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Não Temas
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A Tentação de Jesus
15 agosto 2007
Alívio aos Cansados – 4
Introdução
Onde reclinamos a cabeça quando o dia parece que não vai terminar? Onde buscamos alento quando a tristeza se torna insuportável? Onde procuramos remédio para as dores da alma, para as crises de fé e as angústias da vida? Onde procuramos respostas para as dúvidas que nos consomem por dentro? Quando estamos cansados e sobrecarregados, para onde vamos?
Jesus faz um convite simples: vinde a mim... E eu vos aliviarei. Vinde a mim... E encontrareis descanso.
O convite é simples e atendê-lo também. Mas, é preciso tomar a decisão de ir até Ele. Isso implica em evitar as rotas de fuga que a vida nos oferece.
Sempre surgem rotas de fuga que nos levam para longe de Jesus. Elas parecem atrativas. Algumas são prazerosas e apelam ao que a bíblia chama de concupiscência; outras são cômodas e apelam para o comodismo e acomodação; e outras ainda são práticas e apelam para o utilitarismo que “coisifica” as pessoas.
Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte. (Prov 14:12)
As rotas de fuga são caminhos que usamos para fugir da presença do Senhor e evitar ficar face a face com Ele. É assim que a busca pela produtividade, a preguiça espiritual e a sede insaciável de prazer, cada um do seu jeito, se transformam em caminhos que levam para morte, não para a vida.
Religiosidade
Quando Jesus chama vinde a mim, muito viram as costas e fogem por uma outra rota de fuga: a religiosidade. Quem faz isso nunca encontra o alívio e o descanso prometidos por Jesus. Ao contrário, se torna mais ansioso, angustiado e culpado.
O Senhor se relacionou com todo tipo de pessoa durante o seu ministério. Mas, havia um desses tipos que ouviu palavras muito duras, ditas com muita ênfase: os fariseus. Hoje quando ouvimos a palavras fariseu nossa mente imediatamente associa a palavra a alguma coisa ruim, que às vezes nem sabemos muito bem o que é.
Os fariseus eram uma espécie de facção religiosas entre os judeus. Eles eram extremamente zelosos e tentavam cumprir a lei em tudo que ela mandava. Os fariseus recomendavam pureza, tinham uma vida moral acima da média e eram reconhecidos como pessoas tementes a Deus. Se havia alguém que parecia estar bem perto de Deus, eram os fariseus.
Jesus, no entanto vai além das aparências e denuncia o pecado dos religiosos: a religiosidade como um fim em si mesmo. No capítulo 23 de Mateus, o Senhor falou sobre os males da religiosidade e sobre como ela afasta as pessoas de Deus.
(1) Então falou Jesus às multidões e aos seus discípulos, dizendo: (2) Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus. (3) Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam. (4) Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
Religiosos criam rituais complicados, desenvolvem novenas e correntes complexas que precisam ser cumpridas como prova de devoção; e colocam essas tarefas como um peso sobre os ombros das pessoas, embora eles mesmos não as cumpram.
Os religiosos na sua maioria são arrogantes. É uma arrogância disfarçada, mas é arrogância. Onde está a arrogância? Ela reside no fato de se achar que o simples cumprimento de uma tradição religioso é suficiente para Deus. A religiosidade e um substituto de Deus.
Em vez de buscar ao Senhor de todo coração, de procurar conhecê-Lo e se familiarizar com o Seu jeito de ver a vida, o religioso cumpre tarefas como uma fuga da presença de Deus.
(5) Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam os seus filactérios, e aumentam as franjas dos seus mantos; (6) gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas, (7) das saudações nas praças, e de serem chamados pelos homens: Rabi.
A religiosidade anda de mãos dadas com a pompa e a exibição. Os filactérios eram as duas caixinhas que contêm uma faixa de pergaminho com passagens bíblicas que os judeus ainda hoje trazem junto à testa e ao braço esquerdo, durante a oração matinal dos dias úteis.
Primeiros lugares... Primeiras cadeiras... Saudações nas praças... Reconhecimento. Deus deixa de ser o centro e os próprios religiosos assumem o seu lugar.
