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15 fevereiro 2016

Um discípulo servo


Um discípulo servo
Comunidade Batista em Mangabeira 4 -  João Pessoa/PB - 14/02/2016

Introdução

Neste e nos próximos domingos teremos a oportunidade de refletir juntos sobre um dos temas mais importantes do evangelho: discipulado.

Este ano o discipulado permanecerá em destaque aqui na CBM. Nosso propósito é que ser e fazer discípulos sejam amis que um tema importante e se transforme em nosso modo de viver o evangelho de Jesus.

No próximo domingo (21/02) seremos conduzidos por Allan no tema “ um discípulo amável”. No dia 28/02 o Pr. João Victor falará sobre a obediência na vida do discípulo e no dia 06/03, o Pr. Francisco trará o tema “um discípulo que ora”.

A ordem desse duplo aspecto do discipulado (ser e fazer) – é importante para sua eficácia. Portanto, ao olharmos para o serviço (uma das mais notórias marcas dos discípulos de Jesus), primeiro devemos considerar nossa própria condição de servo. Depois podemos encorajar outros a servir.

Assim quero convidá-los a caminhar comigo através de alguns textos bíblicos com o objetivo de considerarmos a disposição de nossos corações em servir outras pessoas.

Faremos isso da seguinte forma: (1) primeiro vamos entender o paradigma cultural vigente sobre o serviço, isto é, veremos a visão que as pessoas têm hoje sobre servir e ser servido; (2) depois vamos examinar as Escrituras para compreender o paradigma do evangelho, isto é, o que pensa Jesus sobre servir e ser servido; (4) por fim examinaremos quatro falas de Jesus sobre esse assunto. Elas serão importantes para ajustar nossa maneira pessoal de ver o servir e o ser servido.

Um paradigma cultural


Para começar talvez devamos nos familiarizar com um modo de pensar que é muito comum a respeito de servir: quem serve é menos importante do que aquele que é servido.

Ø Quem serve faz o que os outros não querem fazer. Quem é servido não precisa fazer o que não quer;

Ø Quem serve é mandado. Quem é servido manda;

Ø Quem serve é porque não tem dinheiro. Quem é servido é porque tem grana no bolso;

Ø Quem serve é fraco. Quem é servido é poderoso

Nesse modo de pensar que orienta a vida de muita gente, aquele que está a serviço apenas recebe ordens, por isso está em situação inferior àquele que dá as ordens.

É interessante notar que a maioria das crianças é muito prestativa e quando somos pequenos almejam profissões que ajudam as pessoas em suas necessidades: bombeiro, policial, professor... (um filho de um amigo nosso desejou por muito tempo ser gari). Mas logo que crescemos somos engolidos pelo paradigma cultural que despreza o serviço e procuramos alguma outra coisa que nos faça parecer mais poderoso.

Algumas vezes as pessoas que prestam serviço em nossas casas são tratadas com certo ar de superioridade. É como se servir fosse uma atividade inerente a cidadãos de segunda categoria.

Até nosso vocabulário revela essa desconsideração para com quem serve. Palavras com serviçal, servitude e servente, todas relativas ao serviço, estão carregadas de conceito de inferioridade.

Mas não é sem motivo que a condição de servir é rejeitada pelas pessoas. A verdade é que nossa natureza caída tem uma inclinação a explorar as pessoas sempre que o dinheiro ou o poder nos permitem fazê-lo. Às vezes o simples fato de estarmos do outro lado do balcão, sendo atendidos, é suficiente para nos acharmos superiores, cheios de direito, e tratarmos os outros como pessoas menos importantes.

O paradigma do evangelho

Nosso assunto é um discípulo servo. E ser discípulo de Jesus significa adotar o mesmo ponto-de-vista dele a respeito do mundo e da vida. Então, precisamos saber o Jesus pensa sobre servir e ser servido. Isto é, qual o paradigma do evangelho? Vejamos um comentário de Jesus sobre esse assunto no evangelho de Lucas:

24 Surgiu também uma discussão entre eles, acerca de qual deles era considerado o maior.

25 Jesus lhes disse: "Os reis das nações dominam sobre elas; e os que exercem autoridade sobre elas são chamados benfeitores. 26 Mas, vocês não serão assim. Pelo contrário, o maior entre vocês deverá ser como o mais jovem, e aquele que governa como o que serve. 27 Pois quem é maior: o que está à mesa, ou o que serve? Não é o que está à mesa? Mas eu estou entre vocês como quem serve. Lc 22.24-27 (NVI)

Parece que Jesus nos propõe uma forma diferente de considerar o servir e o ser servido. Primeiro Ele reconhece que aos olhos das pessoas aquele que é servido e mais importante que aquele que serve. Mas logo em seguida ele nos desafia a assumir o lugar de servo mesmo assim.

