo em que ninguém se importa com ninguém. Garantir a própria situação (direitos, necessidades e interesses) é a melhor estratégia em um mundo no qual cada um cuida do seu e Deus não existe (ou, se existe, não é confiável). Essa descrença está refletida no ditado “É cada um por si e Deus por todos”.

Como é possível libertar-se desse problema?

Como pode um avião voar se pela lei da gravidade ele deveria cair?

LIBERDADE PARA SERVIR – A “lei do pecado e da morte” está ativa no ser humano. Contudo, as Escrituras também revelam uma lei que é maior e mais poderosa, e pode ser ativada pelo próprio Deus. É a “lei do Espírito da vida”, que se tornou possível com a vinda de Jesus (Rm 8.2) e nos liberta para servir a Deus e aos outros em amor.

Jesus tornou possível vencermos a natureza produzida pela lei do pecado: viver para si mesmo (Rm 6). Em Cristo estamos livres para atender aos outros em suas necessidades e amá-los como a nós mesmo (Gl 5.14). Quando nos tornamos cristãos ganhamos uma nova vida, a vida eterna, e junto com ela o poder de ir além de nós mesmos e experimentar a realização de servir aos outros.

LIBERDADE DISPONÍVEL – É assim que a “lei do Espírito da vida” cria as condições para voarmos: quando pela fé confiamos no Senhor Jesus como nosso salvador, nos identificando com sua morte, morremos com ele. Assim, a “lei do pecado e da morte” não tem mais efeito sobre nós e o impossível pode acontecer: tornamo-nos livres para servir. A liberdade está disponível, mas é como alguém que vê a porta da prisão abrir-se; é preciso sair por ela.

SERVIR COM AMOR – Para servir uns aos outros temos de ser guiados por verdadeiro amor. O amor é o princípio de todo relacionamento cristã, inclusive o processo de servir uns aos outros. Sob a lei do pecado, servir aos outros seria uma experiência negativa; mas sobe a lei do Espírito da vida, guiada pelo princípio do amor, servir torna-se algo alegre e recompensador.

SERVIR MEDIANTE A FÉ – Servir é uma maneira poderosa de demonstrar nossa confiança de Jesus Cristo. Ele é a fonte da nossa liberdade para servir. Essa libertação para o serviço está disponível mediante o exercício de confiança no Senhor. (Rm 5.1,2). Essa confiança que liberta não é uma mera concordância, mas a decisão ativa na direção de obedecer ao ensino de Jesus.

SERVIR RELACIONANDO-SE – O chamado para servir uns aos outros não pode ser atendido individualmente. Não podemos viver isolados. Dependemos uns dos outros para satisfazer nossas necessidades físicas, emocionais, sociais e espirituais. Além disso, como crentes em Jesus fomos incluídos pelo Espírito Santo como parte de uma família, a família de Deus. Portanto, o serviço com amor e mediante a fé acontece sobretudo nos relacionamentos que desenvolvemos uns com os outros.

SERVIR NO ESPÍRITO – É manifestar o fruto do espírito, enquanto serve, em seus relacionamentos: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5.22,23).
  
PASSOS PRÁTICOS PARA SERVIR AOS OUTROS EM AMOR

1)    Avalie o quanto o fruto do Espírito é refletido em seus relacionamentos. Marque 1 para “Nunca Existe” e 7 para “Sempre existe”

1.     Há amor cristão sendo expresso em minha igreja?                         1  2  3  4  5  6  7
2.     Há evidências de alegria e felicidade?                                            1  2  3  4  5  6  7
3.     Há paz e unidade?                                                                           1  2  3  4  5  6  7
4.     Os irmãos demonstram paciência uns com os outros?                   1  2  3  4  5  6  7
5.     Os irmãos são bondosos em atitudes?                                            1  2  3  4  5  6  7
6.     A bondade é demonstrada com atos concretos?                             1  2  3  4  5  6  7
7.     Os irmãos são dignos de confiança?                                               1  2  3  4  5  6  7
8.     Demonstram-se gentileza e sensibilidade nos relacionamentos?   1  2  3  4  5  6  7
9.     Há autocontrole nas conversas e no estilo de vida?                        1  2  3  4  5  6  7
  
Some suas respostas e confira na tabela abaixo os indicadores a respeito do serviço em sua igreja:
  
A)  9 a 18 – Há muitos desafios pela frente e você precisará de ajuda.
B)   19 a 36 – Os desafios são grandes, mas os primeiros passos já foram dados;
C)   37 a 54 – O serviço orientado pelo amor é uma prática, mas ainda pode melhorar;
D)  Acima de 54 – A excelência no serviço foi incorporada ao seu modo de viver.


