30 julho 2006

A Luta e as Batalhas - A Espada do Espírito

INTRODUÇÃO
(13) Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. (14) Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. (15) Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; (16) embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. (17) Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; (Efésios 6:13-17 – RA).
A ARMADURA
O cinturão da verdade é a sustentação da armadura. Jesus é verdade. O compromisso com Ele e com a sua Palavra é o que sustenta a armadura. Esse compromisso com a Verdade não é apenas uma espécie de assentimento, de concordância intelectual. Cingir-se da verdade é viver a vida tendo a verdade como norteadora de suas atitudes. A Verdade precisa invadir seus negócios, seus estudos, sua família, suas amizades, seu casamento e onde mais você estiver. Esse é o ponto de partida das batalhas.
A couraça da justiça é forma de proteger seu relacionamento com Deus. Para vesti-la, eu preciso antes retirar a minha couraça de pano podre feita na base na tentativa de troca de favores com Deus. Couraça de pano podre não protege, mas a couraça da justiça de Deus sim! Quando pela fé eu compreendo o quão distante estou de Deus, reconheço minha incapacidade de controlar a vida e decido confiar em Jesus para me conduzir de volta para perto do Pai. Ele me declara justo. Precisamos tirar de cima dos ombros nossa justiça própria para que a Graça do Senhor nos guarde. Ai, justificados por Deus, poderemos enfrentar a batalha.
As sandálias do evangelho da paz. As sandálias do soldado romano eram de couro. Na armadura de Deus as sandálias são de paz. O evangelho da paz são as boas notícias de que Deus, através de Jesus, reconciliou o mundo consigo mesmo. Assim podemos ter paz com Ele e paz com nossos irmãos e companheiros de batalha. Não podemos sair para a batalha descalços, olhando para o chão. Precisamos calçar as sandálias do evangelho da paz. Primeiro, paz com Deus. Depois, paz com a criação de Deus. Aí, de cabeça erguida, poderemos enfrentar o combate.
Nenhum soldado romano iria para a guerra sem seu escudo. Nenhum cristão deve encarar a luta espiritual sem o seu escudo da fé. Usar o escudo da fé não é ser crédulo. A fé bíblica não é irracional, mas está apoiada no caráter e nas promessas de Deus; Não é ser autoconfiante. A autoconfiança não suporta as altas temperaturas da batalha. Também não se parece com auto-suficiência, (reinado do EU). Precisamos usar o escudo da fé e cultivar a confiança prática, no caráter do Deus criador do universo. Ele nos proteger contra as flechas incendiárias que o inimigo lança sobre nós sempre que uma dificuldade aparece.
O capacete da salvação é feito da esperança que há em Cristo Jesus. Seu principal componente é a convicção na suficiência da cruz para nos levar de volta ao Pai. Quando olho para cruz, minha mente fica protegida das ciladas astutas do inimigo. Quando olho para a cruz, sou protegido do egoísmo; quando olho pra cruz, a avareza não faz sentido. Quando a cruz de Cristo se faz lembrança constante, a arrogância perde o valor. Protegidos pelo capacete da Salvação, podemos ir para as batalhas com a certeza de que resistiremos aos ataques do inimigo no dia mau, venceremos tudo e permaneceremos inabaláveis.
A Espada do Espírito
Chegamos a ultima peça da armadura. Hoje completamos a armadura, que Deus nos deu para enfrentarmos a luta espiritual, na qual todos estamos envolvidos: A espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.
Quando o apóstolo Paulo escreveu sua carta aos cristãos da cidade de Éfeso e falou sobre a armadura de Deus, ele tinha em mente os mais modernos equipamentos de guerra que um soldado poderia ter. Por isso, não poderia faltar a melhor espada que existe, a Palavra de Deus.
A armadura de Deus não foi dada para atacar o inimigo, mas para nos defendermos dele. Paulo afirma que a armadura é para que possamos resistir no dia mau. Cada peça é usada para defesa. A espada do espírito também deve ser usada como arma de defesa contra as estratégias de destruição engendradas por principados e potestades.
Infelizmente, muitas pessoas não usam a espada do Espírito de acordo com a estratégia de Deus, mas por conta própria; usam não para se proteger, mas para atacar inimigos pessoais. Com a espada do Espírito pessoas são controladas, dominadas e humilhadas, culturas inteiras são aniquiladas, acusações mútuas são feitas e igrejas são despedaçadas. Por incrível que pareça, a espada do Espírito tem sido usada em brigas e disputas internas para ferir companheiros de batalha. Quem usa a palavra com esse propósito, se esqueceu quem é o verdadeiro inimigo que está enfrentando.
A Espada é do Espírito
O soldado romano se destacava pela sua habilidade em combate. Não era pra menos, apenas para poder ser admitido no exército ele passava quatro meses em um implacável treinamento onde, entre outras coisas, ele aprendia a proteger-se com o escudo e a manusear sua espada. Eles treinavam com escudos que pesavam o dobro do escudo de batalha e com pesadas espadas de madeira que faziam com que as armas de guerra parecessem muito leves. Depois de treinado, o soldado recebia sua espada.
Mas o legionário romano não recebia a espada de presente. Na verdade, do seu soldo ele pagava pela roupa que vestia, pela barraca em que morava e pelas as armas. Percênio, líder de um motim contra o imperador Tibério no ano 14 d.C, reclamava que além disso o soldado ainda tinha que pagar suborno aos superiores para se livrar de encargos muito pesados.
(A) Na armadura de Deus, a espada não é propriedade do soldado; ela pertence ao Espírito de Deus e é usada como Ele quer. O profeta Isaías escreve o seguinte:
assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei. (Isaías 55:11 ARA)
Esse entendimento é muito importante. Quando você se deparar com a Palavra de Deus, não tente torcê-la, ajustá-la ao seu gosto ou usá-la para o seu interesse. A espada do Espírito será sua proteção na luta espiritual, se você permitir que ela cumpra os propósitos de Deus em sua vida. Deixe que ela fale ao seu coração.
(B) Não há como comprar a compreensão e a eficácia da Espada do Espírito. A palavra nos foi entregue graciosamente pela inspiração do Espírito Santo de Deus e o próprio Jesus afirmou que é o Espírito quem nos ensina e nos faz lembrar a palavra em meio à batalha.
Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito. (João 14:26 ARA)
Não há barganhas, não há trocas, não há favores. Compreenda isso, meu irmão: não há vida cristã sem a intervenção do Espírito de Deus em seu dia-a-dia através da Palavra. Você recebeu a espada do Espírito para sua proteção e essa proteção se torna real quando o Espírito de Deus tem liberdade para lhe ensinar a Palavra e quando você está atento para ouvir a Sua voz no meio da batalha.
Protegidos contra o que?
Não é demais lembramos novamente o epicentro da batalha espiritual em que estamos envolvidos.
Principados e potestades têm trabalhado arduamente por milênios para que o Senhor não receba a glória e o reconhecimento que lhe são devidos. Por isso, a atuação dessa forças espirituais rebeldes é voltada para desacreditar e enxovalhar o caráter de Deus diante da sua criação.
Foi assim no Éden. A serpente plantou no coração do primeiro casal a dúvida a respeito da bondade de Deus e do interesse Dele pelo bem estar da sua criação. Com um breve argumento, Lúcifer replicou no coração deles as mesmas inquietações que lhe consumiram e os induziu a tomar a mesma decisão: voltar as costas para Deus.
A ação da serpente foi rápida e certeira. Seu objetivo era claro: não permitir que o primeiro casal pudesse conhecer suas próprias limitações, nem tampouco dar tempo para que eles conhecessem o caráter de Deus.
Principados e potestades sabem que quando o ser humano conhece o caráter do Deus eterno (seu poder, sua bondade, seu amor, sua justiça e sua misericórdia), e quando nossos pecados e limitações são revelados diante de nós, a atitude é mesma para todos: prostrar-se diante do Senhor com temor e o coração cheio de gratidão.
