04 março 2007

O Poder que há na Cruz - 2

INTRODUÇÃO

Como parte da nossa introdução ao tema o poder que há na cruz, hoje vamos nos deter no relato bíblico da tentação e queda do primeiro casal, Adão e Eva.

Muitas pessoas têm considerado o relato da criação do homem, registrado no livro de Gênesis, como uma alegoria; uma espécie de ilustração para explicar princípios e conceitos.

Não há dúvida de que o registro nos ajuda a compreender muitas verdades e por isso não deixa de ser um tipo de ilustração, mas o contexto do registro, o tipo de linguagem utilizada e a própria estrutura do texto apontam para um relato histórico.

Adão faz parte das genealogias registradas na Bíblia como alguém real e histórico como todos os demais. Jesus cita a criação do primeiro casal como a base do modelo de Deus para a família, o apóstolo Paulo fala de Jesus como o segundo Adão.

Assim, não há nenhum indício no contexto da Palavra de Deus que nos aponte para o caminho de considerar o relato da criação como apenas uma estória bonita.

Por isso, trataremos criação e queda de Adão e Eva da mesma forma pela qual a trataram os patriarcas, os profetas, os apóstolos e o próprio Jesus: um fato verdadeiro, real, histórico e de grande implicação para o restante da humanidade.

DETALHES DA CRIAÇÃO

1º Relato
(26) Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. (27) Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (28) E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. (Gênesis 1:26-28)

2º Relato
(4) Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o SENHOR Deus os criou. (5) Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado; porque o SENHOR Deus não fizera chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo. (6) Mas uma neblina subia da terra e regava toda a superfície do solo. (7) Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. ... (21) Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. (22) E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. (23) E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. (Gênesis 2:4-7 e 21-23)

No verso 26... três detalhes (26) Também disse Deus (a): Façamos (b) o homem à nossa imagem (c), conforme a nossa semelhança

(a) De acordo com o relato de Gênesis o homem foi a criação mais recente de Deus. Todo o universo já havia sido criado quando Deus anunciou a criação do homem. Esse anúncio é o nosso primeiro detalhe. Apenas a criação do homem é anunciada previamente como se algo especial fosse acontecer.

(b) O escritor do Gênesis, por revelação divina registra a fala de Deus no plural (Façamos). Esse é o nosso segundo detalhe. Na criação o homem se fez presente o Deus trino. Os dois primeiro versos já indicam a presença do Pai e do Espírito Santo. O apóstolo João, no início do seu evangelho nos revela que também o Filho estava presente e foi co-autor da criação.

(c) Deus anuncia que o homem será criado à Sua imagem e semelhança. Este é o nosso terceiro detalhe. Apenas o homem foi criado com essas características. Embora não seja possível compreender todas as implicações dessa semelhança, sabemos que Deus fez o homem moral, isto é, capaz de tomar decisões por si mesmo.

No verso 7... um detalhe (7) Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra(d) e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.

(d) No segundo relato da criação, vemos que Deus criou o homem do pó da terra soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida. Aqui temos nosso quarto detalhe. Fomos criados com a capacidade de nos relacionarmos tanto com a criação de Deus como com o próprio Deus. Um ser com duas naturezas que não se separam: uma natural e outra sobrenatural.

Uma das perguntas que mais tem incomodado filósofos e pensadores no transcorrer da história da humanidade é “De onde viemos?” Temos sede de saber nossas origens. Faz parte da própria natureza humana o desejo de conhecer sua história. A nossa história faz parte da nossa identidade, de quem somos.

Embora, nos últimos duzentos anos, muitos pensadores, filósofos e cientistas tenham virado a costas para Deus e o renegado, a Bíblia continua afirmando que fomos criados por Ele com amor, carinho e esmero. Nossa história tem origem Nele. Nossa identidade, nosso valor estão ligado ao propósito com que fomos criados por Ele. Fora disso, só dúvida e insatisfação.

TENTAÇÃO E QUEDA

O escritor de Gênesis afirma que Deus criou um jardim para servir de moradia para o primeiro casal. Nesse jardim Deus colocou duas árvores especiais e proibiu o homem de comer o fruto de uma delas.

Há uma compreensão equivocada de que essa fruta (algumas pessoas resolveram achar que era uma maçã, quando a bíblia não diz qual era) representava o sexo. Mas isso não é verdade! O sexo foi criado por Deus como algo bom e nada tem a ver com a tentação pela qual o casal passou.

