Arrependimento para Santificação - Parte 2
1ª Igreja Batista em Nova Esperança - Santa Rita/PB - Acampamento de Carnaval 2016
Hoje pela manhã vimos que o arrependimento não está limitado à experiência de conversão, quando fomos transportados do império das trevas para o Reino do filho do seu amor. Arrependimento é o modo pelo qual o Senhor nos permite reafirmar que nossa esperança está em Cristo Jesus.
Entendemos
com a ajuda do Espírito Santo de Deus que não há espaço no evangelho para o
arrependimento religioso. Aqueles que se arrependem, mudam de comportamento e
até se esforçam para fazer tudo certo, mas fazem isso com o objetivo de serem
aceitos por Deus como pessoas de bom coração, estão como alguém que tenta tirar
água de um barco furado com um copo descartável.
Já
o arrependimento do evangelho é diferente, não tem como objetivo aplacar a ira
de Deus, nem tampouco obter o seu favor: aquilo, atender a ira de Deus, já foi
realizado através do sacrifício de Cristo Jesus, realmente o único homem de
coração perfeitamente bom que habitou neste mundo; e quanto a obter o favor de
Deus, precisamos conhecer melhor o Deus a quem servimos, porque o coração dele
já está inclinado a nosso favor. Vejamos o que escreveu o apóstolo Paulo:
31-32Que poderemos nós comentar perante coisas
tão maravilhosas? Se Deus está ao nosso lado, quem será contra nós? Se ele nem
o seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, não nos dará, com
Cristo, tudo o mais que precisarmos? 33 Quem ousará acusar-nos, a nós que Deus escolheu para
si mesmo? Porque foi Deus mesmo quem nos perdoou 34 Quem pois é que nos condenaria? Ninguém o poderia
fazer visto que foi mesmo Cristo quem morreu e ressuscitou por nós, e se encontra
sentado no mais honroso lugar junto de Deus, ali intercedendo em nosso favor. (Rm 8. 31-34)
O
arrependimento conforme o evangelho é algo a que o cristão amadurecido vai se
tornando cada vez menos resistente.
Cristãos
maduros não têm conceitos elevados sobre si mesmos, nem guardam consigo falsas
esperanças sobre a bondade de seus corações, porque sabem que mais cedo ou mais
tarde essas esperanças se revelarão meras ilusões; mas guardam consigo a
esperança que têm em Cristo Jesus, nos méritos de seu salvador, diante de quem
todo joelho, nos céus e na terra se dobrarão.
As disciplinas do arrependimento
Hoje
à noite tenho como objetivo propor três disciplinas pessoais como uma estrutura
para a prática do arrependimento conforme o evangelho. Para isso voltarei a
consultar o texto escrito por Tim Keller e traduzido por Felipe Sabino de
Araújo no site monergismo.com.
Tim
Keller, a partir das práticas devocionais relatadas por George Whitefield, em
uma carta escrita em 1738, nos apresenta uma estrutura para realizarmos nosso
inventário pessoal (no caso de Whitefield, ele o fazia diariamente) e assim
encontrarmos o material de que precisamos para prática do arrependimento.
Muitas
pessoas não se exercitam no arrependimento porque não sabem bem do que arrepender-se.
Olham para si mesmas, para suas vidas comuns e aparentemente tranquilas, e não
sabem do que deveriam se arrepender.
Elas
vão à igreja com alguma frequência, vivem uma vida sem muitos erros graves,
entregam suas ofertas, trabalham duro a semana inteira, levam os filhos para a
escolha, cumprem suas tarefas domésticas, e, ao final de tudo, não sabem de que
deveriam arrepender-se.
Essa
breve estrutura (Tim Keller propõe quatro pontos, mas nós veremos três deles)
talvez possa nos ajudar com perguntas que revelem alguns motivos para nosso
arrependimento conforme o evangelho, isto é, razões para que haja nós convicção de pecado, contrição pelo pecado, confissão de pecado, conversão do pecado e a confissão de Cristo como nossa única
esperança.
Profunda Humildade
A
primeira disciplina a que somos chamados é a humildade. Essa disciplina
espiritual se contrapõe ao orgulho (atualmente muito em moda). Embora na moda,
o orgulho é traiçoeiro e venenoso.
