Boa
noite, irmãos. Graça, paz e sabedoria, da parte de Deus, É uma alegria para mim
compartilhar o evangelho de Jesus com os irmãos nesta noite. Minha gratidão ao
pr. Raul pelo convite e aos irmãos pela companhia nesta celebração ao Filho de
Deus.
Hoje,
sob o tema “Caminhos de morte, vereda de vida” seremos desafiados pela palavra
de Deus a experimentar o poder transformador de Cristo.
Há
muitos caminhos para se viver a vida, irmãos. Dentro e fora da igreja as opções
de vida são variadas. Elas brilham diante de nós como letreiros luminosos! Cada
um desses caminhos nos atrai para si mesmo e nos promete coisas que queremos.
Por onde devemos ir?
Uma pergunta importante para esse começo de conversa é: será que nossas opções de vida, as decisões que tomamos diariamente, a maneira como nos relacionamos com as pessoas, o jeito como resolvemos nossos problemas são testemunhos sobre a novidade de vida a que fomos chamados por Jesus?
O
nosso texto base fala sobre isso. Está em Provérbios, escrito por Salomão e
outros sábios:
Há caminhos que ao ser humano parecem ser
as melhores opções de vida, mas ao final conduzem à morte. Pv 14.12
Toda
vez que leio esse texto é como se eu fosse sacudido! Alô, Aristarco! Você pode
estar enganado, sabia? Você pode, inclusive, estar enganando-se a si mesmo,
amigo! O caminho que você escolheu com tanto cuidado como algo bom pra sua vida
pode ser, na verdade, uma grande armadilha. Caminho de morte!
Três histórias
Três
histórias recentes divulgada nos jornais vão nos servir de ilustrações sobre
esses muitos caminhos que se apresentam diante de nós:
............1.............
Ela era
muito feliz!
A
mulher indonésia que assassinou a amiga com cianureto no café porque a
considerava uma pessoa feliz foi condenada nesta quinta-feira (27) a 20 anos de
prisão. Residente na Austrália, Jessica Wongso,
de 28 anos, envenenou em 6 de janeiro de 2016 sua compatriota Wayan Mirna, de
27 anos, em uma cafeteria de Jacarta.
O
juiz Binsar Gultom afirmou que Jessica tinha problemas pessoais, trabalhistas e
sociais, e quando se encontrou com Mirna em dezembro de 2015 e a viu tão feliz
casada, pensou em assassiná-la. Jessica não demonstrou emoção ao ouvir o
veredicto com sua sentença, segundo o jornal britânico "The
Guardian".
Porque
ela tem o direito de ser feliz e eu não? A pergunta que Jéssica pode ter feito
é um clamor por justiça e igualdade. E o que há de errado em desejar que o
mundo seja justo e as pessoas tenham as mesmas oportunidades? Como esse caminho
que parecia tão legal para Stefano se transformou em caminho de morte?
............2.............
Quero ver se
você tem coragem!
Gustavo Riveiros, de
13 anos, foi encontrado ainda vivo com uma corda pendurada no pescoço. Marco
Riveiros, tio de Gustavo, relatou à Polícia que, após ter perdido uma partida
de um jogo online, o garoto teria sido desafiado pelos outros jogadores a se
enforcar.
Segundo
o relato do tio, Marco Riveiro, que consta no boletim de ocorrência, o sobrinho
brincava online com outros três colegas quando aconteceu o enforcamento. A cena
teria sido acompanhada em tempo real pelos outros participantes do jogo.
Quem
gosta de virar as costas a um desafio? Quem gosta de ser considerado medroso e
covarde? Gustavo queria ser visto como alguém corajoso e ser aceito pelos
amigos. O que há de errado nisso? Como esse caminho que parecia tão legal para
Gustavo se transformou em caminho de morte?
............3.............
Eu só queria
me divertir!
Stefano Brizzi, de
50 anos, admitiu ter estrangulado Gordon Semple, de 59, no flat em que morava
em Londres (Inglaterra). Os dois haviam se conhecido por meio do aplicativo de
paquera Grindr (leia mais aqui). Stefano desmembrou o cadáver e dissolveu
partes dele em um banho de ácido - sinistro método utilizado pelo personagem
Walt, da série famosa “Breaking Bad”.
