02 novembro 2008

Que igreja seremos - Separados pela religiosidade



Introdução

Se queremos ser uma igreja que ama, se queremos ser pessoas que amam e não pessoas que rejeitam, precisamos reconhecer que há uma armadilha que está sempre bem perto de nós, pronta para se tornar uma grande muralha a nos separar um dos outros e assim nos impedir de amar. Essa armadilha é a religiosidade.

Se você observar os evangelhos, verá que Jesus era doce e sensível com os pobres, oprimidos, rejeitados, com os sem esperança, desacreditados e excluídos; mas quando os religiosos apareciam, as palavras do Mestre eram firmes e contundentes.

Os religiosos nunca foram afagados por Jesus porque a religiosidade é capaz de separar as pessoas e sufocar o amor. Hoje vamos escutar juntos uma das pregações mais contundentes que Jesus fez sobre os males da religiosidade. Capítulo 23 de Mateus.

26 outubro 2008

Que igreja seremos - Separados pelo consumismo

Separados pelo consumismo

Já vimos que o egoísmo é capaz de nos separar e impedir que sejamos uma igreja que ama. Mas há outras barreiras que nos separam uns dos outro. Uma delas é o consumismo.

O consumismo é recente na história da humanidade. O comportamento consumista tem sido observado e investigado, sobretudo depois da revolução industrial que mudou drasticamente o modo de produção e as relações de trabalho e expôs as famílias a modos de pensar que até então não eram comuns.

O diagnóstico

Por Gabriela Cabral no site www.brasilescola.com

Consumismo é o ato de comprar produtos e/ou serviços sem necessidade e consciência. É compulsivo, descontrolado e que se deixa influenciar pelo marketing das empresas que comercializam tais produtos e serviços. É também uma característica do capitalismo e da sociedade moderna rotulada como “a sociedade de consumo”.

Diferencia-se em grande escala do consumidor, pois este compra produtos e serviços necessários para sua vida enquanto o consumista compra muito além daquilo de que precisa.

O consumismo tem origens emocionais, sociais, financeiras e psicológicas onde juntas levam as pessoas a gastarem o que podem e o que não podem com a necessidade de suprir à indiferença social, a falta de recursos financeiros, a baixa auto-estima, a perturbação emocional e outros.

no site www.mundoeducacao.com.br

O consumismo é uma compulsão caracterizada pela busca incessante de objetos novos sem que haja necessidade dos mesmos. Após a industrialização, criou-se uma mentalidade de que quanto mais se consome mais se tem garantias de bem-estar, de prestígio e de valorização.

Uma pessoa pode ser considerada consumista quando dá preferência ao shopping a qualquer outro tipo de passeio, faz compras até que todo o limite de crédito que possui exceda, deixa de usar objetos comprados há pouco tempo, não consegue sair do shopping sem comprar algo, se sente mal quando alguém usa um objeto mais moderno que o seu, etc.


De que maneira o consumismo nos separa?

(25) Um dia um especialista nas leis de Moisés veio pôr à prova os ensinamentos de Jesus, fazendo-Lhe esta pergunta: "Mestre, que precisa um homem fazer para ir para o céu?” (26) Jesus respondeu: "Que diz a lei de Moisés a este respeito?” (27) Ele respondeu: "Diz que você deve amar ao Senhor seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua força, e de toda a sua mente. E deve amar ao seu semelhante como ama a você mesmo". (28) "Certo!” disse-lhes Jesus "Faça isto e você viverá!”

(29) Mas o homem queria justificar (sua falta de amor por alguns tipos de pessoas), e por isto perguntou: "Que semelhantes? " (30) Jesus respondeu com uma história: "Um certo judeu que fazia uma viagem de Jerusalém para Jericó foi atacado por bandidos. Estes tiraram suas roupas e seu dinheiro, bateram nele e o deixaram caído meio morto ao lado da estrada. (31) Por acaso, passou um sacerdote judaico; quando ele viu o homem caído ali. atravessou para o outro lado da estrada e passou de longe. (32) Certo judeu ajudante do templo fez a mesma coisa; também deixou o homem caído ali. (33) Porém veio um desprezado samaritano, e quando o viu, sentiu grande pena da vítima. (34) Ajoelhando-se ao lado dele, o samaritano passou-lhe remédio nas feridas e fez curativos. Depois colocou o homem em seu jumento e foi andando ao lado dele até chegarem a uma hospedaria, onde cuidou dele durante a noite.

