14 março 2011

Eu sou um membro do Corpo de Cristo

 Ao falar sobre os seguidores, ou discípulos de Jesus, as Escrituras usam várias comparações para tentar explicar a realidade espiritual que envolve essas pessoas.

Jesus fez algumas dessas comparaçãoes e também os apóstolos, em seus textos, tentataram explicar quem são essas pessoas decidem seguir o Rei e quais as implicações que sobrevêm a elas quando decidem seguir a Jesus.
  • Um rebanho (Atos 20:28, João 10:11, 27-28)
  • Uma festa, um casamento...
  • Uma videira (João 15:1)
  • Uma plantação ( I Cor. 3:9)
  • Uma construção ( I Cor. 3:9, I Pedro 2:5, Ef. 2:19-22)
  • Uma família (Ef. 2:19-10)
  • Um corpo (I Cor. 12:12-27)

Cada uma dessas comparações tem o propósito de nos ajudar a compreender melhor e viver melhor a realidade como seguidores de Jesus.

Então preciso deixar bem claro o meu entendimento de que essas comparações não falam sobre como são aqueles que tem o nome listado no rol de membros da organização, mas das características daqueles que se deixaram amar pelo Pai (amor demonstrado na Cruz), tiveram seus nomes escritos no livro da vida e se tornaram seguidores do Caminho.

Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito. O corpo não é composto de um só membro, mas de muitos. Se o pé disser: "Porque não sou mão, não pertenço ao corpo", nem por isso deixa de fazer parte do corpo. E se o ouvido disser: "Porque não sou olho, não pertenço ao corpo", nem por isso deixa de fazer parte do corpo. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Assim, há muitos membros, mas um só corpo. O olho não pode dizer à mão: "Não preciso de você! " Nem a cabeça pode dizer aos pés: "Não preciso de vocês! " Pelo contrário, os membros do corpo que parecem mais fracos são indispensáveis, e os membros que pensamos serem menos honrosos, tratamos com especial honra. E os membros que em nós são indecorosos são tratados com decoro especial, enquanto os que em nós são decorosos não precisam ser tratados de maneira especial. Mas Deus estruturou o corpo dando maior honra aos membros que dela tinham falta, a fim de que não haja divisão no corpo, mas, sim, que todos os membros tenham igual cuidado uns pelos outros. Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele. Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo.  1Co 12:12-27 NVI 

1. Você é parte de algo maior, complexo, diverso. Assim como a mão, o pé ou o olho em relação ao corpo, os seguidores de Jesus fazem parte de um complexo de membros com natureza, características e funções distintas: o Corpo de Cristo.

A diversidade não é empecilho à unidade. Aqueles que são de Cristo (comprados pelo sangue de Cristo e adotados na família de Deus) devem resistir à tentação de padronizar as pessoas tomando a si mesmo com régua (engano religioso) e tratando com desdém aqueles que lhes parecem diferentes.

Não podemos ser iguais e formar o corpo de Cristo. Muitas mãos, não formam um corpo; muitos braços não formam um corpo. Isso nos desafia a um atitude de tolerância.

É maravilhoso ser parte do Corpo, mas lembre-se de que você é apenas um dos membros. Então, deixe de olhar apenas para si mesmo, e perceba os outros membros do corpo.
  • Olhando em volta você vai perceber pessoas com necessidades que você pode suprir. Seja o braço que se estende.
  • Olhando em volta você vai aprender a ser socorrido pelos outros. Deixe-ser tocar força das mãos. 

2. Os seguidores de Jesus estão ligados por uma conexão espiritual – assim como no corpo há ligações neurais entre os membros.

Você não pode produzir essa ligação nem negá-la(somos parte do corpo porque Deus nos resgatou em Cristo Jesus) mas você pode mantê-la saudável trazendo sempre à memória o que nos liga.
  • Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito.
  • Outra maneira de manter saudável a ligação entre nós é desenvolver o hábito de dar importância à vida das pessoas.

3. Cada membro só recebe orientação direta do Cabeça - Jesus. Por outro lado os membros podem ajudar uns aos outros e assim todos podem viver melhor.

Jesus fez uma advertência quanto a essa questão:

"Mas vocês não devem ser chamados ‘rabis’; um só é o mestre de vocês, e todos vocês são irmãos. A ninguém na terra chamem ‘pai’, porque vocês só têm um Pai, aquele que está nos céus. Tampouco vocês devem ser chamados ‘chefes’, porquanto vocês têm um só Chefe, o Cristo.  Mat 23:8-10 NVI 

No corpo de Cristo há apenas um que é Cabeça: Jesus, o próprio filho de Deus. Ele foi colocado nessa posição pelo Pai. Recebeu um nome que está acima de todo o nome e diante dele todo o joelho se dobrará.
  • Por sermos todos membros do Corpo, devemos nos tratar como companheiros de caminhada. Há funções diferentes no corpo e algumas parecem mais importantes do que outras para o funcionamento do corpo, mas todas são necessárias e indispensáveis para a plena saúde do corpo.
  • Não há chefes, não Pais, não há mestres: somos todos irmãos. Isso não invalida as diferentes funções de cada parte do corpo. O coração não é chefe do fígado, mas cada um tem “responsabilidade” e “autoridade” no que foi criado para fazer.

4. Você tem uma função. Ser o corpo de Cristo não é uma experiência contemplativa. Cada parte do corpo é chamada a encontrar sua forma de ser útil ao corpo.

Cada membro do corpo é útil para corpo. Basta ficar atento à orientações daquele que o Cabeça, porque ele nos chama a ser para o Corpo quem ele nos preparou para ser.
  • Seus dons e talentos não são para seu próprio deleite (porque não sou mão, não sou do corpo). Eles foram planejadas para servir sobretudo ao outros membros do corpo e a disposição de cada membro no corpo é uma prerrogativa de Deus (Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade) – você deve confiar nele;
  • Descarte a ideia tola de que você foi chamado para ser ouvinte passivo. Cada parte do corpo, inclusive você, está cheia da vida de Cristo e você foi chamada para comunicar essa vida aos demais membros do corpo.
  • Não confunda ser útil com tornar-se ativista. Qualquer parte do corpo atua além dos seus limites dá mostra de que está doente e vai adoecer o corpo todo junto com ele.

