26 janeiro 2006

Abrigo Seguro

Por Aristarco Coelho
Romanos 1:1-7

Todo ser humano tem a necessidade de sentir-se valorizado. Todos os dias fazemos perguntas como: será que eu sou importante para alguém? Será que alguém sente falta de mim? Será que alguém me aceita como eu sou... Senso de Valor é uma necessidade humana legítima.

Uma das grandes tensões que vivemos nessa busca de nos sentirmos valorizados é a disputa entre o valor que vem do SER e o valor que vem do FAZER.

Se o apóstolo Paulo vivesse em nossa época, ele poderia perfeitamente fazer parte do “Gente que Faz”. Viagens constantes por todo o mundo conhecido, implantação de igrejas por toda a Ásia, treinamento permanente de outras lideranças, correspondências, enfim, ele não tinha muito tempo livre. Mas, ele começa a maioria das suas cartas afirmando não o que ele fazia, mas quem ele era! Paulo, servo de Jesus Cristo.

Parece que Paulo encontrou uma maneira de sobreviver em meio às pressões para FAZER: nunca perder de vista quem você É. Foi assim também que Deus Pai fez com Jesus. Ao ser batizado por João Batista, o Filho ouve do Pai: Esse é meu filho amado em quem me comprazo.

Não é que não exista satisfação ou realização no FAZER, ou que sejam ruim dedicar-se ao FAZER. A questão é que normalmente nós usamos nossas realizações como moeda de troca e ficamos frustrados quando não alcançamos o que queríamos.

A história de Marta e Maria serve para ilustrar isso. Marta optou por FAZER. E não há nada de errado nisso. No entanto, quando ela cobrou de Jesus o fato de Maria estar sentada enquanto ele trabalhava, Marta revelou que no fundo ela estava fazendo uma troca: ela estava trocando suas atividade e realizações pelo reconhecimento de que era uma boa pessoa, digna de elogios e merecedora de ser destacada das demais. Como esse reconhecimento não veio, ela sentiu-se injustiçada. Esse é um terrível engano!

A questão não é tão simples, porque na prática não dá para separar o SER do FAZER. A vida é a soma dos dois. Somos o que fazemos e fazemos o que somos. Mas em uma sociedade que descarta aqueles que não conseguem realizar, que valoriza e reconhece apenas os que apresentam alta produtividade, como podemos sobreviver? Como sobrevive o desempregado, o deficiente físico, o fracassado nos negócios, o feio ou aquele que despedaçou sua família? Precisamos de um abrigo para sobreviver à tempestade de acusações nossas e dos outros.

Silvestre Kuhlmann escreveu em um de suas músicas: “ Os sonhos frustrados, metas não alcançadas, são fardos pesados que eu posso deixar na mãos de Jesus... Como diz o restante da letra, deixando esses embaraços de lado, podemos até sambar pra Ele.

No verso 6, Paulo revela de forma mais clara qual é o abrigo onde podemos nos proteger: fomos chamados para sermos propriedade Dele. Eu e você, que um dia aceitamos a Jesus como nosso Senhor e Salvador, pertencemos a Ele. Você pertence a Ele! Você foi comprado por um alto preço: o sangue de Jesus!

Quando o FAZER fracassa, quando as realizações e os sonhos vão por água abaixo, nosso abrigo é saber que pertencemos a Jesus e ele vai cuidar de nós. Independente de nossas realizações, somos amados e aceitos por aquele que nos amou e se entregou por nós.

Ele prometeu: estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos. Não é promessa de sucesso incondicional. É a promessa da Sua presença permanente conosco.

Resposta a Lya Luft


Por Aristarco Coelho

A escritora Lya Luft, na edição 1935 de Veja, coluna Ponto de Vista, faz indagações que merecem consideração atenta. O título do artigo, (Quanto nós Merecemos?), parece resumir as inquietações da autora em relação ao sistema de recompensa-punição que permeia o pensamento humano e contaminou inúmeras práticas religiosas.

O argumento do texto gira em torno da idéia de que nascemos para ser felizes. Mas, vítimas de uma atitude de auto-sabotagem, somos os algozes de nossa própria felicidade. Segundo Lya, essa atitude autodestrutiva é o resultado de “(...) culpa, dívida, deveres e... mais culpa”, tudo imposto pela cultura, sociedade e família. A articulista também debita a idéia “eu não mereço ser feliz” na conta do ensinamento de que “Deus faz sofrer a quem ama”. Por fim, ela afirma que em resposta a tudo isso, puxamos nossos próprios tapetes e, de forma insana, boicotamos nossa felicidade ao optarmos por um estilo de vida que destrói em vez de construir.

O texto de Lya Luft é rico de conceitos e proposições que fazem parte do pensamento de muitas pessoas. Mergulhados desde a infância em sistemas recompensa-punição, enxergamos a vida sob as lentes do "fazer para merecer". Por isso, a pergunta que sempre emerge diante das dificuldades da vida é: será que eu não mereço ser feliz?

O sistema recompensa-punição é largamente usado em todos dos grupos sociais para confirmar atitudes desejadas e coibir aquelas não aceitáveis. Dadas as regras de procedimento, as pessoas são avaliadas segundo sua capacidade de manter-se fiéis a essa regras. Quem consegue cumpri-las é recompensado; quem não consegue, é punido.

Recentemente, em uma novela televisiva, foi cunhada a frase “Ninguém merece!”. O jargão, repetido por todo o país, sempre se referia a situações em que alguém julgava não merecer aquilo pelo que estava passando. Em tom jocoso, a piada alimentou o mesmo sentimento exposto pela escritora que afirma “Pessoalmente, acho que merecemos muito: nascemos para ser bem mais felizes do que somos...”.