(8) E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado. (9) Do solo fez o SENHOR Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (10) E saía um rio do Éden para regar o jardim e dali se dividia, repartindo-se em quatro braços. ...(15) Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. (16) E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, (17) mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (Gênesis 2:8-10, 2:15-17)

A princípio, pode parece uma proibição gratuita e sem sentido. Por que não comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal? A resposta era simples: porque Deus o havia proibido. Todas as outras árvores, inclusive a árvore da vida, eram agradáveis à vista e boas para alimento, portanto não havia necessidade de comer da árvore que fora proibida.

Qual era a intenção de Deus?

Adão e Eva haviam sido criados com a capacidade e decidires por si mesmo. Deus os fez com autonomia de vontade. Eles não eram programados para obedecer ou amar, mas tinham vontade própria. Essa capacidade é uma confirmação de que foram criados à imagem e semelhança de Deus.

No jardim, Deus convivia com sua criação. Havia um relacionamento próximo entre o Criador e a criatura, ao ponto que à tardinha Deus passeava pelo jardim para conversar com o casal. Deus fez tudo isso por amor, um amor verdadeiro. Um amor espontâneo que é o único amor realmente digno.

Ele não foi forçado por ninguém a criar o homem, ele o fez por sua vontade embora não precisasse criá-lo. Não foi por obrigação que ele se esmerou ao fazer o jardim e nos demais detalhes da criação, Ele o fez livremente como um ato de amor. Só ama de verdade quem tem a opção de não amar. Esse é o único tipo de amor que pode fazer parte de um relacionamento com Deus.

O amor espontâneo de Adão e Eva pelo Criador deveria então ser confirmado pela decisão de obedecer por livre vontade a uma ordem recebida apenas porque ela havia sido dada por Deus. Seria uma decisão de confiança Nele.

Deus continua amando sua criação. Esse amor não é apenas da boca para fora. A Bíblia diz que Deus prova o seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Da mesma forma que Ele continua nos amando por sua livre vontade, Ele continua a nos oferecer a oportunidade de provarmos nossa confiança Nele através de nossa obediência.

Será que foi justo?

Mesmo compreendendo o propósito de Deus, algumas pessoas pensam que não foi justo da parte do Criador permitir que Lúcifer induzisse o jovem casal à desobediência. Mas, na verdade Deus foi completamente justo com eles.

1) Adão e Eva não carregavam consigo o peso do pecado. Eram habitados pelo Espírito de Deus e mantinha estreita comunhão com Ele;
2) A ordem era simples e foi claramente explicada. As conseqüências da desobediência também foram explicadas com clareza;
3) Eles não estavam privados de nada. Tinham tudo de que precisavam em abundância;
4) Eles tinham fortes razões para confiar em Deus, conheciam Sua vontade, experimentavam diariamente Sua presença e companhia.
5) Eles tinham acesso a Deus, poderiam ter pedido uma explicação sobre a história contada pela serpente.

Enfim, não havia desculpas. A desobediência foi resultado de uma decisão pessoal de cada um deles. Eles prefeririam confiar no que dissera a serpente. Viraram as costas para Deus.

Tenha certeza de que o Senhor é sempre justo e verdadeiro. Pode ser que a sua mente está cheia de dúvidas sobre Ele. Não se entristeça ou se apavore com isso. Coloque suas dúvidas e inquietações na presença de Deus em oração, pergunte pra Ele. Peça que Ele lhe responda em Sua Palavra, a Bíblia. O Senhor lhe esclarecerá os pensamentos. Mas não confie nas mentiras daquele que é mentiroso desde o princípio. Confie no Senhor!

A estratégia do inimigo

Já falamos desse púlpito algumas vezes que não devemos perder a perspectiva de que estamos em guerra. O inimigo é tremendamente poderoso, mas maior é aquele que está em nós do que o que está no mundo.

(1) Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? (2) Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, (3) mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. (4) Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. (5) Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. (6) Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. (Gênesis 3:1-6)

Da mesma forma que Deus não o força a obedecê-Lo, Ele não permite que qualquer força espiritual o force a pecar. Ninguém o obriga a pecar. Pecamos por nossa própria vontade, por nossa própria decisão. O inimigo de Deus induz ao pecado (o que chamamos de tentação), mas somos nós que decidimos pecar. Assim, cada pessoa é também individualmente responsável pela conseqüência do seu pecado.

Mas como estamos em guerra precisamos conhecer as estratégias do inimigo de nossas almas.

(1) Satanás procura pontos fracos para atacar. Eva pode ter sido escolhida porque não ouvira a orientações diretamente de Deus, mas de Adão. Havia então a possibilidade de que Adão não houvesse explicado corretamente a sua esposa as orientações do Senhor. A verdade é que Eva, ao responder à serpente (verso 3), acrescenta coisas que Deus não havia deixado com ordem. Deus havia dito que eles não deveria comer o fruto, mas não havia qualquer orientação sobre não tocá-lo.

