28 maio 2006

Mulheres da Bíblia - Marta e Maria

Duas visões de Mundo

Textos Bíblicos: João 11:1-45; Lucas 10:38-42,

Introdução à Serie

Agar
Escrava egípcia, alvo de preconceito e desprezada por Sara e Abraão, Agar foi acolhida por Deus. Ela aprendeu que o Senhor é o Deus que nos vê em nossas angústias. Aprendeu também que obedecer-lhe é a melhor decisão que se pode tomar. Depois de haver fugido para o deserto, ela retornou para a casa de seus patrões e enfrentou a realidade da sua vida. Ela parou de fugir e decidiu confiar em Deus.

Maria
Uma jovem judia que ansiava por agradar a Deus. Maria disse sim para uma situação que aparentemente seria um desastre para sua vida: conceber antes do casamento um filho que seria gerado sem a participação de seu futuro marido. Maria estava disposta a abrir mão de seus sonhos para fazer a vontade de Deus. (1) Ela colocou suas emoções a serviço de Deus, (2) considerou o Senhor a fonte da sua alegria e (3) por isso tinha sobre si uma correta, nem aquém, nem além.

Lídia
Empresária do ramo de tecidos, próspera representante comercial dos fabricantes de Tiatira, Lídia descobriu que a vida não é só trabalho. Em um sábado, (1) ela parou os negócios para orar e falar sobre Deus. Foi aí que ela ouviu falar de Jesus. Sensível para as coisas eternas, Lídia (2) teve se coração aberto pelo Senhor para atender à palavra de Deus. (ocupar a mente, aplicar-se). Imediatamente, Lídia (3) colocou-se à disposição para servir, acolhendo Paulo e os demais irmãos como hospedes em sua casa.
Introdução

Hoje, vamos concluir essa série de mensagens sobre “As mulheres da Bíblia” refletindo sobre Marta, Maria e suas visões a respeito do mundo.



(38) Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. (39) Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos.

(40) Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.

(41) Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada. (Lucas 10:38 – 42 ARA)
A Cidade

O pequeno povoado de Betânia era muito simples. Não havia nada de especial que fosse capaz de chamar a atenção para ele. Não era um centro comercial... Lá não havia em Betânia concentração de artesão... Também não era um local de peregrinação religiosa... Ou mesmo a terra natal de alguma pessoa importante. Mas para Jesus, Betânia era especial. Ali moravam seus amigos: os irmãos Marta, Maria e Lázaro.

Betânia era um pequeno vilarejo, que ficava na encosta oriental do monte das oliveiras, a cerca de três quilômetros de Jerusalém. Betânia era importante, porque ali moravam os amigos de Jesus.

As Irmãs

Marta e Maria. Porque não Maria e Marta? A preferência na ordem dos nomes pode indicar que Marta era a mais velha das irmãs e provavelmente a pessoa responsável pela casa. Maria era a mais nova. Assim, considerando o sistema patriarcal dos judeus, possivelmente Marta fosse uma viúva que liderava o seu lar.

No Brasil as estatísticas apontam para um crescimento constante, e significativo nas últimas décadas, do número de mulheres que lideram suas casas. Mulheres que vivem e lutam para manter seus lares funcionando, que se tornam responsáveis pelo sustento e manutenção de suas casas algumas vezes pela omissão e pelo abandono de maridos irresponsáveis e incapazes para assumir um dos papéis que lhe cabe no lar. Viúvas de maridos vivos. Provavelmente não era esse o caso de Marta, mas tudo indica que era ela quem liderava sua casa.

Marta e Maria eram irmãs, mas muito diferentes uma da outra. Elas viam o mundo de forma tão diferente que eram capazes de reagir de forma oposta ao viverem uma mesma situação.

Marta era uma mulher prática, realizadora, daquelas que começa e termina aquilo tudo o que faz. Marta sabia que certas coisas que precisam ser feitas não devem ser adiadas. A vida fica melhor quando tudo está no seu devido lugar. Marta não era dada a muitas surpresas. Seus dias eram planejados com antecedência. Rotinas são cansativas, mas são necessárias.

Maria era do tipo contemplativa. Emoções à flor da pele, Maria era capaz de esquecer da vida se alguém começasse a contar suas dores e alegrias. Para Maria cada dia era um novo dia, e podia trazer novos acontecimentos, mesmo ali no vilarejo de Betânia. As rotinas não eram seu forte, além do mais havia muitas pessoas precisando de alguém do lado para ajudá-las.

