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20 março 2016

Pistas para um imitador de Jesus


Pistas para um imitador de Jesus
Comunidade Batista em Mangabeira 4 -  João Pessoa/PB - 20/03/2016

Conexão

Boa noite, irmãos. Semana passada fomos desfiados pelo pr. Francisco a avaliar o custo de ser um discípulo de Jesus. Seguir o Senhor não é como no Facebook; não é apenas clicar e adicioná-lo como amigo.

Ele nos alertou que ser discípulo significa estar disposto a colocar tudo e todos em segundo plano. É confiar no amor de Deus e seguir o exemplo que ele nos deu: Jesus entregou a vida por você (um sacrifício de sangue); você entrega sua vida a ele como uma oferta viva a Deus. Ele morreu por você afim de que você viva para Ele.

Os desafios de entrega total a que o Senhor nos chama são tão difíceis que poderíamos desanimar. Mas ele mesmo é quem garante que não seremos abandonados nessa empreitada. Quando entregamos nossa vida ele, o seu amor gracioso nos alcança e nos socorre em nossas imperfeições e pecados.

O chamado de Jesus para sermos discípulos dele é um convite para nos tornarmos seus imitadores e fazermos como ele fez. Esse chamado ecoou pela voz dos seus apóstolos. É nesse sentido que Paulo nos convoca a termos em nós o mesmo sentimento que também houve em Cristo Jesus.

Hoje vamos continuar esta série de pregações refletindo sobre uma história conhecida por muitos. Esta semana ela foi repetida pelo Papa Francisco como parte das celebrações da semana que é chamada santa: a cerimônia de lava-pés.

Alguns acham que seguir a Jesus é algo misterioso (embora na verdade não seja). Diante disso, meu propósito hoje à noite é oferecer, a partir da narrativa do apóstolo João, algumas pistas para aqueles que desejam ser imitadores de Jesus. Portanto abram suas bíblias no capítulo 13 do evangelho de João para acompanharmos juntos a leitura dos primeiros dezessete versos.

Leitura Bíblica (Jo. 13.1-17).

Oração

Introdução

Neste final de semana muitos estão celebrando a Páscoa. No entanto, a Páscoa festejada nos meios de comunicação nada tem a ver com aquela que estava prestes a acontecer quando os fatos da nossa história se desenrolaram. Hoje a páscoa é uma mistura de símbolos com significados pagãos, como o ovo e o coelho, e muita vontade dos comerciantes de vender chocolate. Essa Páscoa nada tem a ver com o evangelho de Cristo.

Já a páscoa do relato de João era uma festa judaica, instituída por Deus para que os Israelitas celebrassem a libertação do povo que fora escravizado no Egito. Era a lembrança daquele dia fatídico em que os primogênitos egípcios foram mortos, enquanto o anjo passou por cima de todas as casas cujos umbrais estavam marcados com o sangue do cordeiro, poupando assim os filhos de Israel. Essa Páscoa também não é uma festa cristã. Ela é o que é: uma celebração judaica. Portanto, com base nas Escrituras, não há razão para os cristãos festejarem a páscoa judaica e muito menos a páscoa pagã. 

Por outro lado, é inegável que desde os primeiros dias da fé cristã, os discípulos de Jesus de origem judaica reconheceram que há um paralelo entre essas histórias de libertação. Por isso Paulo afirma que Jesus é nosso cordeiro pascoal (I Co. 5.7). No entanto, enquanto celebrava a páscoa judaica com seus discípulos, falando sobre seu sangue a ser derramado e seu corpo a ser entregue por nós, o Senhor nos chama a celebrar uma nova aliança. 

Assim, embora Cristo seja nosso cordeiro pascoal, fomos chamados por ele não para celebrar a páscoa, mas para um memorial sobre seu sacrifício voluntário, anunciando sua morte até que ele venha. 

...um pouco antes da festa da Páscoa, Jo 13.1

Foi um pouco antes da festa da Páscoa, afirma João, que essa história se deu. De forma inusitada, no meio de uma refeição, Jesus tira a capa de sobre seus ombros, amarra uma toalha na cintura, enche uma bacia com água e começa a lavar os pés dos discípulos.