Apesar
do cenário de horror, Stefano disse no tribunal que não tinha intenção de matar
o policial: “Não, eu só queria me divertir. Estávamos vendo filme pornô, eu só
queria fazer sexo”, declarou ele. Inicialmente, pressionado pela polícia,
Stefano declarou que havia matado o policial “sob ordens de Satã”.
O
que há de errado em alguém querer se divertir? Não parece ser uma boa opção
aproveitar o que a vida pode oferecer? Por acaso a diversão em si é algo
errado? Como esse caminho que parecia tão legal para Stefano se transformou em
caminho de morte?
Muitas propostas
A
verdade, irmãos, é que há muitas propostas para vivermos nossas vidas. Há
muitas maneiras diferentes pelas quais podemos viver nossos dias aqui. Por
isso, uma pergunta é inevitável: quais dessas maneiras de viver são as
melhores?
• Devemos viver como se não houvesse
amanhã?
• Devemos deixar a vida nos levar:
vida, leva eu?
• Devemos tirar da vida tudo que ela
pode oferecer?
• Devemos experimentar tudo sem
arrependimento?
Alguém
pode pensar que não faz diferença se vivemos de um jeito ou de outro, que tudo
isso é só uma questão de gosto ou de opção pessoal, mas a experiência confirma
que a maneira como vivemos é determinante não só para o nosso futuro, mas também
para o futuro daqueles que nos cercam.
Será
que Jéssica fez o melhor ao colocar a
própria felicidade como algo inegociável? Será que Gustavo
estava certo acreditando que a aceitação de seus amigos era o seu bem
mais precioso naquele momento? Será que Stefano tomou
a melhor decisão ao colocar a diversão como o objetivo maior de sua vida?
Momentos decisivos
Assim
como nós, Jesus viveu momentos decisivos em que precisou resolver como ele ia
lidar com as circunstâncias do dia a dia. Ele precisou decidir o que era mais
importante que tudo em sua vida e descobrir como lidar com os dias difíceis...
como responder ao medo... o que fazer quando ele sentisse forte o poderoso...
como responder aos sentimentos de insegurança.
Momentos
assim são realmente importantes. O que fazemos nesses momentos define o tipo de
pessoa em quem nos transformaremos. Nossas convicções nessa hora são como
bússolas que nos guiam por entre as muitas opções de vida que estão disponíveis
diante de nós.
Um
desses momentos vividos por Jesus foi quando ele passou 40 dias no deserto. Ali
ele tomou várias decisões. Ali no deserto ele enfrentou questões importantes
sobre os objetivos de sua vida e sobre onde estava depositada sua confiança.
(1)
Em
quem confiamos?
O
primeiro desafio que Jesus enfrentou foi exatamente a respeito da sua confiança
no Pai.
Se és Filho de Deus, manda que estas
pedras se transformem em pães. Mt 4.3
Será
que o tentador tinha dúvida sobre quem Jesus era? Claro que não! Será que os
anjos que testemunhavam aquela cena tinham dúvida sobre quem Jesus era?
Certamente não! E Jesus tinha dúvida sobre quem ele era? Absolutamente não! A
questão ali não era sobre a identidade de Jesus, mas sobre onde estava sua
confiança: “você realmente confia no Pai? ”, perguntou o tentador?
Bastava
uma ordem para que das pedras surgissem pães, mas Jesus não fez isso. Ele se
negou a dar um jeitinho na situação. Negou-se a fazer uma contabilidade
criativa para se garantir. Ele preferiu confiar que aquela situação difícil e
sofrida estava sendo acompanhada pelo Pai e seria usada por Ele para o seu bem.
Veja
que são caminhos diferentes, meu irmão: O tentador propõe que você transforme
as pedras de sua vida em pães e mate sua fome. Ele afirma que você pode ser o
seu próprio herói. Não é preciso andar pelos caminhos tortuosos de Deus, porque
pode ser arriscado. Ninguém sabe o que ele vai fazer.
A
proposta do evangelho de Jesus é que você não fuja do deserto pelas suas
próprias forças. É um chamado para você confiar naquele que o levou até o
deserto. Por isso, a resposta de Jesus:
Não só de pão viverá o homem, mas de toda
palavra que procede da boca de Deus. Mt 4.4
Ali
no deserto a fome de Jesus era a mais básica de todas: fome de pão mesmo. No
deserto de concreto em que estamos, a fome que temos às vezes é de outro tipo:
de roupa (bacana), de tênis/sapato (legal), de carro (novo), de celular
(moderno), de apartamento (maior), de emprego (seguro), de TV por assinatura,
de plano de saúde.