5. Você não tem como prescindir do restante do corpo. Não há como abrir mão dos irmãos sem sofrer a dor da perda.

Nenhuma parte do corpo tem a prerrogativa de descartar outro membro a seu bel prazer. Seja a atitude agressiva ou de desdenho. (O olho não pode dizer à mão: "Não preciso de você! " Nem a cabeça pode dizer aos pés: "Não preciso de vocês! ").
  • Um membro do corpo adoecido não deveria ser amputado; mas sim cuidado.
  • Um membro do corpo entristecido não deveria ser deveria ser desprezado; mas sim consolado;
  • Um membro do corpo desequilibrado não devera ser deixado para trás; mas sim suportado;
  • Um membro do corpo que errou não deveria ser acusado; mas sim ensinado;
  • Um membro do corpo ferido não deveria se descartado; mas sim curado;
  • Um membro do corpo confuso não deveria ser menosprezado; mas sim orientado.

A dor de um parte do corpo é a dor do corpo todo; a alegria de um parte do corpo e a alegria do corpo todo.
  • Como é possível que o braço seja quebrado e corpo todo não sinta a dor? Como é possível que a a perna seja ferida e o corpo todo não sinta dor?
  • O que você diria se o prazer copo de água fria em meio ao calor fosse sentido só pela boca? O que você pensaria se uma massagem nos ombros não fosse sentida por todo o corpo?
  • Corpo só está sadio quando “...um membro sofre, (e) todos os outros sofrem com ele; ... um membro é honrado, (e) todos os outros se alegram com ele.”. Quando isso não acontece o corpo vai se dilacerando.

6. ... Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo.
Minha cruz (Wolô)
Jesus, tua cruz foi pesada;
O teu rosto exposto ao horror; 
Tua estrada foi dor,
Sede arfante teu fel,
Teu instante sem céu por amor...

Foi meu ego que os pregos cravou
Mas teu cravo este escravo livrou
E hoje lembro da dor que teu corpo sofreu
Para um membro do corpo ser eu...

Não deixe quem ninguém ponha em dúvida essa verdade: somos o corpo de corpo; e cada um de nós individualmente é membro desse corpo e uns dos outros.

28 fevereiro 2011

Igreja: o melhor de Deus?




Sou grato a Deus pelo privilégio de estar hoje à noite com os irmãos neste dia de festa e celebração a Deus pela história que tem sido escrita neste bairro através de suas vidas e das vidas daqueles que vieram antes de vocês.

São mais de trinta anos de perseverança em seguir ao Senhor. Certamente percalços e lutas fazem parte dessa história, mas também fazem parate as alegrias que Deus concede àqueles que saem chorando e semeando a semente.

Obrigado, Pr. Fernando, pelo convite e pela oportunidade de compartilhar a Palavra.

B

Ao ouvir do Pr. Fernando o tema proposto para estes dias, confesso que fiquei tentato a colocar um ponto de interrogação ao final da frase: igreja, o melhor de Deus?

Eu explico: é que a palavra igreja evoca tantos significados distintos daquele que se pretendia quando a palavra era usada no primeiro século da era cristã, que tem se tornado uma temeridade falar sobre igreja sem antes deixar claro sobre o que se está falando.

26 fevereiro 2011

E aí, vai encarar?


Uma das dificuldades que cercam aqueles que buscam tornar-se próximo das pessoas é o risco de que a aproximação com os outros se transforme em decepção acompanhada de tristeza e desânimo. Esse é um risco real e certamente é um dos motivos que faz com que algumas pessoas pensem duas vezes antes de escancarar as janelas do próprio coração. 

Mesmo sem ter pensado com clareza sobre essas ideias no passado, sempre tive o cuidado de manter as janelas do meu coração fechadas para me proteger desses riscos. Essa estratégia funciona bem, mas descobri que ao me proteger dos riscos inerentes aos relacionamentos eu também fechava as portas para as alegrias de caminhar lado a lado, de ter amigos de jornada.

Desde que decidi mudar esse jeito de viver sinto-me mais exposto. Tenho procurado ser transparente e, na medida do que consigo ser sincero em minhas amizades, mais percebo que isso funciona como se em meio a um conflito eu depusesse minhas armas, sem no entanto saber se os outros em minha volta farão o mesmo. Parece uma situação arriscada, e é mesmo.

Tenho sido machucado mais e com mais freqüência depois disso. Sentimentos de frustração e tristeza por vezes me assolam quando não sou compreendido ou mesmo quando abro mão do meu arsenal e o outro se apossa dele para usar contra mim. Algo realmente doloroso nisso é que o sofrimento causado pelos mais próximos é maior e mais intenso do aquele provocado pelos mais distantes.

Tenho lidado com gente por toda a minha vida adulta, mas não canso de me surpreender com o tanto de desprezo e falta de consideração que pode existir no coração humano. Já ouvi juras de amor fraternal e promessas de lealdade indissolúvel; já vi expressões de apoio, recebi abraços fervorosos e senti afagos de encorajamento. Tudo isso passa! Quem está perto hoje pode virar as costas amanhã; quem se assenta à sua mesa para ouvi-lo pela manhã, à tarde pode simplesmente desprezá-lo sem nada avisar. Já aconteceu comigo e pode acontecer com qualquer pessoa que decidir se aproximar das outras pessoas. 

Mas esse não é apenas um desabafo lamentoso. Escrevo para tentar descobrir como Jesus lidou com essa questão e assim quem sabe aliviar minhas próprias dores.

A primeira coisa que percebo ao olhar para os evangelhos é que Jesus correu o risco. Ele não fugiu das pessoa por causa da grande possibilidade de frustração que os relacionamentos trazem consigo. Ele aceitou convites para estar com elas, recebeu pessoas em sua casa, encontrou-se com elas em meio à rua, foi a jantares, casamentos, e banquetes. 

Então, essa é a minha primeira decisão para 2011: não vou desistir de me aproximar das pessoas. Vou continuar tentando ir ao encontro e me deixar encontrar, perdoar e ser perdoado, compreender e me fazer compreendido, amar e ser amado. Não vou jogar pérolas aos porcos e mendigar amizade de quem deseja apenas me usar, mas não abrirei mão de correr o risco de me tornar próximo daqueles que Deus colocar em meu caminho.

