21 maio 2006

Mulheres da Bíblia - Lídia



Hoje nossa personagem é Lídia. Assim como Maria e Agar, Lídia é um personagem coadjuvante. Sua história está narrada no livro de Atos dos Apóstolos, cujos personagens principais são os apóstolos e principalmente Pedro e Paulo. Mas hoje vamos prestar bastante atenção às pequenas falas de Lídia e aprender com essa mulher, que em muitos aspectos da vida não teria dificuldade para viver em nossos dias.

As Cores e os Tecidos

Quantas cores diferentes existem na natureza? Com a tecnologia atual, somos capazes de identificar e reproduzir milhões de tonalidades diferentes, como na tela de um computador.

Mas não foi sempre assim. Durante séculos as cores não fizeram parte da investigação humana. Às vezes pelas limitações técnicas, às vezes por simples desinteresse nelas como experiência estética.

Por muito tempo os principais tecidos utilizados na confecção de roupas não tinham cor. Eram de origem animal, como lã de carneiro, pelo de cabra e o couro de diversos animais, ou de origem vegetal como o linho e mais recentemente o algodão.

Com o tempo foi-se aprendendo a fabricar diversos tipos de tintura e as roupas começaram a ganhar cor: O Carmin era extraído de insetos; o Rosa era tirado das romãs; o Amarelo vinha do açafrão e o Púrpura (roxo) era extraído de um molusco comum no mediterrâneo, o Murex.

Lídia era uma vendedora do ramo de confecções. Não se sabe ao certo se ela trabalhava apenas com as tinturas ou se ela vendia os tecidos já tingidos. O certo é que no seu ramo de atividade ela negociava com produtos finos.

A história de Lida está registrada em Atos 16:13-15

Paulo, o missionário

Lídia entra em cena no texto bíblico a partir de um encontro com o apóstolo Paulo. Paulo, que havia perseguido e matado os cristãos, tivera um encontro pessoal com Jesus e agora também era um cristão. Ele passou a dedicar sua vida à pregação do evangelho e trabalhava como um missionário itinerante.

Paulo fez três viagens missionárias pelo oriente médio, uma parte da Ásia e o sul da Europa. Sempre pregando e testemunhando sobre o nome de Jesus. Foi no começo de sua segunda viagem que Paulo encontrou-se com Lídia.

A viagem até Filipos
(Atos 15:40 – 16:12) Explicar no mapa

Quem era Lídia?

(Atos 16:13-15.)

As poucas informações que temos sobre Lídia estão registradas no encontro que ela teve com Paulo.

Lídia era uma comerciante. Ela era natural da cidade de Tiatira. Tiatira era um importante centro manufatureiro: tintura, confecções, cerâmica e trabalhos em bronze faziam parte da sua pauta de exportações. Lídia poderia ser uma espécie de representante comercial, em Filipos, dos produtores de Tiatira.

Os tecidos tingidos, que Lídia vendia eram bastante caros, coisa fina, comprados apenas pela elite política e militar de Filipos. Por isso não é difícil imaginar que ela era um mulher bem relacionada na alta sociedade filipense. Quem sabe uma espécie de Daslu, aquela loja chique de São Paulo.

No texto, ela coloca sua casa à disposição de Paulo, Silas, Lucas e outros que talvez estivessem com eles. Não era uma casa pequena. E para mantê-la, Lídia deveria contar com alguns empregados. Por isso é razoável concluir que Lídia provavelmente gozava de excelente situação financeira. Além disso, os tecidos de púrpura eram caríssimos e os lucros deveriam ser muito bons.

Lídia era uma mulher independente. Tinha seu próprio negócio e aparentemente não precisa prestar contas a ninguém. Ela convidou Paulo para hospedar-se em sua casa sem ter a necessidade de consultar qualquer outra pessoal. Pode ser que Lídia fosse solteira ou mesmo uma viúva.

Outra coisa que chama a atenção a respeito de Lídia é que Lucas a identificou como uma mulher temente a Deus. Essa expressão não tinha o mesmo significado que tem hoje. Lídia não era judia nem cristã. Ela não era uma mulher com um profundo relacionamento com Deus.

Na verdade a expressão “temente a Deus” servia para identificar aquelas pessoas que tinha simpatia pelo Judaísmo, mas que ainda não se haviam convertido àquela religião. Como simpatizante, Lídia deveria ter ouvido algo sobre o messias e escutado alguma coisa sobre as promessas do Deus criador de todas as coisas

Quantas Lídias estão aqui hoje? Quantas gostariam de ser essa Lídia: empresária bem sucedida, bons relacionamentos na alta sociedade, vestida de púrpura, independente e temente a Deus?

O Encontro

Depois da longa viagem de Antioquia até Filipos, Paulo descansou. Ele tinha a informação de que algumas pessoas usavam a margem de um rio, fora da cidade, para orar e conversar sobre Deus.

No Sábado, ele se dirigiu para lá e começou a apresentar o evangelho de Jesus às mulheres que estavam por perto. Uma daquelas mulheres era Lídia, a vendedora de púrpura.