(A) Na armadura de Deus, a espada do Espírito nos protege em meio a luta espiritual porque ela testifica a respeito de Deus. É pelas escrituras que conhecemos o caráter de Deus. Quando lemos as histórias de homens e mulheres comuns e a maneira como eles viveram suas caminhadas de fé em direção ao coração de Deus, podemos aprender sobre quem é o Deus a quem adoramos.
As histórias de Abraão, Isac, Jacó, José, Moisés, Josué, Davi, Ester, Jeremias, Isaías, Rute, Noé, Oséias, Raabe, Daniel, João Batista, Pedro, Paulo, Lídia, Onésimo, Lucas e tantos outros não são apenas belas histórias, elas forma registradas para que nós possamos compreender melhor quem é o Deus a quem adoramos.
Jesus apresenta isso em forma de um conselho firme e sábio:
Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim; (João 5:39 ARA)
O conhecimento crescente de Deus nos torna mais íntimos Dele e isso faz nascer em nós a confiança que nos leva a amá-lo e nos deixa protegidos contra os falsos argumentos do inimigo.
(B) Na armadura de Deus, a espada dos protege em meio a luta espiritual, porque ela revela quem realmente somos. Essa é outra área em que todos enfrentamos grandes lutas.
A negação de quem somos nos coloca em uma armadilha terrível, por que o ponto de partida para as transformações que Deus quer operar em nós é a nossa realidade. Deus quer nos transformar à imagem do seu filho Jesus Cristo, mas esse processo começa com a admissão dos nossos pecados e limitações.
O Salmista diz:
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho eterno. (Salmos 139:22-24 ARA)
Mas é o escritor de Hebreus que esclarece como isso acontece:
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. (Hebreus 4:12 ARA)
A espada do Espírito e o instrumento que Deus usa para livrar da nossa ignorância sobre nós mesmos. É interessante que o escritor da carta aos Hebreu fez questão de ressaltar que a Palavra de Deus se parece com uma espada de dois gumes.
O gume é a parte cortante da espada. A maioria das facas e facões usados em casa têm apenas um gume. Mas a Palavra de Deus é tão poderosa para discernir a alma humana, tão simples e clara em sua apresentação de quem somos, que a sua eficácia é comparada a uma espada de dois gumes.
Hoje se fala muito saúde emocional. É não é por menos! Vivemos dias em que multidões estão presos em si mesmos. Escravos do medo, angústia, da ira, da falta de perdão, do orgulho, da ansiedade, das preocupações com o futuro e de tantos outras cadeias.
Milhões estão acorrentados à busca da perfeição pelo esforço próprio, da aceitação pelos méritos pessoais e de um modo de ver a vida que parece uma conta bancária como débitos e créditos de acordo com a boa ação de cada um.
Só a espada do Espírito pode libertar. Porque ela revela de forma confrontadora quem eu sou, mas me apresenta a graça de Deus, que me acolhe como eu estou. Assim, a espada do Espírito me protege de mim mesmo e me guarda debaixo do amor e da graça de Deus.
Como usar?
A bíblia não nos deixa sem instrução sobre como usar a espada do Espírito. O exemplo mais completo talvez seja com o próprio Jesus, quando foi tentado no deserto.
1Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo. 2 E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. 3 Chegando, então, o tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães. 4 Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. 5 Então o Diabo o levou ã cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo, 6 e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. 7 Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. 8 Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; 9 e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares. 10 Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. 11 Então o Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram.
(A) Mergulhado na Palavra. Perceba que a luta travada por Jesus não teve efeitos pirotécnicos nem foi transformada em um espetáculo circense para toda a cidade. Jesus estava só e fragilizado no deserto. O bom soldado está sempre atento, mas quando estamos sós e nos sentido fracos, envolvidos em nossos pensamentos, a atenção precisa ser redobrada e a espada do Espírito precisa estar desembanhada.
Jesus foi tentado quando à sua confiança no suprimento de Deus. Foi provocado sobre sua confiança quanto ao amor e ao reconhecimento do pai e por fim foi tentado a assumir o controle da própria vida e virar as costas ao pai em troca de poder.
A cada tentativa do inimigo de abalar a confiança de Jesus em Deus, ele respondia sacando a espada do Espírito, a Palavra de Deus. O Senhor Jesus tinha sua mente mergulhada na palavra de Deus. Por isso, ele pode identificar cada tentação e responder à altura do argumento de satanás.
Para usarmos com eficácia a espada do Espírito nossa mente precisa está cheia da Palavra. Nossa maneira de ver o mundo precisa está influenciada pela Palavra ao ponto de nos tornarmos aptos para discernir as ciladas do inimigo.
(B) Confiante na Palavra. O Senhor não respondeu aos argumentos de satanás com argumentos humanos. A frase era a mesma: está escrito. Os argumentos podem ser lógicos e agradáveis aos ouvidos, podem até parecer sensatos, mas... está escrito outra coisa.
Jesus não fugiu ao debate, pelo contrário, ele foi conduzido pelo Espírito para esse momento. Mas, os argumentos sagazes do inimigos viravam cinza frente ao simples está escrito de Jesus. Mas isso revela o quanto Jesus amava e se submetia à Palavra de Deus.
A espada do Espírito precisa ser usada com submissão e obediência a Deus. Está escrito, disse Jesus. Quando a qualidade da própria espada é questionada, quando sua eficácia passa a ser motivo de dúvida, ela deixa de ser útil para a luta espiritual.
CONCLUSÃO
Escrevendo a Timóteo, o apóstolo Paulo ensina que todos devemos manejar bem a espada do Espírito.
Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2 timóteo 2:15 ARA)
Jesus conhecia o poder da Palavra de Deus. Ele o havia experimentado em sua própria vida. Por isso, ao orar pelos seus discípulos, Ele pediu ao Pai:
Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade. (João 17:17 ARA)
Se a espada do espírito for abandonada, você vai sofrer duros golpes durante a batalha; Por isso não largue a sua espada por nada. Ela é a sua proteção.
Se a espada do espírito estiver enferrujada e cheia de poeira em cima da estante da sala, você vai se decepcionar quanto tentar usá-la e perceber que na verdade não sabe como fazer; Por isso não perca tempo, pegue a espada, tire a poeira, limpe a ferrugem e comece a praticar.
Nenhum soldado pode contar a espada do outro no calor da batalha. A palavra precisa ser aplicada por você e para a sua vida. É bom conhecer a experiência dos outros, mas nas substitui nossa própria experiência na luta espiritual.
Concluindo a Série
Durante oito semanas estivemos junto aprendendo sobre a Luta espiritual e as batalhas do dia-a-dia. Vimos a bondade de Deus ao nos presentear com uma armadura capaz de nos protegem dos ataques do inimigo.
Vimos o quanto cada peça da armadura é imprescindível para a enfrentarmos as batalhas e que não adianta nada se elas estiverem guardadas no armário.
Vimos que a armadura é um presente de Deus a todos os que um dia aceitaram a Jesus como seu Senhor e Salvador. Uma armadura invisível para uma luta invisível, mas uma armadura real para uma luta real.
Hoje vamos concluir com um momento de oração. Quem quiser colocar sua vida diante de Deus após esse tempo de estudo e reflexão sobre a Luta e as batalhas do dia-a-dia, poderá fazê-lo agora.
(13) Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. (14) Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. (15) Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; (16) embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. (17) Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; (Efésios 6:13-17 – RA).