(8) Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos. (9) E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus. (10) Nem queirais ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo. (11) Mas o maior dentre vós há de ser vosso servo.
O Senhor explica que a religiosidade é uma tentativa de assumir o lugar de Deus. É por isso que ela nos afasta de Deus. Porque o Senhor não divide sua glória com ninguém.
Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não a darei, nem o meu louvor às imagens esculpidas. (Isa 42:8)
(12) Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado. (13) Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais aos homens o reino dos céus; pois nem vós entrais, nem aos que entrariam permitis entrar.
A lógica do Reino de Deus não funciona como a lógica do mundo. Quem tenta se promover e colocar-se acima dos outros, e se utiliza da arrogância como rota de fuga, não encontrará lugar próximo a Deus.
(14) [Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque devorais as casas das viúvas e sob pretexto fazeis longas orações; por isso recebereis maior condenação.]
A religiosidade leva os religiosos a esquecerem das pessoas. Os outros passam a ser apenas meios para alcançar objetivos pessoais e às vezes escusos. Assim o religioso é capaz de explorar em nome da fé e se justificar com a prática da religião.
(15) Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós.
A religiosidade valoriza o fazer discípulos de si mesmos. O ensino meramente religioso não leva a alma à liberdade diante de Deus, mas aprisiona ao cumprimento de regras e preceitos.
(16) Ai de vós, guias cegos! que dizeis: Quem jurar pelo ouro do santuário, esse fica obrigado ao que jurou. (17) insensatos e cegos! Pois qual é o maior; o ouro, ou o santuário que santifica o ouro? (18) E: Quem jurar pelo altar, isso nada é; mas quem jurar pela oferta que está sobre o altar, esse fica obrigado ao que jurou. (19) Cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar que santifica a oferta? (20) Portanto, quem jurar pelo altar jura por ele e por tudo quanto sobre ele está; (21) e quem jurar pelo santuário jura por ele e por aquele que nele habita; (22) e quem jurar pelo céu jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está assentado.
(23) Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas. (24) Guias cegos! que coais um mosquito, e engulis um camelo.
A religiosidade transfere a importância do principal para o secundário. Manter-se no principal é muito simples para os religiosos, porque a mente legalista tem necessidade de complexidade. A importância sai do principal para o secundário, porque o principal está sempre ligado a Deus. Ouro é sempre ouro em qualquer lugar, mas o altar está ligado a Deus; a oferta tem vida própria, mas o altar está ligado a Deus. Assim o religioso se afasta da presença de Deus.
George Müller (1805-1898)
O gigante da fé, George Müller (1805-1898), nasceu na Alemanha, e converteu-se com idade de 20 anos numa missão morávia. Foi para a Inglaterra em 1829, onde trabalhou para o Senhor até o final de sua vida.
Em 1830, três semanas depois de seu casamento, Müller e sua esposa decidiram abrir mão de seu salário como pastor de uma pequena congregação, e depender exclusivamente de Deus para suas necessidades. Já desde o início, ele tomou a posição que manteria durante todo o seu ministério, de nunca revelar suas necessidades às pessoas, e de nunca pedir dinheiro de ninguém, somente de Deus. Ao mesmo tempo, decidiu que também nunca entraria em dívida por motivo algum, e que não faria reservas, nem guardaria dinheiro para o futuro.
Durante mais de sessenta anos de ministério, Müller iniciou 117 escolas que educaram mais de 120.000 jovens e órfãos; distribuiu 275.000 Bíblias completas em diferentes idiomas além de grande quantidade de porções menores; sustentou 189 missionários em outros países; e sua equipe de assistentes chegou a contar com 112 pessoas.
Seu maior trabalho foi dos orfanatos em Bristol, na Inglaterra. Começando com duas crianças, o trabalho foi crescendo com o passar dos anos, e chegou a incluir cinco prédios construídos por ele mesmo, com nada menos que 2000 órfãos sendo alimentados, vestidos, educados e treinados para o trabalho. Ao todo, pelo menos dez mil órfãos passaram pelos orfanatos durante sua vida. Só a manutenção destes órfãos custava 26 mil libras por ano. Nunca ficaram sem uma refeição, mas muitas vezes a resposta chegava na última hora. Às vezes sentavam para comer com pratos vazios, mas a resposta de Deus nunca falhava.