A morte de Lázaro
(João 11:1-45)

João, o evangelista, conta a história da morte de Lázaro, irmão de Marta e Maria. É impressionante o relato sobre a reação das duas irmãs.

Depois de usar os escassos recursos de que a medicina dispunha naqueles dias, Marta e Maria mandam avisar a Jesus que Lázaro estava doente. Elas sabiam que Ele poderia ir além das tentativas frustradas dos médicos.

Ao receber a notícia, ele diz aos discípulos que Lázaro está morto, mas que iria despertá-lo. Jesus recebe a notícia, mas não vai de imediato. Quando ele chega a Betânia, Lazáro estava morto há 4 dias.

Marta e Maria estavam arrasadas com a morte do irmão, provavelmente mais novo. João diz que muitas pessoas foram visitar as duas para consolá-las a respeito da morte do irmão. É nesse cenário que chega a notícia de que Jesus estava chegando à vila. Qual a reação das irmãs?



Marta, quando soube que vinha Jesus, saiu ao seu encontro; Maria, porém, ficou sentada em casa. (João 11:20 ARA)
Marta não pode esperar. Ela sabe por qual caminho Jesus está chegando. Ela viu seu irmão adoecer, tomou as providências necessárias e ainda assim viu a doença se agravar; tomou a iniciativa de avisar a Jesus, e ainda assim seu irmão morreu. Porque as coisas não estavam funcionando como deveriam? Ela não podia esperar. Correu ao encontro do mestre.

Maria não tinha forças para reagir. Seu coração estava partido. O irmão a quem tanto amava se fora. Ela ficara ao lado dele durante toda a enfermidade. Compressas quentes e chás (que Marta providenciara), noites em claro acompanhando a agonia do irmão. Mas ele se fora. Maria não conseguia se mover. Ficou sentada em casa esperando Jesus.

Marta sai em busca de Jesus. Se alguém poderia resolver tudo isso era Jesus. As coisas não estavam funcionando bem, mas Jesus poderia colocar tudo nos seu devido lugar.



Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão. Mas também sei que, mesmo agora, tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá. (João 11:21-22 ARA)
Ela conhecia o Mestre, sabia dos milagres que ele já fizera. Ela sabia que bastava uma oração de Jesus ao Pai. Mas para Marta, naquele momento, o amigo Jesus era apenas o meio para por em ordem o caos que tomara conta do seu mundo.

Jesus tenta consolar Marta dizendo que Lázaro voltaria à vida. Ela entra numa discussão teológica sobre a ressurreição do último dia. Jesus tenta explicar novamente para a agitada Marta: Eu sou a ressurreição e vida! Marta, esqueça seu irmão, esqueça sua vida certinha e organizada, acalme seu coração.



Jesus disse: “Sou eu quem levanta os mortos e dá a eles uma nova vida. Todo aquele que crê em mim, mesmo que morra como qualquer outro, viverá novamente. (João 11:25 BV)
Maria ainda está em casa. Marta fala com a irmã em separado e diz que Jesus a está chamando. Maria não tem forças, mais levanta e vai ao encontro de Jesus, que ainda não tinha entrado na cidade. As pessoas que estavam consolando Maria foram junto, pensando que ela iria chorar no túmulo do irmão.



Quando Maria chegou ao lugar onde estava Jesus, ao vê-lo, lançou-se-lhe aos pés, dizendo: Senhor, se estiveras aqui, meu irmão não teria morrido. Jesus, vendo-a chorar, e bem assim os judeus que a acompanhavam, agitou-se no espírito e comoveu-se. (João 11:32 – 33 ARA)
Então acontece ao que impressiona. Maria encontra Jesus e fala exatamente a mesma coisa que irmã havia falado. Mas ela não tem argumentos teológicos.

Ao ver Jesus ela se lança aos pés do mestre e chora. Maria não tem mais o que falar, ela chora abraçada aos pés de Jesus. E foi o lamento daquela mulher que moveu o coração Jesus, e ele chorou pela dor que todos ali estavam passando.

A visita de Jesus

Certa vez, Jesus e os discípulos chegam à pacata Betânia e imediatamente são acolhidos por Marta, Maria e Lázaro. Essa é outra bom ocasião para conhecermos um pouco mais sobre Marta e Maria.

