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10 fevereiro 2017

Pedras em pães!


Você está aqui, em um mundo de concreto e asfalto bem diferente daquele em que Jesus estava. Ainda assim, a fome que lhe consome a alma e tão real quanto a que aperta seu estômago. Certamente neste deserto em que vivemos também há muitas pedras que podem ser transformadas em pão. 


Basta observarmos um pouco as pessoas em nossa volta para nos convencermos de que há muitas formas de se viver a vida, irmãos. Dentro e fora da igreja as opções de vida que alguém pode fazer são bem variadas.

Essas opções de vida brilham diante de nós como se fossem letreiros luminosos! E cada um desses caminhos tenta nos atrair para si mesmo e nos promete coisas interessantes que queremos. São caminhos que parecem bons à primeira vista, mas será que são os melhores caminhos para nós?

Há um texto nas Escrituras que reflete sobre essa situação. Está em Provérbios, escrito por Salomão e outros sábios:

Há caminhos que ao ser humano parecem ser as melhores opções de vida, mas ao final conduzem à morte. Pv 14.12

Toda vez que leio esse texto é como se eu fosse sacudido: Alô, Aristarco! Será que a direção que você está dando à sua vida é a melhor? Ei amigo, será que você não está enganando aos outros e a si mesmo? É chocante, mas o caminho que por um momento escolhemos como uma boa direção para nossas vidas pode ser, na verdade, uma grande armadilha. Pode ser um caminho de morte!

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Ela era muito feliz!

Jéssica, uma jovem de vinte e poucos anos, saiu da Indonésia e foi para a Austrália em busca de uma vida melhor. Ela tinha convicção e que essa mudança transformaria sua vida e abriria muitas portas para que sua vida fosse tudo aquilo que ela desejava. Na mesma época uma outra jovem, Mirna, também saiu da indonésia para Austrália.

Em janeiro deste ano, Jéssica assassinou a amiga Mirna em uma cafeteria de Jacarta colocando veneno no seu café porque a considerava uma pessoa feliz e foi condenada a 20 anos de prisão.

O juiz do caso afirmou que Jéssica tinha problemas pessoais, trabalhistas e sociais, e quando se encontrou com Mirna em dez/2015, e a viu tão feliz casada, pensou em assassiná-la. Jessica não demonstrou emoção ao ouvir o veredicto com sua sentença.

Acho que uma pergunta martelou a mente de Jéssica: porque ela tem o direito de ser feliz e eu não? Não é uma pergunta descabida. De certa forma, não é um clamor por justiça e igualdade? O que há de errado em desejar que o mundo seja mais justo e as pessoas tenham as mesmas oportunidades? A questão é: como esse caminho que parecia tão legal para Jéssica se transformou em caminho de morte?

Muitas propostas

Há muitas propostas para vivermos nossas vidas, irmãos. Há muitas maneiras diferentes pelas quais podemos passar nossos dias por aqui. Qual o caminho que devemos seguir?

    Devemos viver como se não houvesse amanhã?
    Devemos deixar a vida nos levar: vida, leva eu?
    Devemos tirar tudo que pudermos da vida?
    Devemos provar de tudo sem arrependimento?

Alguém pode pensar que não faz diferença se vivemos de um jeito ou de outro, que tudo isso é só uma questão de gosto ou de opção pessoal, mas a experiência confirma que a maneira como vivemos é determinante não só para o nosso futuro, mas também para o futuro daqueles que nos cercam.

As decisões que tomamos diariamente, a maneira como nos relacionamos com as pessoas, o jeito como resolvemos nossos problemas são testemunhos que refletem a novidade de vida a que fomos chamados por Jesus?

Momentos decisivos

Na maioria das vezes não temos controle sobre as circunstâncias de nossas vidas nem sobre os sentimentos que nos alcançam, mas sempre podemos decidir como queremos responder a eles.

O que fazemos nesses momentos de decisão define o tipo de pessoa que seremos. E nessa hora nossas crenças e convicções são como bússola que nos guiam por entre as muitas opções de vida que estão disponíveis diante de nós.

Assim como nós, Jesus também precisou resolver como ele ia lidar com as circunstâncias do dia a dia. Ele precisou decidir o que era mais importante que tudo em sua vida e descobrir como lidar com os dias difíceis... como responder ao medo... o que fazer quando ele se sentisse forte o poderoso... como responder aos sentimentos de insegurança...

