Primeira Igreja Batista em Jardim Américo - João Pessoa/PB - 26/04/15
Texto Básico –
I Co 11.17-34
A
ceia do Senhor
17 Entretanto, nisto que lhes vou dizer não os elogio, pois as
reuniões de vocês mais fazem mal do que bem. 18 Em primeiro lugar, ouço que, quando vocês se reúnem como igreja,
há divisões entre vocês, e até certo ponto eu o creio. 19 Pois é necessário que haja divergências entre vocês, para que
sejam conhecidos quais dentre vocês são aprovados.
20 Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor, 21 porque cada um come sua própria ceia sem
esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga. 22 Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a
igreja de Deus e humilham os que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por
isso? Certamente que não!
23 Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei: que o Senhor
Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão 24 e, tendo dado graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo,
que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim". 25 Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse:
"Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto, sempre que o
beberem, em memória de mim". 26 Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês
anunciam a morte do Senhor até que ele venha.
27 Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor
indignamente será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor. 28 Examine-se o homem a si mesmo, e então coma do pão e beba do
cálice.
29 Pois quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe
para sua própria condenação. 30 Por isso há entre vocês muitos fracos e doentes, e vários já
dormiram. 31 Mas, se nós nos examinássemos a nós mesmos, não receberíamos
juízo. 32 Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, estamos sendo
disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo.
33 Portanto, meus irmãos, quando vocês se reunirem para comer,
esperem uns pelos outros. 34 Se alguém estiver com fome, coma em casa, para que, quando vocês
se reunirem, isso não resulte em condenação. Quanto ao mais, quando eu for lhes
darei instruções.
O Costume da Época
No tempo em que esta carta foi escrita
aos irmãos da cidade de Corinto, havia o costume de se realizarem festas
reunindo os amigos e a família. Essas festas se chamavam Eranos. Nelas não havia um anfitrião bancando tudo para os seus
convidados. Nos Eranos cada um levava
o que iria comer em casa e todos compartilhavam de tudo.
A igreja cristã também tinha essa
prática. A festa dos cristãos chamava-se Ágape
(Amor). Uma vez por semana ele se reuniam em uma espécie de “junta-panelas” e
no final da refeição partilhavam também o vinho e o pão, lembrando-se da morte
de Jesus. A igreja em Corinto tinha essa mesma prática.
Algo não ia bem
O texto que lemos, no entanto, deixa
claro que em Corinto as coisas não estavam indo muito bem. Vamos ler novamente do
verso 17 ao 22 em busca de alguns problemas percebidos por Paulo:
17 Entretanto,
nisto que lhes vou dizer não os elogio, pois as reuniões de vocês mais fazem
mal do que bem. 18 Em primeiro
lugar, ouço que, quando vocês se reúnem como igreja, há divisões entre vocês, e
até certo ponto eu o creio. 19 Pois é necessário que haja
divergências entre vocês, para que sejam conhecidos quais dentre vocês são
aprovados.
20 Quando vocês
se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor, 21 porque cada um come sua própria
ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se
embriaga. 22 Será que vocês não têm casa onde
comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada têm? Que
lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não!
Quais, então, eram os problemas apontados por Paulo?
Os cultos não estavam sendo momentos de comunhão, alegria e
celebração. Nas reuniões em Corinto não estava
acontecendo o que de melhor se poderia esperar para uma igreja. Em vez disso,
quando os irmãos se encontravam eram momentos em que o pior das pessoas
aparecia. (17);
A expectativa que temos a respeito
de nossos cultos e reuniões é a melhor possível, mas devemos admitir que não é
raro que exatamente nesses momentos tão esperados a natureza humana, inclinada
para o pecado e a morte, nos dê uma rasteira e transforme nossos ajuntamentos
em espetáculos de carnalidade.
A lista pode ser grande: inimizades,
disputas, ciúmes, iras, discórdia, dissenções, partidarismo, inveja e coisas
parecidas com essas são capazes de entristecer e envergonhar o testemunho da
igreja, e devem ser tratadas.
Entre esses vários problemas, Paulo destacou que havia divisões entre os irmãos de
Corinto. Não era a primeira vez que ele fazia esse diagnóstico. No começo da
carta ele já havia alertado sobre a tendência deles de criar partidos na igreja
(eu sou Paulo, eu sou de Apolo, eu sou de Cristo).
Pensar diferente sobre alguma coisa não ofende em nada a
natureza da Igreja, mas quando as diferenças se transformam em atitudes de
desamor... aí temos um grande problema. Era esse o caso dos irmãos em Corinto.
(18)
Causa muita tristeza no coração de Deus quando os membros de uma
igreja deixam que suas diferenças se
transformem em falta de amor. O apóstolo Paulo afirma que se há alguma
vantagem nisso é porque, nessas situações, o caráter e o amadurecimento das
pessoas são provados. Isto é, no calor das divergências é que a gente fica
sabendo realmente quem é quem. (19)
Como Paulo
descobriu tudo isso?