A Luta e as Batalhas - A Espada do Espírito

INTRODUÇÃO
(13) Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. (14) Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. (15) Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; (16) embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. (17) Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; (Efésios 6:13-17 – RA).
A ARMADURA
O cinturão da verdade é a sustentação da armadura. Jesus é verdade. O compromisso com Ele e com a sua Palavra é o que sustenta a armadura. Esse compromisso com a Verdade não é apenas uma espécie de assentimento, de concordância intelectual. Cingir-se da verdade é viver a vida tendo a verdade como norteadora de suas atitudes. A Verdade precisa invadir seus negócios, seus estudos, sua família, suas amizades, seu casamento e onde mais você estiver. Esse é o ponto de partida das batalhas.
A couraça da justiça é forma de proteger seu relacionamento com Deus. Para vesti-la, eu preciso antes retirar a minha couraça de pano podre feita na base na tentativa de troca de favores com Deus. Couraça de pano podre não protege, mas a couraça da justiça de Deus sim! Quando pela fé eu compreendo o quão distante estou de Deus, reconheço minha incapacidade de controlar a vida e decido confiar em Jesus para me conduzir de volta para perto do Pai. Ele me declara justo. Precisamos tirar de cima dos ombros nossa justiça própria para que a Graça do Senhor nos guarde. Ai, justificados por Deus, poderemos enfrentar a batalha.
As sandálias do evangelho da paz. As sandálias do soldado romano eram de couro. Na armadura de Deus as sandálias são de paz. O evangelho da paz são as boas notícias de que Deus, através de Jesus, reconciliou o mundo consigo mesmo. Assim podemos ter paz com Ele e paz com nossos irmãos e companheiros de batalha. Não podemos sair para a batalha descalços, olhando para o chão. Precisamos calçar as sandálias do evangelho da paz. Primeiro, paz com Deus. Depois, paz com a criação de Deus. Aí, de cabeça erguida, poderemos enfrentar o combate.
Nenhum soldado romano iria para a guerra sem seu escudo. Nenhum cristão deve encarar a luta espiritual sem o seu escudo da fé. Usar o escudo da fé não é ser crédulo. A fé bíblica não é irracional, mas está apoiada no caráter e nas promessas de Deus; Não é ser autoconfiante. A autoconfiança não suporta as altas temperaturas da batalha. Também não se parece com auto-suficiência, (reinado do EU). Precisamos usar o escudo da fé e cultivar a confiança prática, no caráter do Deus criador do universo. Ele nos proteger contra as flechas incendiárias que o inimigo lança sobre nós sempre que uma dificuldade aparece.
O capacete da salvação é feito da esperança que há em Cristo Jesus. Seu principal componente é a convicção na suficiência da cruz para nos levar de volta ao Pai. Quando olho para cruz, minha mente fica protegida das ciladas astutas do inimigo. Quando olho para a cruz, sou protegido do egoísmo; quando olho pra cruz, a avareza não faz sentido. Quando a cruz de Cristo se faz lembrança constante, a arrogância perde o valor. Protegidos pelo capacete da Salvação, podemos ir para as batalhas com a certeza de que resistiremos aos ataques do inimigo no dia mau, venceremos tudo e permaneceremos inabaláveis.
A Espada do Espírito
Chegamos a ultima peça da armadura. Hoje completamos a armadura, que Deus nos deu para enfrentarmos a luta espiritual, na qual todos estamos envolvidos: A espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.
Quando o apóstolo Paulo escreveu sua carta aos cristãos da cidade de Éfeso e falou sobre a armadura de Deus, ele tinha em mente os mais modernos equipamentos de guerra que um soldado poderia ter. Por isso, não poderia faltar a melhor espada que existe, a Palavra de Deus.
A armadura de Deus não foi dada para atacar o inimigo, mas para nos defendermos dele. Paulo afirma que a armadura é para que possamos resistir no dia mau. Cada peça é usada para defesa. A espada do espírito também deve ser usada como arma de defesa contra as estratégias de destruição engendradas por principados e potestades.
Infelizmente, muitas pessoas não usam a espada do Espírito de acordo com a estratégia de Deus, mas por conta própria; usam não para se proteger, mas para atacar inimigos pessoais. Com a espada do Espírito pessoas são controladas, dominadas e humilhadas, culturas inteiras são aniquiladas, acusações mútuas são feitas e igrejas são despedaçadas. Por incrível que pareça, a espada do Espírito tem sido usada em brigas e disputas internas para ferir companheiros de batalha. Quem usa a palavra com esse propósito, se esqueceu quem é o verdadeiro inimigo que está enfrentando.
A Espada é do Espírito
O soldado romano se destacava pela sua habilidade em combate. Não era pra menos, apenas para poder ser admitido no exército ele passava quatro meses em um implacável treinamento onde, entre outras coisas, ele aprendia a proteger-se com o escudo e a manusear sua espada. Eles treinavam com escudos que pesavam o dobro do escudo de batalha e com pesadas espadas de madeira que faziam com que as armas de guerra parecessem muito leves. Depois de treinado, o soldado recebia sua espada.
Mas o legionário romano não recebia a espada de presente. Na verdade, do seu soldo ele pagava pela roupa que vestia, pela barraca em que morava e pelas as armas. Percênio, líder de um motim contra o imperador Tibério no ano 14 d.C, reclamava que além disso o soldado ainda tinha que pagar suborno aos superiores para se livrar de encargos muito pesados.
(A) Na armadura de Deus, a espada não é propriedade do soldado; ela pertence ao Espírito de Deus e é usada como Ele quer. O profeta Isaías escreve o seguinte:
assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei. (Isaías 55:11 ARA)
Esse entendimento é muito importante. Quando você se deparar com a Palavra de Deus, não tente torcê-la, ajustá-la ao seu gosto ou usá-la para o seu interesse. A espada do Espírito será sua proteção na luta espiritual, se você permitir que ela cumpra os propósitos de Deus em sua vida. Deixe que ela fale ao seu coração.
(B) Não há como comprar a compreensão e a eficácia da Espada do Espírito. A palavra nos foi entregue graciosamente pela inspiração do Espírito Santo de Deus e o próprio Jesus afirmou que é o Espírito quem nos ensina e nos faz lembrar a palavra em meio à batalha.
Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito. (João 14:26 ARA)
Não há barganhas, não há trocas, não há favores. Compreenda isso, meu irmão: não há vida cristã sem a intervenção do Espírito de Deus em seu dia-a-dia através da Palavra. Você recebeu a espada do Espírito para sua proteção e essa proteção se torna real quando o Espírito de Deus tem liberdade para lhe ensinar a Palavra e quando você está atento para ouvir a Sua voz no meio da batalha.
Protegidos contra o que?
Não é demais lembramos novamente o epicentro da batalha espiritual em que estamos envolvidos.
Principados e potestades têm trabalhado arduamente por milênios para que o Senhor não receba a glória e o reconhecimento que lhe são devidos. Por isso, a atuação dessa forças espirituais rebeldes é voltada para desacreditar e enxovalhar o caráter de Deus diante da sua criação.
Foi assim no Éden. A serpente plantou no coração do primeiro casal a dúvida a respeito da bondade de Deus e do interesse Dele pelo bem estar da sua criação. Com um breve argumento, Lúcifer replicou no coração deles as mesmas inquietações que lhe consumiram e os induziu a tomar a mesma decisão: voltar as costas para Deus.
A ação da serpente foi rápida e certeira. Seu objetivo era claro: não permitir que o primeiro casal pudesse conhecer suas próprias limitações, nem tampouco dar tempo para que eles conhecessem o caráter de Deus.
Principados e potestades sabem que quando o ser humano conhece o caráter do Deus eterno (seu poder, sua bondade, seu amor, sua justiça e sua misericórdia), e quando nossos pecados e limitações são revelados diante de nós, a atitude é mesma para todos: prostrar-se diante do Senhor com temor e o coração cheio de gratidão.