Conta-se
que Francisco de Assis, passando durante o inverno por uma das ruas friorentas
de sua cidade natal, acompanhado de alguns discípulos, compadeceu-se de um
mendigo que tremia na calçada. Sem qualquer dúvida em seu coração, ele retirou
a capa esfarrapada de sobre os seus ombros e colocou sobre aquele pobre homem
quase congelado.
Vinte
passos a frene, os discípulos sentiram falta de Francisco, que estava cerca de
passos atrás, com as mãos sobre os olhos e soluçando.
-
A capa, a capa!
-
O que foi mestre, perguntaram?
-
A capa, respondeu.
-
O senhor a quer de volta?
-
Não. Ele precisa bem mais que eu.
-
Então, mestre, porque você está chorando? Ninguém faria a bondade que você fez
àquele homem.
-
Eu sei que fiz algo bom para com ele. No entanto, bastaram dez passos para que
meu coração se enchesse de orgulho pelo bem que fiz.
Perguntas para
revelar o pecado do orgulho
·
Olho com desprezo para alguém?
·
Tenho sido atormentado pelas
críticas contra mim?
·
Eu me sinto frequentemente
desdenhado e ignorado?
Caminhos para o
arrependimento
Considere
a graça de Jesus em sua vida até que...
...
o sentimento de desdém diminua (lembre-se de que você também é pecador que
desdenha e despreza outras pessoas);
...
a dor pelas críticas diminua (traga à memória que a aprovação de Deus é mais
importante);
...
o desprezo pelo outro perca o sentido (lembre-se que tentar diminuir o outro
não o fará maior).
No
fundo o orgulho, em todas as suas formas de expressão, é a tentativa de manter
uma boa imagem diante das pessoas. Em outras palavras, preservar as máscaras.
Então,
para vencermos o orgulho, precisamos considerar que a maravilhosa graça de
Deus, que nos amou sem esperar que fôssemos boas pessoas. Tentar parecer
perfeitos para sermos aceitos, então, não só é peso muito grande como
totalmente desnecessário.
Considere
o amor gracioso de Deus por vocês e experimente a alegria e a liberdade de ser
apenas quem você é.
Amor em chamas
A
segunda disciplina a que somos chamados é o amor. Essa disciplina espiritual se
contrapões à indiferença. Hoje, ser indiferente às pessoas é considerado um
sinal de fortaleza, mas a verdade é que o fim de alguém que cultiva a
indiferença é a frieza e a solidão.
Há
alguns anos atrás a banda Oficina G3 compôs uma canção cujo o título é
indiferença. A letra é um grito contra o estado de passividade em que as
grandes cidades se encontram.
Uma
das frases que mais me chamou a atenção foi o refrão, que diz:
“Vidros fechados,
gestos mudos do outro lado.”
Perguntas para
revelar o pecado da indiferença
·
Tenho pensado ou falado com maldade
contra alguém?
·
Tem me justificado quando sou
flagrado criticando alguém?
·
Tenho sido impaciente e iracundo
com frequência?
·
Tenho agido com falta de atenção
para com as pessoas?
Caminhos de
arrependimento
Considere
a graça de Deus e o amor dele por vocês, sem que você nada merecesse, até
que...
...
não haja frieza ou grosseria em suas emoções (pense no amor de Cristo, morrendo
gentilmente em seu lugar);
...
não haja mais impaciência com os outros (pense na paciência de Cristo para com
você);
...
surja alguma ligação com as pessoas e indiferença se desvaneça.
O
amor de Deus não foi indiferente. Ele se importou. Jesus não foi indiferente!
Ele não pensou apenas em si. Ele assumiu o ônus de se importar com as pessoas.
Muitos o rejeitaram, outros zombaram, outros nem entenderam, mas ele amou até o
fim. Vejamos as orientações do Apóstolo Paulo aos irmãos da cidade de Filipos:
4 Não pensem unicamente nos vossos
interesses, mas procurem também aquilo que interessa aos outros. 5-8Que haja assim em vocês a mesma atitude
que houve em Cristo Jesus, que, embora por natureza sendo Deus, não reivindicou
o ser igual a Deus, mas desfez--se das suas regalias próprias, e tornando-se um
ser humano, tomou uma posição de dependência, humilhando-se a ponto de se
sujeitar voluntariamente à morte; não a uma morte vulgar, mas à morte da cruz. (Fp
2.4-8)
Algumas
pessoas pensam que o que se opões ao amor é o ódio. Mas isso é um engano. O que
se opões ao amor é a indiferença. E se Deus amor, não permita que a indiferença
se torne seu modo de viver. Isso seria renegar a fé e virar as costas para
Deus.
