26 junho 2016

Escola Bíblica - Um por todos, todos por um - Dedicados uns aos outros


Dedicados uns aos outros

Paulo usou a metáfora do corpo para mostra que os seguidores de Jesus são membros uns dos outros. Essa bonita ilustração mostra como a Igreja funciona. Cada crente é necessário e vitalmente importante no plano de Deus.

Analogias são ótimas para introduzir um assunto ou para fornecer acesso a um conhecimento. No entanto, comparações não são perfeitas em tudo e não têm a função de esgotar o assunto. Isso quer dizer que nem tudo a respeito do corpo humano pode ser aplicado à igreja e que há muitos aspectos da igreja que não podem ser percebidos através da comparação com o corpo.

É por isso, e também por causa da importância e complexidade do assunto, que as Escrituras nos fornecem outras analogias sobre a Igreja, como lavoura, edifício, exército, etc. Em Rm 12.10 temos indícios de outra analogia importante para compreendermos a natureza da Igreja que somos.

10 Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios. Rm. 12.10 (NVI)

O termo philadelphia, traduzido por amor fraternal, originalmente refere-se aos relacionamentos familiares. Quando o apóstolo Paulo o aplica à igreja, parece afirmar que o relacionamento entre os discípulos de Jesus é marcado por um amor semelhante ao amor que existe entre irmãos.

O termo adelphos, usado nas escrituras por mais de 200 vezes e traduzido como irmão, quer dizer, literalmente “do mesmo ventre” e é claramente um termo familiar. Assim, a Bíblia aponta para uma realidade inescapável e profunda: nascemos de novo (como Jesus falou a Nicodemos) dentro da família de Deus. Ele nos adotou a todos como filhos e filhas por meio de Jesus Cristo.

5 Deus nos destinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo; esse era o seu desejo e o seu propósito. Ef 1.5 (VFL)

As duas analogias (corpo e família) claramente nos fornecem comparações diferentes e parecem ter objetivos diferentes: quando Paulo usou a metáfora do corpo, valeu-se dos aspectos físicos para ilustrar o funcionamento da igreja com a participação de todos discípulos a partir das habilidade e capacitações de cada um; mas quando empregou a metáfora da família o foco é outro: ele quis mostrar os aspectos psicológicos das relações entre os cristãos.

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Dizer que a igreja é como uma família pode ser inspirador para alguns, mas não ajuda muito outras pessoas, cuja a experiência familiar não foi (ou não é) das melhores.

Com frequência, crianças crescem sem sentir como é ser aceito, amado incondicionalmente ou sentir-se seguro; não aprendem a confiar nos outros, pelo contrário. Por causa do ambiente hostil em que são criadas, aprendem a mentir, trapacear e enganar; assim, o egoísmo acaba se tornando um modo de sobrevivência onde há pouco espaço para confiança, generosidade e afeto.

Como esse cenário se liga à analogia da igreja como família? O ponto a ser considerado é o fato de que alguém se tornar um cristão não muda automaticamente atitudes e modos de pensar que foram desenvolvidos ao longo da vida. Assim, quando passam a fazer parte da família de Deus, muitos chegam apenas com uma vaga noção do que seja ser amável, carinhoso, sincero e confiante e com pouca disposição para acreditar que esta família seja diferente daquela em que ele cresceu.

A boa notícia é que Deus projetou a igreja (a família dele) para trazer cura espiritual e emocional a todos os que nela forma incluídos, mesmo aqueles que tiveram poucas experiências familiares de amor e cuidado mútuos.


Infelizmente, o mundo está cheio de igrejas que não funcionam como famílias plenas e funcionais. Nessas igrejas os crentes não são dedicados uns aos outros em amor fraternal; nessas igrejas o lema “um por todos, todos por um” é motivo de gracejos, piada e descrença; nessas igrejas há poucas empatia, pouco desprendimento e pouca disposição para se gastar em benefício dos outros; nessas igrejas as pessoas que chegam vindas de famílias quebradas e desestruturadas são expostas a outras famílias que quase nada podem fazer, porque também se encontram na mesma situação.

Quando isso acontece, o plano de Deus para a cura espiritual e emocional é impedido. De fato, essa situação leva à desilusão e devastação espiritual. É inegável que vivemos tempo difíceis.


Uma pergunta é inevitável. Pode a igreja trazer cura e saúde a quem tanto precisa? A resposta é decididamente “SIM”. Isso já aconteceu incontáveis vezes na história e pode acontecer aqui com a gente também. Que passos podemos dar para caminhar em direção a uma igreja-família, cujos relacionamentos dão testemunho aos de fora e acolhimento aos de dentro?

Apesar de nossa condição como membros da família de Deus ser uma ligação produzida pelo Espírito de Deus, mediante a regeneração, que nos insere em uma nova vida, ainda assim mostrar amor e afeto por outros cristãos e trata-los como irmãos e irmãs precisa ser aprendido.