(A) Na armadura de Deus, a espada do Espírito nos protege em meio a luta espiritual porque ela testifica a respeito de Deus. É pelas escrituras que conhecemos o caráter de Deus. Quando lemos as histórias de homens e mulheres comuns e a maneira como eles viveram suas caminhadas de fé em direção ao coração de Deus, podemos aprender sobre quem é o Deus a quem adoramos.
As histórias de Abraão, Isac, Jacó, José, Moisés, Josué, Davi, Ester, Jeremias, Isaías, Rute, Noé, Oséias, Raabe, Daniel, João Batista, Pedro, Paulo, Lídia, Onésimo, Lucas e tantos outros não são apenas belas histórias, elas forma registradas para que nós possamos compreender melhor quem é o Deus a quem adoramos.
Jesus apresenta isso em forma de um conselho firme e sábio:
Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim; (João 5:39 ARA)
O conhecimento crescente de Deus nos torna mais íntimos Dele e isso faz nascer em nós a confiança que nos leva a amá-lo e nos deixa protegidos contra os falsos argumentos do inimigo.
(B) Na armadura de Deus, a espada dos protege em meio a luta espiritual, porque ela revela quem realmente somos. Essa é outra área em que todos enfrentamos grandes lutas.
A negação de quem somos nos coloca em uma armadilha terrível, por que o ponto de partida para as transformações que Deus quer operar em nós é a nossa realidade. Deus quer nos transformar à imagem do seu filho Jesus Cristo, mas esse processo começa com a admissão dos nossos pecados e limitações.
O Salmista diz:
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho eterno. (Salmos 139:22-24 ARA)
Mas é o escritor de Hebreus que esclarece como isso acontece:
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. (Hebreus 4:12 ARA)
A espada do Espírito e o instrumento que Deus usa para livrar da nossa ignorância sobre nós mesmos. É interessante que o escritor da carta aos Hebreu fez questão de ressaltar que a Palavra de Deus se parece com uma espada de dois gumes.
O gume é a parte cortante da espada. A maioria das facas e facões usados em casa têm apenas um gume. Mas a Palavra de Deus é tão poderosa para discernir a alma humana, tão simples e clara em sua apresentação de quem somos, que a sua eficácia é comparada a uma espada de dois gumes.
Hoje se fala muito saúde emocional. É não é por menos! Vivemos dias em que multidões estão presos em si mesmos. Escravos do medo, angústia, da ira, da falta de perdão, do orgulho, da ansiedade, das preocupações com o futuro e de tantos outras cadeias.
Milhões estão acorrentados à busca da perfeição pelo esforço próprio, da aceitação pelos méritos pessoais e de um modo de ver a vida que parece uma conta bancária como débitos e créditos de acordo com a boa ação de cada um.
Só a espada do Espírito pode libertar. Porque ela revela de forma confrontadora quem eu sou, mas me apresenta a graça de Deus, que me acolhe como eu estou. Assim, a espada do Espírito me protege de mim mesmo e me guarda debaixo do amor e da graça de Deus.
Como usar?
A bíblia não nos deixa sem instrução sobre como usar a espada do Espírito. O exemplo mais completo talvez seja com o próprio Jesus, quando foi tentado no deserto.
1Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo. 2 E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. 3 Chegando, então, o tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães. 4 Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. 5 Então o Diabo o levou ã cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo, 6 e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. 7 Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. 8 Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; 9 e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares. 10 Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. 11 Então o Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram.
(A) Mergulhado na Palavra. Perceba que a luta travada por Jesus não teve efeitos pirotécnicos nem foi transformada em um espetáculo circense para toda a cidade. Jesus estava só e fragilizado no deserto. O bom soldado está sempre atento, mas quando estamos sós e nos sentido fracos, envolvidos em nossos pensamentos, a atenção precisa ser redobrada e a espada do Espírito precisa estar desembanhada.
Jesus foi tentado quando à sua confiança no suprimento de Deus. Foi provocado sobre sua confiança quanto ao amor e ao reconhecimento do pai e por fim foi tentado a assumir o controle da própria vida e virar as costas ao pai em troca de poder.
A cada tentativa do inimigo de abalar a confiança de Jesus em Deus, ele respondia sacando a espada do Espírito, a Palavra de Deus. O Senhor Jesus tinha sua mente mergulhada na palavra de Deus. Por isso, ele pode identificar cada tentação e responder à altura do argumento de satanás.
Para usarmos com eficácia a espada do Espírito nossa mente precisa está cheia da Palavra. Nossa maneira de ver o mundo precisa está influenciada pela Palavra ao ponto de nos tornarmos aptos para discernir as ciladas do inimigo.
(B) Confiante na Palavra. O Senhor não respondeu aos argumentos de satanás com argumentos humanos. A frase era a mesma: está escrito. Os argumentos podem ser lógicos e agradáveis aos ouvidos, podem até parecer sensatos, mas... está escrito outra coisa.
Jesus não fugiu ao debate, pelo contrário, ele foi conduzido pelo Espírito para esse momento. Mas, os argumentos sagazes do inimigos viravam cinza frente ao simples está escrito de Jesus. Mas isso revela o quanto Jesus amava e se submetia à Palavra de Deus.
A espada do Espírito precisa ser usada com submissão e obediência a Deus. Está escrito, disse Jesus. Quando a qualidade da própria espada é questionada, quando sua eficácia passa a ser motivo de dúvida, ela deixa de ser útil para a luta espiritual.
CONCLUSÃO
Escrevendo a Timóteo, o apóstolo Paulo ensina que todos devemos manejar bem a espada do Espírito.
Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2 timóteo 2:15 ARA)
Jesus conhecia o poder da Palavra de Deus. Ele o havia experimentado em sua própria vida. Por isso, ao orar pelos seus discípulos, Ele pediu ao Pai:
Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade. (João 17:17 ARA)
Se a espada do espírito for abandonada, você vai sofrer duros golpes durante a batalha; Por isso não largue a sua espada por nada. Ela é a sua proteção.
Se a espada do espírito estiver enferrujada e cheia de poeira em cima da estante da sala, você vai se decepcionar quanto tentar usá-la e perceber que na verdade não sabe como fazer; Por isso não perca tempo, pegue a espada, tire a poeira, limpe a ferrugem e comece a praticar.
Nenhum soldado pode contar a espada do outro no calor da batalha. A palavra precisa ser aplicada por você e para a sua vida. É bom conhecer a experiência dos outros, mas nas substitui nossa própria experiência na luta espiritual.
Concluindo a Série
Durante oito semanas estivemos junto aprendendo sobre a Luta espiritual e as batalhas do dia-a-dia. Vimos a bondade de Deus ao nos presentear com uma armadura capaz de nos protegem dos ataques do inimigo.
Vimos o quanto cada peça da armadura é imprescindível para a enfrentarmos as batalhas e que não adianta nada se elas estiverem guardadas no armário.
Vimos que a armadura é um presente de Deus a todos os que um dia aceitaram a Jesus como seu Senhor e Salvador. Uma armadura invisível para uma luta invisível, mas uma armadura real para uma luta real.
Hoje vamos concluir com um momento de oração. Quem quiser colocar sua vida diante de Deus após esse tempo de estudo e reflexão sobre a Luta e as batalhas do dia-a-dia, poderá fazê-lo agora.
(13) Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. (14) Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. (15) Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; (16) embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. (17) Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; (Efésios 6:13-17 – RA).