Coragem sábia
A
terceira disciplina a que somos chamados para exercitar o arrependimento conforme
o evangelho é a coragem. A coragem aqui não é irresponsabilidade nem
inconsequência, mas sabedoria; coragem para olhar a vida pelos olhos de Deus.
Diz
uma antiga fábula que um Rato vivia angustiado com medo do gato. Um mágico teve
pena dele e o transformou em gato.
Mas aí ele ficou com medo do cão, por isso o mágico o transformou em cão. Então, ele começou a temer a pantera e o mágico o transformou em pantera. Foi quando ele se encheu de medo do caçador. A essas alturas, o mágico desistiu.
Mas aí ele ficou com medo do cão, por isso o mágico o transformou em cão. Então, ele começou a temer a pantera e o mágico o transformou em pantera. Foi quando ele se encheu de medo do caçador. A essas alturas, o mágico desistiu.
Transformou-o em Rato novamente e disse:
“Nada que eu faça por você vai ajudá-lo, porque você tem a coragem de um Rato”.
Quanta
coragem existe em você? Você já sentiu como ratinho da história: nada é
suficiente para fazer de você alguém corajoso? Não se entristeça! Até Josué, um
homem acostumado com dureza da vida, precisou ouvir palavra de encorajamento.
No
entanto, a coragem sábia da qual estamos falando não se contrapões ao medo, sim
à ansiedade, isto é, à pressa de fazer tudo perfeitamente correto.
Essa
ansiedade tem efeitos opostos: enquanto alguns ficam paralisados pela ansiedade
o outros se tornam precipitados e impulsivos.
Perguntas para
revelar o pecado da ansiedade
·
Tenho evitado as pessoas com quem
preciso tratar problemas?
·
Tenho evitado tarefas sob minha
responsabilidade?
·
Tenho falhado em ser objetivo
naquilo que precisa ser feito?
·
Tenho agido com precipitação e
impulsividade?
Caminhos de
arrependimento
Considere
o amor graciosos e corajoso de Cristo por você até que...
...
não haja qualquer fuga covarde dos problemas difíceis (lembre-se do que Cristo
enfrentou por você);
...
os comportamentos ansiosos e cheios de preocupação se dissipem (lembre-se de
que Deus já provou o amor dele por você, pelo fato de haver Cristo morrido na
cruz, e que ele jamais o abandonará).
A
coragem sábia não é mero destemor quanto às coisas da vida. Também não é
resultado de sentir-se forte e capaz de resolver qualquer coisa. Essa coragem
não é ter convicção de que você vai conseguir.
Coragem
sábia é enfrentar os problemas da vida confiando que Ele estará conosco até o
final: consolando, encorajando, animando, ou simplesmente nos fortalecendo nos
dias maus.
Conclusão
O
arrependimento religioso é um sinal de fracasso;
arrepender-se segundo o evangelho é um brado de vitória a respeito do amor de Deus
O
arrependimento religioso é motivo de tristeza
pelo que não fizemos; arrepender-se segundo o evangelho é motivo de alegria pelo que já fez e fará por nós.
O
arrependimento religioso esperança frustrada
de acerta; arrepender-se segundo o evangelho é a esperança realizada que temos em Cristo Jesus.
O
arrependimento religioso fala de mim
mesmo e de meus esforços e ser bom; arrepender-se segundo o evangelho é proclamar as virtudes de Cristo.
O
arrependimento religioso é desejo de independência;
arrepender-se segundo o evangelho é declarar sua dependência da graça amorosa de Deus.
O
profeta Isaías relatou algo maravilhoso e terrível ao mesmo tempo. A fala do
Senhor ao seu povo naqueles dias foi a seguinte:
“Diz
o soberano Senhor; o santo de Israel: “No arrependimento e no descanso está a
salvação de vocês, na quietude e na confiança o seu vigo, mas vocês não
quiseram.”
Qual
será sua resposta nessa noite? Eu desejo que você diga sim ao arrependimento,
que decida experimentar as disciplinas que podem conduzi-lo à maturidade, à
perfeita varonilidade de Cristo.