Adaptação a partir do capítulo 8 – Servindo uns aos outros – do livro Um por todos, todos por um, escrito por Gene Getz Traduzido por Ana Vitória Esteves de Souza e publicado pela Editora Textus – Rio de Janeiro. Versões da Bíblia: OL – O Livro, BV – Bíblia Viva, NVI – Nova Versão Internacional

03 abril 2016

O serviço ao Corpo de Cristo


O serviço ao Corpo de Cristo
Comunidade Batista em Mangabeira - João Pessoa/PB - Escola Bíblica  03/04/16 

Em nossa jornada para discernir de forma apropriada o Corpo de Cristo, chegamos agora no ponto em que refletiremos sobre o serviço de um membro do corpo.

Inúmeras abordagens podem ser dadas sobre esse assunto, inclusive com ênfase nos dons e capacitações dadas pelo Espírito. Aqui seremos modestos e trataremos sobre modos de pensar e viver que acabam por nortear nosso serviço no corpo. São eles o ativismo, o individualismo e a cooperação.

Ativismo – Serviço pelo serviço

Ativista é aquele que entende as ações práticas como o melhor (e às vezes o único) caminho para a transformação da realidade.

Sem dúvida ações práticas podem transformar a realidade, mas o ativista é aquele que coloca nelas toda sua esperança, e por isso dedica-se intensamente àquilo que se propõe a fazer, ao ponto de fazer de suas ações um fim em si mesmas.

Os ativistas são pessoas práticas. Ser prático não é ruim, muito pelo contrário. No entanto, para os ativistas a ênfase na praticidade acaba por transformá-la em pragmatismo, isto é, quando as coisas certas são aquelas que dão certo.

Os ativistas são intensos e tem grande capacidade para a realização de projetos em benefícios de outras pessoas. No entanto, com muita frequência, acabam com pouco tempo para relacionar-se com as pessoas a quem servem.

O que acontece quando um ativista se converte e se torna um membro do Corpo de Cristo? Ou quando um membro do corpo é seduzido pelo ativismo? Com frequência o ativismo o acompanha em suas atividades de serviço à igreja.

Surge então a figura de um cristão prático e realizador (o sonho de muitos pastores), mas tende a valorizar o serviço como um fim em sim mesmo e a aplaudir qualquer iniciativa ou realização que pareça ajudá-lo a atingir seus objetivos.

A igreja precisa de pessoas práticas e realizadoras, mas o corpo de Cristo sofre quando algum de seus membros se torna ativista e pragmático.

Quando ativismo e pragmatismo tomam conta de nossas iniciativas de serviço ao corpo de Cristo, diminui nossa preocupação com as pessoas e começamos a servir pelo serviço. Deixa de ser um serviço PARA o corpo e se transforma em um serviço NO corpo.

Marta era uma mulher prática e com grande capacidade de realização. Sozinha ela estava dando conta de recepcionar Jesus e seus discípulos. Quando sua irmã, Maria, se senta na sala para ouvir Jesus, sua paciência se esgota. Ela estava tão preocupada em fazer o que precisa ser feito que deixou de lado as pessoas a quem ela estava servindo.

38 Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado, onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. 39 Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo-lhe a palavra.

40 Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: "Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude! "

41 Respondeu o Senhor: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; 42 todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada". Lucas 10. 41,42

Alguém já disse que os nossos piores defeitos são exatamente aas nossas melhores virtudes. É claro que o corpo não pode dispensar nem rejeitar seus membros mais ativos e operantes, porque precisamos de pessoas práticas e realizadoras. O que fazer, então?