26 julho 2006

Theodore Austin-Sparks (1910-1971)

Theodore Austin-Sparks converteu-se aos dezessete anos, ao ouvir uma pregação de rua em Glasgow, na Escócia. Dessa forma, iniciou-se uma vida de pregação do Evangelho que durou sessenta e cinco anos. Sparks nasceu em 1910, numa cidade escocesa. Sua mãe conhecia o Senhor e O amava, pois era uma mulher de oração. Theodore cresceu num lar em que sempre havia reuniões de oração, no qual se cria que a Palavra de Deus é a autoridade máxima em todas as questões e no qual se esperava a volta do Senhor Jesus. Sua mãe teve grande influência em sua vida.

Naqueles dias, um dos maiores pregadores na Inglaterra, Dr. G. Campbell Morgan, desejando ajudar a um grupo de jovens no estudo da Palavra, passou a se reunir com eles todas as sextas-feiras, dando-lhes vários estudos bíblicos. Por 52 semanas, Campbell Morgan se reuniu com esses jovens e, dentre os mais brilhantes, estava T. Austin-Sparks. Por esse motivo, ele passou a ser sempre requisitado como preletor em várias Conferências.

Certa vez, ao ministrar numa igreja batista, ele viu uma tremenda mudança vindo sobre toda a congregação. Um após o outro, dentre os conhecidos ali como cristãos, foram sendo salvos. A secretária da igreja, os diáconos, todos foram encontrando o Senhor. Mas, apesar de T. Austin-Sparks ser um conferencista nacionalmente conhecido e requisitado, e apesar de ser um jovem com tanto futuro, ele mesmo sentia uma terrível pobreza em sua vida. Ele sentia que estava proclamando coisas que, na realidade, não eram experiências suas. Ele não tinha dúvidas de que era nascido de novo, mas sentia que estava pregando coisas que ele mesmo não experimentava. Por natureza, Sparks era alguém que se entregava completamente ao que cria, nunca se contentando com uma posição intermediária. Por isso, começou a se sentir um fracasso, pois o que lia na Bíblia não era, para ele, uma experiência própria.



Certo dia, então, ele disse à sua esposa: "Eu vou para meu estúdio; não quero que ninguém me interrompa. Não importa o que aconteça, eu não sairei daquele quarto até que tenha decidido qual caminho vou tomar". Ele sentia imensamente a necessidade de que o Senhor o encontrasse de forma nova, ou cria que não poderia mais continuar seu ministério. Havia chegado ao final de si mesmo.



Fechado naquele quarto, ele passou a maior parte do dia quieto diante do Senhor, e então, começou a ler a carta aos romanos. Nada aconteceu. Ele a conhecia muito bem, pois a havia ensinado tantas vezes e dava esboços dessa porção das Escrituras. Nada de novo ela lhe apresentava, até que ele chegou ao capítulo 6. Ele mesmo disse: "Foi como se o céu tivesse se aberto, e luz brilhou em meu coração." Pela primeira vez ele compreendeu que havia sido crucificado com Cristo e que o Espírito Santo estava nele e sobre ele para reproduzir a natureza de Cristo. Isso revolucionou completamente a vida de Sparks. Quando saiu daquele quarto, ele era um homem transformado. A partir daquele momento, ele começou realmente a pregar a Cristo, começou a magnificar o Senhor Jesus.



Logo começou a ensinar o que chamava de "o caminho da cruz", dando grande ênfase à necessidade da operação interior da cruz na vida do crente. Ele mesmo havia passado por uma crise e aceito o veredito da cruz sobre sua velha natureza, percebendo que essa crise fora a introdução para um desfrutar completamente novo da vida de Cristo, tão grandioso que ele só conseguia descrevê-lo como "um céu aberto".



Sparks recebeu também grande ajuda espiritual da Sra. Jessie Penn-Lewis, a quem o Senhor dera um claro entendimento sobre a necessidade da operação interior da cruz na vida do crente. Ela viu em T. Austin-Sparks o herdeiro de toda a obra que o Senhor lhe havia dado. Sparks se tornou um pregador e mestre muito querido e popular no meio do chamado "Movimento Vencedor".Mas a experiência que Sparks tinha, em vez de lhe abrir as portas para todos os púlpitos, fechou a maioria delas. Os líderes o temiam, pois achavam que algo estranho, perigoso e errado havia lhe acontecido. E assim começaram a opor-se a ele.



Houve um momento em que ele ficou na rua, sem casa para morar com a esposa e filhos, mas o Senhor logo lhe providenciou uma moradia, na rua Honor Oak. Uma senhora que servia ao Senhor como missionária na Índia e havia sido grandemente ajudada através do ministério de Sparks, ouviu dizer de uma grande escola na rua Honor Oak que estava à venda. Então, comprou toda a propriedade e a deu à igreja. Ali veio a ser um local de comunhão cristã e a sede de conferências Honor Oak. Esse foi o lugar onde conferências eram realizadas três ou quatro vezes ao ano, para as quais vinham pessoas de toda a parte.



Em 1937, Watchman Nee se encontrou pela primeira vez com Sparks. Nee havia lido alguns escritos seus e fora grandemente ajudado. Logo após, porém, começou a 2ª Guerra Mundial, e aquelas conferências cessaram, pois o mundo todo estava em turbulência. Todavia, ao terminar a guerra houve um período maravilhoso na história daquela obra e ministério. De 1946 até 1950 houve conferências cheias da presença do Senhor.



Por várias razões, muitos outros sofrimentos vieram à sua vida, mas ele cria que, se por um lado, a cruz envolve sofrimento, por outro, ela é também o segredo da graça abundante. Por ela, o crente é levado a um mais amplo desfrutar da vida de ressurreição e também a uma verdadeira integração na comunhão da Igreja, que é o Corpo de Cristo.



A enorme oposição que Sparks enfrentava era inacreditável. Livros e panfletos eram escritos contra ele, pregadores falavam contra ele, davam-lhe a fama de ser um falso mestre, cheio de ardis. Esse isolamento total a que o colocavam era, de muitas formas, a prova mais dura que ele suportava. Ano após ano, ele ia a Keswick onde, atrás da plataforma, estava escrito: "Todos somos um em Cristo". Mas sempre que ia ao encontro daqueles com quem já havia trabalhado e estendia-lhes a mão, eles não o cumprimentavam, não lhe dirigiam nem uma só palavra e lhe viravam as costas. Isso era para ele muito mais difícil de suportar do que todos os outros problemas.



No final da vida, Sparks estava só; havia muito poucas pessoas com ele. Campbell Morgan, Jessie Penn-Lewis, F. B. Meyer e A. B. Simpson tiveram grande influência na vida de T. Austin-Sparks. Ele costumava dizer que de todos os pregadores americanos que ele conhecera quando jovem, A. B. Simpson era o mais espiritual e o que falava com mais poder.