(35) No dia seguinte entregou ao dono da hospedaria duas moedas e lhe pediu que cuidasse do homem. 'Se a conta dele for além disso', disse ele, 'eu pagarei a diferença na próxima vez que passar por aqui'. (36) Ora, qual destes três você diria que foi o semelhante da vítima dos bandidos?" (37) O homem respondeu: "Aquele que mostrou alguma compaixão". Então Jesus disse: "Sim, agora vá e faça o mesmo". (Lucas 10-25-37)


O comportamento consumista nos separa um dos outros por que somos consumidos por ele. Em outras palavras, o consumista é tão consumido pelo seu consumismo que não lhe sobram energia, recursos ou tempo para amar as outras pessoas. Se queremos ser uma igreja que ama, não podemos permitir que o consumismo nos consuma.

Consome nossas energias

É necessária muita energia e disposição para encontrar o que há de mais moderno em tecnologia. Substituir o guarda-roupa com a cor da nova estação é trabalhoso. Encontrar toda semana um novo lugar para sair pode ser empolgante, mas é cansativo. Monitorar permanentemente os lançamentos do cinema e assisti-los na primeira semana consome atenção. Tudo isso exige energia e dedicação.

Isto é, o consumismo consome o consumista ao ponto de não lhe sobrar energia para amar as pessoas. Nossas energias não são inesgotáveis, por isso, se nossa decisão é ser uma igreja que ama devemos decidir guarda parte de nossas energias para amar.

O samaritano que parou para socorrer o homem caído na beira da estrada precisou de forças para erguê-lo e cuidar de suas feridas. Ele não estava exaurido consigo mesmo, ele não estava cansado com suas próprias preocupações fúteis.

Eu e você também vamos precisar de forças para amar e se essas forças houverem sido gastas em um modo de vida consumista, não conseguiremos amar e acabaremos por rejeitar os nossos irmãos.

Consome nossos recursos

Ser consumista custa dinheiro; mais dinheiro do que você dispõe. A cultura consumista é uma espécie de pirâmide em que os consumistas da base sustentam o consumismo daqueles que estão no topo. Isso porque os consumistas da base sonham que um dia serão como os consumistas do topo.

Quem se deixa dominar pelo consumismo nunca tem recursos disponíveis para amar. Pode parecer estranha a idéia de que precisamos de dinheiro para amar, mas o amor prático do qual fala Tiago, o amor de fato e de verdade do qual fala o apóstolo João precisa de recursos para acontecer.

O Samaritano da história contada por Jesus tinha dinheiro para os remédios e curativos. Pagou pela estada daquela noite e assumiu as despesas futuras com o cuidado daquele homem que ele nem conhecia.

Se desejamos ser um igreja que ama, precisamos proteger nossos recursos do consumismo. Devemos ser firmes e perspicazes quando a mídia despejar uma campanha publicitária sobre nossas cabeças. Se dissermos não para os gastos que o consumismo nos impõe, teremos recursos para amar as pessoas.

Consome nosso tempo

Ser consumista exige e consome tempo. Consumir por esporte exige dedicação, tempo gasto do shopping, tempo navegando na internet, e tempo para lamentar os estragos feitos nos limites dos cartões de crédito.

O consumismo exige tempo para colecionar os carnês de pagamento e também tempo para comprar, trocar aquilo que comprou, guardar, devolver, trocar de novo, comprar cinco achou lindo, comprar um melhor e nunca parar.

Quem incorpora o consumismo ao seu estilo de vida não tempo para amar as pessoas. Não dá tempo de parar e olhar nos olhos das pessoas, não dá tempo para ouvir o irmão na sua dor. Não sobra tempo para outros, porque todo o tempo está sendo usado para si mesmo e seus atos de consumo.

Os dois religiosos crentes que passaram antes do samaritano não tinham tempo. Para ajudar aquele homem era preciso investir tempo, e foi isso que o samaritano fez. Ele parou, ele desviou-se por um pouco dos seus objetivos pessoais e gastou tempo com aquele homem.

Devemos permanecer atentos quando preferimos as compras às pessoas. Devemos dizer não para a o consumo quando ele nos aliena, isto é, nos separa das pessoas. Se nós queremos ser um igreja que ama, precisamos impedir que o consumismo nos roube o tempo para amar.