E o que me parece mais desafiador ao ouvir Jesus falar dessa maneira, é que ele não estava apenas fazendo um discurso sobre como as coisas devem ser. Ele estava chamando seus discípulos para andar nos passos dele e viver do jeito que ele vivia.

...eu estou entre vocês como quem serve. (27)

O que você acha disso tudo? De um lado, sabemos que se tornar servo neste mundo não é moleza; por outro lado, o Espírito de Deus parece sussurrar aos nossos ouvidos que devemos aceitar o desafio de tornar o serviço nossa rotina de vida. Do mesmo jeito que Cristo fez.

Seguir a Jesus não é apenas frequentar os cultos de domingo ou fazer parte do grupo da igreja no Face e no Whatsapp. É bom participar de tudo isso, mas não significa que fazendo essas coisas você é um discípulo de Jesus.

Ser discípulo é adotar o mesmo entendimento que ele tem a respeito da vida. E sobre o serviço, parece que o pensamento de Jesus é claro: ainda que as pessoas desprezem e desconsiderem aqueles que servem, devemos atender ao chamado de Deus e transformar o servir às pessoas em nosso modo de vida.

Jeremias, o profeta, muitos séculos antes de Jesus nascer, anunciou que o messias seria um servo sofredor. O apóstolo Paulo, depois de Jesus ressuscitar e subir aos céus, escreveu um pouco sobre esse coração de servo que pulsava no peito de Jesus. Vejamos o que ele diz em Fp 2.5-8:

Tentem pensar como Cristo Jesus pensava. Mesmo em condição de igualdade com Deus, Jesus nunca pensou em tirar proveito dessa condição, de modo algum. Quando sua hora chegou, ele deixou de lado os privilégios da divindade e assumiu a condição de escravo, tornando-se humano! E, depois disso, permaneceu humano. Foi sua hora de humilhação. Ele não exigiu privilégios especiais, mas viveu uma vida abnegada e obediente, tendo também uma morte abnegada e obediente — e da pior forma: a crucificação. Fp 2.5-8 (AM)

Então meus irmãos, nosso primeiro desafio é romper com ideia de que servir é coisa de gente sem importância. No evangelho de Jesus, são importantes aqueles que cultivam o mesmo coração de servo que pulsava no peito do Salvador. Pessoas assim, não desejam tirar proveito de alguma posição ou condição superior que tenham recebido, mas estão sempre com o coração disposto a servir.

Quando rejeitarmos o entendimento de que servir é algo ruim e abraçarmos a mentalidade de Jesus sobre servir e ser servido, estaremos livres para desenvolver o coração de servo que recebemos da parte de Deus.

A missão se traduz em serviço

No entanto, ao mesmo tempo que abraçamos por fé a mentalidade de Jesus sobre servir e ser servido, é preciso examinar o que Ele pensa sobre isso.

É difícil exagerar a importância que Jesus dá para um coração disposto a servir a Deus e às pessoas. Ele afirmou essa importância quando colocou o serviço no âmago da sua missão aqui entre nós.

28 A vossa maneira de proceder deve ser a mesma que a minha, porque eu, o Filho do Homem, não vim para ser servido, mas para servir e dar a minha vida para salvação de muitos. Mt 20.28 (OL)

Está muito na moda definir uma missão pessoal. Jovens executivos hoje contratam um coach para ajuda-los a decidir suas missões pessoais, isto é, para onde eles vão dirigir suas vidas e concentrar seus esforços. Algo que pode ser muito útil. No entanto, parece que para Jesus isso estava muito claro e servir estava no topo da agenda. E na sua agenda? Qual é posição do serviço às pessoas em nome de Deus?
 