Sparks sempre utilizava algumas frases que, na época, praticamente não eram ouvidas em outro lugar. Uma delas era que "a Igreja é o corpo de Cristo", outra era que "precisamos ter uma vida de Corpo, que os membros de Cristo são membros uns dos outros". Eram frases muito mencionadas por ele, mas algo totalmente novo e desconhecido no mundo cristão da época. Certa vez ele disse: "Podemos tomar a Igreja, que é o Corpo do nosso Senhor Jesus unida ao Cabeça que está à mão direita de Deus, e reduzi-la a algo terreno, fazer dela uma organização humana". Todas essas frases eram consideradas muito estranhas. No mundo cristão falava-se sobre conversão, estudo bíblico, oração, testemunho, missões, vida vitoriosa. Mas nada se ouvia sobre a Igreja, sobre o Corpo de Cristo, sobre sermos membros uns dos outros. Ele era uma voz profética solitária. Foi isolado, rejeitado, caluniado.



Uma das ênfases de seu ministério era "a universalidade e a centralidade da cruz". Essa era uma das ênfases do seu ministério. Outra ênfase era a preeminência do Senhor Jesus. Para ele, o Senhor Jesus era o início e o fim de tudo, o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último. Ele via que tudo está em Cristo: toda a nova criação, o novo homem, tudo. Outra ênfase era "a casa espiritual de Deus". Ele via a Igreja como a casa espiritual de Deus, como a noiva de Cristo, como o Corpo do Senhor Jesus. Seu entendimento sobre a Igreja era muito claro. Ele dizia: "Isso é o coração da história, o coração da redenção". Por isso, costumava dizer: "Há algo maior do que a salvação". Por essa razão, as pessoas se iravam contra ele e diziam que falar desse modo não estava correto, não era bíblico. Mas Sparks sempre respondia: "A salvação não é o fim, mas é o meio para o fim. O fim que o Senhor tem é Sua habitação, é Sua casa espiritual, Sua habitação no Espírito, e a salvação é o meio para nos colocar nessa casa espiritual de Deus."



T. Austin-Sparks foi um grande homem, e os grandes homens têm também grandes falhas. Ele possuía fraquezas, mas a impressão que ficava em quem o conhecia não era dessas fraquezas, mas o fato de que ele sempre magnificava o Senhor Jesus, não apenas por palavras, mas pela sua vida. Sua própria presença trazia algo do Senhor Jesus. Sempre que ele chegava ou falava, recebia-se a perfeita convicção de quão grandioso o Senhor Jesus é. Isso foi algo que o Senhor fez nele de tal forma que sua presença e seu ministério glorificavam o Senhor.



Em abril de 1971, o irmão Sparks partiu para estar com seu amado Senhor, para esperar até o momento em que a esperança da reunião da noiva de Cristo se tornará gloriosa realidade.

(Adaptado da biografia publicada no livro O Testemunho do Senhor e a Necessidade do Mundo. © Editora dos Clássicos, 2000.)

23 julho 2006

A Luta e as batalhas - O capacete da Salvação


INTRODUÇÃO

(13) Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. (14) Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. (15) Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; (16) embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. (17) Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; (Efésios 6:13-17 – RA).

Na Luta espiritual em que estamos envolvidos, o grande objetivo dos nossos opositores é abalar nossa confiança em Deus. Eles tentam de todas as formas atacar o caráter de Deus e do seu filho Jesus Cristo para que nós não vejamos a bondade, integridade e perfeição do Deus trino.

Por isso, o Senhor nos deu uma armadura, um conjunto de armas indispensáveis para resistirmos ao ataques do inimigo. O apóstolo Paulo fala explicitamente “... para que possais resistir no dia mau...”. As armas que Deus nos dá para usarmos na luta espiritual são armas de defesa... São armas para permanecermos firmes, inabaláveis, mesmo em meio aos ataques.

A febre de amarrar demônios e brigar com o Diabo não têm sua origem na Bíblia. A Bíblia diz que a vitória não é pelas nossas forças. O Senhor Jesus já venceu principados e potestades na Cruz do Calvário. A vitória já aconteceu por causa da morte de Jesus. Mas até que o momento final venha, O Senhor, por causa do seu amor, nos deu uma armadura para resistirmos aos ataques de um exército poderoso, mas derrotado.

16 julho 2006

A Luta e as batalhas - O Escudo da Fé

INTRODUÇÃO

A cada domingo temos chamado a atenção para a existência de uma luta na qual todos estamos envolvidos. O grande objetivo dos nossos opositores nessa luta é abalar a confiança que temos em Deus. Eles tentam, de todas as formas, denegrir o caráter de Deus para que nós não vejamos Sua bondade, integridade e perfeição.

A palavra que o apóstolo Paulo usa para descrever esse combate “Luta” também era usada para falar das lutas livres. Parece que Paulo estava tentado explicar para os seus leitores que ele não estava falando de um luta intelectual, travada em torno de conceitos.

Definitivamente não estava falando de uma luta teológica ou mesmo de uma disputa filosófica. Ao usar a mesma palavra que se usava para as lutas livres romanas, Paulo fala de um combate corpo a corpo. O inimigo está sempre perto, sempre rondando, pronto para atacar.

Os irmãos de Éfeso imediatamente compreenderam que nessa luta eles não poderiam dar as costas ao inimigo, nem subestimar suas artimanhas. Entenderam que os ataques que temos que enfrentar são rápidos e bem planejados para nos atingir em nossos pontos mais fracos.

Por causa do tipo da luta e da força do inimigo, o Senhor nos deu uma armadura, um conjunto de armas indispensáveis para resistirmos nessa luta ao ataques do inimigo. O Senhor não nos tira das batalhas. Ele nos fortalece com a sua presença, e nos dá os meios para resistirmos ao lado dele. Abra sua bíblia na carta de Paulo aos efésios:

(13) Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. (14) Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. (15) Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; (16) embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. (17) Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; (Efésios 6:13-17 – RA).
A ARMADURA

O cinturão da verdade é a sustentação da armadura. Jesus é verdade. O compromisso com Ele e com a sua Palavra é o que sustenta a armadura. Esse compromisso com a Verdade não é apenas uma espécie de assentimento, de concordância intelectual. Cingir-se da verdade é viver a vida tendo a verdade como norteadora de suas atitudes. A Verdade precisa invadir seus negócios, seus estudos, sua família, suas amizades, seu casamento e onde mais você estiver.

A couraça da justiça é a proteção daquilo que é mais importante: sua vida com Deus. A couraça romana cobria o peito e as costas para proteger o coração e o pulmão. A couraça da justiça protege o seu relacionamento com Deus. Para vestir a couraça da justiça, eu preciso antes retirar a minha couraça de pano podre.

Quando eu tento lidar com Deus na base da troca de favores, achando que através do meu esforço próprio posso convencê-lo de que sou uma boa pessoa, estou fazendo uma couraça com pedaços de pano podre. Mas a couraça que protege é feita da justiça de Deus, não da minha justiça própria.

Ele me declara justo quando pela fé eu compreendo o quão distante estou de Deus, reconheço minha incapacidade de controlar a vida e decido confiar em Jesus para me conduzir de volta para perto do Pai.



As sandálias do evangelho da paz. Nenhum soldado poderia ir para a batalha com os pés descalços. Por isso a terceira peça da armadura são as sandálias. Elas eram leves e resistentes. Protegiam os pés e permitiam ao soldado a mobilidade necessária para o combate. As sandálias do soldado romano eram de couro. Na armadura de Deus as sandálias são de paz.

