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06 agosto 2017

Cheios da Vontade de Deus


Cheios da Vontade de Deus

Meus irmãos, é com alegria que retorno mais uma vez aqui, tendo a oportunidade de partilhar a Palavra de Deus e de ser abençoado pela comunhão na fé em Jesus Cristo, nosso Senhor. Minha gratidão aos irmãos e o ao Senhor.

O texto sobre o qual iremos refletir encontra-se em Colossenses 1.9,10. Peço aos irmãos que abram suas Bíblias para lermos juntos.

9 Por essa razão, desde o dia em que o ouvimos, não deixamos de orar por vocês e de pedir que sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual. 10 E isso para que vocês vivam de maneira digna do Senhor e em tudo possam agradá-lo, frutificando em toda boa obra, crescendo no conhecimento de Deus

O apóstolo Paulo escreveu esta carta aos irmãos de Colossos sem nunca tê-los visitado antes. Tudo indica que a igreja que havia ali naquela cidade fora plantada por Epafras, a quem Paulo chama de cooperador (7). Preso em Roma, Paulo recebeu a visita desse amigo que levou notícias sobre como o evangelho havia alcançado os colossenses, o que certamente o moveu a escrever a epístola.

As palavras iniciais de Paulo estão cheias de alegria e gratidão a Deus porque o evangelho da graça, plantando no coração daquelas pessoas, estava crescendo e produzindo bons frutos (fé em Jesus, amor pelos irmãos e esperança de vida eterna). Esses normalmente são os primeiros passos na vida de quem é alcançado pelo evangelho: fé, amor e esperança.

O apóstolo, ao saber desses primeiros frutos, intensificou sua oração pelos irmãos de Colossos. E o que ele pediu? Aliás, o que você pediria a Deus em oração após descobrir que algumas pessoas em determinado bairro ou cidade estão acolhendo o Evangelho em seu coração?

Nossa oração, nesta segunda década do século XXI, anda corrompida, irmãos, e muito semelhante à oração a que Tiago se refere em sua carta, escrita há 21 séculos atrás.

1De onde vêm as guerras e contendas que há entre vocês? Não vêm das paixões que guerreiam dentro de vocês? 2Vocês cobiçam coisas, e não as têm; matam e invejam, mas não conseguem obter o que desejam. Vocês vivem a lutar e a fazer guerras. Não têm, porque não pedem. 3Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres. Tg 4.1-3 (NVI)

Nossas orações tornaram-se pragmáticas e utilitaristas. Oramos para que Deus use o mundo à nossa volta a fim de resolver nossos problemas. São orações mecânicas, cujos movimentos são programados para produzir o desejo dos nossos corações.

São orações mercantilistas, listas de bens, produtos e serviços que se tornaram nossos desejos de consumo. São orações desumanizadas, que carecem de graça e misericórdia para com as pessoas, orações que servem apenas para a autoafirmação de quem ora, como o fariseu da história de Jesus em Lucas 18.

11O fariseu, em pé, orava no íntimo: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano. 12Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’. Lc 18.11,12 (NVI)

Voltando ao nosso texto, qual foi a oração de Paulo em favor dos irmãos de Colossos? Em que direção se intensificou a oração dele?

Paulo não pediu proteção contra o Império Romano, não pedi que Deus silenciasse os judaizantes que importunavam a igreja, não pediu que os irmãos prosperassem financeiramente, não pediu nem mesmo por algum projeto missionário específico. Ele pediu que os irmãos fossem “enchidos” de compreensão sobre a vontade de Deus.

Estou usando a expressão “enchidos” para que fique claro que esse é um movimento de fora para dentro. Paulo esta pedindo a Deus que torne possível aos irmãos compreenderem a vontade dele.

Essa não é uma oração muito comum em nossos dias, porque a maioria de nós já sabe o que quer e por isso não tem interesse em saber a vontade de Deus. Nossa geração de crentes acha que precisa apenas de uma mãozinha do gênio da lâmpada para alcançar o que deseja, e até esta disposta a fazer alguns sacrifícios para isso.

Talvez esse sejam um bom momento para aprendermos que a vida de um discípulo de Jesus não é um projeto de conquistas e vitórias, mas uma busca pela vontade de deus; e que oração não é uma consultoria técnica par resolver problemas, mas uma atitude de submissão a Deus.

Bom, estamos falando em conhecer a vontade de Deus, e quando falamos sobre esse assunto muita gente logo pensa em algum insight miraculoso, uma revelação em sonho, um evento com um palestrante famoso, um encontro secreto de oração ou coisas parecidas com essas. Não que Deus esteja impedido de fazer por esses caminhos, mas o caminho mais usual usado por ele para nos encher de sua vontade é nos expor a um ambiente em que sabedoria e entendimento espiritual são valorizados e encorajados.