Um alerta sobre a natureza do serviço

Existe uma outra fala de Jesus sobre servir que é muito importante para abraçarmos a mentalidade de Jesus sobre servir e ser servido, sobretudo nesses tempos “multi”, de grande pluralidade e de vidas líquidas, e que somos chamados a nos dividir em mil frentes. Vejamos Mt 6.24.

24 "Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro". Mt 6.24

Servir a Deus e às pessoas em nome de Deus é algo que ocupa toda nossa vida e durante a vida toda. O discípulo de Jesus é um servo de dedicação exclusiva e em tempo integral. Não existe discípulo de meio período ou com jornada reduzida.

No texto que lemos, Jesus declara a impossibilidade de alguém conciliar em seu coração uma vida dedicada a Deus e ao mesmo tempo dedicada juntar dinheiro. Não dá pra fazer as duas coisas, porque nosso coração ficaria dividido. E não é possível seguir a Jesus com um coração divido. Mas o dinheiro entra aqui como um exemplo. Qualquer coisa que tente captura o nosso coração entra na mesma categoria.

Então, o discípulo-servo é alguém atento a qualquer coisa que deseje cativar um pedaço de sua lealdade. E está pronto para rejeitar esses assédios.

Quando adquire coisas, o discípulo-servo não as trata como suas próprias para não aprisionar seu coração a elas; quando se compromete com as pessoas, o discípulo-servo o faz com o objetivo de servi-las e não de dominá-las; quando ocupa posições de destaque, ele entrega todas as honrarias aos pés de Cristo; quando lidera instituições, o discípulo o faz com a disposição de ali ser um servo de Jesus; quando realiza alguma tarefa ou projetos, seu pensamento é em como tudo aquilo servirá às pessoas e a Cristo.

Ninguém pode servir a dois senhores...

Serviço e resiliência

A essa altura você já deve ter notado que a vida de um discípulo-servo é como nadar contra a correnteza do rio. Exige muita energia espiritual. Às vezes da impressão de que nada está acontecendo... Bate aquela vontade de parar de nadar e deixar que a correnteza nos leve.

Talvez seja por isso que Jesus ressalta a importância de servirmos até o final. A resiliência no servir é algo que transpira das palavras de Jesus. Vejamos uma fala dele no evangelho de Lucas:

35 "Estejam prontos para servir, e conservem acesas as suas candeias, 36 como aqueles que esperam seu senhor voltar de um banquete de casamento; para que, quando ele chegar e bater, possam abrir-lhe a porta imediatamente. Lc 12. 35-36

Servir não é uma coceira que dá e depois passa. Servir não é uma moda. Servir é um modo de vida que acompanha até o seu encontro com o Senhor. Mas é preciso reconhecer que uma vida de serviço não é uma corrida de 100 metros, mas uma longa maratona. E muitos desafios serão enfrentados até que ela chegue ao final.

Servir não é algo que faz para ficar bem na foto. É resultado de uma preocupação verdadeira e permanente com as pessoas em nossa volta. Não é algo que se faz por tempo e depois deixa-se de fazer. Não é um cargo que você assume e depois é exonerado. Nem uma profissão da qual a gente se aposentar.

Por isso é preciso que sejamos revestidos de amor do alto, que abracemos a mentalidade de Cristo, e permitamos ao Espírito de Deus transplantar o coração de servo que pulsava no peito no nosso salvador.





Uma palavra de encorajamento

Minha última consideração sobre a mentalidade de Cristo quanto a servir e ser servido começa com um texto do apóstolo Paulo:

15 Eu, de boa vontade, darei a vocês tudo o que tenho e gastarei até a mim mesmo pelo bem de vocês. Será que quanto mais eu os amo, menos serei amado por vocês? 2 Cor 12.15

Jesus tem uma palavra de encorajamento e conforto para Paulo e para todos que se deixam gastar pelo serviço. É com essa palavra que desejo encerrar.

 37 Felizes os servos cujo senhor os encontrar vigiando, quando voltar. Eu lhes afirmo que ele se vestirá para servir, fará que se reclinem à mesa, e virá servi-los. Lucas 12.37(NVI)

Haverá um bálsamo de alívio aguardando os servos que perseveram. Haverá um tempo de descanso para aqueles que gastam suas vidas servindo ao Senhor. Esse dia chegará! E quando chegar esse dia, ele dirá para nos recostarmos confortavelmente, vestirá os aventais de servo e nos servirá manjares de consolo e de paz.