Aqueles que se realizam e se alegram em ver as coisas funcionando precisam ser lembradas constantemente sobre o propósito do serviço. Servir à igreja não é o fim, mas um meio através do qual o Espírito nos edifica, aperfeiçoa e transforma. Na outra ponta de qualquer serviço no Corpo de Cristo há sempre uma pessoa e ela é mais importante que o serviço.

Individualismo – Serviço para mim

O individualismo é a atitude de viver para si mesmo. Somos indivíduos, pessoas únicas. Não se deve confundir, no entanto, essa individualidade com o entendimento de que o mundo gira ao nosso redor para nos fazer felizes.

O individualista vive sua vida independente das ouras pessoas, como se o modo de viver adotado por ele não fosse da conta de ninguém. Ele age como se fosse autossuficiente e pudesse viver sem depender de ninguém.

21 O olho não pode dizer à mão: "Não preciso de você! "Nem a cabeça pode dizer aos pés: "Não preciso de vocês!" 1 Co 20.21

O individualismo, portanto, causa dois problemas sérios à igreja ao reforçar o engano da independência:

1)  Faz-nos achar que não precisamos nos importar com os outros;
2)  Faz-nos achar que o corpo não sofre por nossa causa.

26 Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele. 1Co 12.26

O egocentrismo é tão sorrateiro, tão inerente à natureza adâmica que se apresenta inclusive em nossa busca espiritual; como que camuflado.

Por que busco uma vida santa?
Para eu mesmo ser santo.

Por que desejo o poder de Deus?
Para eu ser reconhecido assim.

Por que desejo um ministério frutífero?
Para eu ter frutos a apresentar

Por que almejo que o Reino venha?
Para que eu possa experimentar esse reino.

O individualismo nos encoraja a permanecermos centrados em nós mesmo, mas quando confiamos o destino de nossas vidas às mãos de Jesus não precisamos mais viver assim.

21 De fato, vocês ouviram falar dele, e nele foram ensinados de acordo com a verdade que está em Jesus. 22 Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, 23 a serem renovados no modo de pensar e 24 a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade. (Ef. 4.21-24)


Enquanto o egoísta cuida de si mesmo, por uma questão de segurança, aqueles que experimentam sua condição de membro do Corpo de Cristo cuidam uns dos outros por uma questão de confiança, porque se sentem seguros no Senhor.

Nenhum membro do corpo trabalha para si mesmo; todos trabalham para o corpo. O olho não vê para si mesmo, seu serviço é para que o corpo veja; o ouvido não ouve para si mesmo, é o corpo como um todo o beneficiado pela audição; as narinas não usufruem do olfato sozinhas, mas todo o resto do corpo sente seus benefícios.

Da mesma forma é na igreja: o serviço não é para benefício de quem serve. Não é para que você se sinta bem (ainda que isso vá acontecer). O serviço é para os demais membros do corpo.

Cooperação – Serviço para o corpo

Deixados de lado o serviço NO CORPO e serviço PARA SI, estamos prontos para refletir sobre o serviço AO CORPO.

Cada membro do corpo recebe do Senhor algum aspecto, uma porção característica de Cristo que ecoa em sua vida. Nossa experiência com Cristo por meio da Palavra e da oração, em meio às lutas da vida, nos faz experimentar a vida de Cristo de forma peculiar. Servir à igreja é colocar tudo o que temos recebido do Senhor à disposição para abençoar a vida dos irmãos.

18 De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade. 19 Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? 20 Assim, há muitos membros, mas um só corpo. 1 Co 12.18-20

Nosso ministério específico no corpo de Cristo é resulta das lições específicas que o Senhor nos tem ensinado. Cada um de nós foi capacitado de forma bem peculiar para suprir as necessidades do corpo. Se ainda não descobrimos qual é esse ministério, devemos buscar ao Senhor par descobri-lo.

Não adianta simplesmente fazer o que os outros estão fazendo. Cada membro foi colocado no corpo para supri-lo em certas necessidades que só aquele membro pode atender.

28 Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dom de curar, os que têm dom de prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas. 1 Co 12.28

Então, qual o primeiro passo: buscar ao Senhor com a seguinte oração: Senhor Jesus, como devo servir aos meus irmãos? Ajude-me a descobrir como posso ser útil para a edificação e o fortalecimento do teu corpo, a igreja!