Mas se vamos pensar a vida em termos de merecimento, precisamos saber porque merecemos. Se vamos raciocinar a partir de um sistema de recompensa e punição, então precisamos, antes de tudo, responder algumas perguntas indispensáveis para exigirmos tudo o que merecemos.

Se a vida é um sistema de “Recompensa e Punição”, então...

...Quem o estabeleceu?
...Quais são as regras para viver bem e ser recompensado?
...Quais são as punições previstas no sistema?
...Quem avalia o cumprimento das regras e aplica as punições e recompensas?
...Como e a quem eu posso recorrer se me sentir injustiçado?

Essas não são perguntas fáceis de responder. São indagações com as quais muitas religiões gastam suas energias. Muitos sábios e filósofos viveram suas vidas em buscas dessas respostas. Tentar elucida-las, por isso, não está no escopo deste pequeno artigo. No entanto, lendo o texto da escritora, podemos inferir com razoável grau de segurança sua opinião sobre elas.

Ao perguntar “Quanto nós merecemos?” e responder “(...) merecemos muito: nascemos para ser bem mais felizes do que somos”, Lya Luft entende que a vida é um sistema de recompensa-punição. Onde há merecimento, recompensa e punição sempre estão presentes.

No decorrer do texto, a escritora revela seu entendimento de que somos vítimas de nós mesmos. Assim, podemos concluir que, em sua compreensão, tanto o sistema recompensa-punição quanto suas regras foram estabelecido pelo próprio homem. E embora ela não relacione quais são essas regras, não faça qualquer menção sobre as recompensas e punições que decorrem de sua observância, e não avalie o atual cumprimento dessas regras, considera que a humanidade vem sendo grandemente injustiçada (por si mesma), merecendo muito mais do que tem.

Lya elege o mito da perfeição como o algoz inventado pelo próprio homem em seu sistema recompensa-punição. Assim, a mãe santa, a esposa imaculada, os filhos perfeitos, o patrão infalível, o governo sempre confiável e, nas entrelinhas, o Deus punidor, são espécies de guardiões imaginários que estabelecemos como controladores do nosso próprio sistema recompensa-punição. Ora, esse cenário é realmente confuso. Estamos sofrendo por nossas próprias mãos. Para solucionar esse imbróglio, Lya propõe uma saída simples, rápida e objetiva: deixar de levar em conta esse sensores que nós mesmos instalamos em nosso subconsciente.

Ao que me parece, toda essa confusão nasce da negação por parte do homem de que haja um Ser Supremo, real e pessoal, um autor para a vida e a existência. Aliás esse é o ponto de partida da Bíblia: a existência tem em Deus o seu autor e mantenedor. Além disso, entendo que o paradigma recompensa-punição é uma tentativa de fugir do padrão de Deus para vida humana que é decisão-conseqüência.

Nos primeiros capítulos do livro de Gênesis, que fala sobre os começos, há uma narrativa muito conhecida sobre o relacionamento entre Deus e o primeiro casal humano. Ali Ele se apresenta como o autor e guardião do sistema decisão-conseqüência. Nesse sistema, você é livre para fazer opções, embora não possa escolher as implicações de cada decisão. Assim, ao primeiro casal é dada a oportunidade de escolher entre confiar ou não nas orientações de Deus sobre como viver e ser feliz. No entanto, após tomar a decisão, não haveria como evitar as respectivas implicações.

Deus apresentou vida eterna, felicidade e propósito de existência como implicações da decisão de confiar Nele; explicou também que a decisão de não confiar implicaria em morte, tristeza e vazio existencial. A narrativa bíblica indica que o casal optou por não confiar. Assim, uma vez instalada em nós a dúvida sobre a capacidade de Deus para cumprir Sua promessa de vida, bem como sobre Sua intenção de fazer isso, todos os seres humanos temos perambulado pelos dias de nossas existências perguntando “será que não merecemos ser mais felizes?”.

Se a história terminasse aqui, seria muito mais difícil encontrar felicidade no sistema decisão-conseqüência, apresentado pela Bíblia, do que no sistema recompensa-punição que construímos para nós mesmos.

Entenda isso como se fosse sua conta-corrente no banco: no modelo bíblico, sua decisão de confiar em Deus implica em um crédito sem limites, disponível a toda hora, sem que você tenha feito nada para isso; Deus está sempre disposto em realizar esse crédito e apenas a sua decisão de não confiar Nele o impede de fazer isso. Acontece que ao decidirmos não confiar Nele não há mais nada a ser feito sobre as implicações dessa decisão. A negação do Bem Supremo, a rejeição do Verdadeiro, a desconfiança em relação ao Perfeito trazem de forma justa e em si mesmas a semente de nossa infelicidade.

Já no modelo que criamos, e no qual insistimos em viver, as coisas acontecem de forma diferente. Primeiro, por nossa decisão de não confiar na capacidade e na bondade de Deus, perdemos o crédito sem limite que nos permitiria encontrar felicidade. Depois disso, nos damos conta de que a vida sem esses créditos é muito difícil e penosa. Em seguida, resolvemos fabricar nossas próprias moedas, pensando ser possível suprir nossas vidas deficientes a partir de esforços próprios.


Embora deixe sempre uma sensação de incompletude, esse modelo parece vantajoso para muitas pessoas, uma vez que dá a impressão de que estamos realizando algo. No entanto, em vez de restaurar a confiança em Deus, deixa a todos frustrados ao propor que confiar em nossa capacidade é o que vale a pena.