PASSO 1

O primeiro passo para esse aprendizado é examinar com cuidado e espírito de submissão o que a Bíblia fala sobre amor fraternal. A seguir, uma amostra:

9Mas quanto ao amor fraternal puro que deve existir entre o povo de Deus, eu não preciso falar muito, tenho certeza! Porque o próprio Deus está ensinando vocês a se amarem uns aos outros. 10Na verdade, já é forte o amor que vocês têm por todos os irmãos em Cristo no seu país todo. Mesmo assim, queridos amigos, nós lhes rogamos que amem cada vez mais a eles. 1 Ts 4.9,10

1Não deixem nunca de se amar com amor de irmãos. 2Não se esqueçam da hospitalidade, porque foi assim que alguns hospedaram anjos, sem o saber. 3Lembrem-se dos presos como se estivessem presos com eles; e dos que são maltratados como se fossem vocês mesmos a sofrer. Hb 13.1-3

22Agora podem ter entre vocês um amor fraterno, não fingido, porque as vossas almas foram purificadas pela obediência à verdade. Amem-se, pois, uns aos outros de todo o coração. 23Porque vocês nasceram de novo, não de uma semente deteriorável, mas de uma semente imortal, pela palavra de Deus viva e que permanece para sempre. 1 Pe 1.22,23

8E agora, esta palavra a cada um: vocês devem ser como uma grande família feliz, cheios de simpatia uns pelos outros, amando-se uns aos outros, com corações ternos e mentes humildes. 9Não paguem mal por mal. Não retribuam àqueles que dizem coisas desairosas sobre vocês. Em vez disso, orem para que Deus ajude os tais, pois devemos ser bondosos para com os outros, e Deus nos abençoará por isso. 1 Pe 3.8,9

5-7Sendo assim, esforcem-se diligentemente por acrescentar à vossa fé uma boa conduta; e além disso o conhecimento das coisas espirituais; depois aprendam o que é o domínio dos vossos próprios desejos naturais; acrescentem a perseverança, e ainda uma relação efectiva com Deus. E não se esqueçam da afeição fraterna, e enfim do amor. 8Porque se estas qualidades abundarem na vossa vida, elas não vos deixarão ociosos nem estéreis, mas antes frutuosos no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. 2 Pe 1.5-7

PASSO 2

Avalie suas atitudes e ações com respeito aos outros membros da sua família cristã. Até que ponto você sente amor e afeto em relação aos seus irmãos em Cristo? Vejamos se as perguntas a seguir podem auxiliar-nos nessa reflexão:
  
Bloco A

1.     Você se sente à vontade para expressar seus sentimentos a outras pessoas? Por quê?
2.     Você já foi magoado por alguém em quem confiava? O que você aprendeu com essa situação?
3.     Você acha que vale a pena abrir o coração na família de sangue? E na família de fé?
4.     Quais são os riscos que corremos ao expressar nossos sentimentos na família de Deus? Você acha que vale a pena?

Bloco B

1.     Na sua família, com seus pais e irmãos, como vocês expressavam amor uns pelos outros?
2.     Como você classificaria sua família (pais e irmãos) em relação a expressar sentimentos? Muito Aberta, Aberta, Fechada, Muito Fechada.
3.     Em termos de expressar sentimentos e emoções, o que era assunto proibido em sua família (pais e irmãos)?
4.     Você se sente confortável em chamar Deus de pai? Por quê?

Bloco C

1.     Por quanto tempo você já ficou ruminando uma briga em que você foi ofendido: dias, semanas, meses ou, anos?
2.     Para você, o que é ressentimento? Como você lida com esse sentimento?
3.     Como você acha que as pessoas percebem você: fácil de provocar ou difícil de provocar? De bem com a vida ou de mal com a vida?

Bloco D

1.     Por quanto tempo você já ficou ruminando uma briga em que você foi ofendido: dias, semanas, meses ou, anos?
2.     Para você, o que é ressentimento? Como você lida com esse sentimento?
3.     Como você acha que as pessoas percebem você: fácil de provocar ou difícil de provocar? De bem com a vida ou de mal com a vida?

PASSO 3

Se depois dessas perguntas você achar que precisa de ajuda, procure um membro amadurecido do Corpo de Cristo em quem você confie. Isso é muito importante para sua caminhada. Comece a agir em harmonia com aquilo que você sabe ser o desejo de Deus. Não espere sentir vontade. Frequentemente sentimentos vêm logo após ações. Expressa o amor de forma tangível o ajudará a desenvolver sentimentos de amor e a comunica-los verbalmente.

Adaptado a partir de capítulo homônimo do livro "Um por todos, todos por um", Gene Getz, Ed. Textus - Rio de Janeiro - 2000. Tradução por Ana Vitoria Esteves de Souza.

19 junho 2016

Escola Bíblica - Um por todos, todos por um - Membros uns dos outros


Membros uns dos outros

Há um certo tipo de poder quando as pessoas se unem: quando a torcida pula junto e grita o nome do time, há uma força nessa unidade; quando na quadra de vôlei, cada jogador az sua parte e todos se esforças para cobrir as falhas uns dos outros e o ponto parece não ter fim, para que tipo de poder toma conta de todos que estão por perto.

É difícil negar que quando as pessoas se unem em torno de um objetivo surge uma energia que nos faz realizar bem mais do que imaginamos ser capazes. Vamos ver um vídeo sobre o poder da unidade.

Há um poder na união. Mesmo quando ela é um processo puramente humano. Imagine agora o que pode acontecer quando essa união é o resultado da ação do Espírito Santo em cada um de nós. Quando lemos as escrituras parece que essa unidade no Espírito era um dos desejos mais intensos de Jesus. Ele até orou sobre isso em Jo 17.20-23.

