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27 abril 2015

Anunciai até que Ele venha

Primeira Igreja Batista em Jardim Américo - João Pessoa/PB - 26/04/15

Anunciai até que Ele venha

Texto Básico – I Co 11.17-34
A ceia do Senhor
17 Entretanto, nisto que lhes vou dizer não os elogio, pois as reuniões de vocês mais fazem mal do que bem. 18 Em primeiro lugar, ouço que, quando vocês se reúnem como igreja, há divisões entre vocês, e até certo ponto eu o creio. 19 Pois é necessário que haja divergências entre vocês, para que sejam conhecidos quais dentre vocês são aprovados.

20 Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor, 21 porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga. 22 Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não!

23 Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão 24 e, tendo dado graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim". 25 Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse: "Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto, sempre que o beberem, em memória de mim". 26 Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha.

27 Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor. 28 Examine-se o homem a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice.

 29 Pois quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe para sua própria condenação. 30 Por isso há entre vocês muitos fracos e doentes, e vários já dormiram. 31 Mas, se nós nos examinássemos a nós mesmos, não receberíamos juízo. 32 Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo.

33 Portanto, meus irmãos, quando vocês se reunirem para comer, esperem uns pelos outros. 34 Se alguém estiver com fome, coma em casa, para que, quando vocês se reunirem, isso não resulte em condenação. Quanto ao mais, quando eu for lhes darei instruções.

O Costume da Época

No tempo em que esta carta foi escrita aos irmãos da cidade de Corinto, havia o costume de se realizarem festas reunindo os amigos e a família. Essas festas se chamavam Eranos. Nelas não havia um anfitrião bancando tudo para os seus convidados. Nos Eranos cada um levava o que iria comer em casa e todos compartilhavam de tudo.

A igreja cristã também tinha essa prática. A festa dos cristãos chamava-se Ágape (Amor). Uma vez por semana ele se reuniam em uma espécie de “junta-panelas” e no final da refeição partilhavam também o vinho e o pão, lembrando-se da morte de Jesus. A igreja em Corinto tinha essa mesma prática.

Algo não ia bem

O texto que lemos, no entanto, deixa claro que em Corinto as coisas não estavam indo muito bem. Vamos ler novamente do verso 17 ao 22 em busca de alguns problemas percebidos por Paulo:

17 Entretanto, nisto que lhes vou dizer não os elogio, pois as reuniões de vocês mais fazem mal do que bem. 18 Em primeiro lugar, ouço que, quando vocês se reúnem como igreja, há divisões entre vocês, e até certo ponto eu o creio. 19 Pois é necessário que haja divergências entre vocês, para que sejam conhecidos quais dentre vocês são aprovados.

20 Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor, 21 porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga. 22 Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não!

Quais, então, eram os problemas apontados por Paulo?

Os cultos não estavam sendo momentos de comunhão, alegria e celebração. Nas reuniões em Corinto não estava acontecendo o que de melhor se poderia esperar para uma igreja. Em vez disso, quando os irmãos se encontravam eram momentos em que o pior das pessoas aparecia. (17);

A expectativa que temos a respeito de nossos cultos e reuniões é a melhor possível, mas devemos admitir que não é raro que exatamente nesses momentos tão esperados a natureza humana, inclinada para o pecado e a morte, nos dê uma rasteira e transforme nossos ajuntamentos em espetáculos de carnalidade.

A lista pode ser grande: inimizades, disputas, ciúmes, iras, discórdia, dissenções, partidarismo, inveja e coisas parecidas com essas são capazes de entristecer e envergonhar o testemunho da igreja, e devem ser tratadas.

Entre esses vários problemas, Paulo destacou que havia divisões entre os irmãos de Corinto. Não era a primeira vez que ele fazia esse diagnóstico. No começo da carta ele já havia alertado sobre a tendência deles de criar partidos na igreja (eu sou Paulo, eu sou de Apolo, eu sou de Cristo).

Pensar diferente sobre alguma coisa não ofende em nada a natureza da Igreja, mas quando as diferenças se transformam em atitudes de desamor... aí temos um grande problema. Era esse o caso dos irmãos em Corinto. (18)

Causa muita tristeza no coração de Deus quando os membros de uma igreja deixam que suas diferenças se transformem em falta de amor. O apóstolo Paulo afirma que se há alguma vantagem nisso é porque, nessas situações, o caráter e o amadurecimento das pessoas são provados. Isto é, no calor das divergências é que a gente fica sabendo realmente quem é quem. (19)

Como Paulo descobriu tudo isso?