Por isso Lya Luft está correta ao dizer que nascemos “(...) precisando urgente de conserto”. Para isso, ela nos encoraja em seu texto a abandonar as “entidades inventadas” que estabelecemos como os algozes de nossa felicidade, claramente pensando sob a égide de um sistema recompensa-punição.

Penso que esse conserto, realmente urgente, não acontece dessa forma. Acho isso porque compreendo que, embora muitas de nossas culpas sejam produto de nossas incongruências e dos “fantasmas”, nossos e de outros, que povoam o subconsciente, há uma culpa real que só aparece quando pensamos em termos de decisão-conseqüência e que precisa ser solucionada. Somos culpados por virar as costas à oportunidade de felicidade oferecida pelo Criador da existência. Somos culpados por desperdiçar o Seu oferecimento de crédito sem limite para uma vida com propósito. Somos culpados pela rejeição da companhia do único capaz de dar sentido à vida, por que é o seu Criador.

Ao final do texto, talvez sem prestar muita atenção às propostas que fez e reconhecendo as limitações humanas para consertar-se a si mesmo, Lya Luft pergunta por uma oficina boa, barata, perto de casa e honesta onde esse conserto possa ser feito.

Nas páginas de Velho Livro há um conceito que se parece muito com essa oficina procurada pela autora e não posso me furtar a apresentá-lo. A palavra é conhecida: Graça. Mas seu significado e aplicação, infelizmente, são apropriados por poucos. Por isso vou apresentar os motivos porque considero a Graça de Deus como a única oficina boa, barata, perto de casa e honesta onde eu e você podemos ser consertados.

Antes, no entanto, é preciso apenas que você compreenda que Graça é um favor imerecido, isto é, um presente que você recebe sem que tenha feito qualquer coisa que explique isso. A Bíblia diz que Deus é a fonte plena de Graça. Uma vez que ele mesmo não é devedor de qualquer coisa a quem quer se seja, apenas ele pode ser essa fonte infinita de Graça. Dizer que somos alvo da Graça de Deus é dizer que temos recebido dele presentes especiais sem merecermos absolutamente nada.

Veja que a Graça de Deus não tem lugar em um sistema recompensa-punição. Não há mérito suficiente, não há trocas ou favores capazes de mover a Graça de Deus em direção a alguém. Ela não tem razão, a não ser o amor que transborda do Seu coração.

A Graça de Deus é uma boa oficina para consertar o homem porque por ela somos recebidos como estamos. Não há qualquer exigência ou pré-condição. Ela é o tipo de oficina que recebe desde os que não se acham quebrados, mesmo não funcionando há muito tempo, até aqueles que se acham aos pedaços e por isso são imediatamente socorridos.

A Graça de Deus não lhe custa nada. Não é que ela não tenha valor. É que o valor é tão alto que você jamais conseguiria pagar. Por isso mesmo, seu preço foi pago por outro. A Graça não lhe custa nada, mas custou a vida Daquele que nada precisava pagar.

A Graça de Deus está sempre ao seu alcance. Está perto de casa e também dentro da casa. Ela lhe alcança onde você estiver e quando você quiser. Não há intermediários nem a necessidade de ir muito longe. Basta clamar a Deus, o único capaz de concedê-la.

Na Graça de Deus não há engano. Não há truques ou surpresas. É simples assim: Deus lhe dá a oportunidade de restaurar sua confiança Nele. Isso porque as ofensas das quais você é realmente culpado foram pagas pelo auto-sacrifício do filho de Deus, Jesus Cristo.

Espero que esse artigo de alguma forma chegue às mãos de Lya Luft e ajude a compreender essa maravilhosa oficina, capaz de nos concertar mesmo sem que mereçamos qualquer coisa.

Desejo também que você não fique sem jeito ou desconfiado se entendeu que o conserto da sua vida quebrada existe e está a sua disposição. Confie na bondade e na capacidade do Senhor em lhe fazer feliz, peça a Ele atendimento imediato e comece a viver uma vida de reparos e consertos do Alto.

22 janeiro 2006

Alegrando o Coração do Pai - Integridade

Introdução

Como é um privilégio louvar ao Senhor! Como alegra o coração declarar as grandezas no nosso Deus, reconhecer quem Ele é, e afirmar o nosso amor por Ele. Bendito seja o Deus das nossas vidas!

Na verdade as canções fazem parte da vida humana desde os tempos mais remotos. Já em Gênesis 4.1, um homem por nome Jubal é citado como o pai de todos os que tocam harpa e flauta. Adorar com cânticos fez parte das primeiras orientações que o povo de Israel recebeu sobre como prestar culto a Deus.

Na Bíblia, há um livro que é na verdade uma grande coletânia de canções: O livro dos Salmos. Infelizmente os compositores não registraram as melodias dessas canções, mas suas letras têm permanecido por milênios como inspiração e ensino para o povo de Deus.

Diferente de outros livros da Bíblia, o livro de Salmos na verdade não é UM livro, mas a compilação de CINCO livros. Os estudioso acham que entre o salmo mais antigo (90) e o mais recente (126) passaram-se aproximadamente 1.000 anos. Entre os autores dos salmos podemos listar Moisés, Davi, Salomão, Asafe, Heman, Etã e havia também um grupo chamado de filhos de coré.

Os salmos eram usados no templo como parte da liturgia do culto, além disso serviam também como guia devocional individual e coletivo.

Nos últimos meses eu tenho sido muito abençoado coma leitura dos salmos. Em minha leitura devocional pela manhã tenho lido um salmo, uma apenas ( quando é um salmo grande eu divido para 2 ou três dias). Tenho me dedicado a um leitura reflexiva, buscando ouvir a voz de Deus nas palavras escritas por homens sábios e que confiaram no Senhor.

