da Igreja Evangélica Batista no Castelo Branco - João Pessoa/PB
Texto Básico – Hebreus 10
Agradecimentos
Hoje é dia de festa e celebração por
mais um ano de existência da igreja batista, aqui no Castelo Branco. Eu estou
convicto de que o testemunho do amor de Deus, revelado em Jesus, tem sido
apresentado com graça e compaixão através dos irmãos aqui presentes e de muitos outros que
por aqui passaram durantes esses 17 anos.
Para mim é um privilégio e uma alegria
poder compartilhar as Escrituras em uma data tão especial. Por isso, deixo aqui
meu agradecimento pelo convite feito através do querido Anchieta, diácono nesta
igreja e companheiro nos estudos teológico ali no ITEBES.
Minha gratidão também ao Pr. Juarez
por compartilhar de forma generosa o púlpito desta amada igreja.
Peço os irmãos que agora orem comigo pedindo
ao Senhor que continue falando conosco e nos dê compreensão do texto bíblico em
que vamos refletir. Peça junto comigo que Ele também nos dê força e coragem
para aplicar Sua Palavra em nossas vidas.
A Carta aos Hebreus
Não sabemos com certeza quem foi o
autor da Carta aos Hebreus. Alguns pensam ter sido o apóstolo Paulo, outros
acham que a carta poderia ter sido escrita por Apolo. Provavelmente o texto foi
escrito na década de 60 do primeiro século da era cristã, portanto menos de 40
anos depois da morte e ressurreição de Jesus.
Pelo teor da carta é fácil concluir
que ela foi endereçada a judeus que haviam se convertido a Cristo. O texto fala
muito de rituais e práticas que eram comuns na antiga aliança e tenta ajudar
seus leitores a compreender como é viver a vida com Deus nessa nova aliança que
Jesus inaugurou.
Os judeus cristãos vinham de uma
origem muito religiosa, isto é, antes de seguirem a Jesus eles seguiam uma
porção de regras de comportamento e rituais de culto. De certa forma, eles eram
como muitos de nós que chegamos a Cristo vindos do catolicismo tradicional, das
crenças e crendices populares ou do esoterismo supersticioso e seus rituais.
O escritor dessa carta procurou deixar
bem claro que todo esforço religioso para reconectar o ser humano a Deus é insuficiente.
Ele aponta para Jesus e sua morte na cruz como o caminho eficaz e suficiente para
que a ação de Deus seja completa em nossas vidas.
Ele explica que tentar trazer regras e
ritos religiosos, crendices ou superstições e misturar isso com a nova aliança
firmada em Cristo Jesus só faz confundir as pessoas e retardar o processo de
santificação em nossas vidas. Tanto isso é verdade, que no capítulo 5 o autor
deixa claro que, pelo tempo de fé, muitos dos irmãos para quem a carta foi
escrita já deveriam ser mestres da Palavra, mas continuavam como crianças, que
não podem comer comida sólida, mas apenas leite e papinha.
Sacrifícios e Sacerdotes
A religião judaica, de onde aqueles
irmãos hebreus vieram, era uma religião de sacrifícios e sacerdotes. Eles
tinham uma lei a ser cumprida e esforçavam-se para fazer tudo quanto estava
escrito nela. Quando eles fracassavam, e se tornavam culpados por quebrar a
Lei, ofereciam sacrifícios e faziam ofertas demonstrando seu arrependimento e
pedindo perdão a Deus.
Isso pode parecer um bom caminho para alguns,
mas o escritor de Hebreus, meus irmãos, nos ajuda a entender que esse modo de
viver a fé não era (e não é) eficaz, mas apenas um vislumbre, uma imagem
retorcida, uma sombra daquilo que a Nova Aliança em Cristo finalmente nos
trouxe.
1 A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão
de vir, e não a realidade dos mesmos. Por isso ela nunca consegue, mediante os
mesmos sacrifícios repetidos ano após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para
adorar. 2 Se pudesse fazê-lo, não deixariam de ser oferecidos?