O que era surpreendente naquela cena? Certamente não era que alguém estivesse lavando os pés de outra pessoa, porque aquilo fazia parte da cultura da época. Os pés empoeirados das estradas eram lavados para oferecer mais conforto e higiene durante as refeições, que muitas vezes eram servidas em sofás que permitiam às pessoas conversarem deitadas, próximas umas das outras.

O surpreendente era que Jesus estivesse fazendo uma tarefa que era função de um empregado dos mais simples, muitas vezes um escravo. Isso sim foi impactante para os discípulos e em especial para Pedro.

1ª Pista: Abra mão do controle

É nesse ponto que deixo a PRIMEIRA PISTA para os imitadores de Jesus: abra mão do controle.

Quando Pedro viu o que estava acontecendo, imediatamente se opôs: “Senhor, vais lavar meus pés?”. Ele não estava entendendo aquilo. Não fazia sentido! Como reagiu, Pedro? Ele tentou parar com tudo e assumir o controle da situação.

Não é raro agirmos assim quando sentimos que a vida não nos pede licença para acontecer. Tentamos assumir o volante achando que assim vamos nos sentir mais seguros. Mas o Senhor Jesus fez diferente.

No deserto, faminto e sedento, questionado em sua identidade, seu poder e sua missão, Jesus é tentado a assumir o controle da própria vida e encurtar o caminho. Mas, ao invés disso, ele entregou o destino de sua vida e de seu ministério nas mãos do Pai.

No Getsemani, às vésperas de ser preso e crucificado, angustiado com tudo que o esperava, Jesus fica entristecido ao ponto de suar sangue, mas não cedeu. Entregou sua vontade nas mãos do Pai e confiou nele.

Portanto, irmãos, aqueles que desejam imitar a Jesus devem aprender a abrir mão do controle e confiar no Senhor.


2ª Pista: Saia do raso

Pedro não se satisfez com a primeira fala de Jesus. Disse claramente que de forma alguma Jesus ia lavar os pés dele. "Não; nunca lavarás os meus pés". Aquilo não era o jeito certo de fazer as coisas. Imagine o meu Senhor agir como um servo.

Jesus, então, fala que ele precisava se submeter àquele momento, porque aquilo era uma demonstração, um símbolo da essência da sua missão na terra: “Se eu não os lavar, você não terá parte comigo.”

 Mas Pedro ainda não estava entendendo quase nada. Ele estava em outro canal. Diante da fala de Jesus, pediu para que não só os pés fossem lavados, mas também as mãos e a cabeça. É então que Jesus tenta tirar Pedro do raso e levá-lo para o fundo. Aqui está a SEGUNDA PISTA: para imitar Jesus, saia do raso!

Algumas vezes estamos como Pedro, tateando de um lado para outro, sem compreender a profundidade do amor graciosos de Deus por nós. Gastamos nosso tempo em muitas coisas e algumas delas bastante fúteis. Nossas energias são desperdiçadas sem que nada realmente importante para a eternidade ocupe nossas mentes e corações. Jesus fez diferente.

Ainda adolescente ele demonstrou interesse pelos ensinamentos da lei. Em seus discursos diante dos líderes religiosos judeus e em pregações ao povo, ele se apresentou como alguém que estudava as escrituras e conhecia o ensino dos profetas.

Além disso, os evangelhos nos mostram que o Senhor era uma pessoa de oração. Jesus, mesmo sendo o próprio filho de Deus, por certo limitado em sua humanidade, recorreu à oração como um modo para aprofundar seu relacionamento com o Pai e o entendimento da missão que recebera.

Um amigo muito querido, Silvestre Kuhlmann, escreveu os seguintes versos na canção Choro de Deus:

Sou mar tão profundo e por mais que mergulhes
Os mistérios não cessam por todos os lados;
A cada braçada se vê tanta vida
Por Mim envolvida e que em Mim subsiste.

Sou tão grande tesouro e por mais fundo caves
Não se esgotarão as riquezas que trago
Em meu ser escondidas, gigantes jazidas,
Reservas imensas, insondáveis.

Te contentas com superfície,
Com ouro de tolo, o refugo e o raso;
Com pedras nas mãos não podes cavar,
Com os pés na areia não podes mergulhar.

Sou céu infinito e por mais que te aventures
Não há eternidade capaz de decifrar-me;
Vem, pois, desfrutar-me, não percas mais tempo,
Lança fora o refugo, tira os pés do chão.