Servir à igreja é repartir a vida de Cristo. Por isso, o serviço ao corpo de Cristo baseia-se no conhecimento de Cristo recebido em nossa vida de comunhão com ele. Não se trata meramente de realizar uma tarefa ou transmitir uma doutrina.

A locomotiva desse trem chamado serviço é a vida e não o conhecimento ou a habilidade. Não é muito saber ou a destreza que qualifica o serviço, mas o viver submetido ao Senhor.

Isso quer dizer que não há restrições acadêmicas, culturais, econômicas, teológicas ou de qualquer outra natureza que limite ou oriente o serviço. Todos que receberam vida do Senhor têm também vida a transmitir, de alguma foram, aos demais membros do corpo.

Nee propõe que o serviço ao corpo não deve preceder a experimentação de Cristo e a imersão no seu corpo.

“ Primeiro a experiência de Cristo, depois a doutrina de Cristo; primeiro a vida de Cristo, depois os ensinamentos de Cristo. Primeiro a vida, depois a doutrina. Primeiro um problema, depois a solução. Primeiro a experiência, depois o ensinamento.”

Cooperar é trabalhar junto. É assim o serviço ao Corpo de Cristo. Cada membro entrega o que recebeu de Cristo aos demais.


Bibliografia de consulta
A realidade da Igreja - Watchman Nee

Traduções das Bíblia
NVI - Nova Versão Internacional
OL - O Livro
ARA - Almeida Revista e Atualizada
KJA - King James Atualizada

28 fevereiro 2016

A consciência do Corpo de Cristo


A consciência do Corpo de Cristo
Comunidade Batista Mangabeira 4 - João Pessoa/PB - Escola Bíblica  21 e 28/02 e 06/03/2016

Introdução

A mesma vida de Deus, que nos torna cônscios de que fomos regenerados, por meio da presença do Espírito de Deus em nós, também é responsável por nos tornar parte do Corpo de Cristo.

Temos convicção desse mergulho no Corpo de Cristo por meio da fé naquilo que nos apresentam as Escrituras. Mas como perceber quando isso aconteceu? Isto é, quais são os sinais externos na vida de uma pessoa que é parte da Igreja de Jesus?

Os seis indicadores que veremos a seguir não são exaustivos nem devem ser usados como instrumentos de acusação, seja contra nós mesmos ou contra outras pessoas. Mas eles são boas referências sobre a quantas anda nossa caminhada com Cristo. Portanto, antes serem vistos como dedos apontados para alguém, devem ser vistos como mãos estendidas, convocando para experimentarmos a igreja em sua plenitude.
  

1.   Amar os irmãos

Esse é o primeiro e mais básico sinal externo de quem é parte do Corpo de Cristo. O Apóstolo João foi direto e contundente em relação a isso:

14 Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte. 1 Jo 3.14 (NVI)

Naqueles que nasceram de novo o amor pelo irmão é algo inerente a sua nova natureza. O amor pelos irmãos e resultado da vida do Pai que habita em nós. É uma profunda identificação com aqueles que foram gerados pelo mesmo Espírito.

Esse amor nasce no interior habitado pelo Espírito. Não há como força-lo de fora para dentro. Ele é o transbordar do amor de Deus em nós. Portanto, não pode ser fabricado ou criado por eventos e programas religiosos.

Devemos nos encorajar mutuamente ao amor por nossos irmãos, mas isso não o produz em nós; tão somente nos incentiva a experimentar o amor que já foi colocado em nós quando fomos feitos filhos de Deus.

À medida que identificamos em alguém a mesma vida de Deus, o amor plantado em nós deseja florescer. Muitos têm experimentado que, em cidade diferente daquela em que moram, a companhia de irmãos que nem conheciam antes os faz sentir-se em família e provoque o amor por esses filhos de Deus.

O Apóstolo João narra uma explicação de Jesus sobre o amor que pode nos ajudar a esclarece um pouco mais quanto a que tipo de amor estamos falando.