Marta sabia o que fazer. Visitas em casa significava mais dedicação para que tudo estivesse em ordem. Ela não podia admitir que Jesus tivesse uma má impressão da casa, que as refeições não fossem especiais ou que algum dos visitantes não fosse atendidos em suas necessidades. Por isso Marta trabalhava duro.

Maria não tinha dúvidas. Não perderia nem uma sequer das palavras de Jesus. Ela sentou-se ao lado do Mestre para ouvi-lo falar sobre o Reino de Deus. Maria queria ouvir sobre as curas realizadas, sobre as perguntas dos fariseus e as respostas de Jesus. Maria queria ver através das palavras de Jesus tudo aquilo que Deus estava fazendo.

Duas maneiras diferentes de ver o mundo. Dois jeitos diferentes de enxergar a vida.

Marta sentiu-se injustiçada. Realmente não era justo. Enquanto ela trabalhava duro para que tudo fosse perfeito. Maria estava sentada ouvindo Jesus. Depois de planeja o que dizer, Marta toma coragem e reclama com Jesus:



Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. (Lucas 10:40 ARA)
Não é um apelo emocional. Ao mesmo tempo em que pede a Jesus por justiça, Marta revela seu desejo de que a irmã seja igual a ela. Há muitas coisas pra providenciar até que tudo esteja do jeito que deve estar e Maria precisa me ajudar nisso.

Agitada, correndo de um lado para outro, cheia de coisas urgentes, sem tempo para ninguém (talvez nem para si), Marta não podia parar, nem ver ninguém parado.

Maria não retruca. Ela não tem nada a dizer. Talvez Marta estivesse certa. A própria Maria, por diversas vezes já se sentira culpada por não ser com sua irmã. Diversas vezes Maria se perguntara se algum dia ela seria tão esforçada e dedicada como a irmã e sentia-se culpada por não ser igual a ela. Mas Maria não disse nada, afinal Marta falara com Jesus.

Eu quase posso ver o sorriso no rosto de Jesus quando ele afirmou:



... Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas; entretanto
poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada. (Lucas 10:41 -42 ARA)
Você sabe por que está ansiosa, Marta? Você sabe o motivo da sua inquietação? Você está preocupada com muitas coisas! Sua vida está consumida em tantas atividades... E você é tão exigente em cada uma delas que sua alma está perturbada.

Não são necessárias tantas preocupações! A vida pode ser mais simples! Na verdade, Marta, apenas uma coisa é necessária para viver uma vida que rende louvor a Deus, e Maria fez a escolha certa.

Parecia injusto que Marta trabalhasse duro e Maria estivesse ouvindo Jesus. Mas ambas havia tomado essa decisão. Se Maria havia tomado a decisão de estar com Jesus, Marta tomara a decisão de dedicar-se às sua atividades.

O texto não diz que Maria não fizera nada. É provável que ela tivesse cumprido as tarefas que lhe cabiam, mas para Marta isso não bastava. Era preciso ir além, provar para toda a aldeia de Betânia que elas eram capazes de fazer tudo o que era necessário.

Marta, Marta... Maria escolheu a boa parte. Porque você escolheu a parte mais difícil?

Marta ou Maria

Eu sei que há Martas e Marias aqui hoje. Depois de ouvir um pouco da vida dessas duas mulheres, podemos ser tentados a condenar as Martas e absolver as Marias e deixar de aprende lições preciosar. A vacina contra esse erro é olhar para Jesus.

(1) O Senhor ama tanto as Marias como as Martas. Ele escolheu ambas para serem suas amigas. O apóstolo João registrou bem isso: Ora, amava Jesus a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro. João 11:5

Maria, você não precisa tentar seu igual a sua irmã. Não dê lugar ao sentimento de culpa apenas porque vocês são diferentes. Você sabe que o mundo em estamos é o mundo de Marta, mas não ceda à tentação de correr... Seu coração não vai suportar.
Marta, Marta... Cuidado com o seu jeito de ver o mundo. Quando a vida começa a se tornar uma seqüência interminável de tarefas a serem cumpridas... Quando você acha que vai conseguir controlar tudo... Quando o limite da exigência, consigo e com os outros, é extrapolado... Quando as pessoas se tornam meros instrumentos para alcançar resultados... Você precisa mudar o seu jeito de ver o mundo.

