2E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação do vosso entendimento. Rm 12.2 (ARC)
...não vos conformeis...
Entendo que esse texto fala sobre modos de pensar, sobre
diferentes maneiras de encarar o mundo e a vida.
Há pessoas que consideram que o melhor caminho para
resolver problemas é com base na força, na imposição da própria vontade sobre o
outro. Há quem pense que a solução é fazer uma permuta de interesses, assim
todo mundo sai ganhando. E outros entendem que uma boa conversa baseada na
verdade, sem o uso da força ou da permuta, pode ajudar.
São formas diferentes de pensar sobre a resolução de
problemas. E cada uma delas produz um modo de viver diferente. A pergunta a ser
feita é: será que esses modos de pensar (e de viver) são indiferentes para os
seguidores de Jesus? Podemos adotar qualquer um deles?
No texto que lemos, o apóstolo Paulo parece afirmar
aos irmãos da cidade de Corinto que existem formas de pensar que não deveriam
ser adotadas por quem segue a Jesus. Porque elas nem sempre refletem o modo
como Cristo vê o mundo e a vida
Ora, nenhuma ideia é inofensiva. Todo pensamento nos
arrasta para um modo de vida. Toda ideia tem uma pretensão e quem segue a Jesus
precisa testá-las antes de ser abraçá-las. Cada novela, cada filme, cada livro,
cada artigo, cada ditado popular, cada postagem que viraliza no Facebook,
Instagram ou Whatsapp tem uma pretensão.
A ideia de que ninguém deve abrir mão de seus direitos,
por exemplo, que é tão importante para algumas pessoas, produz uma sociedade
que tem dificuldade de ser generosa, de promover a paz e a reconciliação.
A ideia de que o que importa na vida é a própria
felicidade, uma força enorme na nossa geração, produz um certo jeito de viver a
vida. Uma vida para dentro, centrada em si, preocupada excessivamente consigo
mesmo, que tem muito pouco a ver com a proposta de Jesus.
A ideia de que bandido bom é bandido morto, que também
tem sido acalentada por muita gente, mas fortalece a violência como padrão de
comportamento social, desumaniza as pessoas e torna a vida humana um item de
pouco valor.
Somos chamados a não nos conformar. No português há
dois significados para conformar-se: (1) Aceitar com
resignação e (2) Estar de acordo com.
Há quem leia essa recomendação a partir do primeiro
significado, aceitar com resignação.
E como a bíblia está dizendo para não se conformar, isto é, tornam-se pessoas
que querem mudar o mundo, os costumes, o modo de vida... dos outros. Batem no
peito dizendo que não aceitam isso ou aquilo porque a Bíblia diz que não
devemos nos conformar.
Mas a palavra grega usada no texto por Paulo (suschematizo) significa “moldar-se de acordo com”, isto é, tomar
a forma de alguma coisa. O sentido pretendido pelo escritor sagrado parece
estar mais próximo da segunda definição: “estar
de acordo com”.
Então o chamado para não nos conformamos é para não
deixar que nosso modo de pensar se torne parecido com o daqueles que não têm
compromissos com Jesus. Não se conformar, portanto, diz respeito a mudar a mim
mesmo, e não o outro.
Paulo sugere que essa transformação, essa mudança na
forma de viver a vida, começa com a renovação da mente, do nosso modo de pensar.
... mas transformai-vos
Nesse ponto precisamos perguntar como nosso jeito de
ver o mundo pode ser mudado? Como renovar nosso entendimento? Como deixar de
lado o jeito de pensar que afronta o amor de Deus demonstrado na cruz por Cristo?
A resposta é curta e direta: apenas a Palavra de Deus
mediante o poder do Espírito tem o poder de renovar nosso entendimento.
Portanto, precisamos nos expor ao ensino consistente, responsável e
perseverante das Escrituras para sermos transformados em nosso modo de viver a
vida.
... pela renovação do vosso entendimento
Deixem-me concluir fazendo uma conexão de tudo isso
com as redes sociais e a maneira como participamos delas. Esse é um fenômeno
muito recente na história da humanidade, mas, sua essência é tão antiga quanto
os próprios relacionamentos humanos.
Redes sociais são redes de relacionamento. Através
delas interagimos uns com os outros. Trocamos ideias, falamos o que pensamos,
damos notícias sobre nós, dizemos nossa opinião sobre algum acontecimento ou
comportamento.
Ora, não há nenhuma novidade nisso! O que há de novo é
a forma (antes havia praças, parques e calçadas) e, de certa maneira, a
abrangência, porque a internet encurta as distâncias e amplia o alcance nossa
voz. Mas há novas implicações que precisam ser consideradas.
Uma vez que compreendamos que redes sociais são grupos
de relacionamento entre pessoas, que por trás dos perfis e usuários de seu
grupo de amigos há gente de carne e osso, com emoções, sentimentos, medos,
sonhos e projetos de vida, precisamos descobrir o que o evangelho de Jesus diz
a respeito de relacionamentos com pessoas e também como aplicar essas ideias ao
contexto das redes sociais.
A título de provocação, termino com um outro texto escrito
por Paulo, dessa vez aos irmãos da cidade de Éfeso (Ef.4.25-32):
25 Essa nova vida traz mudanças: chega de
mentiras, chega de fingimento. Falem a verdade. No corpo de Cristo, estamos,
antes de tudo, conectados uns com os outros. Se você mente para alguém, está
mentindo para você mesmo.
(26-27) É normal ficar com raiva. É claro que todos
sentem raiva. Mas não alimentem vingança no coração. Não deixem que a raiva
domine muito tempo. Resolvam o problema antes de dormir. Não deem mole para o
Diabo! Não deixem que ele prejudique a vida de vocês. 28 Vocês costumavam roubar
para levar vantagem? Não façam mais isso. Arrumem um emprego decente, até mesmo
para poder ajudar os que não têm condições de trabalhar. 29 Tenham cuidado com a maneira de falar. Nunca
saia da boca de vocês nenhuma besteira ou baixaria. Falem apenas o que é útil e
que ajude os outros! Cada palavra de vocês deve ser um presente. 30 Não entristeçam Deus. Não lhe causem nenhum
desgosto. O Espírito Santo, que se move e respira em vocês, é quem nos leva à
intimidade com Deus e os deixa em condições de se relacionar com ele. Não
desprezem este presente maravilhoso.
(31-32) Nada de conversa profana, difamadora e nociva. Sejam gentis e sensíveis ao próximo. Perdoem-se uns aos outros assim como Deus em Cristo os perdoou — perdão total e incondicional.
(31-32) Nada de conversa profana, difamadora e nociva. Sejam gentis e sensíveis ao próximo. Perdoem-se uns aos outros assim como Deus em Cristo os perdoou — perdão total e incondicional.
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