(2) Satanás, então, afirma uma mentira em forma de pergunta (É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?).. Lúcifer sabia qual tinha sido a ordem de Deus, mas ele também sabia que não poderia dizer mentiras abertas sobre Deus em um primeiro momento. Assim ele usa a pergunta para instigar a mente de Eva.

Esteja atento aos argumentos falaciosos. Hoje, muitos líderes religiosos, lobos em pele de ovelha, usam de perspicácia e boa lábia para enganar a fé dos simples. Apresentam-se como mestres do raciocínio, inteligentes e sensatos, mas sua lógica perfeita leva os incautos para longe de Deus.

(3) Em seu passo seguinte, a serpente coloca a palavra de Deus sob suspeição. Lúcifer mente com grande convicção (É certo que não morrereis!) com o objetivo de abalar a confiança que Eva tinha em Deus. O inimigo fala como se não tivesse qualquer dúvida de que a Palavra de Deus não é verdadeira.

Convicção não é sinal de verdade. Muitos estão convictamente envolvidos por uma mentira. Outros estão convictamente errados em suas idéias. A convicção só é boa quando fala da Verdade. Por isso não se sinta intimidado ou maravilhado com os convictos, avalie se aquilo que está sendo dito é verdade à luz da Palavra de Deus.

(4) Em seguida, a serpente põe em dúvida as motivações de Deus ao dar a sua ordem. (Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos...) Lúcifer conduz Eva a duvidar das boas intenções de Deus ao proibi-los de comer do fruto daquela árvore.

Todo cristão precisa permanecer bastante atento quando as motivações de Deus, já reveladas na Bíblia, são postas em dúvidas. Deus não muda. Quando a Bíblia afirma que ele é santo, justo, bondoso e misericordioso ela está afirmando uma verdade que não se altera. Quando a Bíblia diz que Deus é amor, que ele tem pensamentos de paz sobre nossas vidas, isso é uma verdade que não se altera. Quando o profeta afirma que Deus prefere vida íntegra a sacrifícios religiosos, ele está afirmando a verdade. Nele não sombra de mudança. Por isso rejeite as idéias que tentam denegrir as motivações do Senhor

(5) Por último, o inimigo acena com benefícios maiores que as promessas de Deus. (...e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.). Uma mentira após a outra servem para provocar o orgulho no coração de Eva: ser igual a Deus sem precisar dar satisfações a Ele.

Fique em alerta quando lhe forem feitas promessas que Deus não fez. O Senhor cumprirá todas as suas promessas, mas Ele não tem qualquer compromisso com o que não prometeu. Confira com a Palavra de Deus, verifique as vidas dos servos de Deus registradas nas escrituras. O inimigo inventa promessas maiores do que as prometidas pelo Senhor para provocar em nós o desejo de sermos independentes dele.

Eva cedeu à tentação e comeu o fruto que havia sido proibido por Deus. Além disso, ofereceu o fruto ao seu marido que espontaneamente também comeu, tornando-se ambos culpados de seu próprio pecado.


CONCLUSÃO

Depois de haverem desobedecido, Adão e Eva esconderam-se de Deus. O jardim já não parecia tão bonito, e a presença de Deus já não era tão desejável. Olharam um para o outro e tiveram vergonha de si mesmos.

Eles não tiveram coragem para encontrar o Criador. Sabiam que O haviam desobedecido, mas não tinham coragem para confessar espontaneamente o seu pecado. Quando ouviram a voz do Senhor se esconderam.

Pode ser que seja exatamente essa a sua situação hoje à noite. Escondido e sem qualquer desejo da presença de Deus, porque você com o seu pecado sabe que rejeitou o Senhor, virou as costas para Ele como fizeram Adão e Eva. Hoje eu gostaria de lhe oferecer uma oportunidade para sair do seu esconderijo e correr para os braços do Pai.

No Éden, Deus chamou por Adão: Onde estás? Hoje Ele chama por você. Onde estás? Em Cristo Jesus há esperança para o seu pecado. As conseqüências do seu pecado foram lançadas contra Cristo, na Cruz e hoje você pode apropriar-se do perdão de Deus.

Adão tentou explicar o seu pecado, mas não havia explicação. Não tente explicar nada. Apenas aceite o amor sem motivos que Deus tem por você e que foi provado na cruz fincada no monte chamado calvário.

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