Um desses momentos vividos por Jesus foi quando ele passou 40 dias no deserto (Mt 4.3). Ali ele tomou várias decisões. E enfrentou questões importantes sobre como ele iria viver sua vida.

Em quem confiamos?

Um dos desafios que Jesus enfrentou foi aconteceu quando ele estava faminto e fisicamente debilitado. Depois de ser privar voluntariamente de comida por tanto tempo, Jesus estava realmente com fome. Aproveitando aquela fragilidade, o tentador se pronunciou:

Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. Mt 4.3

Será que o tentador tinha dúvida sobre quem Jesus era? Claro que não! Será que os anjos que testemunhavam aquela cena tinham dúvida sobre quem Jesus era? Certamente não! E Jesus tinha dúvida sobre quem ele era? Absolutamente não! Então, a questão ali não era sobre a identidade de Jesus, o assunto era outro. A pergunta nas entrelinhas era “você realmente confia no Pai? ”

Bastava uma ordem para que das pedras surgissem pães, mas Jesus não fez isso. Por quê? Sua fome era legítima e ele tinha o poder para fazer isso, por que ele não resolveu logo aquela situação? Ele preferiu confiar que aquela situação difícil e sofrida estava sob os cuidados do Pai e seria usada por Ele para o seu bem.

Veja que são caminhos diferentes, meu irmão:
O tentador propõe que você transforme as pedras de sua vida em pães e mate logo sua fome. Ele afirma que você pode ser o seu próprio herói. Não é preciso andar pelos caminhos desconhecidos de Deus, porque isso pode ser arriscado

A proposta do evangelho é que você não fuja do deserto pelas suas próprias forças, com seus esquemas e jeitinhos. É um chamado para você confiar naquele que o levou até o deserto. Por isso, a resposta de Jesus:

Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Mt 4.4

Jesus decidiu algumas coisas importantes ali. Sua vida não seria uma fuga das dificuldades. Ele não faria qualquer coisa para afastar os problemas, ele não rejeitaria o sofrimento como parte da vida. Ele decidiu confiar em Deus em meio aos problemas. Ele estava convicto que Deus estava cuidando dele, mesmo quando os dias não eram duros e difíceis.

Como você tem vivido sua vida de discípulo de Jesus? A quem você dá ouvido? Quem faz sua cabeça? A quem você recorre para tomar as decisões de sua vida? Ser um discípulo não é seguir os passos dele?

Há pessoas entendendo que ser discípulo de Jesus é receber um ticket de entrada para o céu. Estão garantidos para sempre, porque ninguém vai arrebata-las das mãos de Jesus! A eternidade é deles, e isso é o que realmente importa. O mundo pode despencar ao seu lado, mas ele não se abala. Famílias podem desmoronar à sua direita, jovens podem ser destruídos à sua esquerda, mas ele está seguro no Senhor. Eles já encontraram o Pão da Vida, isso é suficiente.

Outros há para quem ser discípulo de Jesus é ser filho do Rei e ter direito a tudo que um filho de rei merece. Profetizam bênçãos, decretam sucesso, revoltam-se contra tudo que lhes pareça ruim. Colocam Deus na frente de seus caminhos, como se ele fosse uma imagem de procissão, para garantir que tudo será como desejam. Para esses não há pedras no caminho, todas foram ou serão transformadas em pães.

Há também aqueles para quem ser discípulo de Jesus é vir para os cultos, participar dos programas da igreja, contribuir financeiramente, ler a bíblia sempre que possível, pagar as contas em dia e não dar trabalho para o pastor. Gente se acha tão certinha que não se mistura com qualquer um, não; gente que está morrendo de fome diante dos pães porque desconhece a provisão de Deus para uma vida abundante.

Fome de quê?

Ali no deserto a fome de Jesus era a mais básica de todas: fome de pão mesmo. No deserto de concreto em que estamos, a fome que temos às vezes é de outro tipo: de roupa (bacana), de tênis/sapato (legal), de carro (novo), de celular (moderno), de apartamento (maior), de emprego (seguro), de TV por assinatura, de plano de saúde.

Você está aqui, em um mundo de concreto e asfalto. Ainda assim a fome lhe consome a alma. Certamente no deserto em que vivemos também há muitas pedras que podem ser transformadas em pão e saciar sua fome. O que você vai fazer?