Não sabemos exatamente como foi que Paulo ficou sabendo de tudo, mas certamente alguém contou para ele como eram as reuniões lá em Corinto.

É importante lembrar que a Ceia do Senhor era a finalização daquele “junta-panelas” chamado de festa ágape. Era um momento informal, como uma reunião de família. Não havia uma liturgia elaborada, nem uma programação a ser seguida. Foi exatamente por causa dessa informalidade que as divisões vieram à tona e puderam ser percebidas.

Talvez, se fossem reuniões como as nossas, o problema teria ficado camuflado.

O apóstolo ficou tão indignado como que estava acontecendo nessas reuniões que disse: “não é a ceia do Senhor que comeis” (20)

Quais eram os sintomas da divisão (falta de unidade) na igreja de Corinto?

21 porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga.

As notícias sobre as reuniões dos coríntios realmente não eram boas. O “junta-panelas” não estava funcionando. O problema é bem conhecido das reuniões de família:

Sabe aquela tia que tá bem de vida e chega mais cedo pro almoço de família trazendo uma deliciosa lasanha? Você vê aquela lasanha chegando e já fica de sobreaviso. Mas, acontece que meia hora antes de começar o almoço, ela já começa a servir o marido e os filhos com pedaços generosos da lasanha e não deixa quase nada na tigela. Aí então ela pega a Coca-Cola que ela trouxe e colocou no congelador e enche os copos dela do marido e dos filhos. Depois senta na poltrona e fica comentando à comida trazida pelo resto da família. O que ela foi fazer lá?

Embora muita gente prefira não dizer nada sobre atitudes como essa, e, muitas vezes, nem se dê conta de quando age do mesmo jeito, Paulo percebeu como isso era ruim e levantou a voz contra a falta de amor que se tornara comum entre os Coríntios e que acontecia exatamente na festa que eles chamavam de Ágape. A verdade é que o problema da igreja de Corinto não poderia ser deixado para lá.

O evangelho de Jesus, meus irmãos, sempre foi de boas notícias de amor para todas as pessoas, sobretudo para os mais pobres e necessitados. Para tristeza de Paulo e nossa, em Corinto os irmãos que tinham mais posses e podiam levar mais comida e bebida para o “junta-panelas” estavam se esquecendo de compartilhar.

A falta de consideração com os que tinham menos era tão grande que alguns se empanturravam e se embriagavam com sua própria comida e sua própria bebida, deixando de fora da festa os irmãos mais pobres que, talvez, esperassem o dia do “junta-panelas” para comer um pouco melhor.

Ao final da festa, quando a Ceia do Senhor seria realizada, já tinha gente sendo carregada pra casa. O sentimento que reinava entre os irmãos não era de comunhão, amor, respeito e consideração, mas de desprezo, pouco caso e vergonha.

Imaginem, meus irmãos, como era difícil, nessas condições, lembrar com alegria da morte de Jesus, falar que somos o corpo de Cristo, dizer alguma coisa sobre a unidade da igreja, ou reconhecer que somos irmãos – filhos de um mesmo pai. (22)

Por que e como celebrar a Ceia do Senhor

Diante desse cenário, o apóstolo Paulo resolveu ajudar os irmãos de Corinto explicando o porquê da Ceia do Senhor, resgatando assim o seu significado. E nós vamos aprender com ele. Vejamos o que ele falou:

(1)          A ceia foi instituída e celebrada pela primeira vez pelo próprio Jesus Cristo, cf. Mt 26.26-28, Mc 14.22-24 e Lc 22.17-20. Não se trata de uma criação dos pastores ou uma invenção que veio depois. Celebrar a Ceia e seguir o exemplo e a ordem de Cristo (23);

(2)        A ceia é um memorial, uma espécie de lembrete pra gente não se esquecer de que nossa salvação teve um preço bem alto: a vida de Jesus, seu corpo partido e seu sangue derramado (24,25).

Quando reconhecemos isso, que a nossa salvação é obtida pelos méritos de Cristo e não por qualquer esforço nosso, qualquer sentimento de arrogância ou de humilhação é imediatamente banido. Aqueles que se acham muito podem jogar fora toda a arrogância e decidir confiar no Senhor; e aqueles que se acham nada podem encher o peito de esperança e confiar no amor de Jesus.

Cada um de nós e todos nós tomamos parte da família de Deus porque fomos adotados por seu amor. A ceia do Senhor é um lembrete para avivar nossa memória.