Portanto, irmãos, aqueles que desejam viver como discípulos, isto é, imitadores de Jesus, devem abandonar a vida espiritual rasa e buscar nas escrituras e na oração a profundidade do relacionamento com o Senhor.

3ª Pista: Siga o exemplo

Não sabemos qual foi, ou mesmo se houve uma resposta por parte dos discípulos à pergunta de Jesus: “Vocês entendem o que lhes fiz?”. Talvez alguns acenaram com a cabeça afirmativamente e outros ficaram ali com cara de paisagem.

O Senhor, então, explica um outro aspecto do significado daquele momento: O meu amor pelo mundo não é da boca pra fora! Eu estou entregando minha vida como prova desse amor. Eu vim para servir. Servi-los não me diminui, ao contrário, confirma o meu ministério.

Ele conclui essa fala dizendo: “vocês também devem lavar os pés uns dos outros.”. Essa é a TERCEIRA PISTA para o imitadores de Jesus: Siga o exemplo

A verdade, irmãos, é que não basta compreender Jesus e seu ministério. Discípulos são aqueles que fazem como ele fez (e ensinam outros a fazer do mesmo jeito). Compreender é o primeiro passo da jornada, mas não é a jornada toda. A maior parte do caminho é fazer como ele fez. De forma plena, seguir a Jesus é antes de tudo praticar seus ensinamentos.

Veja como o Senhor explica isso:

24 "Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. 25 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha.
26 Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. 27 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda".

Portanto meus irmãos, aqueles que desejam viver com imitadores de Jesus devem praticar seus ensinamentos em sua vida comum. Enquanto compram, vendem, estudam, trabalham, se divertem...

Conclusão

Hoje vimos três pistas úteis para alguém que deseja ser um imitador de Jesus:

Abra mão do controle: confie no Senhor;
Saia do raso: aprofunde relacionamento com Cristo;
Siga o exemplo: pratique o que você compreendeu.

Essas pistas são apenas para quem deseja ser um seguidor de Jesus, um discípulo dele. Não há qualquer imposição aqui, porque seguir a Jesus não é uma obrigação.

Há pessoas que acham o evangelho intimidador. Às vezes sentem-se incomodados com as palavras contundentes de Jesus. Já outros ouvem com atenção, desejando aprender. Reconhecem que são palavras de vida, e sabem que por mais que os desafios pareçam impossíveis, eles poderão contar sempre com a ajuda do Senhor. A diferença entre um grupo e outros e a confiança.

Não tenha dúvidas! O senhor o ama e deseja sua felicidade. Ele lhe deseja todo o bem que existe. Ele entregou-se para que você experimente vida abundante. Confie nele! Ele provou esse amor em uma cruz. 

As pistas estão aí. Que tal segui-las?

13 março 2016

Discípulos ou Expectadores


Discípulos ou Expectadores
Comunidade Batista em Mangabeira 4 -  João Pessoa/PB - 13/03/2016


Introdução

Boa noite, irmãos. Que o Senhor seja nossa alegria nos dias bons e nosso consolo nos dias maus. Que o amor de Jesus ocupe nossas vidas de forma graciosa e constante, e que nossos dias sejam preenchidos de sentido pela presença do Espírito de Deus em nossas vidas.

É uma alegria ter novamente a oportunidade compartilhar o entendimento que tenho das Escrituras com vocês. Minha oração hoje à noite é um pedido ao Senhor para que não me permita atrapalhar a boa obra Espírito Santo de Deus, de revelar a Cristo Jesus, autor e consumador da nossa fé

Hoje vamos continuar a série de mensagens sobre o desafio de ser e fazer discípulos. Desta vez, vamos observar mais de perto uma luta que acontece dentro da maioria de nós: ser discípulo de Jesus e abraça a igreja ou ser um expectador da igreja e observar Jesus de longe.

Essa dúvida está sempre presente na vida daqueles que frequentam, mesmo que uma vez ou outra, as reuniões de uma igreja; e é uma dúvida legítima com implicações importantes.

Nas igrejas é comum encontrarmos essas duas posições: aqueles abraçaram a vida com Cristo em todas as suas implicações e estão vivendo a aventura de segui-lo, e aqueles que frequentam os cultos gostam das pregações, aprendem as músicas, admiram Jesus, mas observam tudo a uma distância seguro.