Aqueles que gastarem suas vidas servindo às pessoas em nome de Deus não terminarão decepcionados. Um dia colherão os doces frutos do seu trabalho e se alegrarão, e bendirão ao Senhor que os sustentou fiéis até o fim.

Eu lhes afirmo que ele (o Senhor) se vestirá para servi-los, fará que se reclinem à mesa, e os servirá.

Que Ele nos ajude em nossa caminhada.

17 julho 2012

A falácia da inclusão


Quando a busca por poder e controle estabelece a naturalidade de uma situação de exclusão, para em seguida promover a inclusão (dentro dos limites do paradigma dominante), aquele que é chamado de vítima, ao se enxergar dessa forma, reforça o paradigma que negou sua natural inclusão. Assim, perpetua a relação dominador/dominado.

Nesse espiral paradoxal quanto mais se atua na direção de incluir alguém em um sistema de dominação mais se fortalece seu modo excludente de ser. A falácia é de que a dignidade vem como resultado de fazer parte de um sistema que foi estabelecido para limitar a dignidade.

Algo parecido acontece hoje em relação à conquista da dignidade por meio do consumo. As muitas vozes em todos os meios de comunicação propalam a ideia de que finalmente a dignidade do cidadão brasileiro está sendo resgatada. A tão falada classe C, antes excluída, agora começa a fazer parte do sistema. Isso significa que estas pessoas começam a ser incluídas para ter acesso ao bem-estar quem antes lhes era negado.

A classe C agora pode comprar o que antes era apenas "sonho de consumo". Eletrodomésticos, móveis, automóveis, eletrônicos, roupas, diversão, tudo está à sua disposição, aparentemente demonstrando que "nunca antes neste país" tantas pessoas foram resgatadas da sub-humanidade para um estado de dignidade humana. É a redenção pelo consumo.

Ocorre que esse modo de vida que valida as pessoas por sua capacidade de consumo não foi estabelecido para gerar dignidade, mas para alimentar o sistema de produção existente, em que se precisa crescer sempre mais para se tornar o dominador do mercado e assim saciar a sede de lucro de seus patrocinadores. O consumo com base na necessidade foi transformado em consumismo movido por anseio de dignidade e apresentado com redentor das gentes.

Nesse caso, penso que a promoção da dignidade e da cidadania se daria pelos valores invertidos do Reino de Deus que afirmam, entre outra coisas, que a vida de alguém não consiste nos bens que ele possui, que aquele que tem o suficiente para sua subsistência (o que comer, onde morar, o que vestir...) deve abrir espaço em sua alma para o contentamento, que as pessoas devem trabalhar para ganhar o suficiente para si e para ajudar quem esteja necessitado (não para acumular), que aqueles que tem alguém a seus serviço devem pagar salários dignos (e não retê-los para si).

No entanto, é mais comum entre os que deseja incluir os excluídos agir exclusivamente na direção de prepará-los para sobreviver no sistema e dar-lhes ferramentas para fazer arrancar a parte que puderem do bolo para si mesmo e seu conforto.

Chega a ser desanimador refletir sobre este estado de coisas, mas continuo crendo que o Bem prevalecerá e um dia, e cada vez mais, as estratégias de poder e dominação que negam o projeto de Deus para a humanidade serão expostas e ridicularizadas por Cristo, suas palavras e seus seguidores.

Texto extraído e editado a partir de minha participação no fórum de discussão realizado no contexto da disciplina "Diaconia e Cuidado" tendo como assunto "Vitimização e desigualdades são faces da mesma moeda". Fórum realizado dentro do formato proposta pela EST - Escola Superior de Teologia.

08 janeiro 2006

O Serviço dos Santos

INTRODUÇÃO

E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo. (Efésios 4:11 e 12 RA)
Cartas
As cartas são utilizadas desde cedo, pela humanidade, como forma de expressão. Os antigos impérios orientais, como a China, já se utilizavam das cartas como recurso de comunicação e o livro de Jó, talvez o mais antigo da Bíblia, faz referência (Jó 9:25) a um serviço de correio existente no Egito antigo. Durante o império romano, o correio atingiu grande eficácia, devido à qualidade das estradas disponíveis, e transportava também bagagens e mercadorias.