Outra coisa que percebo quando leio os evangelhos é que embora Jesus amasse com profundidade as pessoas em sua volta ele não permitia que as atitudes delas pautassem suas emoções: a incredulidade dos apóstolos não o tornou descrente; a vida amarga de Judas não o tornou amargo; a traição do amigo Pedro não o fez traidor nem o encheu de autocompaixão; o abandono dos amigos que o acompanharam durante os tempos áureos de ministério não o tornou indignado ou decepcionado. Parece que Ele tinha outras fontes para suprir seu “tanque emocional” e isso o tornava uma pessoa capaz de agir com graça em vez de reagir em busca de justiça para as ofensas que sofrera. 

Das palavras ditas por Cristo na cruz, "Pai, perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem", brotam frescor e leveza de alma que apenas vez por outra tenho experimentado, mas que quero que façam parte permanente de minha vida.

Bom, agora já é tarde. Então vou parar por aqui. Mas quero voltar a pensar e a escrever sobre o assunto. Um dos pontos de minha investigação será tentar descobrir o que fazia de Jesus alguém sábio em seus relacionamentos. Não vou desistir, porque essa é uma questão de "vida ou morte" relacional para mim.

Oliveiras e Videiras


Estamos unidos com o Senhor

(13) Como vocês sabem Deus me nomeou como um mensageiro especial para vocês, os gentios. Eu dou muita ênfase a isso e lembro aos judeus este fato tantas vezes quantas posso, (14) para que, se possível, eu os faça desejar aquilo que vocês, os gentios, têm, e deste modo possa salvar alguns deles. (15) E como é maravilhoso quando eles se tornam cristãos! Quando Deus lhes voltou às costas, isto significou que Ele Se voltava para o resto do mundo a fim de oferecer sua salvação; e agora é ainda mais maravilhoso quando os judeus vão a Cristo. Será como gente morta voltando à vida novamente. (16) Visto como Abraão e os profetas são o povo de Deus, seus filhos também o serão. Se as raízes da árvore são santas, também os ramos serão santos. (17) No entanto, alguns desses ramos da árvore de Abraão, isto é, alguns dos judeus, foram quebrados. E vocês, os gentios, que eram ramos, por assim dizer, duma oliveira brava, foram enxertados. Assim, agora vocês também recebem a bênção que Deus prometeu a Abraão e a seus filhos, participando do rico nutrimento de Deus à sua oliveira particular. (18) É preciso, porém, que você tome cuidado para não se gabar por aí de ter sido posto no lugar dos ramos que foram quebrados. Lembre-se de que você só é importante porque agora é uma parte da árvore de Deus; você é apenas ramo, e não raiz. Rom 11:13-18 VIVA
  • Nós – Gentios – somos oliveiras bravas (normalmente não cultivadas) enxertadas na oliveira mansa (cultivada); 
  • Nossa união com o Senhor não era desde sempre, mas se deu mediante a iniciativa dele de nos transportar – ele nos tirou do meio do mato onde crescíamos por conta própria e produzíamos olivas bravas e nos levou para uma plantação cultivada de olivas mansas. 
  • Nós não estávamos unidos com o Senhor antes, mas passamos a essa condição mediante esta ação providencial de Deus de nos enxertar em sua oliveira particular. 
  • No entanto, se tem aqui algum ténico agrícola ele está confuso com essa ilustração de Paulo, porque um galho de oliveira brava enxertada em oliveira mansa continuaria produzindo olivas bravas. 
  • Então o que Paulo parece dizer é que nossa união com Ele é mais que um mero enxerto. Além de nos enxertar e nos fazer participar da seiva de sua oliveira particular, isto é, nos tornar herdeiros das promessas de vida que ele fez a Abraão, Deus faz um transformação em nós: Ele muda nossa natureza para que possamos produzir o bom fruto que ele deseja ver em nós. O galho de oliveira brava é transformado em oliveira mansa. O pecador é mudado em santo. O inimigo é feito Filho de Deus. 
  • Mediante sua confiança em Jesus, você foi unido ao Senhor dessa maneira: enxertado e transformado. 

Como estamos unidos com o Senhor

(1) Jesus disse: —Eu sou a videira verdadeira, e o meu Pai é o lavrador. (2) Todos os ramos que não dão uvas ele corta, embora eles estejam em mim. Mas os ramos que dão uvas ele poda a fim de que fiquem limpos e dêem mais uvas ainda. (3) Vocês já estão limpos por meio dos ensinamentos que eu lhes tenho dado. (4) Continuem unidos comigo, e eu continuarei unido com vocês. Pois, assim como o ramo só dá uvas quando está unido com a planta, assim também vocês só podem dar fruto se ficarem unidos comigo. (5) —Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem está unido comigo e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês não podem fazer nada. (6) Quem não ficar unido comigo será jogado fora e secará; será como os ramos secos que são juntados e jogados no fogo, onde são queimados. (7) Se vocês ficarem unidos comigo, e as minhas palavras continuarem em vocês, vocês receberão tudo o que pedirem. (8) E a natureza gloriosa do meu Pai se revela quando vocês produzem muitos frutos e assim mostram que são meus discípulos. (9) Assim como o meu Pai me ama, eu amo vocês; portanto, continuem unidos comigo por meio do meu amor por vocês.  Joã 15:1-9 NTLH
  • Não estamos colados. Os ramos estão ligados ao tronco por fora e por dentro. Então, sua unidade com Cristo não é uma mera aproximação. Você é parte da videira. O seu DNA é o mesmo da videira. 
  • Os ramos estão verdinhos e vivos, mas a vida que eles têm não é produzida por eles. Eles recebem essa vida do tronco da videira. Enquanto eles permanecerem ligados intimamente à videira terá. 
  • Se você permanecer ligado à videira, a vida continuará fluindo por você até produzir os frutos que são típicos da videira. 
  • Você não deve se preocupe em produzir os frutos certos porque os ramos da videira só têm duas possibilidades: não produzir nada ou produzir uvas. Mas você deve se deixar limpar pela Palavra para que seus frutos sejam abundantes e saborosos; 
  • Se você estiver ligado, unido a Deus mediante sua confiança em Jesus, o Espírito de Deus habita em você e alimentará você com Sua seiva para que você produza o fruto do Espírito. 
  • Se você não se sente unido ao Senhor, duas coisas podem estar acontecendo: (1) ou você é um galho de outra árvore, apenas encostado na videira; (2) ou você é um galho da videira que precisa ser limpo para produzir frutos e assim se sentir unido com o Senhor. 

