Ligado à Cabeça
Comunidade Batista em Mangabeira - João Pessoa/PB - Escola Bíblica 03/04/16
Introdução
Continuando
nossas reflexões sobre a realidade do Corpo de Cristo, passamos agora a
refletir sobre a necessidade de nos mantermos firmemente ligados à Cabeça.
1. A
vida procede de Jesus
A Igreja não é
geradora de vida. A vida do Corpo vem de Cristo, por meio da ligação que temos
com Ele. Apenas Ele tem vida em si mesmo; nós recebemos vida da parte e
continuamos vivos estamos nele.
25 Eu lhes afirmo que está chegando a hora,
e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que a
ouvirem, viverão. 26 Pois, da mesma forma como o Pai tem vida
em si mesmo, ele concedeu ao Filho ter vida em si
mesmo. Jo 5.25-26 (NVI)
Isso quer dizer que a vida do corpo é
resultado da ligação de cada um de seus membros à Cabeça. É bom estar empolgado
com programações e programas, mas definitivamente isso não nos torna
participante da vida da igreja, porque não somos nós, membros do corpo, que
concedemos vida uns aos outros. A vida circula entre nós, mas sua fonte é um
só: a cabeça. Portanto, não há vida para um membro do corpo fora de sua ligação
com a Cabeça.
1 Ele
vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, Ef.
2.1 (ARA)
Recebemos vida, mas nenhum de nós goza de
independência ou autonomia de vida. Fora do corpo estamos mortos; no corpo
nossa vida é resultado da vida que vem de Jesus.
4 Permaneçam em mim, e eu permanecerei em
vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por
si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês
também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim. Jo 14.4 (NVI)
Alguém que discerniu seu lugar no Corpo de
Cristo não deveria jamais se arriscaria a viver sua nova vida por conta
própria, desconectado da cabeça; porque sabe que depende completamente da vida
que há em Jesus.
2. Obediente
à Cabeça
Em um corpo humano sadio os membros não
fazem o que querem, eles estão submetidos à vontade da cabeça. Assim, também na
igreja, os membros do Corpo de Cristo obedecem à autoridade que há nele. Sem
essa submissão, o corpo segue com movimento desengonçados e descontrolados.
18 Que ninguém afirme que vocês estão
perdidos porque se recusam a adorar a anjos, como dizem eles que vocês devem.
Dizem que tiveram uma visão e por isso sabem
que vocês têm que fazer isso. Esses homens vaidosos têm uma
imaginação muito esperta. 19 Mas eles não estão ligados a Cristo, a Cabeça à qual
todos nós, que somos o seu corpo, estamos unidos; porque somos unidos pelos
seus fortes ligamentos e só crescemos á medida que recebemos dele a nutrição e
a força. Col 2.18-19 (BV)
Infelizmente não é raro que participem de
nossas reuniões pessoas que rejeitam a autoridade e Jesus e se coloquem a si
mesmas como autoridade sobre o Corpo, expulsando a Cristo do lugar que lhe é
devido.
E também há aqueles que preferem
submeter-se a essas falsas cabeças, tanto por subserviência infantil, como por
não estarem dispostos a investir em um relacionamento pessoal com Cristo.
Obedecer a Cristo é reconhecer e
submeter-se aos seu Senhorio e segui-lo; porque Jesus não é tão somente
salvador, mas Senhor sobre tudo e todos. Seguir quer dizer que “o caminho por
onde ando é o lugar para onde vou foram decididos por outra pessoa.
3. Ajustados
e consolidados
15 Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos
em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. 16 Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de
todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada
parte realiza a sua função. Ef. 4.15-16 (NVI)
A ligação de cada membro à cabeça nos
torna capazes de realizarmos nossa função no corpo. E, enquanto realizamos
nossas funções, somos ajustados e unidos uns aos outros. É claro que por vezes
esse processo produz problemas de relacionamento entre nós.
Embora sejamos tentados a resolver esses
problemas prioritariamente (ou até exclusivamente) entre nós, eles encontrarão
solução eficaz em nossa submissão à cabeça. Isso não significa que devemos
deixar de tratar nossas diferenças, mas que uma vida comunitária satisfatória
está baseada primeiramente em nosso relacionamento com Cristo. Vejamos algumas
opiniões sobre esse assunto:
Nee
(...) não nos
tornamos cristãos por causa de termos achado que os outros cristãos são pessoas
agradáveis, nem temos êxito como crentes por termos dominado com perícia uma
técnica cristã. Chegamos a ser cristãos porque conhecemos a Cristo. E a maneira
em que continuamos vivendo com êxito a vida cristã é a mesma maneira na qual
nascemos como cristãos.