Uma analogia é a tentativa de explicar algo através de outra coisa. Para tentar explicar essa unidade no Espírito, que existe entre os seguidores de Jesus, a Bíblica usa uma analogia, isto é, ela compara os seguidores de Jesus ao corpo humano em I Co 12.14-26.

VERDADES IMPORTANTES

Há muito a aprender na leitura dessa comparação entre a Igreja e o copo humano. O apóstolo Paulo resume da seguinte forma: “Então nós ... somos membros uns dos outros.” (Rm 12.5). Hoje vamos destacar três verdades importantes que podem ser aprendidas neste texto.

1.     Nenhum cristão deve atuar sozinho: somos interdependentes. Não há lugar para carreira solo entre os seguidores de Jesus – o nosso canto é sempre coral. Não há lugar para monólogo – nossa atuação é sempre coletiva. Não há lugar para lobos solitários – nós andamos sempre em bandos. Nós dependemos uns dos outros. Mas, por quê?

a.      Fomos feitos diferentes; I Co 12.15,16
b.     Fomos feitos incompletos; I Co 12.21
c.      Somos apenas uma parte, não o todo. I Co 12.14

2.     Nenhum cristão deve sentir-se mais importante que os demais: somos limitados. Somos chamados à humildade, isto é, ao reconhecimento de nossos limites – nem mais, nem menos. Ninguém pode dizer a outro irmão “não preciso de você”. Por quê?

a.      Fomos feitos diferentes; I Co 12.15,16
b.     Fomos feitos incompletos; I Co 12.21
c.      Somos apenas uma parte, não o todo. I Co 12.14

Além disso, veja o ensino de Paulo aos irmãos de Roma em Rm 12.3.

3.     Cada cristão deve trabalhar para preservar a unidade: somos responsáveis. A manutenção da unidade na igreja é o resultado de nossas atitudes e uns para com os outros.

No time de futebol ou na torcida, a união vem por causa dos objetivos comuns. Porque todos querem a mesma coisa, juntam-se para alcançar os resultados. Na igreja é diferente. A unidade do Corpo de Cristo é resultado da presença do Espírito Santo em nós. Fazemos parte do mesmo corpo, porque fomos feitos parte da família de Deus (Jo 1.12)

Ninguém é parte da Igreja de Jesus apenas por vontade própria. Foi Deus quem fez de você um membro do Corpo de Cristo. É como na família de sangue: ninguém escolhe por si mesmo fazer parte. A escolha é dos outros. Portanto, eu e você não podemos produzir união. A união já existe, porque fomos feitos irmãos uns dos outros. Pode ser que essa união não esteja funcionando, bem, mas ela é uma realidade que não depende da nossa vontade.

Por outro lado, fomos chamados para preservar a essa unidade através de humildade, mansidão, longanimidade e apoio mútuo, conforme. (Ef 4.1-3)

1Suplico-vos pois - eu, prisioneiro por causa de servir o Senhor - que se conduzam de uma maneira digna da chamada que receberam de Deus. 2Sejam humildes, delicados para com os outros e pacientes, numa base de compreensão mútua e com uma afeição sincera. 3Procurem conservar entre vocês a unidade que o Espírito Santo produziu com laços de paz. (Ef 4.1-3 OL)

PERGUNTAS PARA DISCUSSÃO

1.     Somos uma igreja unida? Como podemos melhorar?
2.     Nosso jeito de viver igreja valoriza essa dependência uns dos outros?
3.     A humildade é um valor que nos caracteriza com igreja?
4.     Até que ponto o individualismo está trabalhando contra a unidade da igreja?

5.     O que poderia melhorar em nossas programações para nos sentirmos ainda mais membros uns dos outros?

Adaptado a partir de capítulo homônimo do livro "Um por todos, todos por um", Gene Getz, Ed. Textus - Rio de Janeiro - 2000, 

18 junho 2016

Evangelho Autêntico - Sem mim, nada podeis fazer


Evangelho Autêntico
Sem mim, nada podeis fazer

Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Mt 11.28 (ARA)

Conexão

Boa noite, irmãos e irmãs! Este é o terceiro encontro em que estamos refletindo sobre o Autêntico Evangelho de Jesus.

Primeiramente vimos que o Evangelho é a notícia de que Jesus veio a este mundo para vivermos a vida em toda a plenitude planejada por Deus. Uma vida completa de tudo.

Depois, chegamos à conclusão de que Jesus nos chama para si mesmo (vinde a mim!), não para uma religião. Ele é o único caminho para a liberdade dos pesados fardos das tentativas de justiça própria, do esforço religioso e da confiança no mérito pessoal.

Vimos que da mesma forma que fomos salvos pela graça de Deus, isto é, sem qualquer mérito de nossa parte para que isso acontecesse, somos chamados a viver a vida com base nessa mesma graça, isto é, sabendo que nossa caminhada de fé não é trilhada à base da virtude humana, mas decorre do amor gracioso de Deus por nós.

Nossa vida cristã não será saudável se for uma correria para longe de Jesus, em busca de realizações para agradar a Deus; o evangelho autêntico é o convite de Jesus para nos achegarmos para perto dele. É assim que seremos aliviados e encontraremos descanso para nossas almas.