Carro (novo) – fazer um financiamento em 60 meses e depois cola um adesivo “Foi Deus quem me deu” no vidro traseiro! – Deus ou financeira?

É claro que não há nenhum problema em você financiar ou parcelar um bem que você deseja comprar. Esse é um recurso legítimo. A questão é se ao fazer isso você não está fugindo do deserto.

Porque às vezes o Senhor nos mantém em situações adversas porque quer nos ensinar algo. A privação daquilo que desejamos nem sempre é algo ruim, muitas vezes o caminho que Deus usa para aprendermos a submissão a sua vontade, aprendermos a ajustar nossas prioridades.

Então, veja só, quando você usa o crédito apenas para matar sua fome de possuir, e o usa além de sua capacidade de pagar, é como se você estivesse transformando pedras em pães para matar sua fome e sair logo desse deserto.

Celular moderno – comprar um usado em estado de novo pela metade do preço. Daqueles que já vem fotos e contatos (do antigo dono).

Qual problema em ter um smartphone de última geração? Nenhum problema. Eles podem ser muito úteis na vida corrida que temos. Mas será que você não está fugindo do deserto quando compra um aparelho de procedência duvidosa pela metade do preço?

Um discípulo de Jesus não deveria ter restrições quanto à origem dos bens que compra? Ou não faz diferença para nós se estamos alimentando uma cadeia de crime e violência? Aliás violência que volta contra nós mesmos?
Perceba então, que ao comprar um smartphone de origem duvidosa apenas para matar sua fome de celular moderno é como se você estivesse transformando pedras em pães, para ver se acaba logo esse deserto em que sua vida se transformou.

Eu me pergunto: um discípulo de Jesus deveria colocar um smartphone como uma prioridade tão alta em sua vida que o faz colocar de lado o fato que está participando de uma cadeia criminosa de venda de objetos roubados?

Apartamento – comprar comprovante de renda e declarar renda formal maior que a verdadeira. Pedir emprestado um nome de um parente.

Não há qualquer problema em desejar morar numa casa melhor, ou em um apartamento mais amplo. Tem onde morar de forma digna é um direito e morar bem é um desejo legítimo. Agora, forjar uma renda maior que o seu rendimento mensal para se enquadrar no financiamento certamente é transformar pedras em pães.

São muitas as pessoas que fizeram isso e agora não têm como pagar as prestações do mês. E alguns deles com que converso ao telefone que dizem assim: “Em nome de Jesus, eu não perder minha casa. Deus na frente! Vai dar certo! ”.


O que leva esses irmãos a pensar que Jesus estava como eles enquanto eles compravam uma declaração falsa de rendimento com um contador “amigo”? Um discípulo de Jesus deveria fazer como ele dizer: “nem só pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca do Senhor.”

Uma variante que parece mais aceitável é quando se pega o nome de alguém emprestado para financiar, fazer empréstimo ou financiamento. Normalmente, quando você não consegue fazer no seu nome é porque sua renda não é suficiente ou seu cadastro não foi aprovado. O próprio sistema está dizendo que você não está em condições de contrair dívida.

Aí você vê as pedras e ouve a voz do tentador dizendo: “se tu és filho de Deus, como isso pode estar acontecendo contigo. Você é um vitorioso, porque você vai ficar aqui passando por essa situação difícil? Transformas as pedras em pão!”

Ao tomar emprestado o nome de alguém para fazer dívida, você está transformando pedras em pães e trazendo para sua vida grande possibilidade de brigas, desavenças, discórdias e até de rompimento dos relacionamentos familiares envolvidos e de amizade.

Eu volto a me perguntar: não deveria um discípulo de Jesus prezar pela verdade, regularizar suas dívidas atrasadas, limpar seu nome no comércio e comprar apenas aquilo que cabe dentro de seus rendimentos?

Mas para isso, irmãos é preciso confiar que o Senhor está no controle de todas as coisas inclusive no meio das dificuldades. É preciso acreditar que os sofrimentos, as ausências e os desejos não realizados fazem parte da vida. Em todas essas coisas o Senhor tem muito a nos ensinar sobre submissão, confiança e contentamento.

TV por assinatura – contratar os serviços daquele técnico que vende, ele mesmo, o pacote completo da NET: la garantia soy yo!