(...) Necessitamos
da comunhão com os demais porque o Cristo que habita em mim e o Cristo que
habita em você são inseparáveis. O Cristo que habita em mim não é fragmentário,
mas um todo - Cristo. Cristo em você é Cristo em mim - Este é o Cristo que é a
base de nossa comunhão.
(...) existe,
todavia, uma coisa que todos temos em comum, que é o Cristo que habita no
interior. Visto que o Cristo em nós é o Mesmo, podemos ter comunhão uns com os
outros.
A comunhão entre
cristãos deve ser a que se relaciona com Cristo. Não temos base para a comunhão
fora da Cabeça. Nossa comunhão é normal e proveitosa se todos nos mantemos
ligados à Cabeça. De outra forma, a comunhão é deficiente.
NEE, Watchman. O corpo de Cristo:
uma realidade. Clássicos. São Paulo. 2004
Em
II Sm 15:1-17 vemos os desdobramentos da comunhão
baseada na habilidade, na simpatia e na consideração.
Tozer
Cada membro é
juntado ao todo por uma relação de vida. Assim como se pode dizer que a alma é
a vida do seu corpo, também a habitação do Espírito é a vida da Igreja.
(...) um corpo com
vários membros obedientes, com uma cabeça a dirigi-los, assim também é exato
que a verdadeira Igreja é um corpo, e os cristãos individualmente são membros,
e Cristo é a Cabeça.
Como toda
atividade humana se executa através da mente, assim também a obra da Igreja se
faz pelo Espírito, e somente por Ele.
TOZER A. W. O caminho do poder
espiritual. Mundo Cristão. São Paulo. 1985
Dietrich
Segundo: Um
cristão só chega a outro através de Jesus Cristo. Entre as pessoas reina a
discórdia. “Ele é a nossa paz” (Efésios 2.14), afirma Paulo a respeito de Jesus
Cristo no qual a velha humanidade dilacerada tomou a unificar-se. Sem Cristo há
inimizade entre as pessoas e entre elas e Deus. Cristo tomou-se o mediador e
trouxe a paz com Deus e entre as pessoas. Sem Cristo não conheceríamos Deus,
não poderíamos invocá-lo nem vir a ele. Sem Cristo também não conheceríamos o
irmão nem poderíamos encontrá-lo. O caminho está bloqueado pelo próprio eu.
Cristo desobstruiu o caminho que leva a Deus e ao irmão. Agora os cristãos
podem viver em paz uns com os outros, podem amar e servir uns aos outros, podem
se tomar um. Contudo, também de agora em diante só poderão fazê-lo por meio de
Jesus Cristo. Apenas em Jesus Cristo nós somos um, apenas por meio dele estamos
unidos. Ele permanece o único mediador até a eternidade.
Pertencemos a ele,
porque estamos nele. Por isso a Escritura nos chama de corpo de Cristo. Mas se,
mesmo antes de podermos saber e desejar, fomos eleitos e aceitos em Jesus
Cristo com toda a comunidade, também lhe pertencemos todos juntos em
eternidade. Nós que vivemos em sua comunhão aqui, estaremos um dia com ele em
comunhão eterna. Quem olha para seu irmão, saiba que estará eternamente unido
com ele em Jesus Cristo. Comunhão cristã é comunhão através de e em Jesus
Cristo. Nessa pressuposição baseiam-se todos os ensinamentos e regras da
Escritura acerca da vida em comunhão da cristandade.
(...) O irmão com
o qual lido na comunhão não é aquela pessoa honesta, ansiosa por fraternidade e
piedosa que está diante de mim, mas é a pessoa redimida por Cristo,
justificada, chamada para a fé e para a vida eterna. Nossa comunhão não pode
ser baseada naquilo que a pessoa é em si, em sua espiritualidade e piedade.
Determinante para nossa fraternidade é aquilo que a pessoa é a partir de
Cristo. Nossa comunhão consiste unicamente no que Cristo fez por nós dois. E
isso não é assim apenas no início, como se, no decorrer do tempo, algo fosse
acrescentado a essa comunhão, mas assim será para todo o futuro e em toda a
eternidade. Só tenho e terei comunhão com outra pessoa através de Jesus Cristo.
Quanto mais autêntica e profunda fôr nossa comunhão, tanto mais tudo o resto
ficará em segundo plano, com tanto mais clareza e pureza Jesus Cristo, única e
exclusivamente ele, e sua obra se tornarão vivos entre nós. Temos uns aos
outros apenas através de Cristo, mas através de Cristo nós de fato temos uns
aos outros, inteiramente para toda a eternidade.
BONHOEFFER, Dietrich. Vida em
Comunhão. Sinodal. São Leopoldo – PR. 1997