Apenas para constar é bom não confundir sabedoria com inteligência. Inteligência é saber como as coisas funcionam, sabedoria tem a ver com aplicar o conhecimento, de forma bíblica e apropriada, às dinâmicas dos relacionamentos humanos, de maneira que a paz seja restabelecida e o mundo seja um lugar melhor para se viver. Portanto, é possível ser bastante inteligente e nem um pouco sábio, o que é um desastre para a vida comunitária.

Já entendimento espiritual tem a ver com perceber que as dinâmicas da vida são apenas uma casca. Existem realidade escondidas por detrás de cada pequeno fato ou evento cotidiano, e é a respeito dessas realidades que deveríamos estar atentos. Porque uma cara sisuda pode ser um pedido de socorro, o silêncio pode significa “não suporto mais isso!”, um presente pode querer dizer “você me ama?”. E todas essas são situações para quais precisamos discernir em que direção vai a vontade de Deus.

Por isso, somos chamados a transformar nossas comunidades em ambiente nos quais sabedoria e entendimento espiritual são valorizados e encorajadas como marcas do discipulado cristão. Mas como isso pode acontecer? Até onde sei não existe um botão verde que faz as igrejas se tornarem ambiente assim.

(Aliás, esse é um outro grande engano desse novo evangelho em nossos dias: achar que as transformações na vida e na sociedade são atos mágicos, que acontecem instantaneamente, mediante quando acionamos algum mecanismo emocional ou dizemos algumas palavras especiais)

Há um outro texto escrito por Paulo que pode nos ajudar nesse ponto, quando estamos perguntando como nossas igrejas podem ser transformadas em ambientes que valorizam a sabedoria e o entendimento espiritual em busca de descobrir a vontade de Deus. Em Romanos 12.1,2, lemos o seguinte:

1Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. 2Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Rm 12.1,2 (NVI)

Ao ler esse texto, irmãos, entendo que aproximar-se da vontade de Deus é um processo que passa pela renovação da nossa maneira de pensar. Enquanto nosso modo de pensar, de ver o mundo e entender as pessoas, de perceber os relacionamentos, permanecer igual ao padrão desse mundo, não haverá transformação em nós... e então ninguém se importará com sabedoria ou entendimento espiritual... e então não haverá entre nós conhecimento da vontade de Deus.

Essa transformação da mente acontece quando nos expomos à Palavra de Viva de Deus.

3Vocês já estão limpos, pela palavra que lhes tenho falado. Jo 15.3

É preciso deixar que seu ponto-de-vista sobre a vida seja o mesmo que o de Jesus. Mas você não deve fazer isso forçadamente ou por obrigação. Dê a Jesus Cristo a oportunidade de convencê-lo! Exponha-se a ele. Ouça a mensagem dele, leia sobre Jesus nas Escrituras, considere atentamente seu ensino nos evangelhos. À medida que isso for acontecendo você será transformado, seu modo de ver a vida será modificado. Esse é o início do processo que, segundo Paulo, nos fará experimentar a Vontade de Deus (que é boa, perfeita e agradável).

Perceba nesse texto de Romanos que Paulo fala sobre “experimentar” a vontade de Deus. Isso me parece mais que apenas “conhecer” a vontade de Deus. Experimentar é trazer todo o conhecimento para a prática, o que nos leva de volta ao texto de Colossenses.

No verso 10 o apóstolo dos gentios explica que conhecer a vontade de Deus não é um fim em si mesmo, não é um troféu que você conquista e coloca na prateleira para todos verem. A razão pela qual ele pede a Deus que encha os irmãos de conhecimento da vontade de Deus é para que eles vivam vidas dignas do Senhor.

10 E isso para que vocês vivam de maneira digna do Senhor e em tudo possam agradá-lo, frutificando em toda boa obra, crescendo no conhecimento de Deus

Isso abre um novo universo para nós: a vontade de Deus tem a ver com nossa vida cotidiana: trabalhar, estudar, comprar, vender, ensinar, cuidar, pagar contas, conviver, relacionar-se, fazer supermercado, enfim, a vontade de Deus é algo real e prático. Mas essa é uma outra história.

A semana está começando novamente e todos nós vamos precisar do Senhor para vivermos vidas dignas dele, certo? Vamos precisar de sabedoria e entendimento espiritual para que as pessoas próximas de nós sejam abençoadas pelo nosso jeito de viver. Vamos precisar de mais compreensão sobre a vontade de Deus em relação às nossas vidas pessoas e também para nossas igrejas.

Então, exponha-se à mente de Cristo. Deixe que o modo de pensar dele transforme as suas opiniões e preferências. Ele é a sabedoria de Deus! Comece a examinar os evangelhos com a mente aberta; o Espírito Santo que habita em você vai guiá-lo. E não tenha medo: Deus é bom! Ele quer o bem de toda sua criação, quanto mais de você que foi criado à sua imagem e semelhança, e resgatado pelo sangue do cordeiro.


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Que nesta semana você dê passos importantes na direção de conhecer e experimentar a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.