É preciso voltar aos pés de Jesus e ouvir novamente suas palavras... Reencontrar as prioridades da vida... Amar as pessoas ao seu redor... Aprender a chorar nos pés de Jesus... Reaprender a confiar nele... Marta, Marta, porque andas ansiosa... Uma coisa só basta: a presença do filho de Deus.

23 maio 2006

Fruto do Espírito - Mansidão


Aristarco Coelho

Serenidade ao pensar
Brandura no agir
Humildade no falar
Suavidade ao Pedir

Quero desejar a paz
E promover perdão
Submisso à Tua voz
Cordial com meu irmão

A Terra é minha herança
Prometeu-me o Senhor
Mansidão em minha vida
É fruto do Teu amor

21 maio 2006

Mulheres da Bíblia - Lídia



Hoje nossa personagem é Lídia. Assim como Maria e Agar, Lídia é um personagem coadjuvante. Sua história está narrada no livro de Atos dos Apóstolos, cujos personagens principais são os apóstolos e principalmente Pedro e Paulo. Mas hoje vamos prestar bastante atenção às pequenas falas de Lídia e aprender com essa mulher, que em muitos aspectos da vida não teria dificuldade para viver em nossos dias.

As Cores e os Tecidos

Quantas cores diferentes existem na natureza? Com a tecnologia atual, somos capazes de identificar e reproduzir milhões de tonalidades diferentes, como na tela de um computador.

Mas não foi sempre assim. Durante séculos as cores não fizeram parte da investigação humana. Às vezes pelas limitações técnicas, às vezes por simples desinteresse nelas como experiência estética.

Por muito tempo os principais tecidos utilizados na confecção de roupas não tinham cor. Eram de origem animal, como lã de carneiro, pelo de cabra e o couro de diversos animais, ou de origem vegetal como o linho e mais recentemente o algodão.

Com o tempo foi-se aprendendo a fabricar diversos tipos de tintura e as roupas começaram a ganhar cor: O Carmin era extraído de insetos; o Rosa era tirado das romãs; o Amarelo vinha do açafrão e o Púrpura (roxo) era extraído de um molusco comum no mediterrâneo, o Murex.

Lídia era uma vendedora do ramo de confecções. Não se sabe ao certo se ela trabalhava apenas com as tinturas ou se ela vendia os tecidos já tingidos. O certo é que no seu ramo de atividade ela negociava com produtos finos.

A história de Lida está registrada em Atos 16:13-15

Paulo, o missionário

Lídia entra em cena no texto bíblico a partir de um encontro com o apóstolo Paulo. Paulo, que havia perseguido e matado os cristãos, tivera um encontro pessoal com Jesus e agora também era um cristão. Ele passou a dedicar sua vida à pregação do evangelho e trabalhava como um missionário itinerante.

Paulo fez três viagens missionárias pelo oriente médio, uma parte da Ásia e o sul da Europa. Sempre pregando e testemunhando sobre o nome de Jesus. Foi no começo de sua segunda viagem que Paulo encontrou-se com Lídia.

A viagem até Filipos
(Atos 15:40 – 16:12) Explicar no mapa

Quem era Lídia?

(Atos 16:13-15.)

As poucas informações que temos sobre Lídia estão registradas no encontro que ela teve com Paulo.

Lídia era uma comerciante. Ela era natural da cidade de Tiatira. Tiatira era um importante centro manufatureiro: tintura, confecções, cerâmica e trabalhos em bronze faziam parte da sua pauta de exportações. Lídia poderia ser uma espécie de representante comercial, em Filipos, dos produtores de Tiatira.

Os tecidos tingidos, que Lídia vendia eram bastante caros, coisa fina, comprados apenas pela elite política e militar de Filipos. Por isso não é difícil imaginar que ela era um mulher bem relacionada na alta sociedade filipense. Quem sabe uma espécie de Daslu, aquela loja chique de São Paulo.

No texto, ela coloca sua casa à disposição de Paulo, Silas, Lucas e outros que talvez estivessem com eles. Não era uma casa pequena. E para mantê-la, Lídia deveria contar com alguns empregados. Por isso é razoável concluir que Lídia provavelmente gozava de excelente situação financeira. Além disso, os tecidos de púrpura eram caríssimos e os lucros deveriam ser muito bons.