O cerne da questão consumista

Nossa sociedade consumista está apoiada e ganha dinheiro explorando a insatisfação humana. Não resta dúvida que um nível saudável de insatisfação é necessário para que a vida progrida.

No entanto, as pesquisas e campanhas publicitárias, (publicitários, comunicadores sociais, sociólogos e psicólogos) têm como objetivo não apenas identificar nossas insatisfações (até aquelas que desconhecemos), mas também plantar em nossas almas insatisfações falsas.

• Se não temos o carro do comercial não somos ninguém...
• Se a roupa não é da cor e da griffe certas, não somos ninguém...
• Se não temos o celular de última geração, nos sentimos menores
• Se não formos para o novo restaurante nos sentimos por fora
• Se não lemos o best-seller do mês, nos sentimos menos cultos
• Se não compramos o novo computador nos sentimos desatualizados

Uma falsa insatisfação foi plantada em nossas almas e nos impulsiona ao consumo como forma de alívio. Será que também nós, seguidores de Cristo vamos nos deixar acorrentar por isso? Não temos nós algo infinitamente superior para buscar nossa identidade: o amor de Deus por nós?

Para sermos uma igreja que ama precisamos rejeitar a falsa insatisfação e cultivar o contentamento. Quando a alma está contente em Deus a vida se torna cheia de presentes, porque tudo se transforma em surpresa especial da parte do Pai.

Contentamento, um bálsamo para a alma.

O sábio Salomão, um dos homens mais ricos e poderosos que já existiu sabia bem que a insatisfação da alma humana não encontra remédio no consumo.

(10) Quem ama o dinheiro jamais terá o suficiente; quem ama as riquezas jamais ficará satisfeito com os seus rendimentos. Isso também não faz sentido. (11) Quando aumentam os bens, também aumentam os que os consomem. E que benefício trazem os bens a quem os possui, senão dar um pouco de alegria aos seus olhos?

O Espírito de Deus deixou registrados, nas palavras do apóstolo Paulo, ensinamentos preciosos sobre o contentamento que nos protege do consumismo.

(8) E agora, irmãos, ao terminar esta carta, quero dizer-lhes mais uma coisa. Firmem seus pensamentos naquilo que é verdadeiro, bom e direito. Pensem em coisas que sejam puras e agradáveis e detenham-se nas coisas boas e belas que há em outras pessoas. Pensem em todas as coisas pelas quais vocês possam louvar a Deus e alegrar-se com elas. (9) Continuem a pôr em prática tudo quanto aprenderam de mim e me viram fazer, e o Deus de paz será com vocês. (10) Como estou grato e como louvo ao Senhor porque vocês estão me ajudando novamente! Eu sei que vocês têm estado sempre ansiosos para enviar-me o que podiam, mas por algum tempo não tiveram oportunidade. (11) Não estou dizendo isto porque estava precisando, pois aprendi a viver alegremente, tenha muito ou pouco. (12) Sei viver com quase nada ou tendo tudo. Já aprendi o segredo para viver contente em qualquer circunstância, quer com o estômago satisfeito, quer na fome, na fartura ou na necessidade; (13) porque eu posso fazer todas as coisas que Deus me pede com a ajuda de Cristo, que me dá a força e o poder.

Há um segredo para vivermos contentes em qualquer circunstância: contar com a força e o poder que Cristo dá. Essa força vem da nossa confiança em Deus, de que Ele nos ama e nos considera importantes exatamente como somos e estamos agora. Isso enche nosso coração de esperança. Aí podemos todas as coisas.

O Senhor nos dá força e poder para viver tanto com muito como com pouco. Em Cristo ficamos contentes com o último celular ou com daqueles antigos. Em Cristo ficamos contentes vestido na cor da estação ou em qualquer outra cor. Em Cristo ficamos contentes com carro ou sem carro. Em Cristo ficamos contentes se vamos ao restaurante ou se comemos em casa. Em Cristo ficamos contentes por que o nosso contentamento vem do amor que Ele tem por nós.

Se queremos ser um igreja que ama, precisamos cultivar em nossas vidas o contentamento: um bálsamo que nos protege do consumismo. Aí teremos energia, recursos e tempo para amar.

Quem sabe, então, o Senhor contará a história da sua vida e no final, assim como a história samaritano, Ele dirá para aqueles que estiverem ouvindo: vai e faze o mesmo.

