Durante os três dias que vamos passar juntos aqui, o Senhor vai nos ensinar sobre o Caminho da Cruz. Um caminho esquecidos dos crentes do século XXI. O evangelho dos nossos dias tornou-se em imitação barata do evangelho de Jesus.
As igrejas têm sido invadidas por uma fé estranha à Bíblia. É uma fé de crendices e superstições, que escraviza as pessoas com mandingas, mantras, pactos, promessas e relíquias chamadas de sagradas como uma lasca da cruz de Cristo, um garrafa com água do Jordão ou uma porção de óleo bento do monte das oliveiras.
As igrejas têm sido invadidas por uma fé estranha à Bíblia. É a uma fé positivista que decreta e declara. Tudo vai acontecer como se deseja, pois Deus está sob controle, não no controle. Basta uma oração, basta exigir a promessa, basta cumprir as novenas, basta entregar os dízimos. Ele não tem qualquer alternativa. É fé na fé... a fé pela fé... a fé que se alimenta de si mesma.
As igrejas têm sido invadidas por uma fé estranha à Bíblia. É a fé do “Céu Agora”. Essa fé cansou de esperar pelas promessas do Céu, cansou-se de aguardar as moradas na casa do Pai e resolveu comprar um céu para si aqui mesmo na Terra. A riqueza, o sucesso financeiro e o acúmulo de bens são os deuses dessa fé. É a fé dos que cansaram de ser comparados aos pardais e aos lírios do campo e encheram seus corações de orgulho e amor ao dinheiro.
As igrejas têm sido invadidas por uma fé estranha à Bíblia. É a fé dos psicólogos e suas intermináveis análises. Auto-ajuda, auto-análise, regressões induzidas, pecados desconhecidos, curas interiores, traumas espirituais, grupos de terapia. É a fé da alma, mas não é a fé do espírito. É a fé que arranha a superfície, remexe as feridas, mas vira as costas ao sangue de Cristo derramado na cruz do calvário.
A verdade é que milhares de cristão evangélicos parecem perdidos, não sabem para onde ir. Ouviram promessas mirabolantes que não se cumpriram, compraram e pagaram por coisas que não estavam à venda, creram em um falso deus, mais parecido com o gênio da lâmpada e agora não sabem o que fazer.
Alguns que começaram a trilhar o caminho da Cruz, agora perderam a trilha. Não sabem mais para onde. Caminham em círculos em volta de si mesmos. Onde está o caminho da cruz? Eles não sabem mais e suas almas se angustiam.
Outros nunca conheceram o caminho da Cruz. Nasceram no meio dessa fé estranha. Sentem um vazio em si mesmos, não estão plenamente preenchidos, porque lhes falta trilhar o único caminho que é capaz de gerar vida: o caminho da cruz.
Aqui vai um alerta: o evangelho de Jesus é o mesmo desde há dois mil anos atrás. Não há qualquer novidade nele desde então, a não ser seu tremendo poder de transformação capaz de gerar em nós o caráter de Cristo. Não há qualquer novidade, a não ser o fato de que apenas o evangelho de Jesus é capaz de dar sentido e significado para a vida. Não há qualquer novidade, a não ser a maravilhosa notícia de que o evangelho de Jesus pode invadir a vida, invadir o dia-a-dia e apresentar a vontade de Deus para o ser humano desorientado e perdido em si mesmo.
Hoje pela manhã, uma pergunta para aguçar o pensamento e nos ajudar a compreender o caminho da cruz: qual o centro da sua vida? Em torno do que ela gira? O que realmente importa para você? O que (ou quem) é capaz de influenciar suas decisões? Qual o apoio da sua vida, aquele lhe dá segurança e satisfação.
Pode parecer uma pergunta simples, mas respondê-la é o ponto de partida para o caminho da cruz, porque esse caminho começa onde você está.
Era uma segunda-feira ensolarada daquelas de céu azul. Pela manhã, Alice foi a uma loja de pássaros e comprou um papagaio. O vendedor disse que o bicho falava pelos cotovelos. Ela, que sempre sonhara com um papagaio, levou o louro para casa. Mas o papagaio ficou o dia inteiro calado.
No dia seguinte, Alice voltou à loja de pássaros e compartilhou sua frustração com o vendedor. O diagnóstico foi rápido: ele precisa de uma escada. Alice levou a escada vermelha, pôs na gaiola e... Nada. Nenhuma palavra o dia inteiro.
Na manhã do dia seguinte, Alice estava novamente na loja de pássaros. O vendedor sugeriu um balanço, podia ser que assim ele se animasse a falar. Alice escolheu um balanço feito de cipó tom sobre tom: era um pouco mais caro, mas valeria a pena. Terminou a manhã, a tarde e a noite chegou ao final e nada. O louro parecia abatido, meio triste.