Essa noite gostaria de compartilhar com vocês algumas de minhas reflexões sobre o Salmo 15, que foi escrito pelo Rei Davi. Por favor, abra sua bíblia e acompanhe a leitura.

(1) Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? (2) O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; (3) o que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; (4) o que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo, mas honra aos que temem ao SENHOR; o que jura com dano próprio e não se retrata; (5) o que não empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente. Quem deste modo procede não será jamais abalado. (Salmos 15:1-5)


A Pergunta

Senhor, quem poderá viver na tua presença? Quem terá livre acesso ao lugar santo onde vives? (Salmos 15:1 - Bíblia Viva)

Senhor, quem pode achar refúgio na tua casa, e ficar contigo no teu santo monte? (Salmos 15:1 - IBS – Sociedade Bíblica Internacional)

Davi começa esse salmo fazendo uma pergunta. Eu gosto muito das boas perguntas. Em nosso grupo pequeno resolvemos utilizar as perguntas para nos conhecermos melhor. Há um saquinho como várias perguntas que, ao serem respondidas, abrem a possibilidade de falarmos um pouco sobre nós mesmos e revelar algo do que somos.

Boas perguntas são como portas entreabertas: você pode terminar de abri-las para ver o que há dentro ou fechá-las para não ser incomodado com ranger das dobradiças.

A pergunta do Rei Davi, vez por outra, passa pelo coração de todos nós: qual é o tipo de pessoa que pode usufruir da presença do Senhor? Quem é que pode ser seu hóspede permanente? Como são as pessoas que têm acesso livre à presença de Deus?

Provavelmente você tem, em sua mente, algumas característica que imagina serem indispensável para alguém usufruir da companhia do Senhor: ser um bom pai de família (ou uma boa mãe de família), talvez vir aos cultos toda semana, contribuir fielmente com seu dízimo e ofertas, ajudar aos mais necessitados com esmolas, ler a bíblia todo dia, orar durante as refeições, ser fiel à sua esposa ou esposo ...

Aqui cabe um alerta: não estamos falando de fazer coisas para Deus com a intenção de receber salvação ou qualquer outra coisa em troca. Quem participou da série de mensagens do Pr. Armando sobre a Graça de Deus sabe que não há nada que possamos fazer que seja capaz de nos tornar aceitáveis diante de Deus. Apenas a Graça de Deus nos conduz a Ele.

Nesse salmo, a pergunta de Davi nos chama a pensar sobre nossa maneira de agir, sobre a existência de um jeito de viver que alegre o coração do Senhor. Em outras palavras, o que Davi pergunta é: como é a vida de alguém que alegra o coração de Deus ao ponto de Deus desejar sua companhia?

Essa é uma boa pergunta! E o salmista não só perguntou, ele também respondeu. A resposta dele foi bastante prática e fala de quatro importantes áreas de nossas vidas: nossas atitudes, nossas palavras, nossas convicções e a forma como lidamos com o dinheiro.

Assim, Davi afirma que alguém que alegra o coração de Deus ao ponto de Deus desejar estar com ele ...

( 2 ) Vive com integridade, Pratica a Justiça e Fala a verdade de coração;
( 3 ) Não difama, não faz mal ao próximo e não lança injúria
( 4 ) Sabe censurar quem pratica o pecado, Elogia os que são fiéis ao Senhor e cumpre suas promessas mesmo com prejuízo próprio;
( 5 ) Não empresta dinheiro com usura e não aceita suborno
Integridade

Hoje vamos nos deter apenas na primeira dessas onze formas de viver que alegram o coração do Pai: INTEGRIDADE.

Integridade é um palavra de origem latina, e assim como palavra taw-meem, usada no texto original, tem um sentido de inteireza, de completude. O dicionário diz que integridade é o estado ou característica daquilo que está inteiro, que não sofreu qualquer diminuição. Warren Wiersbe, no livro “A Crise de Integridade” afirma que a integridade é para o caráter de uma pessoa o mesmo que a saúde é para o seu corpo.

Uma pessoa íntegra não é dividida. Não se torna vítima da duplicidade. Em bom português, pessoas íntegras NÃO têm duas caras: uma para apresentar ao irmão e outra para apresentar no trabalho; uma quando o amigo está presente, outra quando ele vira as costas; ou uma com a turma da faculdade e outra no geração atos.

Houve um episódio em Antioquia, narrado na carta ao Gálatas, no qual o apóstolo Paulo questionou a integridade da atitude tomada por Pedro e outros discípulos.

(11) Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível. (12) Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar-se, temendo os da circuncisão. (13) E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. (14) Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus? (Gálatas 2:11-14)

Uma pessoa íntegra não é fingida. Não se torna vítima da hipocrisia. Em bom português, pessoas íntegras NÃO escondem o jogo; não camuflam seus problemas no grupo pequeno; não apresentam um imagem falsa sobre si mesmas, não fingem fazer algo que na verdade não fazem.

Pessoas íntegras são honestas e leais consigo mesmas, com os outros e com Deus.

Há um texto em que Jesus fala dessa integridade, Mateus 6:19-24 ... abram suas bíblias, por favor.

Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.

São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!

Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.

Se fôssemos transformar esse texto em um diálogo, talvez a fala de Jesus fosse a seguinte:

- Onde está seu coração, meu filho? Onde está o motivo da sua vida? Na Terra ou nos céus? Se o motivo da sua vida está nos céus, viva com integridade e acumule seus tesouros lá. Você vai ficar dividido tentando acumular tesouros na terra enquanto o seu coração está nos céus. E vai acabar vivendo uma vida de duplicidade e hipocrisia

- Com que olhos você enxerga a vida e as pessoas, minha filha? Se você buscar uma avaliação honesta e transparente sobre si mesma e sobre os outros sua vida vai ser íntegra; mas se a sua maneira de ver a vida for dissimulada e hipócrita você vai viver em uma escuridão sem fim.