12 O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei. 13 Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos. João 15.12,13

Quando falamos de amar o irmão, não estamos dizendo necessariamente que isso é ser simpático, agradável e cortês. Essas atitudes fazem parte de uma boa educação e qualquer pessoa pode agir assim. O amor a que somos chamados pelo evangelho é aquele de quem está disposto (e na verdade o faz) a gastar (ou investir) sua vida (psique) em prol da outra pessoa.

Amar, portanto, não é concordar sempre com o irmão, mas estar disposto a gastar-se para que ele seja uma pessoa melhor (inclusive melhor que você). Isso significa, entre outras coisas, compromisso de:

        (1)          Diálogo permanente,
        (2)          Confrontação amorosa e
        (3)          Perdão sem barreiras.


2.   Manter a unidade

Outro sinal externo de que alguém é parte do Corpo de Cristo é o desejo intenso do seu coração de que não haja divisão ou separação entre os filhos de Deus.

Alguém que é parte do Corpo resiste até às últimas consequências antes de ver a unidade da Igreja ser rompida. Divisões e partidarismos são atitudes que deixam aqueles que nasceram de novo abatidos e entristecidos.

Em sua oração sacerdotal, Jesus intercedeu por essa unidade com palavras que apontam para o impacto dessa unidade inclusive sobre os que estão fora da igreja


20 "Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, 21 para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.

22 Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: 23 eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste.

A unidade que Jesus deseja para sua igreja é semelhante àquela que existe entre ele e o Pai. No nosso caso, ela decorre do fato de que fomos gerados pelo mesmo Espírito e agora estamos conectados uns aos outros por causa da vida de Cristo que habita em nós e passa, através de nós, de uns para com os outros.

Essa unidade é tão poderosa que céus e terra, quando testemunharem, serão obrigados a reconhecer que Jesus é o messias (enviado) de Deus e que o amor de Deus por nós é uma realidade irrefutável. Assim, quem se percebe conectado ao Corpo de Cristo não vê sentido em atitudes como as listadas a seguir e as rejeita em sua própria vida.

Sectarismo:
(1)          Eu sou de Paulo, eu sou de Apolo, eu sou de Cefas. (1 Cor 3.4)

Individualismo:
(1)          Oração por si mesmo – incapacidade de ouvir e acompanhar a oração dos irmãos;
(2)          Não há movimentos interiores pela oração dos irmãos;
(3)          Está limitado ao seu próprio ego – vai ao culto para desabafar o que está dentro de si;
(4)          Fala animadamente sobre a própria vida, mas tem pouco interesse na vida dos irmãos.

Panelinha:
(1)          Preferência por alguns e desprezo dos demais;
(2)          Valoriza as afinidades e se irrita com as diferenças.


Na verdade, as Escrituras parecem deixar bem claro que não podemos produzir unidade, já que ela decorrer dos vínculos que recebemos de nossa nova natureza, mas podemos e devemos nos esforçar para preservar essa unidade. Veja o que diz Paulo:

1 Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam. 2 Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor. 3 Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Ef 4.1-3 (NVI)
  
3.   Libertar-se do trabalho independente

Ao nos percebermos parte integrante do Corpo de Cristo, fica claro que é mais importante o cumprimento da missão dada ao Corpo do que o reconhecimento de que fomos nós a fazer determinada tarefas.

Na verdade, não faz diferença quem realizou o que; o importante é que a obra seja realizada. A participação de cada membro do corpo, portanto não pode ser a tentativa de afirmar-se como um grande realizado, mas tão somente a singela contribuição de um dos muitos membros que formam o Corpo. Veja o que Paulo fala sobre isso:

14 O corpo não é composto de um só membro, mas de muitos. 15 Se o pé disser: "Porque não sou mão, não pertenço ao corpo", nem por isso deixa de fazer parte do corpo. 16 E se o ouvido disser: "Porque não sou olho, não pertenço ao corpo", nem por isso deixa de fazer parte do corpo. 17 Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? 18 De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade. 19 Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? 20 Assim, há muitos membros, mas um só corpo. 21 O olho não pode dizer à mão: "Não preciso de você! " Nem a cabeça pode dizer aos pés: "Não preciso de vocês! " 1 Cor 12.14-21 (NVI)

Vejamos alguns sinais de trabalho independente:

(1)          Pensar que tudo o que você faz tem valor espiritual superior àquilo que os demais irmãos fazem;
(2)          Agir como se não precisasse dos demais irmãos nem da convivência com eles para realizar a vocação de Deus para sua vida;
(3)          Sentir-se demasiadamente triste quando os resultados de suas atividades não são bons ou demasiadamente feliz consigo mesmo quando os resultados são bons;
(4)          Desejar monopolizar algum aspecto da obra, impedindo ou tentando impedir outros irmãos de cooperarem nas tarefas a serem realizadas;
(5)          Sentir que a igreja depende de você para avançar na obra de Deus.