Lídia era uma mulher independente. Tinha seu próprio negócio e aparentemente não precisa prestar contas a ninguém. Ela convidou Paulo para hospedar-se em sua casa sem ter a necessidade de consultar qualquer outra pessoal. Pode ser que Lídia fosse solteira ou mesmo uma viúva.

Outra coisa que chama a atenção a respeito de Lídia é que Lucas a identificou como uma mulher temente a Deus. Essa expressão não tinha o mesmo significado que tem hoje. Lídia não era judia nem cristã. Ela não era uma mulher com um profundo relacionamento com Deus.

Na verdade a expressão “temente a Deus” servia para identificar aquelas pessoas que tinha simpatia pelo Judaísmo, mas que ainda não se haviam convertido àquela religião. Como simpatizante, Lídia deveria ter ouvido algo sobre o messias e escutado alguma coisa sobre as promessas do Deus criador de todas as coisas

Quantas Lídias estão aqui hoje? Quantas gostariam de ser essa Lídia: empresária bem sucedida, bons relacionamentos na alta sociedade, vestida de púrpura, independente e temente a Deus?

O Encontro

Depois da longa viagem de Antioquia até Filipos, Paulo descansou. Ele tinha a informação de que algumas pessoas usavam a margem de um rio, fora da cidade, para orar e conversar sobre Deus.

No Sábado, ele se dirigiu para lá e começou a apresentar o evangelho de Jesus às mulheres que estavam por perto. Uma daquelas mulheres era Lídia, a vendedora de púrpura.

A vida não é só trabalho

O que fazia a empresária do ramo de confecções, em pleno sábado, sentada na beira do rio junto com outras mulheres? Porque ela não estava conferindo a vendas da semana e verificando os pagamentos da semana seguinte? Porque ela não estava negociando melhores preços com os mercadores que chegaram de Tiatira? Porque ela estava em um chá beneficente promovido pela esposa de um militar romano, onde poderia conquistar outros clientes? Por um motivo simples. É saudável e necessário trabalhar, mas a vida não é só trabalho. Lídia parou os negócios para orar.

Há mulheres com grande capacidade de trabalho, talvez Lídia fosse assim, talvez você seja assim. Inúmeras atividades ao mesmo tempo: compra mercadorias, vende seus produtos e serviços, arruma a casa, orienta os funcionários, vai ao banco, conversa com os filhos, apóia o marido, vai ao supermercado, sorrir para o cliente, aconselha a amiga, negocia como fornecedor, dá um jeito no cabelo, escolhe a carne da semana, pechincha o preço, acerta um prazo. Você precisa parar!

A vida não é só trabalho! Era sábado e Lídia parou os negócios para orar e conversar sobre Deus. Quando é que você para? Ou você acha que não precisa? Ou você pensa que não dá? É muito bom realizar-se profissionalmente, dá muito prazer ser reconhecido por aquilo que se faz, mas a vida não é só trabalho.

É preciso parar pra tocar a família. Não é só alimentar vestir e dar conselho, mas abraçar beijar, ficar junto, sorrir junto. Quando é que você para pra estar em família?

É preciso parar pra ver a si mesma. Olhar-se no espelho, olhar pra dentro si, sentir suas dores e alegrias, enxergar para onde se está caminhando e quem realmente somos. Quando é que você pára pra ver a si mesma?

E mais que tudo é preciso parar pra ficar junto de Deus. Colocar uma trava na vida que nos permita contemplar o que há de mais importante: a presença do Deus eterno. Essa era a idéia do shabat, do descanso: Parar e contemplar a Deus em oração e reflexão. Você tem que parar, se não a jornada vai ficar cada vez mais difícil e cansativa. Quando é que você pára pra ficar junto de Deus?

Sensibilidade à Palavra de Deus

Outro aspecto importante da vida de Lídia é sua sensibilidade à Palavra de Deus. Ela achava bom ouvir sobre Deus. Quando Paulo se aproximou e começou a falar sobre o evangelho de Jesus, ela prontamente quis saber do que se tratava. Talvez ela já tinha ouvido falar sobre o Deus Iavé e sobre os feitos tremendos que o povo de Israel vivera no passado, mas Jesus ela não conhecia.