- A quem vocês realmente decidiram servir, meus filhos? Não dá para viver de forma íntegra tentando agradar a dois Senhores. Você vai ficar dividido e nunca vai experimentar o que é integridade. Além disso, você sempre vai desagradar um deles.

Em meio a essas exortações, Jesus deixou também uma informação muito importante para nós, que estamos pensando em integridade como uma maneira de viver que alegra o coração do Pai: ele afirmou que agir com honestidade e integridade permite que a luz entre em nossas vidas. E onde a Luz chega, não há trevas.

Um hino antigo ...

“ ... deixa a luz do céu entrar, deixa a luz do céu entrar. Abre bem a porta do teu coração e deixa a luz do céu entrar.”

Desintegrando a Integridade

Vocês já ouviram aquele sujeito que ao ensinar um endereço diz: ... aí você vai ver uma casa amarela na esquina. Ela duas janelas brancas, cercada por um muro baixo e tem duas palmeiras na frente ... mas pode passar direto que não é nessa rua que você vai entrar não!

Embora o sujeito tenha exagerado na descrição de uma casa que não era o lugar de destino, com certeza, ao se deparar com essa casa durante o caminho você terá certeza que não é lá.

Por isso eu gostaria de lhe apresentar algumas esquinas nas quais você NÃO deve entrar, sob pena de colocar sua integridade em risco e assim entristecer o coração do Pai.

Essa esquinas foram reveladas pelo apóstolo João em sua primeira carta, a partir do verso 5. Por favor abra sua Bíblia.

I João 1:5 Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma.
I João 1:6 Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade.
I João 1:7 Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.
I João 1:8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.
I João 1:9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
I João 1:10 Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.

MENTIR AOS OUTROS SOBRE QUEM SOMOS

A primeira esquina que precisamos evitar é a esquina da hipocrisia, da mentira sobre nós mesmos. Veja o que apóstolo João diz sobre isso nos verso 6:

I João 1:6 Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade.

O apóstolo apela para o exemplo da integridade de Deus: Deus é integro, diz ele, vocês também precisam ser. Não há honestidade ou integridade em quem (1) afirma estar em comunhão com o Senhor mas na verdade anda em trevas, ou em quem (2) prega e ensina algo não pratica, ou naquele que (3) finge fazer algo que não está fazendo ou mesmo em quem (4) simula reações e atitudes por que imagina que isso lhe fará mais aceitável diante de Deus e das pessoas.

A esquina da hipocrisia nos afasta do caminho da integridade e entristece o coração do Pai.

MENTIR A NÓS MESMOS SOBRE QUEM SOMOS

A segunda esquina que precisamos evitar é a esquina do auto-engano, da mentira a nós mesmos. Veja o apóstolo diz sobre isso no verso 8:

I João 1:8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.

Normalmente a segunda esquina vem depois da primeira. A gente começa enganando os outros, mas ainda consciente dos nossos erros. E aí, de tanto enganar ou outros a gente começa a se esforçar para acreditar na própria mentira.

Essa busca é uma tentativa de livrar-se do incômodo da falta de integridade tentando transformar nossos erros e pecados em alguma coisa mais branda ou até elogiável.

· O sujeito mente, mas diz que está falando uma meia-verdade;
· A fofoca aparece travestida de motivo de oração;
· amor ao dinheiro cresce escondido debaixo da busca pelas bênçãos de Deus;
· A religiosidade vazia caminha disfarçada sob o manto da obediência;

Mentimos para nós mesmos quando não somos íntegros o suficiente para pedir a Deus que sonde o profundo de nossas almas e nos revele quem realmente somos. Em vez disso, mudamos os nomes dos nossos pecados de um maneira que eles não nos incomodem tanto.

A esquina do auto-engano nos afasta do caminho da integridade e entristece o coração do Pai.

MENTIR A DEUS SOBRE QUEM SOMOS
Depois de dobrar na esquina da hipocrisia e enveredar pelo auto-engano, sua integridade corre um sério risco de ser sepultada na esquina da apostasia.

Isso acontece quando você resolve convencer Deus de que sua vida de enganos na verdade não têm tanta importância e que Ele, o Deus totalmente íntegro, não precisa preocupar-se com sua falta de integridade.

Veja o que o apóstolo João diz sobre isso no verso 10

I João 1:10 Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.

Com muita simplicidade, João completa seu argumento afirmando que vidas íntegras devem fazer parte da natureza daqueles que foram alcançados pela Palavra de Deus.

Se fomos alcançado pela Palavra não podemos viver divididos, fingindo para todos. Quando escondemos nosso pecado do outros, de nós mesmo e até de Deus dizemos que Ele é mentiroso. Deus sabe quem somos, não precisamos nos esconder. Não precisamos fazer com Adão e Eva no jardim que entristeceram o coração do Pai ao se esconderem Dele.

Voltando à questão

Senhor, quem poderá viver na tua presença? Quem terá livre acesso ao lugar santo onde vives? (Salmos 15:1 - Bíblia Viva)

Senhor, quem pode achar refúgio na tua casa, e ficar contigo no teu santo monte? (Salmos 15:1 - IBS – Sociedade Bíblica Internacional)

Nossa caminhada hoje à noite começou com o salmo 15, escrito por Davi, e a pergunta que ele fez: como é a vida de alguém que alegra o coração de Deus ao ponto de Deus desejar sua companhia?