Não sabemos exatamente como foi que Paulo ficou sabendo de tudo,
mas certamente alguém contou para ele como eram as reuniões lá em Corinto.
É importante lembrar que a Ceia do Senhor era a finalização
daquele “junta-panelas” chamado de festa ágape.
Era um momento informal, como uma
reunião de família. Não havia uma liturgia elaborada, nem uma programação a
ser seguida. Foi exatamente por causa dessa informalidade que as divisões vieram à tona e puderam ser
percebidas.
Talvez, se fossem reuniões como as nossas, o problema teria
ficado camuflado.
O apóstolo ficou tão indignado como que estava acontecendo nessas
reuniões que disse: “não é a ceia do Senhor que comeis” (20)
Quais eram os
sintomas da divisão (falta de unidade) na igreja de Corinto?
21 porque cada um come sua própria ceia sem
esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga.
As notícias sobre as reuniões dos coríntios realmente não eram
boas. O “junta-panelas” não estava funcionando. O problema é bem conhecido das
reuniões de família:
Sabe aquela tia que tá
bem de vida e chega mais cedo pro almoço de família trazendo uma deliciosa
lasanha? Você vê aquela lasanha chegando e já fica de sobreaviso. Mas, acontece
que meia hora antes de começar o almoço, ela já começa a servir o marido e os
filhos com pedaços generosos da lasanha e não deixa quase nada na tigela. Aí
então ela pega a Coca-Cola que ela trouxe e colocou no congelador e enche os
copos dela do marido e dos filhos. Depois senta na poltrona e fica comentando à
comida trazida pelo resto da família. O
que ela foi fazer lá?
Embora muita gente prefira não dizer nada sobre atitudes como
essa, e, muitas vezes, nem se dê conta de quando age do mesmo jeito, Paulo
percebeu como isso era ruim e levantou a voz contra a falta de amor que se
tornara comum entre os Coríntios e que acontecia exatamente na festa que eles
chamavam de Ágape. A verdade é que o
problema da igreja de Corinto não poderia ser deixado para lá.
O evangelho de Jesus, meus irmãos, sempre foi de boas notícias
de amor para todas as pessoas, sobretudo para os mais pobres e necessitados.
Para tristeza de Paulo e nossa, em Corinto os irmãos que tinham mais posses e
podiam levar mais comida e bebida para o “junta-panelas” estavam se esquecendo
de compartilhar.
A falta de consideração com os que tinham menos era tão grande que
alguns se empanturravam e se embriagavam com sua própria comida e sua própria
bebida, deixando de fora da festa os irmãos mais pobres que, talvez, esperassem
o dia do “junta-panelas” para comer um pouco melhor.
Ao final da festa, quando a Ceia do Senhor seria realizada, já
tinha gente sendo carregada pra casa. O sentimento que reinava entre os irmãos
não era de comunhão, amor, respeito e consideração, mas de desprezo, pouco caso
e vergonha.
Imaginem, meus irmãos, como era difícil, nessas condições,
lembrar com alegria da morte de Jesus, falar que somos o corpo de Cristo, dizer
alguma coisa sobre a unidade da igreja, ou reconhecer que somos irmãos – filhos
de um mesmo pai. (22)
Por que e como
celebrar a Ceia do Senhor
Diante desse cenário, o apóstolo Paulo resolveu ajudar os irmãos
de Corinto explicando o porquê da Ceia do Senhor, resgatando assim o seu
significado. E nós vamos aprender com ele. Vejamos o que ele falou:
(1)
A ceia foi instituída
e celebrada pela primeira vez pelo próprio Jesus Cristo, cf. Mt 26.26-28, Mc
14.22-24 e Lc 22.17-20. Não se trata de uma criação dos pastores ou uma
invenção que veio depois. Celebrar a Ceia e seguir o exemplo e a ordem de
Cristo (23);
(2)
A ceia é um memorial,
uma espécie de lembrete pra gente não se esquecer de que nossa salvação teve um
preço bem alto: a vida de Jesus, seu corpo partido e seu sangue derramado
(24,25).
Quando reconhecemos isso, que a nossa
salvação é obtida pelos méritos de Cristo e não por qualquer esforço nosso,
qualquer sentimento de arrogância ou de humilhação é imediatamente banido.
Aqueles que se acham muito podem jogar fora toda a arrogância e decidir confiar
no Senhor; e aqueles que se acham nada podem encher o peito de esperança e
confiar no amor de Jesus.
Cada um de nós e todos nós tomamos
parte da família de Deus porque fomos adotados por seu amor. A ceia do Senhor é
um lembrete para avivar nossa memória.
