Dedicados uns
aos outros
Paulo usou a metáfora do corpo para mostra
que os seguidores de Jesus são membros uns dos outros. Essa bonita ilustração
mostra como a Igreja funciona. Cada crente é necessário e vitalmente importante
no plano de Deus.
Analogias são ótimas para introduzir um
assunto ou para fornecer acesso a um conhecimento. No entanto, comparações não
são perfeitas em tudo e não têm a função de esgotar o assunto. Isso quer dizer
que nem tudo a respeito do corpo humano pode ser aplicado à igreja e que há
muitos aspectos da igreja que não podem ser percebidos através da comparação
com o corpo.
É por isso, e também por causa da
importância e complexidade do assunto, que as Escrituras nos fornecem outras
analogias sobre a Igreja, como lavoura, edifício, exército, etc. Em Rm 12.10
temos indícios de outra analogia importante para compreendermos a natureza da
Igreja que somos.
10 Dediquem-se uns aos outros com amor
fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios. Rm. 12.10 (NVI)
O termo philadelphia, traduzido por amor fraternal, originalmente refere-se
aos relacionamentos familiares. Quando o apóstolo Paulo o aplica à igreja,
parece afirmar que o relacionamento entre os discípulos de Jesus é marcado por
um amor semelhante ao amor que existe entre irmãos.
O termo adelphos, usado nas escrituras por mais de 200 vezes e traduzido
como irmão, quer dizer, literalmente “do mesmo ventre” e é claramente um termo
familiar. Assim, a Bíblia aponta para uma realidade inescapável e profunda:
nascemos de novo (como Jesus falou a Nicodemos) dentro da família de Deus. Ele
nos adotou a todos como filhos e filhas por meio de Jesus Cristo.
5 Deus nos destinou para sermos adotados
como filhos, por meio de Jesus Cristo; esse era o seu desejo e o seu propósito. Ef 1.5 (VFL)
As duas analogias (corpo e família)
claramente nos fornecem comparações diferentes e parecem ter objetivos
diferentes: quando Paulo usou a metáfora do corpo, valeu-se dos aspectos físicos para ilustrar o funcionamento da
igreja com a participação de todos discípulos a partir das habilidade e
capacitações de cada um; mas quando empregou a metáfora da família o foco é outro: ele quis mostrar os aspectos psicológicos
das relações entre os cristãos.
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Dizer que a igreja é como uma família pode
ser inspirador para alguns, mas não ajuda muito outras pessoas, cuja a
experiência familiar não foi (ou não é) das melhores.
Com frequência, crianças crescem sem
sentir como é ser aceito, amado incondicionalmente ou sentir-se seguro; não
aprendem a confiar nos outros, pelo contrário. Por causa do ambiente hostil em
que são criadas, aprendem a mentir, trapacear e enganar; assim, o egoísmo acaba
se tornando um modo de sobrevivência onde há pouco espaço para confiança,
generosidade e afeto.
Como esse cenário se liga à analogia da
igreja como família? O ponto a ser considerado é o fato de que alguém se tornar
um cristão não muda automaticamente atitudes e modos de pensar que foram
desenvolvidos ao longo da vida. Assim, quando passam a fazer parte da família de Deus, muitos chegam apenas
com uma vaga noção do que seja ser amável, carinhoso, sincero e confiante e com
pouca disposição para acreditar que esta família seja diferente daquela em que
ele cresceu.
A boa notícia é que Deus projetou a igreja
(a família dele) para trazer cura espiritual e emocional a todos os que nela
forma incluídos, mesmo aqueles que tiveram poucas experiências familiares de
amor e cuidado mútuos.
Infelizmente, o mundo está cheio de igrejas
que não funcionam como famílias plenas e funcionais. Nessas igrejas os crentes não são dedicados
uns aos outros em amor fraternal; nessas igrejas o lema “um por todos, todos
por um” é motivo de gracejos, piada e descrença; nessas igrejas há poucas
empatia, pouco desprendimento e pouca disposição para se gastar em benefício
dos outros; nessas igrejas as pessoas que chegam vindas de famílias quebradas e
desestruturadas são expostas a outras famílias que quase nada podem fazer,
porque também se encontram na mesma situação.
Quando isso acontece, o plano de Deus para
a cura espiritual e emocional é impedido. De fato, essa situação leva à
desilusão e devastação espiritual. É inegável que vivemos tempo difíceis.
Uma pergunta é inevitável. Pode a igreja
trazer cura e saúde a quem tanto precisa? A resposta é decididamente “SIM”.
Isso já aconteceu incontáveis vezes na história e pode acontecer aqui com a
gente também. Que passos podemos dar para caminhar em direção a uma
igreja-família, cujos relacionamentos dão testemunho aos de fora e acolhimento
aos de dentro?
Apesar de nossa condição como membros da
família de Deus ser uma ligação produzida pelo Espírito de Deus, mediante a
regeneração, que nos insere em uma nova vida, ainda assim mostrar amor e afeto
por outros cristãos e trata-los como irmãos e irmãs precisa ser aprendido.