O
que você vai fazer com essa fome? Existem alguns caminhos que parecem ser bons:
Carro novo
– fazer um financiamento em 60 meses e depois cola um adesivo: foi Deus quem me
deu – Jesus na frente!
Celular moderno
– comprar um usado em estado de novo pela metade do preço. Daqueles que já vem
fotos e contatos (do antigo dono).
Apartamento
– comprar comprovante de renda pra declarar renda formal.
TV por assinatura – contratar os serviços daquele técnico que vende, ele
mesmo, o pacote completo da NET: la
garantia soy yo!
Se
você pode transformar pedras em pães, por que não fazer? Porque quando transformamos pedras em pães,
estamos perdendo a oportunidade de confiar no Senhor e na promessa que ele nos
fez de nos consolar e animar em meio ao sofrimento, dor, angústia, amargura e
tristeza que são plantadas em nossas almas.
A
caminho de morte é transformar pedras em pães e sair logo do deserto. A vereda
da vida é permanecer no deserto e, mesmo como fome, confiar na palavra que
procede da boca de Deus.
Lembra
da Jéssica, que matou a amiga porque não
suportou a felicidade dela? E se a Jéssica tivesse enfrentado o deserto em que
ela estava de outra forma? Se ela conhecesse o amor de Deus? Talvez ela haveria
dito NÃO para a proposta de transformar pedras em pães. Sua fome de felicidade
continuaria, mas ela teria recebido o consolo da presença de Jesus e, quem
sabe, teria sido socorrida por anjos em suas necessidades.
(2)
Qual
o preço do sucesso?
O
segundo desafio que Jesus experimentou foi em relação a até onde estamos
dispostos a ir para obter sucesso:
Se és Filho de Deus, atira-te abaixo,
porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e:
Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. Mt 4.6
O
tentador ofereceu um caminho brilhante: um grande espetáculo tiraria Jesus no
anonimato em que ele se encontrava naquele momento. Ele se jogaria do lugar
mais alto do templo e seria aparado pelos anjos antes de se espatifar no chão.
E como Jesus disse que preferia confiar na palavra de Deus, o tentador trouxe
uma promessa registrada nas Escrituras para tornar a opção digna de crédito.
O
que haveria de errado nisso? Não parece um bom caminho? Não é uma promessa de
Deus? Jesus não estaria exatamente confiando no Pai? Não seria esse caminho uma
garantia de sucesso? Olhando de longe parece um caminho largo e pavimentado.
Se
você quer confiar em Deus e ao mesmo tempo garantir independência pessoal e
sucesso, esse parece ser um jeito muito atrativo de viver. Pode-se ficar
encantado com brilho desse espetáculo que tentar colocar Deus numa sinuca.
Mas
Jesus percebeu que se tratava de uma ilusão: conciliar o irreconciliável. O
show seria maravilhoso e as pessoas veriam imediatamente o sucesso do filho de
Deus, e tudo pareceria aceitável, porque era o cumprimento de uma promessa
feita por Deus nas Escrituras, mas aquilo significava romper seu relacionamento
com o Pai. Então ele respondeu o
seguinte:
Também está escrito: Não tentarás o
Senhor, teu Deus. Mt 4.7
Essa
é a mesma proposta daqueles que hoje nos convidam a exigir de Deus o que nos é
devido por promessa. Na mente dessas pessoas Deus está agora obrigado a fazer o
que elas querem, porque está escrito.
Esse
caminho despreza a importância do relacionamento com um Deus que não é um caixa
eletrônico, mas uma pessoa com quem podemos conversa francamente através da
oração que se revela através de sua Palavra. Assim, aquilo que parecia
inicialmente um bom caminho para aprender a confiar no Senhor na verdade se revela
uma rota direta para a morte da alma.
Jesus
não estava disposto a pegar um atalho a fim de parecer bem-sucedido, ainda mais
quando isso significava sacrificar o seu relacionamento com o Pai.
Ele
sabia que as muitas promessas feitas nas escrituras não era botões mágicos para
se obter coisas e favores. Nas Escrituras as promessas estão sempre num
contexto de relacionamento. Promessas não devem ser exigidas, mas recebidas de
coração grato. Quando o Senhor cumpre uma promessa em nossas vidas ele o faz por
sua graça e misericórdia, não por força de uma obrigação.