A primeira resposta de Davi foi que a vida dessas pessoas é vivida com integridade! São pessoas que não têm duas caras, nem escondem o jogo. Pelo contrário, são transparentes e honestas com os outros, consigo mesmas e sobretudo com Deus. A integridade alegra o coração de Deus.

Pode ser que hoje a luz da Palavra de Deus tenha começado a entrar pela fresta da porta da sua vida e esteja revelando quem você é. Não feche a porta, meu irmão. Não tenha medo da luz. Ouça o que o apóstolo João escreveu no verso 7:

I João 1:7 Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.

Corra para aquele que é a luz do mundo. Corra para ele de braços abertos. Confesse seu pecado e seja curado! Sabe qual vai ser a reação do Pai?

Primeiro, ele vai abrir um grande sorriso de alegria por que você decidiu pela integridade. Depois, ele vai cumprir o que prometeu através da Sua palavra que diz ... Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. I João 1:9 ...


Há uma música antiga sobre o verso 9 de I João 1.
A letra é bem pequena e a melodia fácil de aprender, vamos tentar?

15 janeiro 2006

Ais e Consolações


Hoje quero compartilhar com os irmãos algumas reflexões sobre a busca humana por consolo a partir da leitura do evangelho de Lucas.

(24) Mas ai de vós, ricos! Porque já tendes a vossa consolação. (25) Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides, porque vos lamentareis e chorareis. (26) Ai de vós quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas. (Lucas 6: 24 a 26)

Jesus era muito versátil na forma de se comunicar com as pessoas. Ele usava discursos públicos, como fez no sermão do monte; contava pequenas histórias de fatos do dia-a-dia, como a história do fazendeiro que juntou riquezas para si e perguntas confrontadoras e arriscadas como “Quem dizem os homens que eu sou? ” .

No trecho que lemos, Jesus se utilizou de uma forma de expressão muito comum nos profetas do Velho Testamento: os Ais. Esse formato literário foi usado pelo menos 20 vezes, no A. T., por 8 profetas diferentes: Isaías, Jeremias, Amós, Miquéias, Naum, Habacuque e Zacarias. Na Bíblia, os ais são interjeições de advertência e lamento pelo pecado de pessoas e mesmo de nações inteiras:

Isaías, no verso 8 do capítulo 5 diz: “Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores da terra. ”

Em Jeremias 22:13 o profeta diz: “Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito; que se vale do serviço do seu próximo sem paga e não lhe dá salário. ”

O profeta Naum (3:1) também se utilizou dos Ais. Ele disse: “Ai da cidade sanguinária, toda cheia de mentiras e de roubo, e que não solta sua presa”

No texto registrado pelo médico Lucas, Jesus pronunciou quatro Ais: “Ai dos ricos”, “Ai dos que estão fartos”, “Ai dos que riem” e “Ai daqueles que são aprovados por todos” Hoje à noite vamos conversar sobre o primeiro dos quatro Ais pronunciados por Jesus: Ai de vós, ricos, por que já tendes a vossa consolação.

Nesse primeiro lamento de advertência Jesus fala para aqueles que têm bens e posses. Uma palavra me chamou a atenção como se estivesse iluminada com holofotes: CONSOLAÇÃO. Observe o texto e veja que Jesus, com essa palavra – Consolação – explica o motivo da sua advertência aos ricos. É como se ele dissesse: Lamento muito por vocês que são ricos e que têm encontrado nas riquezas o consolo de suas vidas.

Primeira Pergunta
Será que nós precisamos de consolo?

Na verdade parece até estranho falar de buscar consolo no atual cenário vivido pela Igreja Cristã, sobretudo pela Igreja Evangélica. Afinal os profetas do sucesso estão nos programas de TV anunciando que crente fiel não sofre, não adoece, não fica triste, não perde o emprego (até porque os crentes fieis são todos patrões) e não passa por qualquer outra dificuldade. Basta apertar a campainha e o Deus-garçon vem atender seus pedidos.

No entanto, irmãos, se você usarmos de bom senso e sinceridade; se você, por um breve momento, parar as engrenagens da vida para observá-la, vai concordar comigo: somos submetidos a tantos sofrimentos, são tantas as dificuldades que enfrentamos e estamos tão aquém do ideal de Deus para nós, que todos, sem exceção, precisamos ser consolados. Aqui vai uma dica: aqueles que acham que não precisam de consolo, os durões, são os que mais precisam.

Quando alguém perde o emprego, precisa de consolo.
Quem já passou pela terrível situação de estar desempregado? A experiência de procurar como ganhar o pão de cada dia e sustentar a família, mas não conseguir, meus amados, é um corrosivo extremamente danoso para a autoestima de qualquer um. Tenho um irmão que chegou há alguns meses de Rondônia. Demitido depois de 7 anos de serviço. Durante o período em que procurava emprego sem encontrar, ele, a esposa e os filhos precisaram de consolo.

Quando se é vítima da violência urbana, precisa-se de consolo.
Há alguns meses atrás Marina e os meninos estavam indo me pegar no trabalho quando ela foi roubada. O carro estava parado no sinal, e por uma brecha no vidro de menos de 10 cm, um sujeito enfiou o braço e roubou uma joia que havia sido presenteada em uma data muito especial. Nós precisamos de consolo naquela ocasião.

Quando não conseguimos nos fazer entender, precisamos de consolo.
Sabe aquelas situações em que um fala em uma língua e a outra pessoal fala outra língua totalmente diferente; situações em que você tenta ajudar mas acaba por machucar o outro; ou quando você pensa estar fazendo uma boa ação mas não é compreendido pelo alvo do seu amor. O interessante é que muitas vezes isso acontece com aqueles que mais amamos. Precisamos de muito consolo nessas situações.