Essa não é uma situação nova. Quando Jesus exerceu seu ministério entre nós, algumas vezes ele era acompanhado por multidões que seguiam em busca dos milagres que ele fazia ou até por causa da fama de que ele podia multiplicar pães e peixes.

No meio da multidão havia aqueles que o seguiam mais de perto. Talvez poderíamos chama-los de candidatos a discípulos, mas que ainda guardavam no coração certa desconfiança a respeito de quem era Jesus e o que ele pretendia

E havia os discípulos, que reconheciam Jesus como o enviado de Deus e estavam dispostos a ouvir sua palavra e segui-lo para onde quer que fosse. Dentre esses discípulos havia um pequeno grupo a quem Jesus chamou para perto de si e deu a missão específica de serem colunas de sustentação para a igreja, que eram os apóstolos.

Em que grupo você está? Na multidão que corre atrás daquilo que Jesus pode oferecer? No grupo dos simpatizantes do evangelho, que observa de longe, desconfiado? Ou você é parte do grupo dos discípulos que decidiu seguir Jesus por onde quer que ele vá?

Sem dúvida seremos incomodados pelas palavras do irmão de Jesus: Tiago. Ele nos desafiará a deixarmos de ser apenas expectadores para nos tornarmos discípulos de Jesus. Um desafio para assumirmos compromissos decisivos com Deus, a quem dizemos servir.
  
Leitura Bíblica

22 Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos.

23 Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho 24 e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência.

25 Mas o homem que observa atentamente a lei perfeita que traz a liberdade, e persevera na prática dessa lei, não esquecendo o que ouviu mas praticando-o, será feliz naquilo que fizer. Tg 1.22-25 (NVI)

É maravilhoso que um desafio como esse seja feito por Tiago, o irmão de Jesus. Isso é uma prova do quanto Deus pode nos transformar. Digo isso porque Tiago, durante o ministério de Jesus, mesmo sendo irmão dele, era um daqueles que observava a distância, desconfiado talvez a respeito das pretensões de seu irmão.

Mas é exatamente nisso que está a maravilha: Deus usou a experiência de Tiago, que ficou longe durante todo o ministério de Cristo, ouvindo e observando sem se comprometer, para nos fazer esse importante alerta. E assim como Tiago deixou de ser um mero observador distante do evangelho para se tornar um dos líderes da igreja em Jerusalém, você também pode deixar de ser expectador das reuniões da igreja para se tornar um discípulo comprometido com seu Mestre e Senhor.


... e não apenas ouvintes, Tg 1.22b

Quero começar com essa expressão para afirmar que ouvir a Palavra de Deus não é algo sem importância. Separar tempo para ouvir explicações sobre as Escritura é uma atitude que tem seu valor. As Escrituras nos dizem que a fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Deus (Rm 10.17)

Então, esta palavra hoje não tem o propósito de desencorajá-lo a ouvir. Aqui ou em qualquer outra igreja que anuncie o nome de Cristo, sempre que você desejar ouvir sobre o evangelho de Jesus, com certeza estará fazendo uma boa coisa. Na verdade, esse é o primeiro passo para as mudanças que Deus deseja fazer em sua vida.

Escrevendo aos irmãos da cidade de Roma, o Apóstolo Paulo repetiu uma verdade maravilhosa dita pelo profeta Joel (Jl. 2.32) para depois afirmar a importância de ouvir sobre as boas novas do evangelho de Cristo. Vejamos:

13 porque "todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo". 14 Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? Rm 10.13-14 (NVI)

Sejam praticantes da Palavra, Tg 1.22a

Esclarecida a importância de ouvir, devemos nos deter na primeira frase do nosso texto. Todas as vezes em que leio esse texto sou incomodado sobre a maneira como estou vivendo minha vida.

Será que estou praticando a Palavra? Será que os ensinamentos de Jesus têm se transformado em hábitos do meu dia-a-dia? Será que o modo como eu lido com as pessoas reflete o evangelho de Jesus? Será que a maneira como eu... pergunto, respondo, compro, vendo, peço, reclamo, contrato, demito, trabalho, descanso, ensino, cobro, aprendo, falo... faz de mim um discípulo de Jesus?

 Os discípulos de Jesus estão atentos ao seu modo de viver, porque desejam refletir em suas vidas os ensinamentos do Mestre, mas expectadores não têm essas preocupações, irmãos. Para ser um expectador basta ouvir com atenção; para ser um discípulo é preciso seguir o Mestre.