No outro dia Alice voltou a falar com os atendentes da loja. A nova tentativa foi uma árvore de plástico. O vendedor disse que era uma imitação do habitat natural do bicho. Alice levou sem questionar, agora ia dar certo. Mas não deu. O louro continuava sua greve de palavras. Durante toda semana Alice trouxe um novo brinquedo para o papagaio.
Até que na manhã do domingo o bicho amanheceu morto. Alice correu para a loja com a gaiola na mão e os olhos cheios de lágrimas.
- Mas ele nunca chegou a dizer nenhuma palavra? Perguntou o dono da loja.
- Sim, disse Alice aos prantos e soluçando.
- Antes de morrer ele olhou para mim e perguntou: não tem comida pra vender naquela loja?
A vida é cheia de coisas belas, de momentos divertidos, de eventos importantes, de projetos que valem à pena e desafios nobres. Mas poucas coisas são essenciais, poucas coisas são necessárias. Ou mesmo uma só coisa, como Jesus disse à Marta.
(38) Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. (39) Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. (40) Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. (41) Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. (42) Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada. (Lucas 10:38-42)
Somos uma geração de Martas. Temos até o desejo de alegrar mas nos falta discernimento para escolher o que realmente é necessário. Somos uma geração inquieta que mesmo quando tenta agradar a Deus corre atrás de escadas, balanços e árvores de plástico. Estamos prestes a morrer de inquietação, preocupação e fome.
O que é mais importante em sua vida? Onde reside sua paixão? O que alimenta a sua mente? Porque a vida vale a pena pra você?
Há muitas pessoas que acham que a vida vale a pena por causa dos amigos que têm. Não nada melhor que sair com os amigos no final de semana, contar e ouvir as novidades, compartilhar os desafios, lamentar as derrotas e festejar as vitórias. Suas vidas giram em torno dos amigos.
Há outros para os quais a vida vale a pena por causa dos filhos. De acordo com a idade dos filhos os casais têm mais ou menos necessidade de ficar em função deles. Mas há aqueles que constroem suas rotinas exclusivamente em função dos filhos. Sejam pequenos ou grandes, ele são sempre “prioridade-zero”, tudo o mais vem depois deles. Chega-se a prejudicar as outras pessoas e os demais relacionamentos por causa dos filhos.
Há pessoas cuja vida gira em torno do trabalho. É o motor que os faz funcionar bem. Suas melhores energias, seu melhor tempo, sua mais profunda dedicação é entregue na busca de se tornar excelente no trabalho. Não importa quanto vão sofrer com isso ou mesmo que vai ser necessário abrir mão de valores éticos e morais. O sucesso no trabalho é o mais importante.
Por incrível que possa parecer, mesmo com tantas decepções e inúmeras tristezas com que temos sido presenteados em nosso país, algumas pessoas vivem em torno de sua filiação política. São militantes aguerridos, defendem a bandeira do partido. Muitas vezes fazem isso disfarçadamente em forma de reclamações sem fim, mas são capazes de gastar grande parte de seu tempo em embates e discussões sobre o cenário político.
Algumas pessoas vivem em função do próprio conforto. Tudo é usado para obter uma qualidade melhor de vida. Os bens, os recursos, ou mesmo as pessoas, são usadas com um propósito aparentemente nobre (a busca por uma vida mais confortável), mas que revela egoísmo de uma alma sedenta em busca de água.
O que há de errado em ter amigos, amar os filhos, crescer profissionalmente, ter uma convicção política ou desejar uma vida melhor?
Absolutamente nada! Não já nada de errado!
A questão é que essas e tantas outras coisas são como a escada, o balanço de cipó e a árvore de plástico do louro. Mais cedo ou mais tarde a pergunta ecoa em nossas almas: não tem comida nessa loja? Porque eu estou é morrendo de fome!
Não há nada de errado com os brinquedos, mas para aqueles que se dizem cristãos eles são apenas um complemento daquilo que é realmente necessário. São periféricos daquilo que é principal e indispensável.
Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas... Marta talvez não tenha gostado muito da exortação. Mas eram as palavras carinhosa do Senhor Jesus que ela já conhecia. Palavras de quem ela sabia que a amava.
Qual é a sua paixão? O que lhe arranca da cadeira e lhe impulsiona para a vida? Isso é o centro da sua vida. E se a sua vida estiver centrada em coisas periféricas, você está correndo o sério risco de morrer de fome, rodeado de brinquedos coloridos.
O caminho da cruz começa onde você está. Mas onde você está?
O caminho da cruz começa com o reconhecimento dos brinquedos.
O caminho da cruz começa com transparência diante de si mesmo.
O caminho da cruz é o único caminho onde há fartura de comida e ainda o prazer de brincar com os presentes de Deus.
Cântico: humilhados diante de ti, nós, teu povo.
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