O evangelho da paz são as boas notícias de que Deus, através de Jesus, reconciliou o mundo consigo mesmo. Seria impossível para qualquer soldado lutar com bravura contra o inimigo se a briga dentro dele fosse contra o seu próprio comandante. Por isso Deus promoveu a paz através de Cristo. Da mesma maneira, através de Cristo, temos paz com nossos irmãos e companheiros de batalha.

Não podemos sair para a batalha descalços, olhando para o chão. Precisamos calçar as sandálias do evangelho da paz. Paz com Deus, paz com os irmãos, paz com a criação de Deus, tudo através de Cristo. Aí, de cabeça erguida, podemos partir para o combate.

O Escudo da fé

Os escudos sempre foram peças indispensáveis em uma guerra. São armas de defesa e servem para proteger contra os ataques do inimigo. Os soldados romanos usavam dois tipos de escudo. Havia um escudo pequeno, circular que era usado pelos arqueiros e um outro maior que protegia todo o corpo do soldado. Provavelmente Paulo estava falando desse escudo longo atrás do qual o soldado podia se esconder das flechas e lanças atiradas pelo inimigo.

Nem sempre o significado que a Bíblia confere à palavra fé é o mesmo que usamos no dia a dia. A palavra fé anda tão desgastada que a primeira coisa que precisamos descobrir é sobre qual tipo de fé estamos falando.


09 julho 2006

A Luta e as batalhas - Sandálias do Evangelho da Paz

INTRODUÇÃO
(13) Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. (14) Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. (15) Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; (16) embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. (17) Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; ( Efésios 6:13-17 – RA).
A Luta

Há uma palavra indispensável para a compreensão desse trecho da palavra de Deus: portanto. Qual a importância dela? Ela nos deixa ver que o uso da armadura de Deus tem um motivo.

Não se usa um cinturão para correr na beira mar. Também não se usa colete a prova e balas para mergulhar no mar. A armadura é usada porque estamos em uma luta.

A nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. (Efésios 6:12 RA)
Na luta em que estamos envolvidos, nossos inimigos não são de carne e o osso. O apóstolo Paulo relaciona inimigos pouco conhecidos da grande maioria das pessoas (principados, potestades, dominadores e forças espirituais). São inimigos poderosíssimos que atuam em uma dimensão espiritual e trabalham arduamente para nos afastar de um relacionamento pleno de confiança em Deus.

Nossa luta não é contra o vizinho que incomoda com o som alto no sábado pela manhã. Lutamos contra as forças espirituais que promovem a falta de respeito uns pelos outros e promovem o egoísmo como um estilo de vida... O vizinho deve ser alvo do nosso amor e oração. Mas tenha cuidado! Veja se não é você o vizinho chato.

Nossa luta não é contra o político desonesto que desvia o dinheiro das ambulâncias em benefício próprio e dos amigos. Lutamos contra as potestades que apresentam a desonestidade como uma forma legítima para se tocar a vida... A desonestidade na política deve ser punida pela lei, mas principalmente pela urna. Já o político, a Bíblia no orientar a orar por todos eles para que tenhamos vida tranqüila.

Nossa luta não é contra o assaltante que mata para roubar. Lutamos contra as forças espirituais da maldade que construíram uma escala de valores torcida na qual a vida humana não vale nada... O crime deve ser punido conforme a lei, mas a ninguém deve ser negado o direito de ouvir, compreender e viver os valores de Deus em sua vida.

Nossa luta não é contra os viciados em cocaína, maconha, comida, crack, tabaco, álcool, sexo, anfetaminas, tranqüilizantes, cola ou seja lá o que for. Lutamos contra as forças espirituais que apresentam a droga como uma porta de saída para as angústias e ansiedades da vida... Os dependentes de todos os tipos precisam ouvir as palavras de Jesus: Não estais ansiosos por coisa algum... antes sejam ouvidos os vossos pedidos diante de Deus.

A nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. (Efésios 6:12 RA)
A ARMADURA

Temos estudado nas últimas semanas que essa luta é permanente e acontece em uma dimensão espiritual. Foi por causa dessa luta (que se revela visível nas batalhas que vivemos a cada dia) que o Senhor nos deu uma armadura; não para ser guardada no armário de casa, mas para ser usada. Não resolve invocar o poder da armadura, é preciso usá-la.

O Cinturão da Verdade

Vimos que o cinturão da verdade é a base da armadura. É ele que sustenta todo o resto. Jesus disse ser ele mesmo a verdade. Também disse que a palavra de Deus é a verdade. Estar cingido pela verdade é se deixar envolver pelo caráter de Cristo revelado na Bíblia.

Se a Verdade não for a base de sustentação da vida, você entrará na batalha desajeitado e de armadura frouxa. Apenas o compromisso com Jesus e sua Palavra é capaz de lhe dar segurança e firmeza para enfrentar a vida.

Vimos também que esse compromisso com a Verdade não pode ser apenas conceitual. Quem se cinge da verdade, quem se deixa envolver por Jesus e sua Palavra, deve viver uma vida de verdade, em oposição ao pai da mentira.

A Couraça da Justiça

A segunda peça da armadura de Deus para enfrentarmos a luta espiritual é a couraça da justiça. A couraça era uma espécie de colete à prova e balas e servia para proteger os órgãos vitais (coração, pulmão) e abdominais (fígado e estômago). As couraças romanas eram feitas de couro, algumas de metal. A couraça de Deus é feita de justiça. Mas qual justiça?

Vimos que a justiça com a qual o Senhor confeccionou a couraça não pode ser nossa justiça própria. O nosso esforço para agradar a Deus fazendo as coisas da maneira certa é comparado pelo profeta Isaías a um pano podre.

A armadura é de Deus. Por isso o colete à prova de balas, que serve para estabelecer e preservar nosso relacionamento com Ele, foi costurado com Justiça de Deus.

(7) Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. (8) Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo (9) e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; (Filipenses 3:7 – 9 RA).
Essa é a maneira de vestir a couraça. Quando reconhecemos que não somos capazes de produzir uma justiça própria com nossos esforços e aceitamos a justiça que procede de Deus pela fé em Jesus, a nossa couraça de pano podre é trocada pela couraça da justiça de Deus.

Deus, o justo juiz declara justos todos aqueles que reconhecem a Jesus como Senhor e Salvador. Essa decisão de fé faz com que a justiça de Cristo, seja aplicada a sua vida. Assim, você que era incapaz de atender aos padrões de Deus é justificado aos olhos do Pai.

Vimos que a justificação pela fé em Jesus não pode ser motivo para uma vida relaxada e sem compromisso. Pelo contrário, agora que Deus nos considera justos, somos chamados e viver de maneira compatível essa posição. Por isso, Paulo escreveu aos crentes de Éfeso:
(1) Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, (2) com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, (Efésios 4:1,2 – RA)

As Sandálias do evangelho da paz
Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz;
A sandália usada pelo soldado romano não era sofistica, mas era suficiente para proteger os pés e permitir que ele se movimentasse de forma segura durante a batalha. Feita de couro, a sandália era tinha o solado cravejado com pregos e era amarrada às pernas por tiras também de couro.

Os pés apóiam e equilibram o corpo sobre o solo. Eles são peças fundamentais para nossa locomoção. Um sistema de alavancas que serve de suporte, impulsiona ao caminhar e amortece dos impactos que o corpo recebe do solo.

Caminhar é tão natural para maioria das pessoas que nem sequer pensamos sobre isso. Mas na verdade é uma ação muito complexa. Envolve 650 músculos do corpo todo e cerca de 80% dos ossos que compõem o esqueleto humano. E é sobre o pé que recai a responsabilidade de fazer com que todos estes movimentos sejam harmoniosos.