Qual o fruto da unidade com o Senhor

(18) Quando vocês forem guiados pelo Espírito Santo, não precisarão mais obrigar-se a obedecer às leis judaicas. (19) Entretanto, quando vocês seguirem suas próprias inclinações erradas, suas vidas produzirão os seguintes maus resultados: pensamentos impuros; ansiedade pelo prazer carnal; (20) idolatria, feitiçaria, (isto é, incentivo à atividade dos demônios); ódio e luta; ciúme e ira; esforço constante para conseguir o melhor para si próprio; queixas e críticas; o sentimento de que todo mundo esta errado, menos aqueles que são do seu próprio grupinho; e haverá falsa doutrina, (21) inveja, assassinato, embriaguez, divisões ferozes e toda essa espécie de coisas. Vou dizer-lhes novamente como já o fiz antes, que todo aquele que levar esse tipo de vida não herdará o reino de Deus. (22) Mas quando o Espírito Santo controlar as nossas vidas, Ele produzirá em nós esta espécie de fruto: amor, alegria, paz, paciência, bondade, retidão, fidelidade, (23) mansidão e domínio próprio; e aqui não há conflito algum com as leis judaicas. (24) Aqueles que pertencem a Cristo pregaram seus maus desejos naturais na sua cruz e os crucificaram ali. (25) Se agora, estamos vivendo pelo poder do Espírito Santo, sigamos a liderança do Espírito Santo em todos os aspectos da nossa vida.  Gál 5:18-25 VIVA
  • Sua natureza pecaminosa (o fato de originalmente você ser uma oliveira brava) só é capaz de produzir as obras que lhe são próprias; mas, em Jesus, Deus mudou seu DNA. Você foi unido a Ele. 
  • Agora que você foi enxertado e transformado, você está pronto para produzir o fruto do Espírito, que é o selo de garantia dessa transformação que Deus fez. 
  • Não se trata de contabilidade de boas obras, nem de lista de serviços eclesiásticos (ainda que fazer o bem e servir às pessoas sejam efeitos colaterais), mas de mudanças na forma de se relacionar com consigo mesmo e com as pessoas. 
  • A produção abundante desse fruto (essa mudança na forma de nos relacionarmos) depende de permitirmos ao Espírito que use as palavras de Cristo para nos limpar permanentemente para que a nova natureza que Deus nos deu se apresente plenamente. 

A Unidade abrange o ser inteiro

(9) Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, (10) nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. (11) Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus. (12) "Tudo me é permitido", mas nem tudo convém. "Tudo me é permitido", mas eu não deixarei que nada domine. (13) "Os alimentos foram feitos para o estômago e o estômago para os alimentos", mas Deus destruirá ambos. O corpo, porém, não é para a imoralidade, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo. (14) Por seu poder, Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará. (15) Vocês não sabem que os seus corpos são membros de Cristo? Tomarei eu os membros de Cristo e os unirei a uma prostituta? De modo nenhum! (16) Vocês não sabem que aquele que se une a uma prostituta é um corpo com ela? Pois, como está escrito: "Os dois serão uma só carne". (17) Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele. (18) Fujam da imoralidade sexual. Todos os outros pecados que alguém comete, fora do corpo os comete; mas quem peca sexualmente, peca contra o seu próprio corpo. (19) Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos? (20) Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o corpo de vocês.  1Co 6:9-20 NVI 
  • O Reino de Deus é uma herança para os seus filhos. Não se compra, não se vende, não se conquista, é recebido pelos filhos. Os Filhos de Deus se parecem com Ele, têm a natureza de Deus e vivem a vida conforme essa natureza. 
  • Os irmãos de Corínto já haviam vivido suas vidas fora da condição de filhos, mas agora, como filhos eles deveriam adotar uma nova forma de pensar e viver coerente com essa nova condição. 
  • Tudo é permitido... Os alimentos forma feitos para o estômago... 
  • Ao sermos unidos ao Senhor, não apenas o espírito foi unido, mas também o corpo e alma. Isto é, sua unidade espiritual com Deus elevou também seu corpo e sua alma a uma nova condição: seu corpo é tratado com Templo do Espírito e você desafiado a ter a Mente de Cristo. O corpo é para o Senhor! 
  • Não é pra separar. A unidade com o Senhor abrange tudo e portanto somos chamados a adotar um novo modo de vida coerente com nossa nova condição.

30 janeiro 2011

Aprender Humildemente


Cresça através de seus problemas e dores

Você tem ouvido Deus falar durante esse encontro? Ele tem tocado em questões que você havia deixado de lado? Deus tem incomodado você? Espero que sim! Quando somos incomodados pelo Senhor estamos a poucos passos de grandes mudanças. Por isso, não faça ouvido de mercador. Ou, como está na Bíblia: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração”.

Permita-se ser guiado pelo Espírito. Permita-se ser curado pelo Espírito. Não racionalize suas emoções. Resista à tentação de solucionar apressadamente o desconforto da sua alma. Espere mais um pouco.

É o Senhor quem trará a paz de que você tanto precisa. Será uma paz diferente de tudo o que você já experimentou porque Ela “excede todo o entendimento [e] guardará seu coração e a sua mente em Cristo Jesus”.

Quando essa paz chegar, a vida vai florescer como um belo jardim, mesmo quando ao seu redor estiver cinzento e sombrio; Porque o Espírito de Deus abrirá seus olhos para a vida e encherá seu peito de alegria e paixão.

Ouça a voz do Espírito. Ele deseja conectar você às pessoas por meio do amor, que lança fora o medo. Ele transformará nossas vidas gerando em nós o mesmo amor que acompanhou Jesus.

Então, para experimentar a vida abundante que Cristo prometeu, viva apaixonadamente e ame completamente. Além disso, aprenda humildemente crescendo através de seus problemas e dores.

Aprender humildemente

Aprender humildemente é quase uma redundância. Eu explico: Não é possível aprender sem a humildade de não saber. Para aprendermos qualquer coisa precisamos reconhecer que não sabemos, que não temos a habilidade, que não conhecemos, que não experimentamos, enfim, não vivemos aquela experiência.

29 janeiro 2011

A pessoa: conceitos fundamentais da antropologia de Viktor Emil Frankl


A Logoterapia é um sistema teórico e prático de psicologia, criado pelo psiquiatra vienense Viktor Emil Frankl (1905-1997). A Logoterapia é uma linha existencial-humanística e busca, a partir da Antropologia, superar o psicologismo reducionista de outras linhas.