(3)        A ceia é também um anúncio. Além de lembrar o significado da morte de Cristo para nossas vidas, a cada celebração da ceia, estamos anunciando diante de principados e potestades que Deus se fez homem, habitou entre nós e entregou-se a si mesmo como uma oferta de amor pela humanidade (26).

Esse anúncio deve ser feito até que Ele venha novamente buscar o seus. Por isso, celebrar a ceia do Senhor é também uma declaração de esperança. Um dia ele vai voltar para buscar os seus! Então não haverá mais dor, não haverá mais tormento, não haverá pecado e a morte será completamente banida.

Oh meus irmãos! Nossos corações precisam estar cheios com esta esperança e a ceia é um ótimo momento para falarmos dela.

(4)        Não faz sentido celebrar a ceia do Senhor se você não entregou sua vida a Ele. Se você ainda não fez isso a morte de Cristo por até emocionar você, mas não representa muito para a sua vida.

Paulo acrescenta que não é coerente celebrar a ceia do Senhor se você despreza os seus irmãos (a igreja) por quem Cristo morreu. Desprezar os irmãos com atitudes de desamor é a mesma coisa que desprezar a Cruz de Cristo e, assim, a ceia não faz o menor sentido. É nesse momento que o apóstolo Paulo faz um alerta sério e dá uma dura repreensão nos irmãos de Corinto.

É inaceitável que alguém participe da lembrança da morte de Cristo através do pão e do vinho e, ao mesmo tempo, aja com desprezo, preconceito e desconsideração para com aqueles que por quem Cristo morreu: seu povo, sua igreja, seu corpo. Quem procede assim está acumulando juízo para si mesmo e pode sofrer, inclusive no próprio corpo, as consequências de sua incoerência.

Por isso, Paulo recomenda que devemos fazer um autoexame sobre nossa caminhada com o Senhor.

(5)        Na verdade, o autoexame da consciência e de nossos procedimentos deveria se parte permanente de nossas vidas. Aqui não se trata de tornar-se obcecado sobre cada pensamento pensado, cada palavra dita, cada ação executada, mas de, periodicamente, refletir sobre a maneira como estamos vivendo nossas vidas.

Na Ceia do Senhor temos uma boa oportunidade para refletir sobre nossos relacionamentos com a igreja de Jesus:

·       Como anda nosso amor pelos irmãos?
·       Há perdão a ser pedido?
·       Algum perdão a ser concedido?
·       Será quem tenho liberal em amar ou tenho retido o meu amor?
·       Tenho agido com consideração e respeito com meus irmãos ou tenho sido dominado pelo desprezo e pela falta de amor?

Dentro de alguns instantes vamos celebrar juntos mais uma ceia. Que tal começar esse exercício agora?

Conclusão

Alguns irmãos em Corinto ficaram tão ensoberbecidos com suas posses e bens que começaram a desprezar aqueles que tinham menos. Eles se divertiam com comida e a bebida ao ponto de esquecer o compromisso de amar. Esse tipo de divisão destrói a unidade da igreja e revela desprezo pela morte de Cristo.

É inaceitável que a celebração da ceia do Senhor aconteça ao mesmo tempo em que se rejeita ou desconsidera alguém que foi resgatado pelo sangue de Cristo. Isso é os mesmo que rejeitar a cruz de Cristo. Quando o desamor impera não é a ceia do Senhor que estamos tomando; pode-se comer o pão e beber o vinho, mas não há nessa refeição a integridade do evangelho de Cristo.

Por isso precisamos resgatar a Ceia como um poderoso memorial das verdades preciosas do evangelho de Cristo. São essas verdades que vão resguardar nosso coração e manter acessa em nós a chama da esperança.

(A)       A morte de Cristo na cruz foi preço de nossa salvação, meus irmãos. O corpo partido e o sangue derramado são a expressão do amor do Pai. Nessa nova aliança, o cordeiro de Deus foi sacrificado em nosso lugar para que pudéssemos ter vida.

(B)       A vida que recebemos do pai não se limita a este mundo. Um dia Cristo voltará para buscar o seus. Por isso, celebraremos a ceia do Senhor até aquele dia quando esta celebração estará completa, porque o próprio cordeiro de Deus estará conosco. Maranata!

(C)        Enquanto esse dia não chega, somos chamados a viver de forma digna e honesta. Somos chamados a amar os irmãos, a sermos respeitosos e cuidados como os mais fracos, a suportar aqueles que precisam de apoio, a suprir a necessidade dos que têm menos e assim experimentar a bênção de fazer parte do corpo de Cristo.


Que o Senhor nos abençoe e faça esta palavra germinar com poder em nossas vidas.