Introdução

Hoje veremos outro aspecto do evangelho: só o experimentaremos de verdade se estivermos conectados a Jesus: “sem mim nada podeis fazer”. Nosso texto base será Mt 11.28:

Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Mt 11.28 (ARA)

Quando Jesus falou essa frase, “sem mim nada podeis fazer”, ele estava explicando uma comparação. Aliás, ele fez isso várias vezes: para ensinar verdades espirituais, ele gostava de recorrer a ilustrações, começando nas coisas normais da vida diária. Jesus falou de ovelhas, de arado, de sementes, de lampião, de varrer a casa...  

Dessa vez, ele estava usando a videira para fazer uma comparação e ensinar verdades espirituais importantes. Para aqueles discípulos que ouviram Jesus falar pela primeira vez, a videira era uma planta muito conhecida, talvez como a latada de maracujá ou a rama de melancia, para quem conhece o interior do Nordeste.

É por isso que quando Jesus disse: eu sou a videira verdadeira, todo mundo que o ouviu imaginou logo um pé de uva. E como é um pé de uva? (imagens)

Um novo significado

Mas não foi apenas porque a videira fazia parte da agricultura hebraica que Jesus a usou como ilustração. A videira também aparece muitas vezes como simbologia no Antigo Testamento e isso poderia ajudar as pessoas a compreender o novo significado que Jesus queria dar para essa comparação.

O profeta Oseias falou sobre uma videira para ilustrar a situação em que se encontrava a nação de Israel: uma nação próspera que se entregou à idolatria, cultuando os deuses dos povos vizinhos.

1 Israel era como videira viçosa; cobria-se de frutos. Quanto mais produzia, mais altares construía; Quanto mais sua terra prosperava, mais enfeitava suas colunas sagradas. Os 10.1

O profeta Isaías também usou a mesma imagem da videira, mas para descrever o cuidado constante de Deus com Israel.

2 Ele cavou a terra, tirou as pedras e plantou as melhores videiras. Construiu uma torre de sentinela e também fez um tanque de prensar uvas. Ele esperava que desse uvas boas, mas só deu uvas azedas. Is 5.2

De forma semelhante, o profeta Jeremias falou sobre uma videira de sementes selecionadas, mas que se tornou degenerada e selvagem

21 Eu a plantei como uma videira seleta, de semente absolutamente pura. Como, então, contra mim você se tornou uma videira degenerada e selvagem? Jr 2.21

Na fala dos profetas, a videira era sempre a nação de Israel, plantada e cuidada por Deus; Jesus, no entanto, fez uma outra comparação. Ele disse que a videira de Deus era ele mesmo: eu sou a videira verdadeira, disse Jesus, e meu pai é o agricultor.

Jesus é a videira

Talvez não seja possível para nós avaliar o grande impacto dessa nova proposta. Mas deixe-me tentar explicar.

Os judeus se orgulhavam muito de sua história. Eles confiavam no fato de que eram descendentes de Abraão, e de que por isso tinham uma condição especial diante de Deus. Eles liam os profetas e achavam que o parentesco deles com Abraão era a ligação que os mantinham conectados à videira e sob os cuidados de Deus.  

Quando João Batista começou a pregar, dizendo que o Reino de Deus estava próximo, muitos Judeus correram para ser batizados por ele, mas no fundo eles não estavam arrependidos da maneira como viviam. João foi duro com eles:

7-9Era assim que João pregava às multidões que vinham para batizar-se: Raça de víboras! Quem os avisou de fugir do julgamento de Deus que há-de vir? Tratem primeiro de mostrar o vosso arrependimento pela maneira como vivem. E não pensem que estão em segurança por descenderem de Abraão. Isso não basta; até destas pedras do deserto Deus pode fazer nascer filhos de Abraão! O machado do seu julgamento está suspenso sobre as vossas vidas, prestes a cortar-vos as raízes e a derrubar-vos. Sim, toda a árvore que não dá bom fruto será abatida e lançada no fogo. Lc 3.7-9 (OL)

Talvez agora dê para perceber como a fala de Jesus foi contundente: enquanto os judeus acreditavam que os descendentes de Abraão eram a videira de Deus neste mundo, a fonte de vida para as outras nações, Jesus apresentou-se a si mesmo como a videira verdadeira, o centro da vida.

A vida de Deus emana dele, a salvação de Deus, a esperança de Deus... Tudo de Deus converge para ele. Portanto, a vida está disponível sim, mas não para aqueles ligados a Abraão pelos laços de sangue; a vida é um presente para aqueles ligados a Jesus pelo poder do Espírito Santo.

Hoje, muitos irmãos que vivem de forma semelhante àquelas pessoas a quem João falou. Acham que é suficiente ser membro de uma igreja. Acham que se forem dizimista e usarem o crentês no domingo aí “tá tranquilo, tá favorável”. Pensam que estão bombando quanto postam no Face uma frase gospel ou uma imagem bonita com versículo e aí escrevem embaixo: “A minha cara!” ou “Muito forte!”. Mas estão enganados!

Entendem que a conexão importante para suas vidas é com a moda gospel do André e da Ana Paula, com o pregador da moda que aos berros promete mundos e fundos na televisão, com o novo clip da MK ou com a blogueira de milhões de fãs... Estão completamente enganados!

Há crentes que se acham seguros porque são sangue bom, porque têm história, porque papai e mamãe são líderes na igreja, porque organizaram um lual, porque participaram da bandinha no EJC ou distribuíram cesta básica para famílias necessitadas. Estão profundamente enganados!