Pois os adoradores, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais se
sentiriam culpados de seus pecados. 3 Contudo, esses sacrifícios são [apenas] uma
recordação anual dos pecados, 4 pois é impossível que o sangue de touros e bodes tire
pecados. (Hebreus 10.1-4 – NVI)
Hoje em dia há muitas pessoas que
tentam reviver esse esquema de sacrifícios e sacerdotes. Há lugares onde as
pessoas são chamadas a fazerem sacrifícios (o que normalmente envolve dinheiro
ou bens) para que Deus possa ouvi-las e atende-las. Esses guias agem como os
antigos sacerdotes, como se fossem mediadores entre as pessoas e Deus.
Antigamente apenas os sacerdotes
autorizados é que sabiam como era o culto que Deus aceitava. Eram eles que
conheciam as regras para os sacrifícios e que apresentavam as ofertas diante de
Deus. Mas esse sistema era apenas um prenúncio do que estava adiante. Em Cristo
todo esse modelo caducou, porque não era eficaz para remover os pecados.
11 Dia após dia, todo sacerdote apresenta-se e exerce os
seus deveres religiosos; repetidamente oferece os mesmos sacrifícios, que nunca
podem remover os pecados. (Hebreus 10.11 – NVI)
Meus irmãos, a partir de Cristo não
existe mais a figura do líder religioso cumprindo funções sacerdotais; não
precisamos mais de sacerdotes, porque Cristo, o perfeito sacerdote, intercede
por nós hoje.
Tampouco há a necessidade de que
sacrifícios (correntes, novenas, dízimos, jejuns, vigílias, etc.) sejam oferecidos a Deus para que Ele seja
bondoso conosco e ouça nossas orações; Jesus já se ofereceu, uma única vez, como
oferta perfeita em nosso lugar. Vejamos o que diz o escritor da carta aos
hebreus:
12 Mas Cristo entregou-Se a Si mesmo a Deus pelos nossos
pecados, como um único sacrifício duma vez para sempre, e depois Se assentou no
lugar de maior honra à direita de Deus, 13 esperando que os seus inimigos sejam postos debaixo
dos seus pés. 14 Pois por meio daquela oferta única Ele tornou
perfeitos para sempre aos olhos de Deus todos quantos Ele está santificando.
(Hebreus 10.12-14 - BV)
O que isso tudo tem a ver como nosso tema?
É simples. Estamos pensando hoje na
igreja como Casa de Deus, um lugar de oração, comunhão, paz e amor. Mas,
enquanto fazemos isso nosso passado religioso e a influência de muitos
pregadores midiáticos, pode nos levar à ideia de que ser igreja, e experimentar
a bênção da oração, da comunhão, da paz e do amor, tem a ver com sacerdotes e
sacrifícios.
De forma equivocada, podemos imaginar
que aquilo que desejamos viver como igreja é o resultado do esquema de
sacerdotes e sacrifícios. Mas não é verdade!
Oração, comunhão, paz e amor acontecem
quando cada um de nós se deixa guiar pelo Espírito Santo e se permite moldar
pela Mente de Cristo. É a renovação da mente pelo Espírito de Deus, mediante
a Palavra, que produz transformações em nossas vidas.