Para deixar de ser um expectador é preciso dar um passo além da simples admiração por Jesus e se comprometer com um modo de vida digno dele, e isso envolve o amor que ele teve pelas pessoas.

...enganando-se a si mesmo, Tg 1.22c

Ainda no verso 22, Tiago não alivia. Ele afirma que dizer-se discípulo e agir como expectador não é bom. Quem faz assim está apenas se enganando.

Então você precisa ser sincero consigo mesmo. Viver como expectador, apenas olhando a igreja de longe, e dizer que é um discípulo de Jesus, não passa de autoengano, que é mentir para si mesmo.

É claro que isso não é bom! Porque quem mente muito para si mesmo acaba acreditando na própria mentira e se tornando dissimulado. Quem se torna um mero expectador fica de ouvido calejado e de coração endurecido. Torna-se insensível à Palavra. De tanto ouvir e não praticar, começa a desacreditar no poder e na eficácia do evangelho e, por fim, vai perdendo um pouco da fé simples que havia em seu coração.

A princípio parece que o expectador está sempre levando vantagem sobre o discípulo, porque ele chega e sai das reuniões em cima da hora; é educado com todos (mas não se envolve com ninguém); não gasta muito tempo com oração (já que ele não tem por quem orar); não sente falta do estudo das Escrituras (porque não busca nelas orientação para a vida); não tem atrito com os irmãos (porque não está comprometido com eles a ponto de envolver-se em suas vidas); e, por causa de tudo isso, sente-se livre para adorar junto com o irmãos apenas quando não tem nada melhor na agenda para ser feito.

Quem vive como expectador, pode pensar que é um discípulo, mas, como disse Tiago está apenas enganando-se com falsos discursos, como diz uma outra tradução.

...logo esquece a sua aparência, Tg 1.24b

Tiago nos desafia a colocar um fim em nossa vida de ouvintes expectadores, porque essa forma de lidar com o Palavra de Deus não produz transformação em nossas vidas. Ele explica que essa situação é como algum que dá uma olhada rápida no espelho, mas logo esquece o que viu.

A palavra de Deus realmente é como um espelho que revela nossas imperfeições e desalinhos, mas não adianta quase nada apenas olhar de relance, de longe, como quem quer cumprir uma obrigação. Lidar assim como a Palavra não muda nada em nós. É preciso olhar sem pressa. É preciso ouvir sem pressa. É preciso conviver com irmãos sem pressa.

Assim, deixando de ser expectadores e nos tornando discípulos comprometidos com o corpo de Cristo, haverá tempo suficiente para que a Palavra nos transforme.

... não esquecendo o que ouviu mas praticando-o, Tg 1.25b

O irmão de Jesus, que antes era expectador, mas depois tornou-se discípulo, conclui essa parte dizendo que aquele que não fica apenas ouvindo, mas também pratica a Palavra, isto é, transforma os ensinamentos de Jesus no seu modo de viver, encontrará significado para aquilo que faz e se sentirá feliz.

Essa é uma promessa maravilhosa! Sobretudo nos tempos difíceis em que vivemos. Tempos em que a vida parece insossa e sem graça para uns e difícil e desesperadora para outros.

Para enfrentar tempos assim, Tiago recomenda uma dobradinha: ouvir e praticar. Essa combinação é um santo remédio para os vazios da alma. Ela nos desafia a lidar com quem somos, ao olharmos atentamente para o espelho que é a Palavra de Deus; desafia-nos a lidar com o Senhor, enquanto tentamos ouvir sua voz e a lidar como os nossos irmãos, em nossas tentativas de colocar em prática aquilo que ouvimos.

Conclusão

Em que grupo você está? Na multidão que corre atrás daquilo que Jesus pode oferecer? No grupo dos simpatizantes do evangelho, que observam de longe, desconfiados? Ou você é parte do grupo dos discípulos que decidiu seguir Jesus por onde quer que ele vá?


15 fevereiro 2016

Um discípulo servo


Um discípulo servo
Comunidade Batista em Mangabeira 4 -  João Pessoa/PB - 14/02/2016

Introdução

Neste e nos próximos domingos teremos a oportunidade de refletir juntos sobre um dos temas mais importantes do evangelho: discipulado.