Qual o problema em ter o pacote completo da TV por assinatura? Claro que não tem nenhum problema. Se você tiver Telecino em HBO no seu pacote e quiser me chamar para assistirmos um bom filme juntos, pode preparar a pipoca.

Em muitos bairros, a venda desses pacotes completos e controlado por milícias que também controlam a venda de gás e cobram pela proteção das ruas. Verdadeiros império do crime!

Toda vez que alguém compra um pacote completo de TV por uma ninharia, faz um gato de energia, autoriza uma ligação clandestina de água, molha a mão do guarda de trânsito, compra carteira de motorista, arranja um atestado médico para o trabalho é como se você estivesse transformando pedras em pães.

Por que não?

Se você pode transformar pedras em pães, por que não fazer? Porque quando transformamos pedras em pães, estamos perdendo a oportunidade de confiar no Senhor, de experimentar o cumprimento da promessa que ele nos fez de nos consolar e animar em meio ao sofrimento, dor, angústia, amargura e tristeza que são plantadas em nossas almas por esse mundo caído em que vivemos.

Transformar pedras em pães pode parecer uma boa saída para sair logo do deserto, mas um caminho de morte é. A vereda da vida a que somos chamados pelo Evangelho, vereda estreita e pedregosa, é permanecer no deserto suportar as fomes que nos assediam e confiar na palavra que procede da boca de Deus: estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos.

Lembra da Jéssica, que matou a amiga porque não suportou a felicidade dela? E se a Jéssica tivesse enfrentado o deserto em que ela estava de outra forma? Se ela conhecesse o amor de Deus? Talvez ela haveria dito NÃO para a proposta de transformar pedras em pães. Sua fome de felicidade continuaria, mas ela teria recebido o consolo da presença de Jesus e, quem sabe, teria sido socorrida por anjos em suas necessidades.

A renovação da mente

Concluo nossa reflexão dessa noite, irmãos, dizendo que que estou convicto de que somos chamados, como discípulos de Jesus, a permanecer no deserto até que o nosso Deus, que nos pôs lá, nos tire. Ele conhece nossa estrutura e sabe exatamente o que precisamos aprender e como vamos aprender.

 Transformar pedras em pães vai nos tornar autossuficientes e arrogantes, donos do nosso destino, senhores de nossas vontades, distantes e descrentes no amor dele por nós.

Devemos permanecer em nossos desertos até que o Senhor nos ensine tudo que precisamos aprender, mas isso só será possível se estivermos rendidos à convicção profunda de que o amor de Deus por nós não é medido pela abundância pão, como sugere o tentador, mas pelo fato de Cristo, o Pão da Vida, nos ter reconciliado com o Pai e nos dado vida nova e eterna.

Precisamos permitir que nossa maneira de pensar, isto é, a forma como entendemos o mundo, seja mudada. Você não pode ser a mesma pessoa e pensar do mesmo jeito depois que Jesus para a ser o seu Senhor.

A nossa mentalidade, isto é, nossas convicções, opiniões e opções de vida precisam transformadas mesmo, pela renovação constante que o Espírito realiza através da Palavra de Deus. É isso que o apóstolo Paulo afirma na carta que escreveu aos irmãos da cidade de Roma:

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Rm 12.2

As pedras estão por todo lado! E a todo momento alguém repete a fala do tentador: “se tu és filho de Deus, transforma estas pedras em pães”. Mas quando essas propostas encontram em nós uma mente renovada pelo Espírito, fortalecida pelas convicções do amor de Deus e confiante no exemplo deixado por Cristo Jesus, podemos fazer como ele e dizer:


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Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Mt 4.4

27 abril 2015

Anunciai até que Ele venha

Primeira Igreja Batista em Jardim Américo - João Pessoa/PB - 26/04/15

Anunciai até que Ele venha

Texto Básico – I Co 11.17-34
A ceia do Senhor
17 Entretanto, nisto que lhes vou dizer não os elogio, pois as reuniões de vocês mais fazem mal do que bem. 18 Em primeiro lugar, ouço que, quando vocês se reúnem como igreja, há divisões entre vocês, e até certo ponto eu o creio. 19 Pois é necessário que haja divergências entre vocês, para que sejam conhecidos quais dentre vocês são aprovados.

20 Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor, 21 porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga. 22 Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não!