19 outubro 2008

Que igreja seremos - Separados pelo egoísmo

Introdução

Daqui a cinco anos, qual será a reação de quem souber que você faz parte desta igreja? Um sorriso, um nariz torcido ou a indiferença?

A igreja que seremos no futuro está sendo construída hoje por cada um de nós. Cada atitude que tomamos hoje, cada decisão sobre sua maneira de viver é um tijolo a mais no tipo de igreja que seremos. Por isso, é um erro pensar que nossa maneira de viver o evangelho não tenha importância para nossos irmãos ou que isso diga respeito apenas a nós mesmos.

Será possível a uma igreja escolher o jeito que deseja ser no futuro? Será que podemos pedir ao Senhor que nos faça ser uma igreja com estas e aquelas características? Será aceitável para Deus que sua igreja almeje ser de um jeito e não de outro? Se esse jeito que almejarmos estiver de acordo com a vontade do Pai, eu creio que sim.

Assim como cada um de nós pode orar individualmente ao Senhor e pedir que Ele nos transforme, nos faça pessoas diferentes do que somos, também podemos, como igreja, clamar ao Senhor para nos transformar e nos fazer uma igreja diferente do que somos. Podemos pedir que Ele nos conduza para que nos tornemos o desejo do Seu coração nesses dias difíceis em que vivemos.

Então, que tipo de igreja nós seremos? O que enxergaremos no espelho ao nos olharmos daqui a cinco anos? Qual será a cara a Igreja Batista do Caminho daqui a dez anos? Definitivamente, isso tem a ver comigo e com você e nossa atitude hoje.

Seremos uma igreja que ama, ou uma igreja que rejeita? Nós devemos decidir isso agora. Eu e você decidiremos a direção para onde irá a Igreja do Caminho ao decidirmos, todos os dias, a direção para onde nossas vidas irão: Quando sairmos hoje à noite dessa reunião, seremos pessoas que amam, ou pessoas que rejeitam?

Se você decidir amar seus irmãos em Cristo, a Igreja Batista do Caminho será uma igreja que ama; mas se você decidir rejeitar seus irmãos em Cristo, a Igreja Batista do Caminho será um igreja que rejeita. Vejamos o que dizem as escrituras sobre isso em 1 João 3.10-16.

Se amarmos os outros cristãos, isto prova que fomos libertos do inferno e nos foi dada a vida eterna no céu. Mas uma pessoa que não tem amor pelos outros está seguindo para a morte eterna. Qualquer um que odeia seu irmão em Cristo já é, na realidade, um assassino no coração; e vocês sabem que ninguém que deseja matar tem a vida eterna dentro de si. Nós sabemos o que é o amor verdadeiro pelo exemplo de Cristo, ao morrer por nós. E, portanto nós devemos sacrificar as nossas vidas pelos nossos irmãos em Cristo. (1 João 3.10-16)

A prova de que você nasceu de novo, isto é, de que foi gerada em você uma nova natureza pelo Espírito de Deus, não é a quantidade de conhecimento que você tem da Bíblia ou o tipo de dom espiritual que você tem. A prova de que você foi liberto do inferno e recebeu a vida eterna não é o seu falar bonito, nem sua prosperidade financeira, mas sua disposição para amar o seu irmão. Mas o que é amar o irmão?

Amar o irmão é não rejeitá-lo por causa dos pecados do passado.

Há quem se anime em amar aqueles que têm uma vida certinha, que fizeram tudo sempre correto e que parecem ser exemplos irretocáveis de procedimento. Mas a prova de que você foi liberto do inferno é sua disposição em amar o seu irmão, mesmo que o passado dele seja sombrio o tortuoso.

Ananias, da cidade de Damasco, foi desafiado por Deus a não rejeitar Saulo de Tarso por causa do seu passado recente cheio de violência contra os cristãos.

13-14 Mas, Senhor, exclamou Ananias, contaram-me coisas terríveis que este homem fez aos crentes de Jerusalém! E consta que tem mandatos de prisão, passados pelos principais dos sacerdotes, autorizando-o a prender, em Damasco, todos os que invocam o teu nome!

15-16 O Senhor insistiu: Vai, pois Saulo é o meu instrumento escolhido para levar a minha mensagem às nações e até à presença dos reis, bem como ao povo de Israel. E mostrar-lhe-ei quanto ele deverá sofrer por mim.

17 Ananias obedeceu. Na presença de Saulo, pôs as mãos sobre ele e disse-lhe: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho, enviou-me para que sejas cheio do Espírito Santo e tornes a ver.