Portanto, meus irmãos, se queremos
experimentar, como igreja, a plenitude daquilo que Deus tem preparado para nós,
precisamos deixar de ser meninos na fé e assumir a responsabilidade de nossos
relacionamentos com Deus. Devemos deixar de lado a postura de dependência,
tanto dos que se fazem sacerdotes quanto daqueles que nós fazemos sacerdotes, e
caminhar em direção Deus por meio de Cristo Jesus. Vejamos o que nos diz o
escritor da carta aos hebreus:
19 E assim, queridos irmãos, por causa do sangue de Jesus,
nós agora podemos ir diretamente até dentro do Santo dos Santos, onde Deus
está. 20 Este é o
caminho novo, recém-aberto e vivificante que Cristo nos franqueou ao rasgar a
cortina - O seu corpo humano - para dar-nos acesso à presença santa de Deus. 21 E, visto que este nosso grande Supremo Sacerdote
governa sobre a casa de Deus, 22 entremos e
vamos diretamente ao próprio Deus, com o coração sincero e confiando plenamente
que Ele nos receberá, porque o sangue de Cristo já foi salpicado em nós para
nos purificar, e porque já fomos lavados com a água pura ( do batismo pelo
Espírito Santo ). (Hebreus 10.19-22 - BV)
Templos e altares
Outra parte fundamental da religião
dos hebreus era o templo. Desde o primeiro, construído por Salomão, os templos
sempre ocuparam um lugar central no culto hebraico. Era em torno do templo que
girava toda a vida religiosa judaica: adoração, oração, sacrifícios... tudo
acontecia no templo. A parte mais importante do templo era o altar, onde os
sacrifícios eram oferecidos pelos sacerdotes.
Nisso também os hebreus, para quem a
carta foi escrita, eram parecidos com muitos de nós. Assim como eles, vários de
nós chegamos a Cristo vindo de religiões e cultos que valorizam o templo e o
altar, sobretudo o catolicismo romano: o templo é considerado como a Casa de
Deus, o lugar onde Ele fica; e o altar é tratado como o lugar onde nos
encontramos com Ele. Mas esses são conceitos da velha aliança. A partir de
Cristo tudo isso mudou.
Jesus tentou explicar isso para a
mulher samaritana em uma conversa que eles tiveram, ao meio dia, na beira de um
poço na cidade de Sicar. Ela perguntou (Jo. 4.20) pra Jesus onde era o lugar
certo para adorar. Os judeus achavam que o lugar certo era no templo em
Jerusalém, mas os samaritanos tinham feito um outro lugar de adoração no monte
Gerizim. Veja o Jesus disse para ela:
22...”Creia em
mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste
monte, nem em Jerusalém. (...). 23 ..., está
chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão
o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.24 Deus é espírito, e é necessário que os seus
adoradores o adorem em espírito e em verdade". (João 4.22-24
- NVI)
Jesus não deixou dúvida: o que
realmente importa não é o lugar em
que adoramos a Deus, mas a qualidade
da nossa adoração. O lugar é uma questão secundária. Isso quer dizer que para
os que seguem a Jesus, os lugares de reunião NÃO têm uma santidade própria deles.
Embora muitos chamem de templo, os prédios em que nos reunimos não são templos;
os púlpitos de onde nossos pregadores falam não são altares. Tudo isso é parte
da velha aliança.
E o que tudo isso tem a ver com nosso tema?
É simples: Nós estamos vivendo tempos em quem muitos valorizam mais os
prédios onde se adora do que a qualidade da adoração que se faz nesses prédios.
Assim, quando usamos a expressão “Casa de Deus” somos tentados a olhar nossos
locais de reunião como se fossem pequenos templos, lugares exclusivos da
adoração e da manifestação de Deus.
É claro que Deus se faz presente
quando o seu povo se reúne, mas não é por que estamos em um templo; é claro que
Ele recebe nossa adoração quando estamos aqui, erguemos nossas vozes e
declaramos quem Ele é, mas não é por que esse espaço seja um altar. Essas
coisas acontecem por que Jesus garantiu “...onde dois
ou três se reunirem em meu nome, ali eu estou no meio deles.” (Mt. 18.20 – NVI)
É a presença de Cristo no meio do Povo
de Deus, gente cheia do Espírito Santo, que santifica o lugar e o transforma em
lugar de adoração e manifestação da presença de Deus. Não é o prédio que
santifica o povo ou o culto, é o povo cultuando que santifica qualquer lugar em
que estivermos.