Então, seu coração, sensível às coisas eternas, foi aberto pelo Senhor para atender às coisas que Paulo dizia. A palavra grega usada por Lucas para descrever a atitude de Lida, traduzida como atender, tem o sentido de... Ocupar a mente em... Prestar atenção a... Ser cuidadoso sobre... Aplicar-se a… Aderir a…

Depois de parar e orar, a comerciante de Tiatira agora está prestando atenção. Deus abriu seu coração, lhe fez sensível. Ela decidiu ocupar sua mente em compreender o evangelho de Jesus, optou por aplicar-se a tudo que Paulo lhe falava e por fim aderiu à mensagem salvadora de Jesus.

Em que você ocupa sua mente? Em que você tem investido sua energias e emoções? A vida é muito breve e muitas vezes consumimos nossos dias com frivolidades e intrigas; outras vezes,obsecados pela perfeição, ocupamos a mente com detalhes bobos e sem importância; outras vezes ainda aplicamos nossa vida em coisas, e não em pessoas. As coisas são fulgazes, pessoas são eternas.

Lídia descobriu que há algo maior e melhor do que tudo: conhecer ao Senhor Jesus e viver para Ele. Não é abandonar a vida, mas viver a vida para o louvor de Deus, do jeito que se alegra e que é o melhor para nós. Se Deus lhe tornou sensível ao evangelho, abra seu coração para atender ao que a Palavra lhe diz.

Disposição e Decisão para Ajudar

Em seu negócio, Lídia era acostumada a tomar decisões, a solucionar problemas. Não é demais dizer ela gostava de fazer parte das soluções. Depois de ser batizada e conduzir sua família ao batismo, Lídia colocou sua casa à disposição para hospedar Paulo e os demais irmãos. Ela viu a necessidade e decidiu ser parte da solução.

Qual é a sua reação diante dos problemas e necessidades com as quais você se depara?

Há pessoas que simplesmente tentam encontrar culpados que não sejam elas mesmas. No lugar de Lídia, essas pessoas diriam: “O problema é que a igreja de Antioquia foi irresponsável. Enviou Paulo e os outros sem os recursos necessários e agora eles estão por aqui sem poder nem domir em bom hotel”

Há pessoas que diminuem os problemas para não ter que se envolver com eles. No lugar de Lídia, eles diriam: “Olha, eu não vou nem perguntar se Paulo tem onde ficar, com certeza ela vai ficar em um bom hotel. Paulo é gente boa e um caro desenrolado, ele vai resolver essa questão fácil, fácil”

Outras pessoas parecer ter satisfação quando os problemas fazem outros sofrerem. Eles talvez falassem o seguinte: “Missionário é assim mesmo! O sujeito tem que penar! Ele não resolveu sair pelo mundo afora pregando, agora tem aguentar,né?”

Com Lídia foi diferente. Lucas diz o seguinte: “Ela foi batizada com toda a família, e nos pediu que ficássemos como seus hóspedes. “Se os senhores concordam que sou fiel ao Senhor” disse ela, “venham ficar em minha casa”. E ela insistiu até que fomos. O que você diria para aquele pregador itinerante?

Conclusão

Lídia era uma comerciante bem sucedida em seus negócios. Ela havia prosperado financeiramente, era respeitada na sociedade, andava sempre bem vestidda e tinha amigos influentes. Precisa mais?

Precisa! Lídia descobriu que nada disso fazia realmente sentido sem que o vazio existência que ela levava no peito fosse preenchido.

Quando ela ouviu Paulo falar sobre Jesus o filho de Deus. Aquele cujo amor por nós foi maior que amor por sua própria vida, Lídia entregou-se por inteira e tornou-se a primeira pessoa da Europa, que se tem registro, a aceitar a Salvação através de Cristo Jesus.

Eu quero lhe oferecer a oportunidade de renovar seu compromisso com o Senhor. Se você compreendeu hoje que você precisa do exemplo de Lídia em sua vida, venha até à frente para orarmos juntos ao Senhor.

Se você ainda não entregou sua vida a Jesus, eu quero lhe dar a oportunidade de dizer publicamente: assim como fez Lídia, eu aceito a Jesus como meu Senhor e Salvador, e você vai fazer isso levantando uma de suas mãos.

Lídia gostava das cores, ela vendia tecidos coloridos, mas descobriu que em Jesus, as cores ganham vida e a vida passa a ter sentido.