PIB de Mangabeira - João Pessoa/PB 26/08/2018
Salvos
pela Graça! Mas não foi de graça!
Instigante o tema escolhido para este mês dedicado aos Jovens.
Logo que li lembrei-me de um pastor e teólogo alemão, Dietrich Bonhoeffer, que
levantou sua voz contra a postura da igreja na Alemanha que estava passivamente
calada ante as atrocidades cometidas por Hitler.
Dietrich falou sobre a diluição da Graça. Afirmou que a igreja de
sua época, em vez de apresentar ao mundo a Preciosa Graça de Jesus, havia
aderido a uma Graça Barata. Em seu livro, Discipulado, ele falou sobre como a salvação
pela graça não pode ser desvinculada do discipulado cristão, sob pena de
produzir um evangelho enfraquecido.
Hoje à noite quero guia-los pelo antigo caminho do Evangelho de
Jesus e apresentar alguns aspectos da preciosa Graça de Deus e seu papel na
maravilhosa salvação operada por Ele.
Vocês estavam mortos em suas
transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente
ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está
atuando nos que vivem na desobediência. Anteriormente, todos nós também
vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus
desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira.
Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou,
deu-nos vida com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela
graça vocês são salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez
assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão
de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para
conosco em Cristo Jesus. Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e
isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se
glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos
boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos. Ef. 2.1-10
(NVI)
Graça é presente que se
recebe
Entre nós batistas é claro o entendimento de que a salvação é um
presente gracioso de Deus. E ninguém paga por um presente, certo? Caso
contrário deixaria de ser presente. Da mesma forma, a salvação é recebida sem
contrapartidas, não custa nada para aquele que é salvo.
Ser gracioso é agir em benefício de alguém que nada fez para ser
beneficiado. Se gracioso é ser a favor de alguém que é claramente contrário a
você. Ser gracioso é recompensar alguém que não tem recompensas a receber. Portanto,
quando as Escrituras nos dizem que fomos salvos pela Graça de Deus, ela está
afirmando que fomos alcançados pelo favor imerecido de Deus.
De fato, a salvação começa em Deus, é uma iniciativa unilateral
dele, cuja única motivação é o amor que ele tem por sua criação. Até mesmo a fé
que brota em nossas almas é uma obra de Deus em nós, como afirma Paulo.
Primeiro a má notícia
Sabemos que o evangelho é a boa notícia da salvação, mas essa não
é a primeira. Pular a primeira notícia dificulta nossa compreensão sobre como
Deus age neste mundo. Mas qual é a primeira notícia? Vejamos o que dizem as
Escrituras:
Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados,
nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o
príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na
desobediência. Ef. 2.1-3
A primeira notícia é que a humanidade vive em estado de desconexão
de Deus. Essa desconexão é o resultado de nossa própria rebeldia contra Deus,
da tola ilusão de que é possível construir uma boa vida por conta própria, fazendo
nossas próprias regras. É o que Bíblia chama de pecado.
O mundo pode parecer bem vivo quando andamos pela cidade ou
assistimos à TV, mas à parte de Deus nosso destino é a morte. É parecido com uma
torneia que ainda jorra a água do cano, mas que em pouco tempo vai secar porque
a caixa d’água que a alimenta foi desconectada.
A morte é o destino anunciado para quem vive sem receber a vida
que vem de Deus. Veja o que as Escrituras falam sobre os que vivem
desconectados de Deus, bebendo as últimas gotas do cano.
Não há ninguém vivendo como deve, nem um
sequer;
ninguém entende, ninguém presta atenção em
Deus.
Todos eles erraram o caminho;
todos estão vagueando sem rumo.
Ninguém está vivendo da maneira correta,
e não creio que há quem o consiga.
A garganta deles é um túmulo aberto,
e a língua, escorregadia para enganar.
Cada palavra que pronunciam está impregnada de
veneno.
Eles abrem a boca e empesteiam o ar.
São eternos concorrentes ao prêmio de “pecador
do ano”
e emporcalham a terra com sofrimento e ruína.
Não fazem a menor ideia do que seja viver em
comunidade.
Eles passam por Deus e o ignoram.
Vejam bem, meu amigo, enquanto você não admitir que tem tentado sem
sucesso viver a vida por contra própria, fazendo suas próprias regras... e enquanto
não reconhecer a situação de morte em que você se encontra, Salvação pela Graça será apenas mais uma
frase dita pelo pregador.
Agora a boa notícia
Como lidar com alguém que desconfia de você, não deseja sua
companhia, despreza seus conselhos e por fim lhe vira as costas e vai viver a
vida do seu próprio jeito? Porque essa tem sido a forma como a humanidade tem
tratado o seu criador!
É provável que assim como eu você tenha dificuldade para
permanecer próximo de alguém que lhe virou as costas e dificilmente vai se
esforçar para fazer algo de bom para seus desafetos.
A boa notícia, que as Escrituras chamam de Evangelho, é que Deus é
diferente. Ele não levou em conta o fato de você o ter rejeitado. Desde o
primeiro momento Ele já tinha mente um plano para nos trazer de volta.
Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos
vida com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça
vocês são salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar
nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir,
a incomparável riqueza de sua graça,
demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Ef. 2.4-7
Ainda que Deus tivesse todos as razões para nos deixar ir pelo
caminho da morte, Ele não nos abandonou. Que maravilhosa descrição feita pelo
apóstolo Paulo sobre o nosso Deus! Acompanhe comigo os detalhes:
Rico em Misericórdia – Em vez de deixar a humanidade morrer por causa da decisão que
tomou de rejeitar a fonte da vida, Ele encontrou uma forma de nos poupar das
consequências da nossa rebeldia.