23 Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão 24 e, tendo dado graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim". 25 Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse: "Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto, sempre que o beberem, em memória de mim". 26 Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha.

27 Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor. 28 Examine-se o homem a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice.

 29 Pois quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe para sua própria condenação. 30 Por isso há entre vocês muitos fracos e doentes, e vários já dormiram. 31 Mas, se nós nos examinássemos a nós mesmos, não receberíamos juízo. 32 Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo.

33 Portanto, meus irmãos, quando vocês se reunirem para comer, esperem uns pelos outros. 34 Se alguém estiver com fome, coma em casa, para que, quando vocês se reunirem, isso não resulte em condenação. Quanto ao mais, quando eu for lhes darei instruções.

O Costume da Época

No tempo em que esta carta foi escrita aos irmãos da cidade de Corinto, havia o costume de se realizarem festas reunindo os amigos e a família. Essas festas se chamavam Eranos. Nelas não havia um anfitrião bancando tudo para os seus convidados. Nos Eranos cada um levava o que iria comer em casa e todos compartilhavam de tudo.

A igreja cristã também tinha essa prática. A festa dos cristãos chamava-se Ágape (Amor). Uma vez por semana ele se reuniam em uma espécie de “junta-panelas” e no final da refeição partilhavam também o vinho e o pão, lembrando-se da morte de Jesus. A igreja em Corinto tinha essa mesma prática.

Algo não ia bem

O texto que lemos, no entanto, deixa claro que em Corinto as coisas não estavam indo muito bem. Vamos ler novamente do verso 17 ao 22 em busca de alguns problemas percebidos por Paulo:

17 Entretanto, nisto que lhes vou dizer não os elogio, pois as reuniões de vocês mais fazem mal do que bem. 18 Em primeiro lugar, ouço que, quando vocês se reúnem como igreja, há divisões entre vocês, e até certo ponto eu o creio. 19 Pois é necessário que haja divergências entre vocês, para que sejam conhecidos quais dentre vocês são aprovados.

20 Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor, 21 porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga. 22 Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não!

Quais, então, eram os problemas apontados por Paulo?

Os cultos não estavam sendo momentos de comunhão, alegria e celebração. Nas reuniões em Corinto não estava acontecendo o que de melhor se poderia esperar para uma igreja. Em vez disso, quando os irmãos se encontravam eram momentos em que o pior das pessoas aparecia. (17);

A expectativa que temos a respeito de nossos cultos e reuniões é a melhor possível, mas devemos admitir que não é raro que exatamente nesses momentos tão esperados a natureza humana, inclinada para o pecado e a morte, nos dê uma rasteira e transforme nossos ajuntamentos em espetáculos de carnalidade.

A lista pode ser grande: inimizades, disputas, ciúmes, iras, discórdia, dissenções, partidarismo, inveja e coisas parecidas com essas são capazes de entristecer e envergonhar o testemunho da igreja, e devem ser tratadas.

Entre esses vários problemas, Paulo destacou que havia divisões entre os irmãos de Corinto. Não era a primeira vez que ele fazia esse diagnóstico. No começo da carta ele já havia alertado sobre a tendência deles de criar partidos na igreja (eu sou Paulo, eu sou de Apolo, eu sou de Cristo).

Pensar diferente sobre alguma coisa não ofende em nada a natureza da Igreja, mas quando as diferenças se transformam em atitudes de desamor... aí temos um grande problema. Era esse o caso dos irmãos em Corinto. (18)

Causa muita tristeza no coração de Deus quando os membros de uma igreja deixam que suas diferenças se transformem em falta de amor. O apóstolo Paulo afirma que se há alguma vantagem nisso é porque, nessas situações, o caráter e o amadurecimento das pessoas são provados. Isto é, no calor das divergências é que a gente fica sabendo realmente quem é quem. (19)

Como Paulo descobriu tudo isso?

Não sabemos exatamente como foi que Paulo ficou sabendo de tudo, mas certamente alguém contou para ele como eram as reuniões lá em Corinto.

É importante lembrar que a Ceia do Senhor era a finalização daquele “junta-panelas” chamado de festa ágape. Era um momento informal, como uma reunião de família. Não havia uma liturgia elaborada, nem uma programação a ser seguida. Foi exatamente por causa dessa informalidade que as divisões vieram à tona e puderam ser percebidas.