"Para a Logoterapia, a busca de sentido na vida da pessoa é a principal força motivadora do ser humano. A Logoterapia é considerada e desenhada como terapia centrada no sentido. Vê o homem como um ser orientado para o sentido. Não pretende suplantar a psicoterapia vigente, mas complementá-la e completar também o conceito de ser humano - mais dispensável às ciências do homem do que o método e técnicas corretos." (Frankl). A Logoterapia busca "restitutir a imagem do homem superando reducionismos. Faz uma proposta que não se limita à Psicologia, mas abrange todas as áreas da atividade humana e busca resgatar aquilo que é especificamente humano na pessoa.



As dez teses sobre a pessoa 

1. A pessoa é um indivíduo. 
Não admite partir, subdividir ou cisão alguma porque ela é uma unidade.


2. A pessoa não é só um in-dividuum, mas também in-summabile. 
Nem se pode partir, nem se pode agregar nada, porque é “unidade” é “totalidade”. Para Frankl o homem é uma unidade que se apresenta em três dimensões indivisíveis e inseparáveis: a biológica, a psicológica e a espiritual, formando assim o ser em sua totalidade. Compreender o humano é compreender sua unidade na diversidade e sua diversidade na unidade. É conceber a unidade do múltiplo e a multiplicidade do um. 



2.1. Primeira lei: de projeção.
2.2. Segunda lei: de ambigüidade. 

O que se percebe nas projeções pode não ser 
a totalidade do ser. Para se perceber o ser em sua totalidade é necessário vê-lo através de olhares e lugares diferenciados. Se nos detivermos na projeção inferior (biológica) estaremos reduzindo o homem a fenômenos somáticos. Se nos concentramos na projeção lateral (psíquica) reduzirems o homem a fenômenos psíquicos.




E se percebermos o homem pela projeção superior (espiritual) tambem estaremos reduzindo-o a um espírito. Em todos esses planos poderíamos interpretar a realidade humana, mas cometeríamos o erro de tomar a parte pelo todo e de interpretar uma figura aberta como se fosse uma, fechada. Essas dimensões não se contradizem, porém se completam, formando o caráter de unidade ou de continuidade que possui e manifesta propriamente o homem. 

3. Cada pessoa é absolutamente um ser novo. 
Cada individuo é único e singular irrepetível em sua existência. “Já  vimos que, cada pessoa que vem ao mundo, é um ser novo, se insere na existência e a realidade é colocada a ele, pois a existência espiritual não pode porpagar-se, não se pode passar de pai para filho. As únicas coisas que se propagam são os tijolos, não o construtor.”


4. A pessoa é espiritual. 
A natureza da pessoa humana é espiritual. “A espiritulidade do homem não é somente uma característica, mas algo que o distingue, que corresponde só a ele e antes de tudo a ele, pois o animal também possui o corporal e o psiquico”. Assim devido a essa dimensão maior (espiritural) o homem manifesta-se nas duas outras dimensões de maneira diferenciada.O âmbito espiritual que permite ao homem governar-se. “Precisamente designamos espiritual no homem aquilo que pode confrontar com o social, o corporal e o psíquico. O espiritual é o livre no homem. Pessoa é aquela que pode comportar-se livremente em qualquer circunstância.” 


5. A pessoa é existencial. 
O indivíduo é um ser facultativo, ou seja, que decide e escolhe, é um ser livre para fazer o que quiser. Sua conduta é ditada pelas decisões que pode tomar. A pessoa é existencial porque existe de acordo com sua própria possibilidade para o qual ou contra o qual pode decidir. Não se pode esquecer que liberdade implica diretamente a responsabilidade, ou seja, um ser livre deve ser profundamente responsável pelos seus atos. 


6. A pessoa é ego, eu, ser, consciência.

7. A pessoa não é somente unidade e totalidade em si mesma, mas facilitadora da unidade e da totalidade. 
Ela apresenta a unidade físico-psíquico-espiritual e a totalidade representada pela criatura homem.O homem se apresenta nas suas três dimensões (biológica, psicológica e espiritual) que são indivisíveis e diferenciáveis, pois é unidade e totalidade. Assim o homem é capaz de distanciar-se do psico-fisico e posicionar a uma distância fecunda e sobrepor-se a qualquer circunstância. 


8. A pessoa é dinâmica. 
O dinamismo da pessoa constitui na ação de autodistanciar-se de si mesma, transcender, ir além do aqui-agora, dialogar consigo mesmo e ultrapassar os limites impostos pelo bio-psicossocial através da dimensão espiritual. 


9. O animal não é pessoa, visto que não é capaz de autodistanciar, transcender e de enfrentar a si mesmo.
“O homem dotado dessas características relaciona-se com o mundo amplo no qual existe e por sua vez fica envolido em um mundo superior, que o abarca, com o qual se relaciona valorativamente.” 


10.
 A pessoa não compreende a si mesma, mas desde o ponto de vista da transcendência.

“A essência da existência humana se encontra na sua transcendência. Ser homem, ser autotranscendente, está orientado a valores e sentidos descobertos mais além de si mesmo.“ Quando o homem descobre a orientação que tomou para sua vida, quando descobre os valores que o inspiram e o sentido da vida, aí pode chegar a compreender-se como homem.“Todo homem resultará sendo quem é segundo a causa do que abraça em sua vida.” (Karl Jaspers)

O salmista do século 20


A psicóloga clínica Izar Aparecida de Moraes Xausa, coordenadora da comissão científico-tecnológica do Serviço Interconfessional de Aconselhamento (SICA), em Porto Alegre, pode estar exagerando ao chamar o psiquiatra Viktor Emil Frankl de “o salmista do século 20”. Porém, ela tem diversas razões, já que há uma coincidência entre a sede de Deus expressa nos Salmos e a redescoberta dessa mesma dependência na experiência, nas abordagens psicológicas e nos livros de Frankl.

Sem constrangimento algum, o salmista confessa sua sede interior de Deus. No Salmo 42 (Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo), no Salmo 63 (Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água), no salmo 84 (A minha alma anela, e até desfalece, pelos átrios do Senhor; o meu coração e o meu corpo cantam de alegria ao Deus vivo) e no Salmo 143 (Estendo as minhas mãos para ti; como a terra árida, tenho sede de ti).