Rico em Graça – A graça de Deus é visível na forma bondosa com que Ele nos
tratou. A nós que viramos as costas para Ele, Deus providenciou um meio eficaz
de reconciliação, enviando Jesus Cristo para pagar o preço pelo nosso pecado.
Grande em Amor – O seu amor é anunciado por toda a Escritura! Foi esse amor que
fez com Ele nos criasse a sua imagem e semelhança. Foi esse grande amor que planejou
nos fazer novamente vivos. Por amor Ele continua nos convidando a confiar que
seremos ressuscitados para a vida eterna e estaremos com Cristo em tudo que
está planejado para a eternidade.
Salvos pela Graça
Pois vocês são salvos pela graça, por
meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que
ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para
fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos. Ef.
2.8-9
O que fizemos para sermos alcançados pela misericórdia de Deus? O
que Ele viu para agir bondosamente com você. O que fizemos para que ele nos
amasse assim de forma tão extravagante? Nada! Então, o que nos cabe nisso tudo?
Confiar no amor de Deus para conosco, demonstrado pelo fato de Cristo haver
morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
Essa disposição de Deus em nos salvar, quando nossa rebeldia nos fez
virar as costas para ele, chama-se graça. Ela opera por meio da fé, da
confiança. A graça de Deus é um lembrete de que ninguém pode contar vantagem
diante dele, porque foi ele quem decidiu salvar e providenciou os meios para a
salvação.
Quando alguém tenta ser fazer merecedor do favor de Deus está
desprezando a graça de Deus. Sempre que alguém faz algo para tentar convencer a
Deus de que é uma boa pessoa... e que já sofreu muito nesse mundo... e que por
isso merece ser recompensado... está demonstrando que não compreendeu seu
estado de morte nem o amor gracioso de Deus.
Mas não foi de graça
Há um outro aspecto importante sobre a salvação pela graça pela
graça com o qual pretendo finalizar a reflexão de hoje: em nossa cultura as
pessoas avaliam o valor das coisas pelo preço: se é caro então é bom, se é
barato então é ruim e se estão dando de graça, então certamente não serve para
nada.
Não que isso seja sempre verdade, mas algumas pessoas se confundem
quando ouvem que somos salvos pela graça. Elas imediatamente pensam: é de
graça! E algumas até desprezam a salvação, sem se darem conta de que foram
enganadas pelo sentido das palavras. Foi pela graça, sim. Mas não foi de graça.
Teve um preço. E um alto preço.
É como os presentes: embora não custem nada para quem os recebe,
eles certamente custam algo para quem os dá. Da mesma forma, a salvação que
nada nos custou, custou um alto preço para aquele que nos salvou. (1 Pe.
1.18-21)
A vida de vocês é uma jornada que deve
ser empreendida com uma profunda consciência de Deus. Custou muito caro para
Deus tirá-los daquela vida sem rumo e vazia em que vocês foram criados. Ele
pagou com o sangue sagrado de Cristo, vocês sabem disso. Ele morreu como um
cordeiro, sem culpa. E não foi algo impensado. Ainda que só agora, no fim dos
tempos, o plano tenha vindo a público, Deus sempre soube o que ia fazer por
vocês. É por causa do Messias sacrificado, a quem Deus depois glorificou e
ressuscitou, que vocês confiam em Deus e sabem que têm um futuro nele. (1 Pe
1.18-21 AM)
Foi pela graça, mas não foi de graça. Custou caro, meus irmãos! O
resgate por nossas vidas custou o sangue sagrado de Cristo. Assim como o
cordeiro que foi providenciado por Deus para substituir Isaac, Jesus foi
enviado pelo Pai para que nós fôssemos poupados da condenação eterna.
Foi pela graça, mas não foi de graça, meus irmãos! Custou a vida
do Filho de Deus! Isso não foi um plano de última hora. Desde a eternidade
estava tudo preparado para que no tempo certo o Pai enviasse o Filho, no poder
do Espírito Santo, como prova do amor do Deus Trino pela humanidade.
Foi pela Graça, mas não foi de graça. Pregado em uma cruz como se
fosse um bandido, antes de morrer, Jesus bradou: “Deus meu, Deus meu, porque me
desamparaste? Aquele que não tinha
pecado recebeu sobre si o peso dos pecados do mundo e sofreu a dor da separação
do Pai. Não foi de graça!
Foi pela Graça de Deus que você foi salvo, mas não foi de graça! Se
hoje você pode buscar a presença de Deus em oração e chamá-lo de Pai, saiba que
isso custou o sangue Cristo derramado na cruz! Foi de lá, da cruz no Calvário,
que ele bradou: está consumado. Então o véu do templo rasgou-se de cima a baixo
e um novo e vivo caminho se estabeleceu ao coração do Pai.
Foi pela graça, mas não foi de graça. Aquele que pagou o preço da
nossa salvação agora está junto ao Pai intercedendo por nós. Ele conhece as
nossas lutas, ele sabe das nossas fraquezas, ele nos ama e está pronto a nos
conceder misericórdia e graça, como afirma o escritor de Hebreus:
Portanto, visto que temos um grande
sumo sacerdote que adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, (...)
aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos
misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade. Hb
4.14-16 NVI
Concluo pedindo, como o apóstolo Paulo, ao Deus de toda graça, que nos
restaure, confirme e nos ponha sobre os firmes alicerces do seu Evangelho.
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