No decorrer da sua vida, Müller recebeu o equivalente a sete milhões e meio de dólares, como resposta de Deus. Além de nunca divulgar suas necessidades, ele tinha um critério muito rigoroso para receber ofertas. Por mais que estivesse precisando (pois em milhares de ocasiões não havia recursos para a próxima refeição), se o doador tivesse outras dívidas, se tivesse evidência de que havia alguma atitude errada, ou alguma condição imprópria, a oferta não era aceita.
E mesmo quando tinha certeza de que Deus estava dirigindo para ampliar o trabalho, começar uma outra casa, ou aceitar mais órfãos, ele nunca incorria em dívidas. Aquilo que Deus confirmava como sua vontade certamente receberia os recursos necessários, e por isto nunca emprestava nem contraía obrigações sem ter o necessário para pagar.
A seguir um trecho da sua autobiografia, onde ele define sua posição com relação a dívidas:
Minha esposa e eu nunca entramos em dívidas porque acreditávamos que era contrário às Escrituras (Rm 13.8). Por isto, nunca tivemos contas para o futuro com alfaiate, açougue, padaria ou mercado. Pagamos por tudo em dinheiro. Preferimos passar necessidade do que contrair dívidas. Desta forma, sempre sabemos quanto temos, e quanto podemos dar aos outros. Muitas provações vêm sobre os filhos de Deus por não agirem de acordo com Romanos 13.8.
Alguns podem perguntar: Por que você não compra o pão, ou os alimentos do mercado, para pagar depois? Que diferença faz se paga em dinheiro no ato, ou somente no fim do mês? Já que os orfanatos são obra do Senhor, você não pode confiar que ele supra o dinheiro para pagar as contas da padaria, do açougue, e do mercado? Afinal, todas estas coisas são necessárias para a continuidade da obra.
Minha resposta é a seguinte: Se esta obra é de Deus, certamente ele tanto quer como é capaz de suprir todo o necessário. Ele não vai necessariamente prover na hora que nós achamos que deve. Mas quando há necessidade, ele nunca falha. Podemos e devemos confiar no Senhor para suprir-nos com o que precisamos no momento, de forma que nunca tenhamos que entrar em dívida.
Eu poderia comprar um bom estoque de mantimentos no crediário, mas da próxima vez que estivéssemos em necessidade, eu usaria o crediário novamente, ao invés de buscar o Senhor. A fé, que somente se mantém e se fortalece através de exercitar, ficaria mais e mais fraca. No fim, provavelmente acabaria atolado em grandes dívidas, sem perspectiva de sair delas.
A fé se apóia na Palavra Escrita de Deus, mas não temos nenhuma promessa de que ele pagará nossas dívidas. A Palavra diz: "A ninguém fiqueis devendo coisa alguma" (Rm 13.8), e: "Quem nele crer não será de modo algum envergonhado" (1 Pe 2.6). Não temos nenhuma base bíblica para entrar em dívidas.
Nosso alvo é mostrar ao mundo e à igreja que mesmo nestes dias maus do tempo do fim, Deus está pronto para ajudar, consolar, e responder às orações daqueles que confiam nele. Não precisamos recorrer a outras pessoas, nem seguir os caminhos do mundo. Deus tanto é poderoso, como desejoso, de suprir todas nossas necessidades no seu serviço.
Consideramos um precioso privilégio continuar a esperar no Senhor somente, ao invés de comprar mantimentos no crediário, ou de emprestar de bondosos amigos. Enquanto Deus nos der graça, olharemos somente para ele, mesmo que de uma refeição para a próxima tivermos que depender do seu suprimento. Já faz dez anos que trabalhamos com estes órfãos, e ele nunca permitiu que passassem fome. Ele continuará a cuidar deles no futuro também.