Viktor Frankl, por sua vez, garante que sobreviveu aos campos de concentração por causa de sua fé pessoal em Deus, que lhe dava e mostrava o sentido da vida. Izar lembra que, “num dos primeiros discursos públicos depois da guerra, Frankl testemunhou o poder sustentador da fé num Deus pessoal e vivo”. Ele poderia parafrasear Davi na situação difícil em que este se encontrava: “Todo o meu ser anseia por ti nesse campo de concentração, sem nome, sem família, sem consultório, sem cartas, sem livros, sem nada”.



Outro comportamento coincidente entre o salmista do século 10 antes de Cristo e o salmista do século 20 depois de Cristo é que ambos olhavam para as alturas. O salmista da Bíblia proclama: “Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra” (Sl 121.1-2, NVI). Gordon W. Allport, ex-professor de psicologia de Harvard, ousa dizer que, por terem transformado tudo, em especial a psicologia profunda, em “psicologia das alturas”, os estudos de Viktor Frankl deram origem ao “movimento psicológico mais importante de nosso tempo”. Tanto os médicos como os pacientes têm de olhar para os montes, para cima, para as alturas, para Deus, onde encontrarão a chave de tudo: o sentido da vida. Só assim será possível vencer o vazio existencial, que Frankl diz ter sido a neurose do século 20.

Um dos livros escritos por ele chama-se “Der Unbewusste Gott”, que na verdade é sua tese de doutorado em filosofia (1948). Em vez de traduzir como “O Deus Inconsciente”, os tradutores brasileiros Walter O. Schlupp e Helga Reinhold deram ao livro o sugestivo título de “A Presença Ignorada de Deus”. O maior trunfo de Frankl é não se envergonhar de crer na existência de Deus como pessoa e mostrar que essa existência está arraigada no interior de qualquer um, em qualquer lugar e em qualquer tempo. Nesse sentido, mesmo não sendo cristão (era judeu), Frankl foi um pregador de Deus como os profetas do Antigo Testamento. Como psicólogo e psiquiatra, ele mostrava que “além do elemento instintivo, havia o elemento espiritual inconsciente”.

Na logoterapia, fundada por Frankl e geralmente chamada de “a terceira escola vienense de psicoterapia”, “o homem é levado não tanto para fora de uma doença, como em direção a uma verdade” (Izar Aparecida). Na psicanálise, explica ele, “o paciente se deita num divã e conta ao médico coisas que, às vezes, não são muito agradáveis de contar; na logoterapia, no entanto, o paciente pode ficar sentado normalmente, mas precisa ouvir coisas que, às vezes, são muito desagradáveis de se ouvir”. Para Frankl, “o ser humano não é impelido pelo impulso, mas puxado pelos valores”.

Tudo isso se reveste de um valor muito maior se nos lembrarmos que, nas décadas de 1930 e 1940, o ambiente na Alemanha nazista não era nem um pouco favorável ao cristianismo. Hitler dizia que todas as religiões eram semelhantes e que nenhuma delas teria futuro. O alvo oculto do Führer era fazer o que Jesus fez com a figueira infrutífera: “despedaçar as raízes e os ramos do cristianismo”. Não seria necessário abrir guerra contra os cristãos, fossem católicos ou protestantes. Bastava impedir que as igrejas fizessem qualquer coisa diferente do que estavam fazendo, ou seja, perdendo terreno dia-a-dia. Naquele período, um dos mais sombrios da história, Hitler soube substituir a Páscoa e o Natal por festividades nacionais sem teor religioso, e a cruz pela suástica, o emblema nazista. Já que o credo do Cristo judeu ensinava uma “ética efeminada de piedade”, os pais foram desencorajados a mandar seus filhos a qualquer escola religiosa. Para substituir o cristianismo, foi instituído “o culto do Führer, do sangue e do solo”. Em 1937, mais de 100 mil alemães abandonaram formalmente a igreja católica. Uma pequena porcentagem de católicos e protestantes era praticante.

Apesar de ter sido irresponsavelmente chamado de ateu tanto por Freud quanto por um padre durante um ofício religioso na famosa Igreja Votiva de Viena, Frankl era um judeu religioso. Na infância, ele e o irmão mais velho eram obrigados a ler poemas em hebraico ao pôr-do-sol de toda sexta-feira, quando começava o sábado judaico. O exemplo e as palmadas do pai fizeram de Viktor Emil Frankl um daqueles judeus ou não-judeus “tementes a Deus” de que fala o livro de Atos (10.2; 16.14; 18.7). Porém, aquele que é chamado “o salmista do século 20”, “o Copérnico da psicologia”, “o médico do vazio existencial” e “o psicólogo da religião humana” nunca se tornou seguidor ou discípulo de Jesus.