Aqueles que discernem de forma apropriada o Corpo de Cristo são avessos a essas coisas. Percebem que o Corpo é feito de muitos membros e reconhecem nos irmãos os dons e as habilidades que lhes faltam. Então, olham para si como um entre muitos membros.

Ao perceber-se com um entre muitos membros, todos com habilidades diferentes e funções complementares, o cristão regenerado não se permitirá imaginar que a obra da igreja de alguma forma lhe pertença. Quem assim procede não está discernindo adequadamente o Corpo de Cristo.

4.   Perceber a necessidade de comunhão

Não é suficiente rejeitar o trabalho independente. Aqueles que discernem o Corpo de Cristo também veem a comunhão como necessária e indispensável para a vida da igreja. É preciso, no entanto, explicar sobre que tipo de comunhão estamos falando.

Comunhão de fora para dentro ou “Você precisa de mim”.

Nesse tipo de comunhão procuramos os irmãos movidos por certo senso de superioridade. E os encontros muitas vezes servem para afirmar essa pretensa superioridade. Assim, as confraternizações, eventos sociais, visita à casa dos irmãos e a convivências em grupos pequenos acabam produzindo mal-estar, comparações e até desamor.

Comunhão de dentro para fora ou “Eu preciso de você”

Já nesse tipo de comunhão o ajuntamento se dá quando, ao perceber minhas limitações e inadequações para prosseguir como discípulo de Jesus em voo solo, sou tomado pelo desejo de compartilhar a caminhada com outros irmãos; porque sem eles sou incompleto. Assim somos desafiados a considerar atentamente nossas próprias limitações.

Nesse ponto vale a pena rever a orientação do Apóstolo Paulo aos irmãos da cidade de Roma:

3 Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. 4 Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, 5 assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros,
Rom 12. 3-5 (ARA)

A comunhão de dentro para fora pode ser percebida na motivação que nos leva a estarmos reunidos com os irmãos. Vejamos alguns exemplos:

Na oração: sabendo que não sou adequado no que se refere à oração, procuro outros irmãos para orarem comigo.

Ao enfrentar problemas: reconhecendo minha incompetência para solucionar as dificuldades que a vida me apresenta, peço a dois ou três irmãos essas situações comigo.

Ao buscar a vontade de Deus: percebendo minha incapacidade para conhecer sozinho a vontade de Deus, peço ajuda de outros irmãos para discerni-la.

Nas decisões: reconhecendo o quanto facilmente fico confuso sobre o futuro, chamo dois ou três irmãos para ajudarem em minhas decisões.

No estudo das Escrituras: reconhecendo que não consigo entender adequadamente a Palavra de Deus sozinho, estudo a Bíblia com dois ou três irmãos.


De forma resumida poderíamos afirmar que o processo de consolidação da comunhão

1.   Reconheço minha insuficiência e incompetência;
2.   Confesso minha limitação e inclinação ao erro;
3.   Peço aos irmãos que me ajudem.


5.   Aprender a ser um membro

Discernir o Corpo de Cristo é também assumir nossa condição de membros do Corpo. Isso quer dizer que cada um de nós deve aprender sobre a função que tem no Corpo. Cada membro tem um serviço a desempenhar.

Quem é membro da Igreja de Jesus não consegue se ausentar da convivência dos irmãos sem que faça falta aos demais membros, porque todos reconhecem o ministério recebido de Deus que ele realiza para a edificação da Igreja.

Outro aspecto desse aprendizado é que ninguém que faça parte do Corpo de Cristo e tenha discernido adequadamente esse Corpo, participa passivamente dos encontros da Igreja, porque não lhe é peculiar agir como um expectador passivo.