Talvez, se fossem reuniões como as nossas, o problema teria ficado camuflado.

O apóstolo ficou tão indignado como que estava acontecendo nessas reuniões que disse: “não é a ceia do Senhor que comeis” (20)

Quais eram os sintomas da divisão (falta de unidade) na igreja de Corinto?

21 porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga.

As notícias sobre as reuniões dos coríntios realmente não eram boas. O “junta-panelas” não estava funcionando. O problema é bem conhecido das reuniões de família:

Sabe aquela tia que tá bem de vida e chega mais cedo pro almoço de família trazendo uma deliciosa lasanha? Você vê aquela lasanha chegando e já fica de sobreaviso. Mas, acontece que meia hora antes de começar o almoço, ela já começa a servir o marido e os filhos com pedaços generosos da lasanha e não deixa quase nada na tigela. Aí então ela pega a Coca-Cola que ela trouxe e colocou no congelador e enche os copos dela do marido e dos filhos. Depois senta na poltrona e fica comentando à comida trazida pelo resto da família. O que ela foi fazer lá?

Embora muita gente prefira não dizer nada sobre atitudes como essa, e, muitas vezes, nem se dê conta de quando age do mesmo jeito, Paulo percebeu como isso era ruim e levantou a voz contra a falta de amor que se tornara comum entre os Coríntios e que acontecia exatamente na festa que eles chamavam de Ágape. A verdade é que o problema da igreja de Corinto não poderia ser deixado para lá.

O evangelho de Jesus, meus irmãos, sempre foi de boas notícias de amor para todas as pessoas, sobretudo para os mais pobres e necessitados. Para tristeza de Paulo e nossa, em Corinto os irmãos que tinham mais posses e podiam levar mais comida e bebida para o “junta-panelas” estavam se esquecendo de compartilhar.

A falta de consideração com os que tinham menos era tão grande que alguns se empanturravam e se embriagavam com sua própria comida e sua própria bebida, deixando de fora da festa os irmãos mais pobres que, talvez, esperassem o dia do “junta-panelas” para comer um pouco melhor.

Ao final da festa, quando a Ceia do Senhor seria realizada, já tinha gente sendo carregada pra casa. O sentimento que reinava entre os irmãos não era de comunhão, amor, respeito e consideração, mas de desprezo, pouco caso e vergonha.

Imaginem, meus irmãos, como era difícil, nessas condições, lembrar com alegria da morte de Jesus, falar que somos o corpo de Cristo, dizer alguma coisa sobre a unidade da igreja, ou reconhecer que somos irmãos – filhos de um mesmo pai. (22)

Por que e como celebrar a Ceia do Senhor

Diante desse cenário, o apóstolo Paulo resolveu ajudar os irmãos de Corinto explicando o porquê da Ceia do Senhor, resgatando assim o seu significado. E nós vamos aprender com ele. Vejamos o que ele falou:

(1)          A ceia foi instituída e celebrada pela primeira vez pelo próprio Jesus Cristo, cf. Mt 26.26-28, Mc 14.22-24 e Lc 22.17-20. Não se trata de uma criação dos pastores ou uma invenção que veio depois. Celebrar a Ceia e seguir o exemplo e a ordem de Cristo (23);

(2)        A ceia é um memorial, uma espécie de lembrete pra gente não se esquecer de que nossa salvação teve um preço bem alto: a vida de Jesus, seu corpo partido e seu sangue derramado (24,25).

Quando reconhecemos isso, que a nossa salvação é obtida pelos méritos de Cristo e não por qualquer esforço nosso, qualquer sentimento de arrogância ou de humilhação é imediatamente banido. Aqueles que se acham muito podem jogar fora toda a arrogância e decidir confiar no Senhor; e aqueles que se acham nada podem encher o peito de esperança e confiar no amor de Jesus.

Cada um de nós e todos nós tomamos parte da família de Deus porque fomos adotados por seu amor. A ceia do Senhor é um lembrete para avivar nossa memória.

(3)        A ceia é também um anúncio. Além de lembrar o significado da morte de Cristo para nossas vidas, a cada celebração da ceia, estamos anunciando diante de principados e potestades que Deus se fez homem, habitou entre nós e entregou-se a si mesmo como uma oferta de amor pela humanidade (26).