A segurança está na videira e a videira verdadeira é Jesus! A vida está nele desde a eternidade. Veja o dizem as Escrituras:

15 Cristo é a imagem do Deus invisível. Ele existe antes de Deus ter criado todas as coisas e está acima de toda a criação 16 Na verdade, foi através dele que Deus criou tudo o que há nos céus e sobre a Terra, até os governantes, as autoridades, os que têm o poder e a força, tanto no mundo espiritual como no terreno. Tudo isso foi estabelecido por Cristo, e para Cristo. 17 Antes que tudo tivesse sido criado, já ele tinha existência; e todo o universo se mantém graças a ele.

18 Cristo é a cabeça da igreja, a qual é o seu corpo. E é o princípio de uma vida nova, o primeiro a ter ressuscitado dos mortos, e é consequentemente o primeiro em tudo e sobre todas as coisas!

19 Porque Deus em toda a sua plenitude decidiu estar presente em Cristo, 20 e por ele Deus reconciliou todas as coisas consigo mesmo. Cristo estabeleceu a paz com tudo que existe no céu e na Terra por meio do seu sangue na cruz. Cl 1.15-20

Nós somos os ramos

Na comparação que Jesus fez, ele é a videira. Ele foi plantado por Deus, o agricultor. Nós somos os ramos da videira.

Jesus afirmou para Nicodemos que para alguém entrar no Reino dos Céus é preciso nascer duas vezes: da água e do Espírito. Nós sabemos que esse segundo nascimento é quando o Espírito Santo passa a fazer morada em nós. Nessa ilustração de Jesus, nascer de novo é brotar do tronco da videira. Por meio de Jesus, a vida de Deus encontrou lugar em nós. Ele é a videira, nós somos os ramos.

Meus irmãos, agora prestem atenção a isso: de si mesmos os ramos não têm vida; de si mesmos os ramos não têm força; por si mesmos os ramos não se desenvolvem; por si mesmos os ramos não crescem; por si mesmos, os ramos não produzem fruto. Em tudo, os ramos são dependentes da videira.

Enquanto os falsos evangelhos alardeiam sua capacidade de fazer por conta própria o que você quiser, o autêntico evangelho de Jesus afirma: “sem mim, nada podeis fazer”. Veja o que disse Jesus:

4 Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim. Jo 15.4 (NVI)
Hoje em dia qual é a primeira informação que a maioria das pessoas pede quando chegam a um restaurante ou na casa de um amigo? A senha do wi-fi. Por quê?

- Ora, porque não tem crédito no celular! Aí tem que aproveitar o wi-fi!

Não deixa de ser verdade. Mas por que esse desespero para conectar no wi-fi da lanchonete ou filar a conexão 4G do amigo? Porque ninguém quer ficar desconectado.

Jesus está dizendo pra você hoje à noite que a conexão mais importante da sua vida e com ele. Um ramo quebrado, desconectado da videira, na verdade não seca de uma hora para outra. Mas ele vai murchando, perde o brilho, perdendo as forças, até que seca.

É assim que está sua alma? Conectada com tudo, menos com aquele de onde vem a vida? Então é bem possível que você esteja secando por dentro. É possível que a leitura da Bíblia não seja mais tão prazerosa, que a oração seja um fardo pesado e que a comunhão com os irmãos pareça até desnecessária.

O primeiro passo para sair dessa situação é você admitir que Jesus não tem sido a principal conexão de sua vida. Você não está permanecendo na videira! É duro reconhecer que o nosso status em relação a Jesus é “não conectado”, mas esse é o caminho da restauração.

Permanecer

Depois de admitir, você precisa atender ao chamado de Jesus. Veja o que ele disse: 4 Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Jo 15.4a

Em outras palavras, Jesus está dizendo: conecte-se a mim, porque o meu wi-fi está sempre disponível e com sinal cheio! E como isso acontece na prática? Assim como é preciso ajustar as configurações do celular, você também precisar ajustar as configurações da sua vida:

(1)          A primeira coisa é acreditar no profundo de sua alma que Jesus é o filho de Deus. João, um dos discípulos de Jesus afirmou que confessar essa crença em Jesus abre as portas da nossa vida para que Ele permaneça em nós e nós nele.

Se alguém confessa publicamente que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em Deus. 1Jo 4:15 (NVI)

Se isso ainda não aconteceu com você, procure ler as Escrituras e conhecer a vida e a pessoa de Jesus.


(2)          O segundo passo é render-se a Jesus. O mesmo João afirmou que aqueles que se rendem a Jesus são incluídos na família Deus e ganham o direito de serem chamados filhos de Deus

Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, Jo 1:12 (NVI)

(3)          Depois você deve seguir descobrindo qual é maneira que Deus recomenda que a vida seja vivida E ajustar o seu jeito de pensar e viver às orientações do Espírito de Deus nas Escrituras.

Os que obedecem aos seus mandamentos permanecem nele, e ele neles. Deste modo sabemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu. 1Jo 3:24 (NVI)

(4)          Por fim, você precisa viver a vida confiando no evangelho. É não desistir! É não deixar morrer a semente que foi plantada em sua alma pelo Espírito de Deus.