Os versos que lemos fazem parte de uma carta escrita pelo apóstolo Paulo aos discípulos de Jesus que viviam na cidade de Éfeso. As epístolas foram bastante utilizadas durante o primeiro século do cristianismo, tanto que dos 27 livros do Novo Testamento, 21 foram escritas no formato de epístola. Não apenas Paulo, mas também Pedro, Judas, João e Tiago usaram as cartas como um meio de comunicar o evangelho.

A carta aos efésios faz parte das epístolas da prisão. Juntamente com outras cartas (Filipenses, Colossenses, e Filemom), ela foi escrita durante a prisão de Paulo na cidade de Roma.

Hoje, as cartas se transformaram em emails, blogs, flogs e outros. Imagino o apóstolo Paulo, preso em sua própria casa, sentado em frente de um computador e precisando de uma conta de email grande o suficiente para arquivar todas as suas epístolas, que então poderiam ser enviadas diretamente para cada discípulo através de uma lista de distribuição.

Éfeso
Éfeso, a cidade para onde essa carta foi enviada, era o mais importante centro comercial da Ásia Menor (atualmente Turquia). A cidade tinha um belo porto e também abrigava um grande centro de adoração pagã e de artes mágicas, o templo da deusa Ártemis, ou a Diana dos efésios.

O cristianismo chegou a Éfeso pelas mãos de Áquila e Priscila, um casal deixado naquela cidade por Paulo durante a sua segunda viagem missionária. Em sua terceira viagem, Paulo permaneceu por quase três anos em Éfeso, período em que o evangelho foi pregado pelo restante da província (Atos 19:10). Timóteo também liderou a igreja em Éfeso por um período (I Timóteo 1:3) e, mais tarde o apóstolo João fez dela sua base de operações.

OS DONS

O trecho que lemos começa com uma lista de dons, talentos especiais concedidos por Deus: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Mas, essa não é a única lista de dons da bíblia.

Em suas cartas, Paulo apresenta outras duas relações de dons, essas habilidades especiais dadas por Deus. Em I Coríntios 12:28, são relacionados apóstolos, profetas, mestres, operadores de milagres, dons de curar, socorros, governos e variedade de línguas. Na carta aos Romanos 12:6-8, Paulo apresenta uma nova lista que inclui Ministério, Ensino Exortação, contribuição, administração e misericórdia.

O propósito dos dons
Diante de tantos talentos especiais, diante dessas habilidades sobrenaturais com as quais o Espírito de Deus nos presenteia, a pergunta é inevitável: Para que? Com que objetivos somos presenteados com dons espirituais? Qual o propósito do Espírito de Deus ao distribuir dons para os membros do corpo de Cristo?

Aqui um parêntese: Há muitas pessoas que não gostam de perguntas. Algumas não gostam de fazer perguntas, outras não gostam de responder perguntas e outras ainda detestam tanto fazê-las quanto respondê-las.

Mas lembre-se de uma coisa: fazer e responder perguntas é um traço do caráter do Criador. Hoje, nossa racionalidade é apenas um reflexo turvo da imagem de Deus, isto é, nosso distanciamento do Criador fez com que nossa razão fosse corrompida. Mas, foi assim que Ele nos criou: capazes de explicar e compreender.

(1) Por isso, não precisamos ficar constrangidos ao investigar o propósito das coisas ou o porquê dos fatos ou acontecimentos; (2) Por isso, os cristãos não precisam nem devem se distanciar do estudo acadêmico nas escolas e universidades, ao contrário, devemos nos esmerar em compreender o mundo em que vivemos; (3) Por isso, também, não precisamos nos esquivar de investigar a nossa fé, mas devemos nos tornar pessoas que compreendem e sabem explicar a razão da esperança que há em nós (I Pedro 3:15).

Voltando para os dons, voltamos também para nossa pergunta: com que objetivo o Espírito de Deus distribui dons para aqueles que fazem parte da Igreja de Jesus?