Viktor Emil Frankl



Viktor Emil Frankl (1905-1997), psiquiatra e psicólogo austríaco, criou um método de tratamento psicológico que denominou logoterapia, uma das dissidências da psicanálise freudiana surgidas em Viena e uma das muitas teorias sobre motivação básica do comportamento humano.
Seu pai fez carreira como funcionário público, chegando a uma posição de diretor no Ministério de Assuntos Sociais em Viena.
Ainda adolescente, sentiu um vivo interesse pela psicanálise. Em 1921 escreveu um primeiro trabalho: Über den Sinn des Lebens ("Sobre o significado da vida"). Então ele é parte da "Sozialistischen Arbeiterjugend" (Juventude trabalhadora socialista) em Viena.
Escreveu, como trabalho final na conclusão dos estudos secundários, em 1923, Zur Psychologie des philosophischen Denkens (eine psychoanalytisch orientierte Pathographie über Arthur Schopenhauer) ("Sobre a psicologia do pensamento filosófico (uma patografia de orientação psicanalítica sobre Arthur Schopenhauer)"). Iniciou então suas primeiras publicações na seção juvenil de um diário local, e também sua correspondência com seu ilustre compatriota Sigmund Freud. Este acolheu com interesse seu ensaio Zur mimischen Bejahung und Verneinung ("Sobre os movimentos da mímica de afirmação e negação") o qual, com o assentimento de Frankl, foi por ele encaminhado para publicação noInternationalen Zeitschrift für Psychoanalyse ("Jornal Internacional de Psicanálise") em 1924. A esse tempo estudante de medicina, Frankl foi porta-voz da "Associação dos estudantes secundários socialistas austríacos".
Apesar de viverem na mesma cidade, Frankl somente em 1925 encontrou-se pessoalmente com Freud. No entanto, preferiu seguir a corrente psicanalítica dissidente fundada por Alfred Adler. É no jornal da corrente adleriana, o Internationalen Zeitschrift für Individualpsychologie ("Jornal internacional de psicologia individual") que ele publica naquele ano Psychotherapie und Weltanschauung ("Psicoterapia e visão do mundo"), explorando a questão filosófica dos significados e dos valores. Ele se entusiasmou pelo livro do filósofo Max Scheler Der Formalismus in der Ethik und die materiale Wertethik ("Formalismo em Ética e Ética informal dos valores"), sobre teoria dos valores. No ano seguinte empregou pela primeira vez a expressão "Logoterapia", nas conferências que pronunciou em congressos em Duesseldorf, Frankfurt, e Berlim. Então, o rumo que tomou dentro do movimento psicanalítico determinou sua expulsão do círculo adleriano.
Interessando-se mais pela medicina psicossomática, Frankl teve o apoio financeiro do professor de Anatomia e membro do conselho de Viena, Julius Tandler, para a fundação, em 1928 e 1929, de postos assistenciais de ajuda e aconselhamento para a juventude, um projeto ligado a sua atividade socialista. Neste projeto, organizou um programa de aconselhamento tão bem sucedido que aquele ano, pela primeira vez, não ocorreu suicídio de estudantes em Viena. Esse projeto o fez internacionalmente conhecido.
Logo que conclui o curso de medicina, em 1930, passou a trabalhar como assistente na clínica psiquiátrica da universidade, e em seguida no hospital neurológico Maria Theresien Schloessl.
 Frankl trabalhou no hospital psiquiátrico Am Steinhof, e então, em seu trabalho no tratamento de mulheres que haviam tentado o suicídio, possivelmente teve, pela primeira vez, sua atenção voltada para a questão do sentido de viver e da vida sem significado.
De 1933 - 1937 Frankl é chefe do pavilhão de mulheres com tendência de suicídio, no Hospital Psiquiátrico de Viena, com atendimento de cerca de 3.000 pacientes por ano.
Em 1938 a Áustria foi invadida pelos nazistas. Os judeus de Viena são obrigados a portar um distintivo para serem facilmente identificados.
No seu trabalho Philosophie und Psychotherapie. Zur Grundlegung einer Existenzanalyse ("Filosofia e Psicoterapia: sobre a fundação de uma análise existencial"), de 1939, ele cunha a expressão "Análise existencial".
De 1940 a 1942, Frankl foi encarregado do departamento de neurologia do hospital judeu Rothschild, em Viena. Vê-se obrigado a fazer dignósticos benígnos, a fim de salvar os pacientes judeus de serem liquidados pelos nazistas. Publica artigos em jornais suiços e começa a escrever o livro Aerztliche Seelsorge ("O médico e a alma").
Frankl pertencia à corrente judaica socialista marxista, justamente a classe de judeus mais odiada por Hitler. Porém, apesar do perigo iminente de ser preso, e de ter um visto para imigrar para os Estados Unidos, decidiu ficar na companhia de seus pais. Casou em 1942, e no mesmo ano foi enviado com a família para um campo de concentração, onde seus pais e a sua mulher morreram. Sua irmã Stella havia emigrado em tempo para a Austrália.
Passou por quatro campos de concentração entre 1942 e 1945, inclusive os de pior fama como o de Therezin (1942-1944) e o de Auschwitz (1944). Quando chegou em Auschwitz, - onde morreriam sua mãe e seu irmão -, teve os manuscritos de seu livro destruídos. Mais tarde foi transferido para Kaufering und Tuerkheim (extensão dos campos de Dachau).
Durante os anos de cativeiro Frankl teve a sustentá-lo seu grande interesse pelo comportamento humano e concluiu depois que esse interesse o havia salvo e que aqueles companheiros de prisão que tinham uma esperança e davam um significado a suas vidas predominavam entre os sobreviventes da selvageria e da fome a que todos haviam sido submetidos. Sobreviveu não apenas aos maus tratos e a fome, mas ainda a um ataque de febre tifóide, no último campo em que esteve internado.
Após sua libertação, Frankl retornou a suas atividades, e foi nomeado, em 1946, Diretor do Hospital Policlínico Neurológico de Viena, posição que manteve por 25 anos. Recompôs o seu livro Aerztliche Seelsorge, e com esta obra, ganhou a habilitação para lecionar na Escola de Medicina da Universidade de Viena. Escreveu então um livro sobre sua teoria do sentido de vida Ein Psycholog erlebt das Konzentrationslager ("Um psicólogo no campo de concentração") que ele, buscando em sua memória e utilizando as poucas notas que havia salvo, ditou para um grupo de assistentes em apenas nove dias. Mais difundido na versão inglesa, Man's Search for Meaning ("A busca de significado do homem"), o livro foi traduzido em inúmeras línguas e vendeu mais de 9 milhões de exemplares, até o ano da sua morte. No mesmo ano publicou também ... trotzdem Ja zum Leben sagen. Drei Vorträge ( ...apesar de tudo dizer sim à vida. Três lições).
Em 1947 Frankl casou segunda vez com Eleonore Schwindt, e nesse ano publicouPsychotherapie in der praxis ("A prática da psicoterapia"), Zeit und verantwortung" e "Die existenzanalyse und die probleme der zeit. No ano seguinte obteve seu doutorado com a tese Der unbewußte Gott ("O Deus inconsciente"), tornando-se Privatdozent (professor associado) de neurologia e psiquiatria na Universidade de Viena. Suas aulas foram publicadas sob o título Der unbedingte Mensch ("O homem incondicional"). Com base em outra série de conferencias ele escreve em 1950 Homo patiens. Versuch einer Pathodizee,cujo tema central é como confortar pessoas que sofrem. No semanário universitário de Salzburger expôs suas "10 Teses sobre a pessoa humana".
Em 1951, no seu livro Logos und Existenz ("O logos e a existência") Frankl completa os fundamentos antropológicos da Logoterapia.
O pensamento de Frankl era que a motivação básica do comportamento do indivíduo é uma busca pelo sentido para sua vida e que a finalidade da terapia psicológica deve ser ajuda-lo a encontrar esse significado particular. Escreveu mais de 32 livros sobre análise existencial e logoterapia, traduzidos, como o primeiro em inúmeras línguas.
A liberdade do homem escolher seu próprio destino e o caminho a seguir, em qualquer circunstância deve ser respeitada. De acordo com a logoterapia (Logos definido como "significado"), o desejo de encontrar um significado para sua vida é a motivação fundamental no ser humano, uma fundamentação diferente do princípio do prazer proposto por Freud na psicanálise. Para Frankl, a principal preocupação do homem é estabelecer e perseguir um objetivo, e é esta busca que é capaz de dar sentido à sua vida, fazendo para ele valer a pena viver, e não a satisfação de seus instintos e o alívio de tensões como sustenta a psicanálise ortodoxa. Não se trata, portanto, de um sentido para a vida em termos gerais, mas um sentido pessoal para a vida de cada indivíduo, que este escolhe, mas também pode criar.
Frankl teorizou que o indivíduo pode encontrar um sentido para sua vida por três vias: (1) criando um trabalho ou realizando um feito notável, ou ao sentir-se responsável por terminar um trabalho que depende fundamentalmente de seus conhecimentos ou de sua ação, (2) experimentando um valor, algo novo, ou estabelecendo um novo relacionamento pessoal. Este é também o caso de uma pessoa que está consciente da responsabilidade que tem em relação a alguém que a ama e espera por ela"; e (3) pelo sofrimento, adotando uma atitude em relação a um sofrimento inevitável, se tem consciência de que a vida ainda espera muito de sua contribuição para com os demais. Nestes três casos, a resposta do indivíduo então deixa de ser a perda de tempo em conversas e meditação, e se torna a ação correta e a conduta moral objetiva.
Em 1954 Frankl atendeu convites de universidades em Londres, Holanda e Argentina. Também lecionou como professor convidado ou pronunciou conferências em inúmeras universidades americanas.
Em 1955 passou de assistente a professor na Universidade de Viena.
Os aspectos teóricos e práticos da neurose do ponto de vista da logoterapia é tratado no seu Theorie und Therapie der Neurosen de 1956. Em 1959 uma exposição ainda mais sistemática da Logoterapia e análise existencial aparece no capítulo Grundriß der Existenzanalyse und Logotherapie ("Fundamentos da análise existencial e logoterapia") noHandbuch der Neurosenlehre und Psychotherapie ("Manual sobre neurose e psicoterapia") editado por Frankl e dois associados.
A partir de 1961, assumiu cadeiras como professor convidado sucessivamente nas universidades Harvard, Stanford, Dallas (1966), San Diego (1970) e Pittsburgh (1972). Recebeu mais de uma vintena de doutorados honorários em diversos países do mundo.
Reunindo suas conferências publicou em 1966 The Will to Meaning ("A vontade de significado"), que ele considerou seu livro mais completo em inglês.
Sua autobiografia Was nicht in meinen Büchern steht ("O que não está em meus livros") aparece em 1995 com sua tradução em ingles Viktor Frankl - Recollections publicada em 1997. Seu último livro foi publicado também em 1997, Man's Search for Ultimate Meaning("A busca do homem pelo significado último").
Faleceu de parada cardíaca em setembro de 1997, em Vienna, aos 92 anos. Pouco antes de falecer publicou Man's Search for Ultimate Meaning and Recollections: An Autobiography
Rubem Queiroz Cobra