Este ano o discipulado permanecerá em destaque aqui na CBM. Nosso propósito é que ser e fazer discípulos sejam amis que um tema importante e se transforme em nosso modo de viver o evangelho de Jesus.

No próximo domingo (21/02) seremos conduzidos por Allan no tema “ um discípulo amável”. No dia 28/02 o Pr. João Victor falará sobre a obediência na vida do discípulo e no dia 06/03, o Pr. Francisco trará o tema “um discípulo que ora”.

A ordem desse duplo aspecto do discipulado (ser e fazer) – é importante para sua eficácia. Portanto, ao olharmos para o serviço (uma das mais notórias marcas dos discípulos de Jesus), primeiro devemos considerar nossa própria condição de servo. Depois podemos encorajar outros a servir.

Assim quero convidá-los a caminhar comigo através de alguns textos bíblicos com o objetivo de considerarmos a disposição de nossos corações em servir outras pessoas.

Faremos isso da seguinte forma: (1) primeiro vamos entender o paradigma cultural vigente sobre o serviço, isto é, veremos a visão que as pessoas têm hoje sobre servir e ser servido; (2) depois vamos examinar as Escrituras para compreender o paradigma do evangelho, isto é, o que pensa Jesus sobre servir e ser servido; (4) por fim examinaremos quatro falas de Jesus sobre esse assunto. Elas serão importantes para ajustar nossa maneira pessoal de ver o servir e o ser servido.

Um paradigma cultural


Para começar talvez devamos nos familiarizar com um modo de pensar que é muito comum a respeito de servir: quem serve é menos importante do que aquele que é servido.

Ø Quem serve faz o que os outros não querem fazer. Quem é servido não precisa fazer o que não quer;

Ø Quem serve é mandado. Quem é servido manda;

Ø Quem serve é porque não tem dinheiro. Quem é servido é porque tem grana no bolso;

Ø Quem serve é fraco. Quem é servido é poderoso

Nesse modo de pensar que orienta a vida de muita gente, aquele que está a serviço apenas recebe ordens, por isso está em situação inferior àquele que dá as ordens.

É interessante notar que a maioria das crianças é muito prestativa e quando somos pequenos almejam profissões que ajudam as pessoas em suas necessidades: bombeiro, policial, professor... (um filho de um amigo nosso desejou por muito tempo ser gari). Mas logo que crescemos somos engolidos pelo paradigma cultural que despreza o serviço e procuramos alguma outra coisa que nos faça parecer mais poderoso.

Algumas vezes as pessoas que prestam serviço em nossas casas são tratadas com certo ar de superioridade. É como se servir fosse uma atividade inerente a cidadãos de segunda categoria.

Até nosso vocabulário revela essa desconsideração para com quem serve. Palavras com serviçal, servitude e servente, todas relativas ao serviço, estão carregadas de conceito de inferioridade.

Mas não é sem motivo que a condição de servir é rejeitada pelas pessoas. A verdade é que nossa natureza caída tem uma inclinação a explorar as pessoas sempre que o dinheiro ou o poder nos permitem fazê-lo. Às vezes o simples fato de estarmos do outro lado do balcão, sendo atendidos, é suficiente para nos acharmos superiores, cheios de direito, e tratarmos os outros como pessoas menos importantes.

O paradigma do evangelho

Nosso assunto é um discípulo servo. E ser discípulo de Jesus significa adotar o mesmo ponto-de-vista dele a respeito do mundo e da vida. Então, precisamos saber o Jesus pensa sobre servir e ser servido. Isto é, qual o paradigma do evangelho? Vejamos um comentário de Jesus sobre esse assunto no evangelho de Lucas:

24 Surgiu também uma discussão entre eles, acerca de qual deles era considerado o maior.

25 Jesus lhes disse: "Os reis das nações dominam sobre elas; e os que exercem autoridade sobre elas são chamados benfeitores. 26 Mas, vocês não serão assim. Pelo contrário, o maior entre vocês deverá ser como o mais jovem, e aquele que governa como o que serve. 27 Pois quem é maior: o que está à mesa, ou o que serve? Não é o que está à mesa? Mas eu estou entre vocês como quem serve. Lc 22.24-27 (NVI)

Parece que Jesus nos propõe uma forma diferente de considerar o servir e o ser servido. Primeiro Ele reconhece que aos olhos das pessoas aquele que é servido e mais importante que aquele que serve. Mas logo em seguida ele nos desafia a assumir o lugar de servo mesmo assim.