(3)
A ceia é também um
anúncio. Além de lembrar o significado da morte de Cristo para nossas vidas, a
cada celebração da ceia, estamos anunciando diante de principados e potestades
que Deus se fez homem, habitou entre nós e entregou-se a si mesmo como uma oferta
de amor pela humanidade (26).
Esse anúncio deve ser feito até que
Ele venha novamente buscar o seus. Por isso, celebrar a ceia do Senhor é também
uma declaração de esperança. Um dia ele vai voltar para buscar os seus! Então
não haverá mais dor, não haverá mais tormento, não haverá pecado e a morte será
completamente banida.
Oh meus irmãos! Nossos corações
precisam estar cheios com esta esperança e a ceia é um ótimo momento para
falarmos dela.
(4)
Não faz sentido
celebrar a ceia do Senhor se você não entregou sua vida a Ele. Se você ainda
não fez isso a morte de Cristo por até emocionar você, mas não representa muito
para a sua vida.
Paulo acrescenta que não é coerente
celebrar a ceia do Senhor se você despreza os seus irmãos (a igreja) por quem
Cristo morreu. Desprezar os irmãos com atitudes de desamor é a mesma coisa que
desprezar a Cruz de Cristo e, assim, a ceia não faz o menor sentido. É nesse
momento que o apóstolo Paulo faz um alerta sério e dá uma dura repreensão nos
irmãos de Corinto.
É inaceitável que alguém participe
da lembrança da morte de Cristo através do pão e do vinho e, ao mesmo tempo,
aja com desprezo, preconceito e desconsideração para com aqueles que por quem
Cristo morreu: seu povo, sua igreja, seu corpo. Quem procede assim está
acumulando juízo para si mesmo e pode sofrer, inclusive no próprio corpo, as
consequências de sua incoerência.
Por isso, Paulo recomenda que devemos
fazer um autoexame sobre nossa caminhada com o Senhor.
(5)
Na verdade, o autoexame da consciência e de nossos
procedimentos deveria se parte
permanente de nossas vidas. Aqui não
se trata de tornar-se obcecado sobre cada pensamento pensado, cada palavra
dita, cada ação executada, mas de, periodicamente, refletir sobre a maneira como estamos vivendo nossas vidas.
Na Ceia do Senhor temos uma boa
oportunidade para refletir sobre nossos relacionamentos com a igreja de Jesus:
·
Como anda nosso amor pelos irmãos?
·
Há perdão a ser pedido?
·
Algum perdão a ser concedido?
·
Será quem tenho liberal em amar ou
tenho retido o meu amor?
·
Tenho agido com consideração e
respeito com meus irmãos ou tenho sido dominado pelo desprezo e pela falta de
amor?
Dentro de alguns instantes vamos
celebrar juntos mais uma ceia. Que tal começar esse exercício agora?
Conclusão
Alguns irmãos em Corinto ficaram tão
ensoberbecidos com suas posses e bens que começaram a desprezar aqueles que tinham
menos. Eles se divertiam com comida e a bebida ao ponto de esquecer o compromisso de amar. Esse tipo de divisão destrói a unidade da igreja e revela desprezo pela
morte de Cristo.
É inaceitável que a celebração da ceia do Senhor aconteça ao mesmo
tempo em que se rejeita ou desconsidera alguém que foi resgatado pelo
sangue de Cristo. Isso é os mesmo que rejeitar a cruz de Cristo. Quando o
desamor impera não é a ceia do Senhor que estamos tomando; pode-se comer o pão
e beber o vinho, mas não há nessa refeição a integridade do evangelho de Cristo.
Por isso precisamos resgatar a Ceia como um poderoso memorial das verdades
preciosas do evangelho de Cristo. São essas verdades que vão resguardar nosso
coração e manter acessa em nós a chama da esperança.
(A) A morte de Cristo na cruz foi preço de nossa salvação, meus irmãos.
O corpo partido e o sangue derramado são a expressão do amor do Pai. Nessa nova
aliança, o cordeiro de Deus foi sacrificado em nosso lugar para que pudéssemos
ter vida.
(B) A vida que recebemos do pai não se limita a este mundo. Um dia
Cristo voltará para buscar o seus. Por isso, celebraremos a ceia do Senhor até
aquele dia quando esta celebração estará completa, porque o próprio cordeiro de
Deus estará conosco. Maranata!
(C)
Enquanto esse dia não
chega, somos chamados a viver de forma digna e honesta. Somos chamados a amar
os irmãos, a sermos respeitosos e cuidados como os mais fracos, a suportar
aqueles que precisam de apoio, a suprir a necessidade dos que têm menos e assim
experimentar a bênção de fazer parte do corpo de Cristo.
Que o Senhor nos abençoe e faça esta palavra germinar com poder em
nossas vidas.