Estou profundamente consciente da minha própria incapacidade e dependência no Senhor. Pela graça de Deus, minha alma está em paz, embora dia após dia tenhamos que esperar a provisão milagrosa do Senhor para nosso pão diário.
Fonte: http://www.financasparaavida.com.br/artigo04.htm
Charles Haddon Spurgeon (1834-1892)
Um dos maiores pregadores de todos os tempos
Houve época em que o simples fato de optar pela religião evangélica equivalia a colocar a cabeça a prêmio. No século 15, Carlos V, o imperador espanhol, queimou milhares de evangélicos em praça pública. Seu filho, Filipe II, vangloriava-se de ter eliminado dos países baixos da Europa cerca de 18 mil "hereges protestantes". Para fugir da perseguição implacável, outros milhares de cristãos foram para a Inglaterra. Dentre eles, estava a família de Charles Haddon Spurgeon (1834-1892), o homem que se tornaria um dos maiores pregadores de todo o Reino Unido. Charles obteve tão bom resultado em seu ministério evangelístico que, além de influenciar gerações de pastores e missionários com seus sermões e livros, até hoje é chamado de Príncipe dos pregadores.
O maior dos pecadores
Spurgeon era filho e neto de pastores que haviam fugido da perseguição. No entanto, somente aos 15 anos, ocorreu seu verdadeiro encontro com Jesus. Segundo os livros que contam a história de sua vida, Spurgeon orou, durante seis meses, para que, "se houvesse um Deus", Este pudesse falar-lhe ao coração, uma vez que se sentia o maior dos pecadores. Spurgeon visitou diversas igrejas sem, contudo, tomar uma decisão por Cristo.
Certa noite, porém, uma tempestade de neve impediu que o pastor de uma igreja local pudesse assumir o púlpito. Um dos membros da congregação - um humilde sapateiro - tomou a palavra e pregou de maneira bem simples uma mensagem com base em Isaías 45.22a: Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra. Desprovido de qualquer experiência, o pregador repetiu o versículo várias vezes antes de direcionar o apelo final. Spurgeon não conteve as lágrimas, tamanho o impacto causado pela Palavra de Deus.
Início de uma nova caminhada
Após a conversão, Spurgeon começou a distribuir folhetos nas ruas e a ensinar a Bíblia na escola dominical para crianças em Newmarkete Cambridge. Embora fosse jovem, Spurgeon tinha rara habilidade no manejo da Palavra e demonstrava possuir algumas características fundamentais para um pregador do Evangelho. Suas pregações eram tão eletrizantes e intensas que, dois anos depois de seu primeiro sermão, Spurgeon, então aos 20 anos, foi convidado a assumir o púlpito da Igreja Batista de Park Street Chapel, em Londres, antes pastoreada pelo teólogo John Gill. O desafio, entretanto, era imenso. Afinal, que chance de sucesso teria um menino criado no campo (Anteriormente, Spurgeon pastoreava uma pequena igreja em Waterbeach, distante da capital inglesa), diante do púlpito de uma igreja enorme que agonizava?
Localizada em uma área metropolitana, Park Street Chapel havia sido uma das maiores igrejas da Inglaterra. No entanto, naquele momento, o edifício, com 1.200 lugares, contava com uma platéia de pouco mais de cem pessoas. A última metade do século 19 foi um período muito difícil para as igrejas inglesas. Londres fora industrializada rapidamente, e as pessoas trabalhavam durante muitas horas. Não havia tempo para as pessoas se dedicarem ao Senhor. No entanto, Spurgeon aceitou sem temor aquele desafio.
Tamanha audiência
O sermão inaugural de Spurgeon, naquela enorme igreja, ocorreu em 18 de dezembro de 1853. Havia ali um grupo de fiéis que nunca cessou de rogar a Deus por um glorioso avivamento. No início, eu pregava somente a um punhado de ouvintes. Contudo, não me esqueço da insistência das suas orações. As vezes, parecia que eles rogavam até verem a presença de Jesus ali para abençoá-los. Assim desceu a bênção, a casa começou a se encher de ouvintes e foram salvas dezenas de almas, lembrou Spurgeon alguns anos depois.