Quando nos sentimos inadequados, precisamos consolo
A sensação de inadequação é capaz de minar a alegria de qualquer pessoa. É quando parece que não fazemos nada certo, que não nos enquadramos em nenhum perfil. Nem na rede ministerial ele consegue encontrar um perfil de servo para ele. Precisamos de consolo quando nos sentimos como o patinho feio da fábula.

Quando envelhecemos, precisamos de consolo.
Ultimamente tenho tido a oportunidade de conversar com o Seu Dorileu. Seu Dorileu tem cerca de 84 anos e recentemente tem passado por alguns problemas de saúde. Ele é um homem simples, mas é daquelas pessoas falantes e articuladas, que têm uma opinião sobre tudo.

Logo que chegou aqui em Fortaleza para se tratar, o semblante daquele homem era de tristeza e desconsolo. O corpo debilitado não respondia como antes aos medicamentos; a mente cansada tinha dificuldade em se concentrar; e alma estava sem esperança no futuro. Em sua velhice, Seu Dorileu chegou aqui precisando de consolo.

Quando a vida perde o sentido, precisamos de consolo.
Meus irmãos, não é muito difícil perder o amor pela vida. Basta olhar para nossas limitações, nossos medos, nossas frustrações, nossos anseios e nossas dúvidas que a vida pode tornar-se algo sem sentido ou valor. Quando a falta de propósito invade nossa alma é certo que precisamos de consolo.

Na verdade, irmãos é legitimo que alguém desconsolado busque consolo. Não era esse o problema. Jesus, quando repreendeu os ricos com esse primeiro Ai, deixou um alerta não sobre o consolo em si, mas sim sobre ONDE estamos buscando consolo. Mas por que Jesus faria esse alerta? Porque há consolação que é breve, temporária e esse tipo de consolação não satisfaz as necessidades da alma humana.

Segunda Pergunta
Onde você tem buscado consolo para enfrentar as dificuldades da vida?

Naquilo que você possui?
Você pode pensar “Isso é coisa apenas dos ricos sobre os quais Jesus falou”, mas não é não. Nossa sociedade consumista decretou uma lei, vigente em quase todo o mundo: a identidade das pessoas encontra-se naquilo que elas possuem. É sob essa lei que você vive, desejando possuir algum bem que lhe tornará especial e trará consolo para sua alma? Onde você tem buscado consolo para sua vida?

Na esperança de possuir algo?
Jogos, loterias, cartelas premiadas, carnê do baú, jogo do milhão e bingos eletrônicos. Alguns buscam consolo para a dura realidade da vida não na posse de algo mas na esperança de possuir. Não importa se o dinheiro ganho com dificuldade está sendo jogado fora em vez de sustentar a família com dignidade; não importa se a estatística diz ser quase impossível ganhar. O consolo está na esperança. Mas essa é uma esperança que não está no Deus Eterno. Onde você tem buscado consolo para sua vida?

No seu filho ou sua filha?
Muitos pais e mães buscam consolo na possibilidade de serem redimidos por seus filhos ... Sonhos frustrados serão realizados por eles; desejos não alcançados serão usufruídos por eles (Mesmos se eles não quiserem). E para viabilizar tudo isso, tornam-se controladores de seus filhos não permitindo que vivam sua própria vida. Onde você tem buscado consolo para sua vida?

Nas drogas ilícitas,
As autoridades dizem que Fortaleza faz parte de várias rotas de tráfico de droga: maconha, cocaína, anfetaminas, exctase. Por que? ... Somos uma cidade litorânea, ficamos próximo aos mercados consumidores da Europa e EUA ... Pode ser que tudo isso facilite o tráfico, mas o que deveria nos incomodar é que nossa cidade tem buscado consolo para suas angústias nas drogas, e tem afundado nelas. Onde você tem buscado consolo para sua vida?

Nas drogas lícitas?
Álcool, fumo, tranquilizantes e analgésicos também podem se tornar fonte temporária de consolo. Drogas permitidas pela sociedade mas não menos danosas que as outras pois reduzem momentaneamente nossa necessidade de confiar no Senhor. Quando a vida aperta, ameaça e nos faz ficar com medo, onde buscamos consolo, Onde aquietamos nosso coração? No álcool que entorpece ou no entorpecente legal que tranquiliza?

No sono da fuga?
Queridos irmãos e queridas irmãs, quando o sono torna-se mais que um restaurador de energias, quando dormimos para ver se as coisas estarão diferentes ao acordarmos, CUIDADO. Pode ser que o sono tenha se tornado o consolo de sua vida.

Você poderia dizer: Aristarco, graças a Deus não tenho buscado consolo em nada disso. Então, talvez você seja daquelas pessoas dedicadas ao trabalho e ao estudo.

No trabalho duro e sério?
Se falta tempo para você fazer outras coisas em sua vida, à exceção de trabalhar, CUIDADO. Aqueles que são viciados em trabalho tem inúmeras explicações para sua obsessão: é o orçamento que não dá mais; é a oportunidade de ascensão que não pode ser perdida ou a chance da realização pessoal almejada. Não há nada de errado em trabalhar duro e de forma honesta, mas é preciso estar alertar para não buscar na atividade incessante o consolo para a alma.

Nos estudos intensos e sem fim?
É bom e necessário estudar! Mas quando a busca pelo conhecimento tornar-se um fim em si mesmo, você precisa saber que está lidando com um deus que exigirá cada vez mais dedicação. Conheço pessoas que trocaram o cônjuge por um doutorado, os netos por um mestrado e a convivência familiar por um curso de especialização. Onde você busca consolo para sua vida?