Então, quando pensamos na casa de Deus
como lugar de oração, comunhão, paz e amor, devemos saber que onde quer que
estejamos reunidos como igreja, ali se torna Casa de Deus.
Assim, a comunhão dos filhos de Deus não pode ficar restrita a este espaço: podemos
exercitá-la em nossos lares, por exemplo, sendo hospitaleiros; A oração não deve acontecer só aqui:
precisamos orar juntos onde houver oportunidade - no café do shopping, por
exemplo; Nossa opção pela paz
precisa fazer parte também das nossas casas, dos nossos trabalhos, nos bairros
e nos condomínios em que moramos. O amor
pelas pessoas não pode ser apenas uma palavra dita nos cultos, ele precisa
fazer parte do nosso modo de viver a vida (inclusive virtual).
Reunindo-se como Igreja
Quando nós nos reunimos como igreja,
aqui ou em qualquer outro lugar, estamos cuidando uns dos outros, treinando uns
aos outros, aperfeiçoando uns aos outros, tudo isso para vivermos a vida com Cristo
lá fora, onde a coisa é pra valer. Veja, meu irmão, a importância de estarmos
juntos!
Em nossos dias muitas pessoas estão
entristecidas com a igreja. Pessoas que sofreram decepções, que foram traídas,
exploradas, manipuladas e oprimidas por líderes, e até por outros irmãos em
Cristo, jogaram a toalha e se distanciaram das reuniões da igreja.
Além disso há muitos que levam consigo
denúncias sérias e procedentes sobre o modo como a igreja tem se comportado...
olhando apenas para si mesma, sem amor, sem compaixão, inchada de orgulho e
autossuficiente. Muitos desses deixaram de se reunir como igreja porque não
sabem como lidar com tudo isso.
Alguns dos hebreus para quem a carta
foi escrita também estavam prestes a desistir da igreja. Eles foram rejeitados
e perseguidos. Os judeus olhavam para eles como traidores, os gentios com
desconfiança e os romanos com indignação. Os relacionamentos entre os irmãos
eram tão complicados que alguns estavam pensando seriamente em retroceder. Você
já se sentiu assim? Com vontade de desistir? Não há razão para se sentir
culpado por isso. Essas lutas fazem parte da caminhada. Erga a cabeça, meu irmão,
e prossiga em direção ao alvo.
Ouça as palavras de encorajamento do
escritor de Hebreus:
21 Temos, pois, um grande sacerdote sobre a casa de
Deus. 22 Sendo assim, aproximemo-nos de Deus com um coração
sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos para nos
purificar de uma consciência culpada e tendo os nossos corpos lavados com água
pura. 23 Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos,
pois aquele que prometeu é fiel. 24 E
consideremo-nos uns aos outros para incentivar-nos ao amor e às boas obras. 25 Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o
costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês
vêem que se aproxima o Dia.
Não há nada que substitua a igreja! Esse
é o projeto de Deus para completar em nós a boa obra de salvação que Ele
começou. É reunidos como igreja que somos cuidados, treinados e aperfeiçoados! Pode
ser difícil, pode ser complicado e até aborrecido às vezes; mas é assim, através
dos irmãos e irmãs que Deus opera em nossas vidas. Ele expõe com amor nossas
fraquezas para que sejamos transformados pela ação do seu Espírito em nós.
A gente costuma dizer que vai à
igreja, mas na verdade nós somos a igreja. E é isso mesmo! Nós somos a Casa de
Deus! O Espírito de Deus fez morada em cada um de nós. E se somos nós a Casa de
Deus, nossas vidas é que são lugares de oração, comunhão, paz e amor.
Juntos somos a igreja!
Juntos nos encorajamos mutuamente à prática
do amor!
Juntos deixamos de ser meninos e
meninas na fé e caminhamos em direção ao aperfeiçoamento de nosso caráter em Cristo.
Que ele nos abençoe e faça germinar a
semente desta palavra em nossas vidas.