Quanto a vocês, cuidem para que aquilo que ouviram desde o princípio permaneça em vocês. Se o que ouviram desde o princípio permanecer em vocês, vocês também permanecerão no Filho e no Pai. 1Jo 2:24 (NVI)

Conclusão

Irmãos, o Senhor Deus é o dono da vinha. Ele plantou Jesus como a videira verdadeira. Através da cruz de Cristo, Ele resgatou homens e mulheres e os colocou em íntima ligação com o Filho, fazendo-nos ramos dessa videira verdadeira. A vida que temos em nós vem da videira: “Não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim”.

Não há conexão mais importante em sua vida do que a conexão com Jesus. É dele que vem a seiva que mantém você espiritualmente vivo. Sem ele, nada de valor poderemos fazer. Sem ele nada do que fazemos tem implicações eternas. Sem ele nós podemos até parecer vivos, mas na verdade estamos mortos.


Você está ligado à videira verdadeira? Então permaneça nela! Uma vida cheia de amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade e fidelidade está esperando por você. O Espírito produzirá em você os doces frutos da presença dele em nós.

13 junho 2016

As Faces Escuras do Arrependimento



As Faces Escuras do Arrependimento

Introdução

Hoje vamos refletir juntos, e com a ajuda do Espírito Santo de Deus, sobre o arrependimento e suas implicações no processo de santificação dos discípulos de Jesus.

Eu espero que você permaneça atento e acompanhe comigo esse maravilhoso e importante ensino das Escrituras, para assim colhermos frutos preciosos em nossas vidas, na vida de nossas famílias e na vida de nossa igreja.

Bom, a abordagem mais comum sobre arrependimento é sobre o papel que ele tem naquilo que costumamos chamar genericamente de conversão (ou aceitar a Jesus, ou se entregar a Jesus). Em outra oportunidade poderemos tratar com detalhes sobre esse aspecto. Hoje, no entanto, nosso assunto é a relação entre arrependimento e santificação.

Arrependimento e Salvação

É inegável que arrependimento está fora de moda. Ninguém mais deseja se arrepender. O que ouvimos o tempo todo é que devemos viver a vida de forma intensa, fazendo tudo que tivermos vontade, para depois não lamentarmos por não ter curtido tudo que a vida tem para oferecer. Arrependimento parece uma coisa triste e está definitivamente fora de moda.

Hoje, quando alguma tristeza ronda nossas mentes, talvez por coisas que nos tiram a paz e incomodam a consciência, rapidamente muitas vozes se levantam (no Face, no Whatsapp, no Twitter ou ao vivo mesmo) para dizer que não devemos dar espaço para esses sentimentos negativos, e que arrependimento a gente só deve ter pelas coisas que não fez; o resto faz parte da vida. Será que esse ensino facebokiano está de acordo com as Escrituras?

Se olharmos com atenção para as Escrituras e para a história da Igreja, veremos que, na verdade, o arrependimento é uma disciplina espiritual importante; tão importante que nenhum cristão tem o direito de desconhecer os seus elementos e as armadilhas, as mentiras e os equívocos que cercam esse assunto.

Penso que nosso olhar sobre o arrependimento, atualmente, é, de certa forma, simplista. Não sabemos muito bem o que ele significa nem como ele pode acontecer. Sabemos que as pessoas devem se arrepender para serem salvas, mas nossa compreensão sobre arrependimento e nossa experimentação pessoal é quase sempre limitada.

Thomas Watson, um pregador e pastor inglês do século XVII, escrevendo sobre arrependimento, identificou ao menos seis diferentes fases desse processo. Segundo ele, para que um verdadeiro arrependimento aconteça, é necessário:

Percepção do pecado
Tristeza pelo pecado
Confissão de pecado
Vergonha pelo pecado
Ódio pelo pecado
Converter-se do pecado

D. L. Moody, um dos maiores evangelistas norte-americanos do século XIX, em uma de suas pregações, escreveu o que poderia ser chamado de 5Cs do arrependimento:

Convicção de pecado
Contrição pelo pecado
Confissão de pecado
Conversão do pecado
Confissão de Cristo

A verdade é que há muito a aprender sobre arrependimento a fim de não nos tornamos evangelistas rasos. O desconhecimento da natureza humana e da própria pecaminosidade muitas vezes nos torna incapazes de desafiar as pessoas a mudarem o rumo de suas vidas.

Quem não experimentou arrependimentos verdadeiros em sua própria vida dificilmente será capaz de desafia outras pessoas ao verdadeiro arrependimento.

Arrependimento e santificação

É possível que algumas pessoas só consigam ver o arrependimento como algo que acontece àquele que não é cristão, para que a pessoa seja salva. Mas essa é uma visão limitada do que é arrepender-se. O arrependimento está ligado diretamente ao amadurecimento do discípulo de Cristo. Arrependimento e discipulado devem andar sempre lado a lado.

O profeta Isaías registrou uma afirmação que Deus fez sobre arrependimento que deve chamar nossa atenção para o fato de que arrependimento é parte da caminhada de todos aqueles que seguem o Senhor.

“No arrependimento e no descanso está a salvação de vocês, na quietude e na confiança está o seu vigor, mas vocês não quiseram.” (Is 30;15)

Para quem o profeta Isaías escreveu esse recado do Senhor? Teria sido para nações incrédulas, um povo que não temia ao Senhor? Não! Isaías estava falando com o povo de Deus. Lendo o começo desse capítulo, é possível constatar isso, pois o Senhor se dirige para seus...