18 Imediatamente, caindo-lhe como que umas escamas dos olhos, Saulo recuperou a vista, e, levantando-se, foi batizado. (Atos 9.13-18)


Estamos prontos para amar as pessoas a despeito do seu passado? Estamos prontos para amar a jovem senhora que em sua adolescência abortou o filho indesejado? Quais serão nossos sentimentos para com irmão que confessa a destruição que causou a sua família por causa do alcoolismo? Vamos amar a irmã que revela sua dependência de poderosos calmantes que a fazem dormir? Que palavras de amor diremos ao irmão que confessa em lágrimas sua atração por pornografia infantil.

Amar o irmão é não desprezá-lo porque ele é diferente de você.

Alguns desejam conviver apenas com aqueles que eles consideram parecidos por que têm uma cultura semelhante, uma posição social próxima, uma condição financeira parecida e melhor ainda se tiver o mesmo nível acadêmico. Mas, onde está o amor quando alguém decide amar apenas as pessoas que o agradam e rejeita aquelas que são diferentes dele?

Pedro foi desafiado por Deus para amar o diferente. Entrar na casa de alguém que não era judeu era um ato de obediência às leis judaicas, mas o Senhor desafiou Pedro a ir além da letra da lei e amar os diferentes.

28 Pedro disse-lhes: Sabem que é contra as leis judaicas eu entrar assim num lar de estrangeiros. Mas Deus mostrou-me numa visão que nunca deveria considerar alguém meu inferior .29 Apressei-me pois a vir, e agora digam-me porque me mandaram vir. (...) 34 E Pedro respondeu: Vejo bem que os judeus não são os únicos favoritos de Deus!35 Ele aceita pessoas de todas as nações que o temem e fazem o que é justo.

Se o sujeito é muito alto vira piada porque é alto; se muito baixo, fica fora do grupo porque é baixinho. Se os cabelos são crespos, não faz parte do grupinho; se os cabelos são escorridos também fica de fora. Se for magro, tá doente; se é gordo não é chamado para participar. Se for negro, não faz parte do clube; mas se for japonês pode. Se tiver nível superior, eu paro pra conversar; se não tiver, não vale a pena; se veio de carro pra igreja, eu corro pra falar com o sujeito; se veio de ônibus, e melhor ele ir logo antes que fique tarde. Se ela tem marido e filhos, eu me aproximo; mas, se é mãe solteira, é melhor não misturar as coisas;

Estamos prontos para amar os diferentes?

Como é possível amar se estamos longe um dos outros?

Essa é uma questão que tem me inquietado nos últimos anos. Falamos muito de amor, mas o nosso estilo de vida resulta em poucas oportunidades para amar. Estamos longe uns dos outros, mas não é de distância geográfica que estou falando.

Eu e Marina somos amigos de Toni e Vânia há pelo menos 10 anos. Durante alguns anos, apenas poucas quadras nos separavam geograficamente uns dos outros. Hoje são muitos quilômetros entre nós, mas estamos bem mais próximos do que no passado.

Por que estamos distantes uns dos outros? O que nos separa? Precisamos entender isso, porque vencer essa distância é indispensável para sermos uma igreja que ama.

Há grandes muros que nos separam uns dos outros. Muros que foram destruídos na cruz de Cristo, mas que têm sido reerguidos por uma igreja debilitada que na prática desconhece ou despreza a mensagem da Cruz de Cristo.

Poderoso é o nosso Senhor para destruir as barreiras e muros que nos separam uns dos outros, precisamos apenas aceitar e por em prática seu evangelho.

Estamos separados pelo muro do egoísmo

Não é preciso ir muito longe para constatar que a preocupação das pessoas apenas consigo mesmas é uma marca dos nossos dias. Há uma série de idéias que se tornaram comuns em nossa maneira de pensar e servem para explicar e justificar o nosso jeito egoísta de ser.

• Precisamos primeiro amar a nós mesmos, para então amarmos o próximo;
• Devemos cuidar de nossa auto-estima colocá-la como uma prioridade;
• Somos desafiados a darmos presentes a nós mesmos;
• Os bons profissionais fazem promoção de si mesmos;
• Gostamos do personais... personal trainning, personal stylist,
• E se ninguém fala bem de mim, eu mesmo faço isso.