Ao recomendar que os pés sejam calçados, o apóstolo Paulo reconhece que todos nós precisamos de proteção e apoio para viver a vida de forma harmoniosa.

Quando os pés estão desprotegidos, parece que a caminhada fica desajeitada. A gente sai pulando aqui e ali correndo o risco de escorregar ou se machucar seriamente. Imagine o que seria de um soldado que vai para o campo de batalha descalço...

Para enfrentar a luta espiritual na qual todos estamos participando, além de cingir-se com cinturão da verdade e vestir a couraça da justiça, você precisa calçar os pés no evangelho da paz.

Calçar os pés no evangelho da paz é viver apoiado pela boa notícia da paz, é viver protegido pela paz do evangelho.

Infelizmente, nos jornais e na TV, o que se ouve e se vê é uma guerra após a outra, um assassinato após o outro, um estupro após o outro, uma rebelião após a outra, um seqüestro após o outro, uma nação destruindo a outra, um povo ameaçando outro. Que paz é essa, então, na qual devemos calçar os pés?

Certa vez, o apóstolo Pedro recebeu uma lição de Deus. Em um sonho, Deus mostrou ao judeu Pedro que no reino de Deus não há acepção de pessoas. Conduzido a um homem chamado Cornélio, que não era judeu, Pedro apresentou o evangelho da paz que está disponível para qualquer pessoa, inclusive para você.

(34) Então Pedro começou a falar: Agora percebo verdadeiramente que Deus não trata as pessoas com parcialidade, (35) mas de todas as nações aceita todo aquele que o teme e faz o que é justo. (36) Vocês conhecem a mensagem enviada por Deus ao povo de Israel, que fala do evangelho de paz por meio de Jesus Cristo, Senhor de todos. (37) Sabem o que aconteceu em toda a Judéia, começando na Galiléia, depois do batismo que João pregou, (38) como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele. (39) Nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém. A este mataram, suspendendo-o num madeiro. (40) Deus, porém, o ressuscitou no terceiro dia e fez que ele fosse visto, (41) não por todo o povo, mas por testemunhas que designara de antemão, por nós que comemos e bebemos com ele depois que ressuscitou dos mortos. (42) Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que este é aquele a quem Deus constituiu juiz de vivos e de mortos. (43) Todos os profetas dão testemunho dele, de que todo aquele que nele crê recebe o perdão dos pecados mediante o seu nome". (Atos 10:34-43 NVI)

Paz com Deus

O evangelho da paz é a boa notícia de que através de Jesus podemos ter paz com Deus.

Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; (Romanos 5:1 RA )
Veja a ligação entre as peças da armadura. Quando você veste a couraça da justiça, isto é, quando você é justificado por Deus mediante a sua fé em Jesus, seus pés são calçados com paz.

O estado de guerra em que nos encontramos na sociedade nada mais é do que os desdobramentos da nossa guerra com Deus. Através de Jesus, o Senhor nos oferece a oportunidade de termos paz com Ele.

Esse é o ponto de partida: paz com Deus. Se estivermos calçados com essa paz, podemos enfrentar a Luta e vencer as batalhas. Aí nossos movimentos, nossas palavras e nossas vidas serão harmoniosas e seguras, mesmo em meio às batalhas. Quando a palavra diz “calce os pés no evangelho da paz”, ela está dizendo: aproprie-se da paz que há em Jesus.

Não há razão para que você continue brigando com Deus. Através de Cristo Jesus, você pode receber de Deus essa paz, que vem da certeza de que o Senhor nos ama incondicionalmente.

O evangelho da paz é a boa notícia de que Deus nos reconciliou com Ele por meio de Cristo.

(18) Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, (19) a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. (II Coríntios 5:18 RA)
Deus tomou a iniciativa de promover a paz. Ele propôs reconciliação por meio de Cristo. A conta que você deveria pagar por sua vida de rebeldia contra Deus foi debitada em Jesus. Ele pagou o preço. Por isso podemos ter paz com Deus.
Paz com os outros

O evangelho da paz é boa notícia Deus nos reconciliou uns com os outros por meio de Cristo. Quando a paz com Deus é restabelecida, estamos prontos para ter paz uns com os outros.

O apóstolo Paulo ilustra essa verdade quando fala da inimizade que havia entre judeus e não-judeus. Ele diz que, na cruz Deus fez a paz entre os dois povos.

Porque o próprio Cristo é o nosso meio de obter a paz. Ele fez a paz entre nós, os judeus, e vocês, os gentios, fazendo de todo nós uma só família, derrubando a muralha de desprezo que nos separava. Pela sua morte ele acabou com o ressentimento rancoroso que havia entre nós, provocado pelas leis judaicas que favoreciam os judeus e excluíam os gentios, pois Ele morreu para anular todo aquele sistema de leis judaicas. Depois, ele tomou os dois grupos que se opunham um ao outro e os fez parte dele mesmo; assim, Ele nos combinou, para tornar-nos uma nova criatura, e finalmente houve paz. Como membros do mesmo corpo, desapareceu o rancor que tínhamos um contra o outro, pois ambos fomos reconciliados com Deus. E assim, finalmente, a rixa se acabou na cruz. E Ele trouxe essa boa nova da paz, a vocês, os gentios que estavam tão longe dele, e a nós, os judeus, que estávamos perto. Agora todos nós, quer sejamos judeus quer gentios, por causa daquilo que Cristo fez por nós podemos ir a Deus o Pai com a mesma ajuda do Espírito Santo. (Efésios 2:14-18 BV)
Paulo falou da paz entre gentios e judeus. Mas Ele quer estabelecer a paz também entre pais e filhos e entre marido e mulher; Ele quer juntar em um só povo não só gentios e judeus, mas também negros, brancos e mestiços, homens e mulheres, brasileiros e europeus, ricos e pobres, letrados e não letrados, patrões e empregados.

Mas Ele também deseja fazer a paz entre você e sua mãe, entre você e seus colegas de trabalho, entre seu pai e seu irmão, entre seu professor e a esposa dele; entre você e o seu empregado;

Calçar os pés no evangelho da paz é permitir que a paz com Deus, recebida pela fé através de Cristo, não fique retida em você mas tome conta de todos os seus relacionamentos. Quem está reconciliado com Deus precisa reconciliar-se com as pessoas. As duas coisas precisam estar juntas.

CONCLUSÃO

Não há sossego quando o coração não tem paz. Pode ser que o inimigo de Deus até hoje tenha escondido de você as sandálias do evangelho da paz. Pode ser que você esteja sofrendo no meio das batalhas porque está andando descalço; e com os pés desprotegidos está de cabeça baixa olhando para o chão procurando um lugar para pisar.

De cabeça baixa, você não vai notar a presença de Cristo ao seu lado no campo de batalha. Em nome de Jesus, calce a sandália do evangelho da paz e erga a cabeça. Perceba como Cristo, o autor e consumador da fé, tem estado presente em sua vida provendo suas necessidades!

De cabeça baixa, você não tem com enfrentar os poderosos inimigos que querem destruir sua vida. Em nome de Jesus, calce a sandália do evangelho da paz e erga a cabeça. Aproprie-se da reconciliação com Deus que há em cristo Jesus!

De cabeça baixa, você não vai enxergar as pessoas que estão ao seu lado. Você vai deixar de ajudar aqueles que precisam de você e vai perder a ajudar daqueles que o Senhor enviará ao seu socorro. Em nome de Jesus, calce as sandálias do evangelho da paz e erga a cabeça. Permita que a paz com Deus tome conta de seus relacionamentos!