 “filhos obstinados... que executam planos que não são os meus, fazem acordo sem minha aprovação, acumulando pecado sobre pecado.” (Is 30.1)

Um outro profeta, chamado João Batista, começou o seu ministério com um apelo ao arrependimento:

“Arrependam-se, porque o Reino dos Céus está próximo.” Mt. 3.2

Com quem João Batista estava falando? Seria com os romanos? Não! Ele estava se dirigindo ao povo de Deus, que temia ao Senhor. Um povo que conhecia as profecias e aguardava a vinda do messias prometido.

D. L. Moody, falando sobre o arrependimento disse o seguinte:

“Eu tenho me arrependido dez mil vezes mais depois que conheci a Cristo, do que em qualquer época anterior, e penso que a maioria dos Cristãos precisa se arrepender de alguma coisa.”

A conclusão a que podemos chegar, então, é que o arrependimento deve fazer parte da vida do povo de Deus como uma prática cotidiana; assim como o pecado é cotidiano.

Por isso, precisamos sondar nossas almas e descobrir as reais razões de nos sentirmos arrependidos e, no caso de descobrirmos algum autoengano ou entendimento equivocado das Escrituras, que o Senhor nos ajude hoje a corrigi-los e assim recuperar toda a importância do arrependimento para nossa caminhada com Cristo.

23 Examina-me, ó Deus, observa o meu íntimo. Prova-me e analisa-me os pensamentos. 24 Vê tudo o que haja em mim de mau, e conduz-me pelo caminho eterno! Sl 139. 23,24

As Faces Escuras do Arrependimento

Tim Keller, pastor e escritor norte-americano, escreveu um texto, traduzido por Felipe Sabino de Araújo Neto e publicado no site monergismo.com, que pode nos ajudar a descobrir o papel e a importância do arrependimento no progresso da vida cristã.

Ele nos relembra que o arrependimento não é uma exclusividade daqueles que seguem a Jesus. Entre aqueles que simplesmente praticam uma religião também ocorrem arrependimentos. A diferença está no propósito, no objetivo que se tem ao arrepender-se.

Keller explica que para os religiosos o arrependimento é basicamente um meio de “manter Deus feliz”, de forma que Ele continue te abençoando e respondendo suas orações. Já para os seguidores de Jesus, que abraçaram o seu evangelho e foram definitivamente salvos por ele, o arrependimento tem como propósito manter viva a alegria do nosso relacionamento com Ele.

Esse arrependimento religioso é uma tentação que sempre nos rodeia. Precisamos rejeitá-lo, porque esse tipo de arrependimento é egoísta, promotor de justiça própria e amargo (até o fim).

UMA NOTA: religioso é aquele que faz aquilo que é certo, mas pelas razões errada. Religioso é aquele que ser esforça para viver uma vida correta, porque pensa que assim vai acumular créditos com Deus, e ganhará o direito de pedir o que quiser para ele. Vejamos um desses religiosos em ação na história contada por Jesus no evangelho de Lucas 18.9-12.

9 ​E disse também a uns, que tinham confiança de si mesmos que eram justos, e desprezavam aos outros, esta parábola: 10 ​Dois homens subiram ao Templo para orar, um fariseu, e o outro cobrador de impostos. 11 ​O fariseu, estando de pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, eu te agradeço, porque não sou como os outros homens, ladrões, injustos e adúlteros; nem [sou] como este cobrador de impostos. 12 ​Jejuo duas vezes por semana, [e] dou dízimo de tudo quanto possuo. Lc 18.9-12 [BL]

Com olhos atentos a esta história, vamos refletir sobre algumas faces escuras do arrependimento, quando ele é praticado por motivos religiosos, como no caso desse fariseu.

Egoísmo

Uma das faces escuras desse arrependimento religioso é o egoísmo. Preocupado apenas consigo mesmo, fica-se triste não pelo pecado em si, mas por causa do medo que se tem de sofre alguma consequência, de ser punido, de perder alguma bênção ou coisas do gênero.

Quem se arrepende apenas para deixar Deus feliz, para não perder o favor de Deus, acaba falando mais sobre si mesmo que sobre a graça de Deus; pensa mais em se dar bem que em agradecer pelo cuidado de Deus; está mais preocupado na sua imagem diante de Deus e das pessoas que na visão de um Deus maravilhoso que o amou.

Veja que o fariseu, embora comece com uma palavra de gratidão, estava tão focalizado em si que ao orar só conseguiu falar de si e de suas pretensas conquistas religiosas.

11 ​O fariseu, estando de pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, eu te agradeço, porque [eu] não sou como os outros homens, ladrões, injustos e adúlteros; [eu] nem [sou] como este cobrador de impostos. 12 [eu]Jejuo duas vezes por semana, [e] [eu] dou dízimo de tudo quanto possuo.

O que fazer se você se identificou com o fariseu da história, mais preocupado em livrar a própria pele? É possível que você ainda não tenha compreendido completamente o evangelho de Cristo.

Então, é preciso, de uma vez por todas, entender que o evangelho não é um meio para você se livrar do castigo de Deus. O evangelho é a boa notícia de que Deus o amou e deseja o seu bem, tanto nesta vida como na eternidade.

Deus não o amou porque você é uma boa pessoa. Ele o amou primeiro para tornar você a melhor pessoa que você puder ser, isto é, fazer de você alguém parecido com Jesus, de maneira que seu coração se encha de amor e gratidão a Ele.