Nada disso é ruim em si mesmo, mas são tijolos como esses que muitas vezes usamos para construir o muro do egoísmo em torno de nós mesmo. Um muro pode até dar a sensação provisória de segurança, mas ao mesmo tempo ele nos separa uns dos outros.

O egoísmo pode até parecer uma boa solução no curto prazo e de forma localizada, mas quando pensamos em um mundo em que todos sejam egoístas o tempo todo, certamente não é um mundo que gostaríamos deixar como herança para nossos filhos. O egoísmo separa as pessoas e separados nós não temos a oportunidade de amar.

Por outro lado, se a lógica da vida é cada um por si, a pergunta que deveríamos fazer é: porque não ser egoístas? Se ninguém se preocupa comigo, porque eu deveria me preocupar com alguém? Se ninguém vai me estender a mão quando eu precisar de ajuda, porque eu deveria parar a minha vida para ajudar outra pessoa. É fácil, então, perceber que o egoísmo é o resultado de uma profunda sensação de abandono e desgoverno que está instalada na alma humana.

O que o evangelho de Cristo tem a dizer sobre o muro do egoísmo? Lembre-se: o egoísmo nos separa uns dos outros e isso nos impede de amar, então para sermos uma igreja que ama precisamos desfazer essa separação.

Quem é o meu próximo?

Certa vez Jesus contou uma história sobre a prática do amor.

(25) Um doutor da Lei se levantou e, querendo experimentar Jesus, perguntou: “Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna? ” (26 ) Jesus lhe disse: “Que está escrito na Lei? Como lês? ” (27) Ele respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento; e teu próximo como a ti mesmo!” (28) Jesus lhe disse: “Respondeste corretamente. Faze isso e viverás”. (29) Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?”.

(30) Jesus retomou: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o quase morto. (31) Por acaso, um sacerdote estava passando por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. (32) O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado.

(33) Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e moveu-se de compaixão. (34) Aproximou-se dele e tratou-lhe as feridas, derramando nelas óleo e vinho. Depois colocou-o em seu próprio animal e o levou a uma pensão, onde cuidou dele. (35) No dia seguinte, pegou dois denários e entregou-os ao dono da pensão, recomendando: “Toma conta dele! Quando eu voltar, pagarei o que tiveres gasto a mais”. E Jesus perguntou: (36) “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? ” (37) Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze tu a mesma coisa”. (Luk 10:25-37)


Veja que a pergunta do mestre da lei foi: quem são as pessoas que eu devo amar (quem é o meu próximo), porque certamente ele entendia que deveria amar algumas pessoas, mas a outras não. Aquele intérprete da lei queria saber quais eram as pessoas merecedoras do seu amor.

O muro do egoísmo é construído quando você seleciona as pessoas que vai amar, porque não está disposto a amar a todos. O muro do egoísmo é construído com desculpas esfarrapadas e sem graça: meu ministério não é esse, não tenho muita intimidade com ela, não sei chegar perto de pessoas que eu não conheço, sou meio atrapalhado pra essas coisas...

Esse texto tem muitas verdades preciosas, mas hoje gostaria de destacar apenas uma delas: a resposta de Jesus mudou o foco da pergunta do intérprete da lei.

(29) Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?”.

(36) “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”.


Portanto, a questão deixou de ser “quem será o meu próximo?” para se tornar “eu serei o próximo de quem?” Assim, Jesus desafiou aquele homem a parar com sua tentativa de fazer uma lista das pessoas que ele ajudaria, e se tornar ele mesmo uma ajuda viva para qualquer pessoa que precise ser amada.

Quando permanecemos distantes do outro, escolhendo quem será o alvo do nosso amor, o muro do egoísmo ser ergue e se fortalece; quando nós nos tornamos próximos do outro, o muro do egoísmo perde sua força e cai. Então o amor encontra espaço para acontecer. Mas nós precisamos tomar a decisão de chegar perto, como fez o samaritano.

(33) Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e moveu-se de compaixão.

Quem vai cuidar de mim?

Se eu decidir abrir mão do egoísmo e me importar com as outras pessoas, quem vai cuidar de mim? Se eu resolver ser o próximo do outro, quem vai ter compaixão de mim. Se eu gastar a minha vida por causa de pessoas que não têm nada a me oferecer, quem virá em meu socorro quando eu precisar. Vale a pena?

Com certeza esses pensamentos também passaram pela mente do filho de Deus, que foi tão humano quanto eu e você: viver a vida em função de si mesmo ou importar-se com os outros e abrir mão do egoísmo? Jesus decidiu importar-se com as pessoas. É assim o seu evangelho. Foi assim a sua vida.