Escrevendo aos irmãos de Corinto, Paulo abre uma janela que nos permite perceber a intensa participação dos irmãos nos encontros da Igreja do Senhor. Vejamos:

26 Portanto, que diremos, irmãos? Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja. 1 Cor 14.26 (NVI)

É o Espírito quem nos comunica que:

Há uma palavra a ser dita
Há uma oração a ser feita
Há um sorriso a ser demonstrado
Há um encorajamento que deve acontecer
Há uma exortação a ser dispensada
Há um discernimento, um socorro, uma gratidão, uma alegria...


6 Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé. 7 Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; 8 se é dar ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente; se é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria. Rom. 12. 6-8 (NVI)


6.   Submeter-se à autoridade


Todos os membros do Corpo de Cristo, pela ação do Espírito de Deus, tornam-se conscientes e convictos de que estão sob o comando daquele que é a Cabeça: Jesus.

Submissão direta: Ouvir a voz de Deus que fala a você pelas Escrituras e sussurrando à sua consciência.

Submissão indireta: Atender àqueles que Deus pôs como autoridade em sua vida. Nem todos ocupam essa posição, mas alguns são colocados por Deus dessa forma.

Não basta submeter-se à Cabeça, porque em sua sabedoria Deus estabeleceu a Igreja como um corpo interdependente. Somos chamados à submissão mútua, conforme o chamado ministerial de cada um no Corpo.

17 Sede obedientes aos vossos líderes espirituais e submissos à autoridade que exercem. Pois eles zelam por vós como quem deve prestar contas de seus atos; para que ministrem com alegria e não murmurando, porquanto desta maneira tal ministério não seria proveitoso para vós outros. Hb 13.17 (KJA)

O corpo não funcionará harmoniosamente sem que o princípio de autoridade seja compreendido e aplicado. Os movimentos do Corpo podem se tornar caóticos e desengonçados se os membros não se submeterem mutuamente uns aos outros.

5 Da mesma forma jovens, sujeitem-se aos mais velhos. Sejam todos humildes uns para com os outros, porque "Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes". 1 Pe 5.5 (NVI)

Somos livres! Cristo nos libertou para a liberdade. Mas somo dependentes uns dos outros. Essa liberdade não se traduz em independência ou autogestão ministerial. A autoridade de Cristo, a Cabeça do Corpo, se realiza através da mútua submissão a que somos chamados.

13 Por causa do Senhor, submetei-vos a toda autoridade constituída entre os povos; seja ao rei, como principal monarca, 14 seja aos governantes, como por ele enviados, para punir os praticantes do mal e honrar os que fazem o bem. 15 Porque a vontade de Deus é que praticando o bem, caleis a ignorância dos insensatos. 16 Considerando que sois livres, não useis a liberdade como pretexto para fazer o que é mal, mas vivei como servos de Deus. 17 Tratai todas as pessoas com a devida reverência: amai os irmãos, temei a Deus e honrai ao rei. 1 Pe. 2.13-17 (KJA)

No Corpo não existe relação entre autoridade e superioridade. Quando mais um membro é revestido de autoridade maior é a sua vocação para servir os demais.

25 Jesus lhes disse: "Os reis das nações dominam sobre elas; e os que exercem autoridade sobre elas são chamados benfeitores. 26 Mas, vocês não serão assim. Pelo contrário, o maior entre vocês deverá ser como o mais jovem, e aquele que governa como o que serve. 27 Pois quem é maior: o que está à mesa, ou o que serve? Não é o que está à mesa? Mas eu estou entre vocês como quem serve. Lc 22.25-27 (NVI)

Revisando rapidamente, aquele que discerne o Corpo de Cristo mediante a ação do Espírito Santo em seu interior:

1.   Ama os irmãos;
2.   Mantém a unidade;
3.   Rejeita o ministério independente;
4.   Percebe a necessidade de comunhão
5.   Aprende a ser um membro
6.   Submete-se à autoridade

Bibliografia de consulta
A realidade da Igreja - Watchman Nee

Traduções das Bíblia
NVI - Nova Versão Internacional
OL - O Livro
ARA - Almeida Revista e Atualizada
KJA - King James Atualizada