Acompanhe novamente comigo o verso 11 do capítulo 12 de Efésios: E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo.

A resposta é clara: os dons dados pelo Espírito de Deus visam ao aperfeiçoamento dos discípulos de Jesus! Isso significa que ao conceder dons ou habilidades especiais a alguém o Senhor está pensando prioritariamente no aperfeiçoamento dos outros. Preste bastante atenção: os dons e talentos espirituais que você recebeu de Deus não são para seu próprio deleite, mas... com vistas ao aperfeiçoamento dos santos. Essa é maneira de Deus nos fazer precisar uns dos outros. Por isso, também, os dons são distribuídos como apraz ao Espírito, a cada um, individualmente (Romanos 12:11).

O APERFEIÇOAMENTO

O propósito
Eu pessoalmente fico muito alegre quando compreendo que os dons espirituais são dados para o aperfeiçoamento uns dos outros. Ora, quem não deseja ser aperfeiçoado. Quem não quer, em 2006, fazer algo melhor do que fez em 2005? Quem não deseja ser mais bondoso e cortês com os vizinhos? Quem não gostaria de controlar melhor o orçamento desse ano? Quem não almeja ser mais corajoso e decidido? Quem não anseia por estar mais próximo de Jesus e da sua Palavra nesse novo ano? Quem não gostaria de se relacionar melhor com os familiares? Quem não quer aprender a ser mais tolerante e perdoar assim como fomos perdoados? Todos queremos ser aperfeiçoados!

Aqui há algo que pode parecer loucura aos olhos do mundo: o seu aperfeiçoamento não é um fim em si mesmo, isto é, quando você se torna mais parecido com Jesus por causa da palavra ou do conselho de um irmão, quando crescemos pela exortação e correção de outros, ou quando somos abençoados por um coração misericordioso não é apenas para nos tornarmos pessoas melhores, é para algo que vai além de nós mesmos.

Da mesma forma que os dons NÃO são medalhas espirituais com as quais alguns crentes são condecorados, o aperfeiçoamento NÃO é uma competição a respeito de quem é mais espiritual. Ele tem pelo menos dois propósitos que são apresentados pelo apóstolo Paulo no texto que lemos. Acompanhe comigo o verso 11: E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos (1) para o desempenho do seu serviço, (2) para a edificação do corpo de Cristo.

Para o desempenho do seu serviço
Preciso muito da sua atenção nesse momento. Pelo que vimos até agora, somos aperfeiçoados através dos dons, que o Espírito concede aos discípulos de Jesus. Paulo explica que esse aperfeiçoamento é para podemos desempenhar bem nosso serviço.

Mas que serviço é esse? Em algumas traduções você vai encontrar a expressão “serviço cristão”, em outras a frase usada é “obra do ministério”. Quando ouvimos expressões como “serviço cristão” ou “obra do ministério”, podemos ser levados a pensar que Deus quer nos aperfeiçoar para fazermos melhor as atividades na Igreja.

Se fosse assim, os dons que Ele deu, a mim e a você, teriam como objetivo nos aperfeiçoar como professores, mas apenas para a Escola Bíblica; ou como bons administradores, mas só dos bens da igreja, ou ainda como pessoas cheias de misericórdia, mas exclusivamente para com os irmãos na fé. Dessa maneira, por mais que nos tornemos parecidos com Jesus, apenas aqueles que estão dentro da igreja conosco serão abençoados com o nosso crescimento;

É claro que os dons especiais, dados pelo Espírito, abençoam e tornam a Igreja forte, disso não temos dúvida. No entanto, quero chamar sua atenção para uma das palavras utilizadas pelo apóstolo Paulo nesse texto (ergon).

ergon
Traduzida como serviço, (1) ela era usada para explicar a atividade de um empreendedor, isto é, alguém que tem seu próprio negócio; (2) também podia significar um emprego ou ainda (3) a atividade em que alguém se ocupa; além disso, essa palavra também era usada para denominar (4) atividades manuais como o serviço dos artistas e artesão. Essa palavra grega é a raiz de algumas palavras usadas em nosso idioma como Ergonomia, Ergonômico, ambas ligadas ao trabalho.