PASSO
1
O primeiro passo para esse aprendizado é
examinar com cuidado e espírito de submissão o que a Bíblia fala sobre amor
fraternal. A seguir, uma amostra:
9Mas
quanto ao amor fraternal puro que deve existir entre o povo de Deus, eu não
preciso falar muito, tenho certeza! Porque o próprio Deus está ensinando vocês
a se amarem uns aos outros. 10Na verdade, já é forte o amor que
vocês têm por todos os irmãos em Cristo no seu país todo. Mesmo assim, queridos
amigos, nós lhes rogamos que amem cada vez mais a eles. 1 Ts 4.9,10
1Não deixem nunca de se amar com amor de irmãos. 2Não
se esqueçam da hospitalidade, porque foi assim que alguns hospedaram anjos, sem
o saber. 3Lembrem-se dos presos como se estivessem presos com eles;
e dos que são maltratados como se fossem vocês mesmos a sofrer. Hb 13.1-3
22Agora
podem ter entre vocês um amor fraterno, não fingido, porque as vossas almas
foram purificadas pela obediência à verdade. Amem-se, pois, uns aos outros de
todo o coração. 23Porque vocês nasceram de novo, não de uma semente
deteriorável, mas de uma semente imortal, pela palavra de Deus viva e que
permanece para sempre. 1 Pe 1.22,23
8E
agora, esta palavra a cada um: vocês devem ser como uma grande família feliz,
cheios de simpatia uns pelos outros, amando-se uns aos outros, com corações
ternos e mentes humildes. 9Não paguem mal por mal. Não retribuam
àqueles que dizem coisas desairosas sobre vocês. Em vez disso, orem para que
Deus ajude os tais, pois devemos ser bondosos para com os outros, e Deus nos
abençoará por isso. 1 Pe 3.8,9
5-7Sendo
assim, esforcem-se diligentemente por acrescentar à vossa fé uma boa conduta; e
além disso o conhecimento das coisas espirituais; depois aprendam o que é o
domínio dos vossos próprios desejos naturais; acrescentem a perseverança, e
ainda uma relação efectiva com Deus. E não se esqueçam da afeição fraterna, e
enfim do amor. 8Porque se estas qualidades abundarem na vossa vida,
elas não vos deixarão ociosos nem estéreis, mas antes frutuosos no conhecimento
de nosso Senhor Jesus Cristo. 2 Pe 1.5-7
PASSO
2
Avalie suas atitudes e ações com respeito
aos outros membros da sua família cristã. Até que ponto você sente amor e afeto
em relação aos seus irmãos em Cristo? Vejamos se as perguntas a seguir podem
auxiliar-nos nessa reflexão:
Bloco A
1.
Você
se sente à vontade para expressar seus sentimentos a outras pessoas? Por quê?
2.
Você
já foi magoado por alguém em quem confiava? O que você aprendeu com essa
situação?
3.
Você
acha que vale a pena abrir o coração na família de sangue? E na família de fé?
4.
Quais
são os riscos que corremos ao expressar nossos sentimentos na família de Deus?
Você acha que vale a pena?
Bloco B
1.
Na
sua família, com seus pais e irmãos, como vocês expressavam amor uns pelos
outros?
2.
Como
você classificaria sua família (pais e irmãos) em relação a expressar
sentimentos? Muito Aberta, Aberta, Fechada, Muito Fechada.
3.
Em
termos de expressar sentimentos e emoções, o que era assunto proibido em sua
família (pais e irmãos)?
4.
Você
se sente confortável em chamar Deus de pai? Por quê?
Bloco C
1.
Por
quanto tempo você já ficou ruminando uma briga em que você foi ofendido: dias,
semanas, meses ou, anos?
2.
Para
você, o que é ressentimento? Como você lida com esse sentimento?
3.
Como
você acha que as pessoas percebem você: fácil de provocar ou difícil de
provocar? De bem com a vida ou de mal com a vida?
Bloco D
1.
Por
quanto tempo você já ficou ruminando uma briga em que você foi ofendido: dias,
semanas, meses ou, anos?
2.
Para
você, o que é ressentimento? Como você lida com esse sentimento?
3.
Como
você acha que as pessoas percebem você: fácil de provocar ou difícil de
provocar? De bem com a vida ou de mal com a vida?
PASSO
3
Se depois dessas perguntas você achar que
precisa de ajuda, procure um membro amadurecido do Corpo de Cristo em quem você
confie. Isso é muito importante para sua caminhada. Comece a agir em harmonia
com aquilo que você sabe ser o desejo de Deus. Não espere sentir vontade.
Frequentemente sentimentos vêm logo após ações. Expressa o amor de forma
tangível o ajudará a desenvolver sentimentos de amor e a comunica-los
verbalmente.
Adaptado a partir de capítulo homônimo do livro "Um por todos, todos por um", Gene Getz, Ed. Textus - Rio de Janeiro - 2000. Tradução por Ana Vitoria Esteves de Souza.