Lembra
do Gustavo? Quando que ele estava ali, jogando com os amigos, ele acreditou que
precisava arriscar tudo. Ser aceito e reconhecido pelos amigos depois de sair
por cima daquele desafio era o sucesso daquele momento.
Tudo
poderia ser diferente se ele houvesse percebido a armadilha que estava a sua
frente. Se naquela hora crucial houvesse a possibilidade de escolher pelo amor,
a aceitação e o reconhecimento do amigo Jesus... A história teria sido outra!
Há
muitas coisas que fazem a gente se sentir bem-sucedido na vida, mas nenhuma
delas é tão importante quanto o nosso relacionamento com Deus.
(3)
Uma
vida sem limites
O
terceiro desafio que Jesus enfrentou foi sobre limites. Será que a vida deve
ser vivida sem limites? Isto é, será que devemos ir até as últimas
consequências em tudo que fizermos? Ou seria melhor colocar limites naquilo que
fazemos?
Tudo isto te darei se, prostrado, me
adorares. Mt 4.9
A
oferta do tentador é um desaforo! Ele pede ao filho de Deus que se prostre e o
adore. Por que ele fez essa proposta sem sentido? Penso que ele queria se
aproveitar da situação em que Jesus se encontrava: ao assumir a forma humana
Ele limitou-se a si mesmo.
Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo
Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a
que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se
semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si
mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! Fl
2.5-8
É
como se o tentador olhando pra Jesus dissesse: “Ora, exploda-se o Pai, o mundo
que ele criou e toda a raça humana! Você é livre para fazer o que quiser!
Ninguém tem o direito de determinar a sua vida! Porque tanto sofrimento, tanta
dificuldade? Você pode receber toda a glória que lhe foi prometida agora
mesmo!”
Essa
maneira de viver é oferecida o tempo todo para nós: “Dane-se tudo e todos! O
importante é realizar o seu sonho! Essa vida é muita você tem mais é que curtir!
A única coisa que importa é você encontrar sua feliz! Tire da vida tudo que ela
pode lhe oferecer!”
Com
essa forma de pensar em mente, o ser humano e capaz de cometer atrocidades
inomináveis e maldades que nunca imaginávamos se capazes de fazer. Como base
nessa forma de pensar, famílias são destruídas, empresas são fraudadas,
impostos sonegados, florestas destruídas, pessoas assassinadas, crianças
violentadas, mulheres espancadas e empregados explorados.
Jesus
responde ao tentador reafirmando o entendimento que o trouxe a este mundo: a
verdadeira liberdade está em respeitar os limites do amor.
Retira-te, Satanás, porque está escrito:
Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto. Mt 4.10
Jesus
deixa claro que não está disposto a viver uma vida sem limites. Ele não vai
fazer de tudo para receber a glória que lhe justa. Ele colocar nada, nem mesmo
a glória que lhe pertence por justiça, acima do relacionamento dele com o Pai.
Lembra
do Stefano? Ele disse que só queria uma noite de curtição e prazer, mas acabou
cometendo um crime vil e inominável contra outro ser humano. Talvez, se ele
entendesse os limites como parte da vida... se ele compreendesse que limitar as
próprias vontades pode ser uma expressão de amor... Se o exemplo de Jesus
estivesse vivo em sua mente... A história poderia ser outra.
A renovação da mente
Concluo
nossa reflexão dessa noite ressaltando que a única maneira de escaparmos dos
caminhos de morte é encontramos a vereda de vida. Jesus afirmou que ele mesmo é
a vida. Mas como isso acontece?
Precisamos
permitir que nossa maneira de pensar, isto é, a forma como entendemos o mundo,
seja mudada. Você não pode ser a mesma pessoa e pensar do mesmo jeito depois
que Jesus para a ser o seu Senhor.
A
nossa mentalidade, isto é, nossas convicções, opiniões e opções de vida precisam
transformadas mesmo, pela renovação constante que o Espírito realiza através da
Palavra de Deus. Veja o diz o apóstolo Paulo
Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas
transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de
experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Rm 12.2
As
muitas opções de vida que se oferecem a todo instante, mas quando elas
encontram em nós uma mente renovada pelo Espírito, fortalecida pelas convicções
do amor de Deus e confiante no exemplo deixado por Cristo Jesus, o resultado é
que os caminhos de morte são rejeitados e a vereda de vida se torna nossa
trilha diária, e começamos a experimentar como a vontade de Deus é boa perfeita
e agradável.