18 Nós não precisamos ter nenhum receio de alguém que nos ama com perfeição; seu perfeito amor por nós afasta todo o temor daquilo que Ele poderia nos fazer. Se estamos com medo, é porque tememos aquilo que Ele poderia nos fazer, e isso mostra que não estamos completamente convencidos de que Ele realmente nos ama.19 Portanto, como se vê, o nosso amor por Ele vem como resultado de nos ter Ele amado primeiro. 1 Jo 4.18,19 (VIVA)

Justiça própria

Além do egoísmo, outra face escura desse arrependimento com motivações meramente religiosas é a justiça própria. Tim Keller alerta que, muito facilmente, o arrependimento pode se tornar uma espécie de tentativa de auto justificação.

É fácil ver isso na fala do fariseu. A oração dele é quase uma exposição de motivos pelo quais ele deve ser reconhecido por Deus e pelos outros como alguém digno, honesto e cumpridor de suas obrigações. Ele não precisa da graça de Deus. Ele mesmo já fez tudo.

Da mesma forma, algumas pessoas se arrependem, mudam de comportamento e até se tornam cidadãos de bem, porque acham que assim Deus vai aceita-los. Esse tipo de arrependimento é uma tentativa de primeiro zerar as contas com Deus, para não chegar até ele de mãos vazias. Não é esse o arrependimento de que fala o evangelho de Cristo.

Ao contrário disso, os seguidores de Jesus confiam mesmo é no amor gracioso de Deus, provado pela morte de Cristo e sabem que não são justos, mas celebram o fato de que foram justificados pelo sangue de Cristo.

4 Mas quando se manifestaram a bondade e o amor pelos homens da parte de Deus, nosso Salvador, 5 não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, 6 que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador. 7 Ele o fez a fim de que, justificados por sua graça, nos tornemos seus herdeiros, tendo a esperança da vida eterna. Tt 3.4-7

Amargura

O arrependimento religioso, além de ser egoísta e buscar justiça própria, torna as pessoas inseguras e tensas, e como tempo amargas. Como isso acontece?

Quando alguém se esforça para ser uma boa pessoa, para agradar a Deus e ser aceito por ele, percebe logo que isso não é nada fácil. Na verdade, é impossível, porque o padrão de Deus é a perfeição.

Mas o religioso é do tipo que não desiste nunca. Então, a cada novo pecado que surge em sua vida ele se arrepende daquilo que fez e no fundo de sua alma afirma para si mesmo que essa foi a última vez.

Com o tempo, as sucessivas ocorrências de pecados/arrependimentos se tornam um desconforto e, por fim, um peso insustentável de tristeza e amargura.

Para quem pratica o arrependimento religioso, isto é, para quem muda de comportamento apenas como objetivo de ser aceito por Deus, cada ocorrência de pecado e arrependimento se torna traumática, anormal e ameaçadora para sua saúde espiritual.

Em parte, isso acontece porque é muito difícil para uma pessoa que vive à base de arrependimentos religiosos admitir que pecou, pois a esperança do religioso é um dia ser declarado por Deus uma pessoa de coração bom, talvez alguém que suplantou o pecado.

Mas o que dizem as Escrituras sobre isso? Vejamos na carta escrita pelo apóstolo do amor, João.

8 Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. 9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. 10 Se afirmarmos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus um mentiroso, e a sua palavra não está em nós. 1 Jo 1.8-10

1 MEUS FILHINHOS, estou lhes dizendo isto a fim de que vocês fiquem longe do pecado. Mas se vocês pecarem, existe alguém para rogar por vocês diante do Pai. O nome dele é Jesus Cristo, Aquele que é tudo quanto é bom e que agrada completamente a Deus. 2 Ele foi quem levou sobre si a ira de Deus contra os nossos pecados, e nos trouxe à comunhão com Deus; e Ele é o perdão para os nossos pecados, e não somente os nossos, mas os do mundo inteiro. 1 Jo 2.1-2

Se a nossa esperança é nossa capacidade de fazer as coisas certas e sermos, por fim, considerados justos, admitir nossas fraquezas e deslizes pode ser um sofrimento atroz, um verdadeiro amargor.

Mas no evangelho nossa esperança está na justiça de Cristo e em seu amor por nós. Por isso, o arrependimento conforme o evangelho, não é dolorido nem penoso. Claro que sempre há tristeza pelo pecado cometido, mas o entendimento de que já fomos alcançados pela graça de Deus nos faz ficar alegres, por causa do perdão concedido por ele e pela oportunidade de corrigirmos nossos erros.

Conclusão

O arrependimento está no centro da dinâmica da vida cristã. Quanto mais maduros estamos em nossa fé, tanto mais facilmente nos arrependemos de nossos pecados.

O cristão amadurecido é aquele que já não tem ilusões sobre si mesmo; que conhece a maldade de seu próprio coração e sabe que nada adiante negar ou justificar os seus pecados.

O seguidor de Jesus que está crescendo em direção à estatura de varão perfeito, à imagem de Cristo, é aquele de coração quebrantado, que se arrepende fácil, que sem barreiras e com a frequência necessária reconhece seu pecado, se entristece por causa disso, confessa os pecados cometidos, se converte e, por fim confessa Cristo como a única esperança guardada em seu coração.


Que o Senhor mesmo nos ajude nessa jornada.