24 janeiro 2011

Nossa identidade em Cristo - Sou Aceito


Portanto, aceitem-se uns aos outros, da mesma forma como Cristo os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus. Rom 15:7 

INTRODUÇÃO

Os primeiros anos da vida da igreja, essa nova comunidade que surgiu a partir da assunção de Cristo e da vinda do Espírito Santo, foram marcados, entre outras coisas, pela tensão entre os convertidos de origem judaica e os demais convertidos (chamado pelo judeus de gentios).

Os apóstolos que estiveram com Jesus durante os seu ministério se voltaram para a pregação e o ensino aos judeus, enquanto Paulo, que foi alcançado por Cristo depois, voltou-se para o mundo não judeu. Através de suas viagens ele levou ao resto do mundo a mensagem do evangelho de Cristo: que Deus estava disposto a receber as pessoas em Sua família adotando-as como seus filhos exclusivamente mediante a fé em Jesus Cristo.

Acoantece que essa pregação não era completamente aceita por alguns seguidores de Jesus de origem judaica, porque eles entendiam que os costumes e as leis que faziam parte da cultura judaica há séculos deveriam ser observados também pelos seguidores de Jesus.

Uma questão dizia respeito ao tipo de comida que se deveria ou não comer, já que em volta dos templos pagãos havia um intenso comércio de carnes oriundas dos sacrifícios aos seus deuses, e os seguidores de Jesus de origem judaica eram levados a acreditar que era errado, um pecado mesmo, comer daquela carne; por outro lado muitos seguidores gentios não pensavam dessa forma e achavam normal comprar e comer da carne sacrificada aos ídolos. 

Situações como esta revelaram divergências de pensamento que estavam presente desde o começo na vida da igreja, provocando atitudes e sentimentos de rejeição mútua entre os dois grupos. Se por uma lado os irmãos de origem judaica queriam obrigar os gentios a cumprir os ritos e costumes deles, por outro lado os irmãos de origem gentia muitas vezes desprezava os judeus, seus costumes e seus rituais.

Essa rejeição, sobretudo por parte dos irmãos judeus, era tão forte que Deus precisou revelar-se em sonho a Pedro para convencê-lo de que não havia motivos para agir daquela maneira. Pedro e os demais irmãos judeus não deveriam rejeitar aqueles a quem Deus acolhera e por isso ele, Pedro, não deveria se negar a ir até a casa de um homem chamado Cornélio, gentio, para falar sobre Jesus.

Foi nesse contexto de tensão entre rejeitar ou aceitar que Paulo, escrevendo aos irmãos de Roma (Rom. 14), disse que não fazia sentido rejeitar o irmão por causa daquilo que ele come ou bebe, porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Em vez disso, eles deveriam aceitar-se uns aos outros, mesmo havendo diferença de entendimento sobre o que deveriam ou não comer.

O principal argumento de Paulo para encorajar os irmãos (judeus e gentios) a se aceitarem em vez de rejeitarem uns aos outros era que Cristo tinha aceito a ambos os grupos.