Nos anos que se seguiram, o templo, antes vazio, não suportava a audiência, que chegou a dez mil pessoas, somada a assistência de todos os cultos da semana. O número de pessoas era tão grande que as ruas próximas à igreja se tomaram intransitáveis. Logo, as instalações do templo ficaram inadequadas, e, por isso, foi construído o grande Tabernáculo Metropolitano, com capacidade para 12 mil ouvintes. Mesmo assim, de três em três meses, Spurgeon pedia às pessoas, que tivessem assistido aos cultos naquele período, que se ausentassem a fim de que outros pudessem estar no templo para conhecer a Palavra.
Muitas congregações, um seminário e um orfanato foram estabelecidos. Com o passar do tempo, Charles Spurgeon se tornou uma celebridade mundial. Recebia convites para pregar em outras cidades da Inglaterra, bem como em outros países como França, Escócia, Irlanda, País de Gales e Holanda. Spurgeon levava as Boas Novas não só para as reuniões ao ar livre, mas também aos maiores edifícios de 8 a 12 vezes por semana.
Segundo uma de suas biografias, o maior auditório em que pregou continha, exatamente, 23.654 pessoas: este imenso público lotou o Crystal Palace, de Londres, no dia 7 de outubro de 1857, para ouvi-lo pregar por mais de duas horas.
Sucesso
Mais de cem anos depois de sua morte, muitos teólogos ainda tentam descobrir como Spurgeon obtinha tamanho sucesso. Uns o atribuem às suas ilustrações notáveis, a habilidade que possuía para surpreender a platéia e à forma com que encarava o sofrimento das pessoas. Entretanto, para o famoso teólogo americano Ernest W. Toucinho, autor de uma biografia sobre Spurgeon, os fatores que atraíam as multidões eram estritamente espirituais: O poder do Espírito Santo, a pregação da doutrina sã, uma experiência de religioso de primeira-mão, paixão pelas almas, devoção para a Bíblia e oração a Cristo, muita oração. Além disso, vale lembrar que todas as biografias, mesmo as mais conservadoras, narram as curas milagrosas feitas por Jesus nos cultos dirigidos pelo pregador inglês.
As pessoas que ouviam Spurgeon, naquela época, faziam considerações sobre ele que deixariam qualquer evangélico orgulhoso. O jornal The Times publicou, certa ocasião, a respeito do pastor inglês: Ele pôs velha verdade em vestido novo. Já o Daily Telegraph declarou que os segredos de Spurgeon eram o zelo, a seriedade e a coragem. Para o Daily Chronicle, Charles Spurgeon era indiferente à popularidade; um gênio, por comandar com maestria, uma audiência. O Pictorial World registrou o amor de Spurgeon pelas pessoas.
Importância
O amor de Spurgeon tinha raízes. Casou-se em 20 de setembro de 1856 com Susannah Thompson e teve dois filhos, os gêmeos não-idênticos Thomas e Charles. Fazíamos cultos domésticos sempre; quer hospedados em um rancho nas serras, quer em um suntuoso quarto de hotel na cidade. E a bendita presença do Espírito Santo, que muitos crentes dizem ser impossível alcançar, era para nós a atmosfera natural. Vivíamos e respirávamos nEle, relatou, certa vez, Susannah.
A importância de Charles Haddon Spurgeon como pregador só encontra parâmetros em seus trabalhos impressos. Spurgeon escreveu 135 livros durante 27 anos (1865-1892) e editou uma revista mensal denominada A Espada e a Espátula. Seus vários comentários bíblicos ainda são muito lidos, dentre eles: O Tesouro de Davi (sobre o livro de Salmos), Manhã e Noite (devocional) e Mateus - O Evangelho do Reino. Até o último dia de pastorado, Spurgeon batizou 14.692 pessoas. Na ocasião em que ele morreu - 11 de fevereiro de 1892 -, seis mil pessoas leram diante de seu caixão o texto de Isaías 45.22a: Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra.
Texto: Marcelo Dutra
Fonte: Revista Graça, ano 2 nº 19 – Fevereiro/2001