E o que me parece mais desafiador ao ouvir Jesus falar dessa maneira, é que ele não estava apenas fazendo um discurso sobre como as coisas devem ser. Ele estava chamando seus discípulos para andar nos passos dele e viver do jeito que ele vivia.

...eu estou entre vocês como quem serve. (27)

O que você acha disso tudo? De um lado, sabemos que se tornar servo neste mundo não é moleza; por outro lado, o Espírito de Deus parece sussurrar aos nossos ouvidos que devemos aceitar o desafio de tornar o serviço nossa rotina de vida. Do mesmo jeito que Cristo fez.

Seguir a Jesus não é apenas frequentar os cultos de domingo ou fazer parte do grupo da igreja no Face e no Whatsapp. É bom participar de tudo isso, mas não significa que fazendo essas coisas você é um discípulo de Jesus.

Ser discípulo é adotar o mesmo entendimento que ele tem a respeito da vida. E sobre o serviço, parece que o pensamento de Jesus é claro: ainda que as pessoas desprezem e desconsiderem aqueles que servem, devemos atender ao chamado de Deus e transformar o servir às pessoas em nosso modo de vida.

Jeremias, o profeta, muitos séculos antes de Jesus nascer, anunciou que o messias seria um servo sofredor. O apóstolo Paulo, depois de Jesus ressuscitar e subir aos céus, escreveu um pouco sobre esse coração de servo que pulsava no peito de Jesus. Vejamos o que ele diz em Fp 2.5-8:

Tentem pensar como Cristo Jesus pensava. Mesmo em condição de igualdade com Deus, Jesus nunca pensou em tirar proveito dessa condição, de modo algum. Quando sua hora chegou, ele deixou de lado os privilégios da divindade e assumiu a condição de escravo, tornando-se humano! E, depois disso, permaneceu humano. Foi sua hora de humilhação. Ele não exigiu privilégios especiais, mas viveu uma vida abnegada e obediente, tendo também uma morte abnegada e obediente — e da pior forma: a crucificação. Fp 2.5-8 (AM)

Então meus irmãos, nosso primeiro desafio é romper com ideia de que servir é coisa de gente sem importância. No evangelho de Jesus, são importantes aqueles que cultivam o mesmo coração de servo que pulsava no peito do Salvador. Pessoas assim, não desejam tirar proveito de alguma posição ou condição superior que tenham recebido, mas estão sempre com o coração disposto a servir.

Quando rejeitarmos o entendimento de que servir é algo ruim e abraçarmos a mentalidade de Jesus sobre servir e ser servido, estaremos livres para desenvolver o coração de servo que recebemos da parte de Deus.

A missão se traduz em serviço

No entanto, ao mesmo tempo que abraçamos por fé a mentalidade de Jesus sobre servir e ser servido, é preciso examinar o que Ele pensa sobre isso.

É difícil exagerar a importância que Jesus dá para um coração disposto a servir a Deus e às pessoas. Ele afirmou essa importância quando colocou o serviço no âmago da sua missão aqui entre nós.

28 A vossa maneira de proceder deve ser a mesma que a minha, porque eu, o Filho do Homem, não vim para ser servido, mas para servir e dar a minha vida para salvação de muitos. Mt 20.28 (OL)

Está muito na moda definir uma missão pessoal. Jovens executivos hoje contratam um coach para ajuda-los a decidir suas missões pessoais, isto é, para onde eles vão dirigir suas vidas e concentrar seus esforços. Algo que pode ser muito útil. No entanto, parece que para Jesus isso estava muito claro e servir estava no topo da agenda. E na sua agenda? Qual é posição do serviço às pessoas em nome de Deus?
 
Um alerta sobre a natureza do serviço

Existe uma outra fala de Jesus sobre servir que é muito importante para abraçarmos a mentalidade de Jesus sobre servir e ser servido, sobretudo nesses tempos “multi”, de grande pluralidade e de vidas líquidas, e que somos chamados a nos dividir em mil frentes. Vejamos Mt 6.24.

24 "Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro". Mt 6.24

Servir a Deus e às pessoas em nome de Deus é algo que ocupa toda nossa vida e durante a vida toda. O discípulo de Jesus é um servo de dedicação exclusiva e em tempo integral. Não existe discípulo de meio período ou com jornada reduzida.