Esse anúncio deve ser feito até que Ele venha novamente buscar o seus. Por isso, celebrar a ceia do Senhor é também uma declaração de esperança. Um dia ele vai voltar para buscar os seus! Então não haverá mais dor, não haverá mais tormento, não haverá pecado e a morte será completamente banida.

Oh meus irmãos! Nossos corações precisam estar cheios com esta esperança e a ceia é um ótimo momento para falarmos dela.

(4)        Não faz sentido celebrar a ceia do Senhor se você não entregou sua vida a Ele. Se você ainda não fez isso a morte de Cristo por até emocionar você, mas não representa muito para a sua vida.

Paulo acrescenta que não é coerente celebrar a ceia do Senhor se você despreza os seus irmãos (a igreja) por quem Cristo morreu. Desprezar os irmãos com atitudes de desamor é a mesma coisa que desprezar a Cruz de Cristo e, assim, a ceia não faz o menor sentido. É nesse momento que o apóstolo Paulo faz um alerta sério e dá uma dura repreensão nos irmãos de Corinto.

É inaceitável que alguém participe da lembrança da morte de Cristo através do pão e do vinho e, ao mesmo tempo, aja com desprezo, preconceito e desconsideração para com aqueles que por quem Cristo morreu: seu povo, sua igreja, seu corpo. Quem procede assim está acumulando juízo para si mesmo e pode sofrer, inclusive no próprio corpo, as consequências de sua incoerência.

Por isso, Paulo recomenda que devemos fazer um autoexame sobre nossa caminhada com o Senhor.

(5)        Na verdade, o autoexame da consciência e de nossos procedimentos deveria se parte permanente de nossas vidas. Aqui não se trata de tornar-se obcecado sobre cada pensamento pensado, cada palavra dita, cada ação executada, mas de, periodicamente, refletir sobre a maneira como estamos vivendo nossas vidas.

Na Ceia do Senhor temos uma boa oportunidade para refletir sobre nossos relacionamentos com a igreja de Jesus:

·       Como anda nosso amor pelos irmãos?
·       Há perdão a ser pedido?
·       Algum perdão a ser concedido?
·       Será quem tenho liberal em amar ou tenho retido o meu amor?
·       Tenho agido com consideração e respeito com meus irmãos ou tenho sido dominado pelo desprezo e pela falta de amor?

Dentro de alguns instantes vamos celebrar juntos mais uma ceia. Que tal começar esse exercício agora?

Conclusão

Alguns irmãos em Corinto ficaram tão ensoberbecidos com suas posses e bens que começaram a desprezar aqueles que tinham menos. Eles se divertiam com comida e a bebida ao ponto de esquecer o compromisso de amar. Esse tipo de divisão destrói a unidade da igreja e revela desprezo pela morte de Cristo.

É inaceitável que a celebração da ceia do Senhor aconteça ao mesmo tempo em que se rejeita ou desconsidera alguém que foi resgatado pelo sangue de Cristo. Isso é os mesmo que rejeitar a cruz de Cristo. Quando o desamor impera não é a ceia do Senhor que estamos tomando; pode-se comer o pão e beber o vinho, mas não há nessa refeição a integridade do evangelho de Cristo.

Por isso precisamos resgatar a Ceia como um poderoso memorial das verdades preciosas do evangelho de Cristo. São essas verdades que vão resguardar nosso coração e manter acessa em nós a chama da esperança.

(A)       A morte de Cristo na cruz foi preço de nossa salvação, meus irmãos. O corpo partido e o sangue derramado são a expressão do amor do Pai. Nessa nova aliança, o cordeiro de Deus foi sacrificado em nosso lugar para que pudéssemos ter vida.

(B)       A vida que recebemos do pai não se limita a este mundo. Um dia Cristo voltará para buscar o seus. Por isso, celebraremos a ceia do Senhor até aquele dia quando esta celebração estará completa, porque o próprio cordeiro de Deus estará conosco. Maranata!

(C)        Enquanto esse dia não chega, somos chamados a viver de forma digna e honesta. Somos chamados a amar os irmãos, a sermos respeitosos e cuidados como os mais fracos, a suportar aqueles que precisam de apoio, a suprir a necessidade dos que têm menos e assim experimentar a bênção de fazer parte do corpo de Cristo.


Que o Senhor nos abençoe e faça esta palavra germinar com poder em nossas vidas.