Embora os religiosos não compreendessem porque um jovem tão promissor se envolvia com a escória da sociedade, a opção de Jesus foi sempre pelos rejeitados, doentes, cansados, quebrados e sobrecarregados.

(10) Mais tarde, enquanto Jesus estava jantando na casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram e sentaram-se à mesa com Jesus e os seus discípulos. (11) Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: - Por que é que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e com outras pessoas de má fama? (12) Jesus ouviu a pergunta e respondeu: - Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. (13) Vão e procurem entender o que quer dizer este trecho das Escrituras Sagradas: “Eu quero que as pessoas sejam bondosas e não que me ofereçam sacrifícios de animais.” Porque eu vim para chamar os pecadores e não os bons. (Mat 9:10-13 NTLH)

Há uma palavra clara para nas Escrituras sobre esse assunto e nós precisamos ouvi-la:

(3) Não sejam egoístas; não vivam para causar boa impressão aos outros. Sejam humildes, pensando dos outros como sendo melhores do que vocês mesmos. (4) Não pensem unicamente em seus próprios interesses, mas preocupem-se também com os outros e como que eles estão fazendo. (Php 2:3-4 BV)

Nesse mesmo texto o Espírito de Deus segue falando e somos desafiados a agir da mesma maneira que o Senhor Jesus agiu. Ele não pensou no seu próprio bem estar, mas decidiu sofrer as dores pelas quais passam todos aqueles que decidem se importar com as pessoas.

(5) A atitude de vocês deve ser semelhante àquela que nos foi mostrada por Jesus Cristo, (6) que embora (sendo) Deus, não exigiu nem tampouco Se apegou a seus direitos como Deus, (7) mas pôs de lado seu imenso poder e sua glória, ocultando-se sob a forma de escravo e tornando-se como os homens. (8) E Se humilhou ainda mais, chegando ao ponto de sofrer uma verdadeira morte de criminoso numa cruz. (Php 2:5-8 BV)

Como nos importarmos do jeito que Jesus se importou? Como nos tornaremos próximos do jeito que Ele fez? Como nos preocuparemos mais com as necessidades dos outros do que com as nossas? É preciso que tenhamos a mesma confiança que Ele teve no Pai.

Nós precisamos aprender dia-a-dia, em cada pequena decisão, que sempre vale a pena confiar no Senhor, mesmo nos momentos de confusão, dor e dúvida.

Quem vai cuidar de você? O Senhor, Ele vai cuidar de você! Deus honrou a decisão de Jesus e honrará também a sua decisão de se importar com as pessoas. O Pai cuidou do Filho e também cuidará de nós, enquanto cuidamos de outras pessoas. O Pai ressuscitou o filho e também nos ressuscitará para estarmos com ele pra sempre. Ouça a Palavra do Senhor:

(9) Contudo, foi por causa disso que Deus O elevou até às alturas do céu e Lhe deu um Nome que está acima de qualquer outro nome, (10) para que ao Nome de Jesus todo joelho se dobre no céu, na terra, e debaixo da terra, (11) e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus o Pai. (Php 2:3-11 BV)

Conclusão

Seremos uma igreja que ama ou uma igreja que rejeita?

Nós nos tornaremos próximos das pessoas e daremos uma oportunidade para que o amor se torne real, ou levantaremos os muros do egoísmo?

Vamos gastar nossas vidas apenas em função de nós mesmos ou faremos como Cristo, que se deixou gastar em benefício dos outros.

Pode ser que depois de ouvir essas palavras você olhou para si mesmo e se sentiu fraco para abrir mão do seu jeito de viver e demolir a muralha de egoísmo em sua volta. Não se preocupe em seu coração, creia em Deus, creia também em Jesus.

(3) Pois, embora vivamos como homens, não lutamos segundo os padrões humanos. (4) As armas com as quais lutamos não são humanas; pelo contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas. (5) Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo. (2Co 10:3-5 NVI)

A mudança em sua maneira de viver será feita pelo Espírito de Deus. Mesmo que seus hábitos egoístas tenha lhe acompanhado por toda sua vida, as armas do Espírito são poderosas em Deus para destruir argumentos e toda pretensão que se levantam contra Deus. Arrenda-se agora, confesse e venha até à frente para orarmos por você.