No texto que lemos, Jesus declara a impossibilidade de alguém conciliar em seu coração uma vida dedicada a Deus e ao mesmo tempo dedicada juntar dinheiro. Não dá pra fazer as duas coisas, porque nosso coração ficaria dividido. E não é possível seguir a Jesus com um coração divido. Mas o dinheiro entra aqui como um exemplo. Qualquer coisa que tente captura o nosso coração entra na mesma categoria.

Então, o discípulo-servo é alguém atento a qualquer coisa que deseje cativar um pedaço de sua lealdade. E está pronto para rejeitar esses assédios.

Quando adquire coisas, o discípulo-servo não as trata como suas próprias para não aprisionar seu coração a elas; quando se compromete com as pessoas, o discípulo-servo o faz com o objetivo de servi-las e não de dominá-las; quando ocupa posições de destaque, ele entrega todas as honrarias aos pés de Cristo; quando lidera instituições, o discípulo o faz com a disposição de ali ser um servo de Jesus; quando realiza alguma tarefa ou projetos, seu pensamento é em como tudo aquilo servirá às pessoas e a Cristo.

Ninguém pode servir a dois senhores...

Serviço e resiliência

A essa altura você já deve ter notado que a vida de um discípulo-servo é como nadar contra a correnteza do rio. Exige muita energia espiritual. Às vezes da impressão de que nada está acontecendo... Bate aquela vontade de parar de nadar e deixar que a correnteza nos leve.

Talvez seja por isso que Jesus ressalta a importância de servirmos até o final. A resiliência no servir é algo que transpira das palavras de Jesus. Vejamos uma fala dele no evangelho de Lucas:

35 "Estejam prontos para servir, e conservem acesas as suas candeias, 36 como aqueles que esperam seu senhor voltar de um banquete de casamento; para que, quando ele chegar e bater, possam abrir-lhe a porta imediatamente. Lc 12. 35-36

Servir não é uma coceira que dá e depois passa. Servir não é uma moda. Servir é um modo de vida que acompanha até o seu encontro com o Senhor. Mas é preciso reconhecer que uma vida de serviço não é uma corrida de 100 metros, mas uma longa maratona. E muitos desafios serão enfrentados até que ela chegue ao final.

Servir não é algo que faz para ficar bem na foto. É resultado de uma preocupação verdadeira e permanente com as pessoas em nossa volta. Não é algo que se faz por tempo e depois deixa-se de fazer. Não é um cargo que você assume e depois é exonerado. Nem uma profissão da qual a gente se aposentar.

Por isso é preciso que sejamos revestidos de amor do alto, que abracemos a mentalidade de Cristo, e permitamos ao Espírito de Deus transplantar o coração de servo que pulsava no peito no nosso salvador.





Uma palavra de encorajamento

Minha última consideração sobre a mentalidade de Cristo quanto a servir e ser servido começa com um texto do apóstolo Paulo:

15 Eu, de boa vontade, darei a vocês tudo o que tenho e gastarei até a mim mesmo pelo bem de vocês. Será que quanto mais eu os amo, menos serei amado por vocês? 2 Cor 12.15

Jesus tem uma palavra de encorajamento e conforto para Paulo e para todos que se deixam gastar pelo serviço. É com essa palavra que desejo encerrar.

 37 Felizes os servos cujo senhor os encontrar vigiando, quando voltar. Eu lhes afirmo que ele se vestirá para servir, fará que se reclinem à mesa, e virá servi-los. Lucas 12.37(NVI)

Haverá um bálsamo de alívio aguardando os servos que perseveram. Haverá um tempo de descanso para aqueles que gastam suas vidas servindo ao Senhor. Esse dia chegará! E quando chegar esse dia, ele dirá para nos recostarmos confortavelmente, vestirá os aventais de servo e nos servirá manjares de consolo e de paz.


Aqueles que gastarem suas vidas servindo às pessoas em nome de Deus não terminarão decepcionados. Um dia colherão os doces frutos do seu trabalho e se alegrarão, e bendirão ao Senhor que os sustentou fiéis até o fim.

Eu lhes afirmo que ele (o Senhor) se vestirá para servi-los, fará que se reclinem à mesa, e os servirá.

Que Ele nos ajude em nossa caminhada.