Deixe-me lhes dizer algumas coisas para ajudá-lo a perde de vez a ilusão desses breves consolos:

· Suas posses podem ser roubadas;
· Seu filho pode não realizar seus sonhos;
· O efeito das drogas passa e deixa um vazio ainda maior que antes;
· Depois de uma tarde de sono, o mundo continuará lá;
· Depois de 12 horas de trabalho, seus medos e ansiedades ainda estarão esperando por você;
· Um dia você terá dificuldade de lembrar-se do que estudou com tanto afinco.

Onde, meus irmãos, podemos encontrar o consolo que nos torna plenos e felizes? O Senhor Deus não nos deixou sem respostas. As Escrituras apontam o caminho que devemos trilhar.

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus. (II Cor 1:3-4)

No meio das tribulações da vida, o consolo eficaz vem do Senhor, o Deus de toda consolação! É Ele quem pode encher nosso coração de Paz. É isso que a Palavra nos afirma. O desafio para nós, crentes do século XXI é confiar no que diz a Palavra do Deus Eterno. O desafio é confiar em que o Senhor deseja nos consolar com a sua presença, que ele tem pensamentos de paz sobre nós. O desafio é, a despeito das circunstâncias, descansar na soberania amorosa do nosso Deus. Ele mesmo é a nossa consolação eterna.

Terceira Pergunta
Como somos consolados pelo Senhor?

Quero indicar 3 formas pelas quais o Senhor nos consola.

Pelas Escrituras: Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança. (Rom 15:4)

Leia sua Bíblia procurando conhecer melhor a Deus. Descubra do que o Senhor gosta e o que Ele não gosta. Veja nas Escrituras como Ele lida com seus servos. Quando confiamos naquilo que a Palavra afirma sobre o caráter de Deus, somos consolados.

Pelo ensino e exposição da Palavra: Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação. (I Cor 14:3)

Assuma uma atitude ensinável. Esteja aberto para ouvir e ser consolado por aqueles aos quais o Senhor incumbiu com a missão de ensinar a Palavra. Quando permitimos que o ensino da Palavra toque nossas vidas, e não apenas nossas mentes, somos consolados.

Pelo testemunho e amor dos santos: ...e Jesus, que se chama Justo, sendo unicamente estes, dentre a circuncisão, os meus cooperadores no reino de Deus; os quais têm sido para mim uma consolação. (Col 4:11)

Pois tive grande gozo e consolação no teu amor, porque por ti, irmão, os corações dos santos têm sido reanimados. (Fil 1:7)

Esteja atento ao testemunho dos homens e mulheres que andam perto do Senhor. As vidas destas pessoas estão repletas de histórias de fé que podem nos encher de consolo. Para isso é preciso abrir mão de nos considerarmos o centro de nossas vidas para conseguir ver as outras pessoas e aquilo que o Senhor está fazendo nas vidas delas.

Termino com o que o Apóstolo Paulo escreveu aos irmãos de Corinto para que esta verdade maravilhosa não saia de nossas mentes.

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus. (II Coríntios 1:3,4)

Que Ele nos abençoe e molde nossas vidas à semelhança do Seu filho Jesus. E que nos dê da sua graça para essa caminhada de transformação.

13 janeiro 2006

Memória Curta

Josué 4:1-7

O ser humano, de uma forma geral, tem memória curta. Mesmo aqueles que parecem lembrar-se quase tudo estão sujeitos a serem pegos no contrapé da memória.

No Brasil essa dificuldade natural é explorada por muitos políticos e governantes. Eles prometem mundos e fundos na esperança de que eles e suas promessas serão esquecidos até a próxima eleição.

Há também aqueles que se aproveitam da desculpa do esquecimento e se fazem de esquecidos para evitar pessoas e situações.


DEUS CONHECE NOSSA TENDÊNCIA DE ESQUECER

O Senhor sabe sobre nossa limitação em manter o passado na memória. Como é comum sermos abençoados pelo Senhor na caminhada da vida e, na primeira topada, apenas alguns passos depois da bênção recebida, esquecermos daquilo que Ele fez por nós.

DOIS GRANDES MEMORIAIS

Páscoa – Êxodo 12
Ceia – Lucas 22: 7-20

Alguém pode acha razoável que seja necessário ser lembrado de pequenos feitos ou acontecimentos corriqueiros, mas será que alguém esqueceria algo tão impressionante como a libertação do povo de Israel do Egito? Não é um despropósito pensar que alguém poderia esquecer de algo tão poderoso e surpreendente quanto o sacrifício de Jesus, ao se entregar por mim e por você, ao morrer na cruz do calvário? No entanto, o Deus criador dos céus e da terra institui um memorial para cada um desses eventos.

MEMORIAL DO JORDÃO

No texto que lemos, Josué é orientado por Deus a instituir um memorial para lembrar às gerações futuras os feitos do Senhor na travessia do rio Jordão.

CARACTERÍSTICAS DOS MEMORIAIS

Relacionado com a experiência vivida
Visível e palpável
Tinha significado
Deverá ser explicado par outros

Como anda sua memória sobre os feitos do Senhor em sua vida? Você é daqueles que na primeira topada se esquece dos livramentos, da Graça, da salvação, do cuidado e da misericórdia do Senhor?

Estabeleça memoriais! Use músicas, fotos, cartas, objetos ou qualquer outra coisa que possa lembrar-lhe dos feitos maravilhosos do Senhor em sua vida. Memoriais não são promessas para se obter bênção, mas sim lembranças das bênçãos recebidas.

Firme hoje um pacto de lembrança daquilo que Ele irá fazer por você e em você a partir de agora.

Salmo 103