Ao usar essa palavra, o apóstolo Paulo nos dá uma chave para compreender que o nosso trabalho é também nosso ministério. Ao administrar uma empresa, ensinar em uma escola, limpar a casa, atender as pessoas na loja, vender produtos de porta em porta, cuidar dos filhos, trabalhar para órgãos públicos, desenvolver projetos, construir prédios, realizar pesquisas científicas, produzir filmes, escrever livros, encenar peças ou desenvolver qualquer trabalho digno, você já está exercendo seu ministério, o serviço para o qual o Senhor lhe chamou.

Se o trabalho do dia-a-dia é o ministério para o qual Deus nos tem chamado, podemos afirmar que a capacitação especial de Deus, os dons dados pelo Espírito, são recursos não apenas para o domingo ou para as atividades da igreja, mas para nossos trabalhos de segunda a sábado.

O exercício dos dons espirituais nos torna mais aptos para a vida. (1) Quando somos ministrados pelos Profetas, temos maior discernimento sobre a vontade de Deus; (2) Quando somos ensinados pelos Mestres sobre a nova vida em Cristo, nos tornamos mais sábios e humildes no trato com as pessoas; (3) Quando somos alvo da exortação espiritual, nossas falhas são apontadas e pode ser corrigidas; (4) Quando somos socorridos pela Misericórdia, aprendemos na própria carne a limitação das pessoas em nossa volta e nos tornamos mais misericordiosos com a falha dos outros.

Em resumo, Deus concede dons e habilidades especiais para os discípulos de Jesus. Através do exercício desses dons podemos nos aperfeiçoar mutuamente. Esse aperfeiçoamento tem o propósito de nos preparar para o dia-a-dia de nossas vidas, onde quer o que o Senhor tenha nos chamado para realizar o Seu serviço.

DESAFIOS

Primeiro, quero de falar para você que já conhece os dons espirituais que o Senhor lhe concedeu, mas que não os tem exercido. Não perca mais tempo! Não aguarde tempos melhores, eles podem não vir; Exerça os dons que Deus lhe deu, só assim o povo de Deus será aperfeiçoado para viver uma vida que honre ao Senhor! Mas faça isso sem esquecer que o ensino, a exortação, a cura, o pastoreio ou a misericórdia devem preparar para vida.
Deus ofereceu, a cada um, a capacidade de fazer bem certas coisas. Assim se Deus lhe deu a capacidade de expor os pensamentos de Deus, então faça de acordo com a sua fé. E se, a outros, Deus deu a capacidade de servir de uma forma prática os seus semelhantes, que o façam num verdadeiro espírito de serviço. Se alguém tiver o dom de ensinar, que o faça com toda a dedicação. Se um outro tem o dom de exortar, que a sua pregação seja de molde realmente a encorajar. Se for uma pessoa com posses, reparta com liberalidade. Se Deus lhe deu a habilidade de governar, faça-o responsavelmente. E se tiver o dom de ser bondoso para com os necessitados, deve fazê-lo com alegria. (Romanos 12:6-8 O Livro)
Também quero deixar um desafio para você que tem sido abençoado por tantas pessoas no meio do povo de Deus, mas tem retido essas bênçãos apenas para si mesmo; quero falar com você que, até hoje compreendia que as atividades da igreja eram o objetivo do aperfeiçoamento de Deus. Deixe que Deus lhe lance para a vida. Invada com seu testemunho o trabalho, a escola, a faculdade, a vizinhança. Onde quer que você vá, o Espírito de Deus estará com você.

Por último quero fazer um desafio para você que ainda não reconheceu Jesus com o seu Senhor e Salvador. Hoje você ouviu muitas coisas importantes. Tudo que você ouviu hoje, os dons, as capacitações especiais de Deus, a ajuda do Espírito Santo para viver vidas que agradam a Deus, começam com uma atitude, uma resposta ao grande amor de Deus revelado quando Jesus Cristo, sem qualquer pecado, entregou-se para morrer no meu e no seu lugar.

Se você ainda não reconheceu Jesus como seu Senhor e Salvador Pessoa, a oportunidade é essa: tome essa decisão agora! Assim você vai dizer: Eu reconheço que Jesus Cristo morreu por causa dos meus pecados, ressuscitou ao terceiro dia, está vivo à direita de Deus e quero entregar minha vida a Ele.