A vida não é só trabalho

O que fazia a empresária do ramo de confecções, em pleno sábado, sentada na beira do rio junto com outras mulheres? Porque ela não estava conferindo a vendas da semana e verificando os pagamentos da semana seguinte? Porque ela não estava negociando melhores preços com os mercadores que chegaram de Tiatira? Porque ela estava em um chá beneficente promovido pela esposa de um militar romano, onde poderia conquistar outros clientes? Por um motivo simples. É saudável e necessário trabalhar, mas a vida não é só trabalho. Lídia parou os negócios para orar.

Há mulheres com grande capacidade de trabalho, talvez Lídia fosse assim, talvez você seja assim. Inúmeras atividades ao mesmo tempo: compra mercadorias, vende seus produtos e serviços, arruma a casa, orienta os funcionários, vai ao banco, conversa com os filhos, apóia o marido, vai ao supermercado, sorrir para o cliente, aconselha a amiga, negocia como fornecedor, dá um jeito no cabelo, escolhe a carne da semana, pechincha o preço, acerta um prazo. Você precisa parar!

A vida não é só trabalho! Era sábado e Lídia parou os negócios para orar e conversar sobre Deus. Quando é que você para? Ou você acha que não precisa? Ou você pensa que não dá? É muito bom realizar-se profissionalmente, dá muito prazer ser reconhecido por aquilo que se faz, mas a vida não é só trabalho.

É preciso parar pra tocar a família. Não é só alimentar vestir e dar conselho, mas abraçar beijar, ficar junto, sorrir junto. Quando é que você para pra estar em família?

É preciso parar pra ver a si mesma. Olhar-se no espelho, olhar pra dentro si, sentir suas dores e alegrias, enxergar para onde se está caminhando e quem realmente somos. Quando é que você pára pra ver a si mesma?

E mais que tudo é preciso parar pra ficar junto de Deus. Colocar uma trava na vida que nos permita contemplar o que há de mais importante: a presença do Deus eterno. Essa era a idéia do shabat, do descanso: Parar e contemplar a Deus em oração e reflexão. Você tem que parar, se não a jornada vai ficar cada vez mais difícil e cansativa. Quando é que você pára pra ficar junto de Deus?

Sensibilidade à Palavra de Deus

Outro aspecto importante da vida de Lídia é sua sensibilidade à Palavra de Deus. Ela achava bom ouvir sobre Deus. Quando Paulo se aproximou e começou a falar sobre o evangelho de Jesus, ela prontamente quis saber do que se tratava. Talvez ela já tinha ouvido falar sobre o Deus Iavé e sobre os feitos tremendos que o povo de Israel vivera no passado, mas Jesus ela não conhecia.

Então, seu coração, sensível às coisas eternas, foi aberto pelo Senhor para atender às coisas que Paulo dizia. A palavra grega usada por Lucas para descrever a atitude de Lida, traduzida como atender, tem o sentido de... Ocupar a mente em... Prestar atenção a... Ser cuidadoso sobre... Aplicar-se a… Aderir a…

Depois de parar e orar, a comerciante de Tiatira agora está prestando atenção. Deus abriu seu coração, lhe fez sensível. Ela decidiu ocupar sua mente em compreender o evangelho de Jesus, optou por aplicar-se a tudo que Paulo lhe falava e por fim aderiu à mensagem salvadora de Jesus.

Em que você ocupa sua mente? Em que você tem investido sua energias e emoções? A vida é muito breve e muitas vezes consumimos nossos dias com frivolidades e intrigas; outras vezes,obsecados pela perfeição, ocupamos a mente com detalhes bobos e sem importância; outras vezes ainda aplicamos nossa vida em coisas, e não em pessoas. As coisas são fulgazes, pessoas são eternas.

Lídia descobriu que há algo maior e melhor do que tudo: conhecer ao Senhor Jesus e viver para Ele. Não é abandonar a vida, mas viver a vida para o louvor de Deus, do jeito que se alegra e que é o melhor para nós. Se Deus lhe tornou sensível ao evangelho, abra seu coração para atender ao que a Palavra lhe diz.

Disposição e Decisão para Ajudar

Em seu negócio, Lídia era acostumada a tomar decisões, a solucionar problemas. Não é demais dizer ela gostava de fazer parte das soluções. Depois de ser batizada e conduzir sua família ao batismo, Lídia colocou sua casa à disposição para hospedar Paulo e os demais irmãos. Ela viu a necessidade e decidiu ser parte da solução.

Qual é a sua reação diante dos problemas e necessidades com as quais você se depara?

Há pessoas que simplesmente tentam encontrar culpados que não sejam elas mesmas. No lugar de Lídia, essas pessoas diriam: “O problema é que a igreja de Antioquia foi irresponsável. Enviou Paulo e os outros sem os recursos necessários e agora eles estão por aqui sem poder nem domir em bom hotel”

Há pessoas que diminuem os problemas para não ter que se envolver com eles. No lugar de Lídia, eles diriam: “Olha, eu não vou nem perguntar se Paulo tem onde ficar, com certeza ela vai ficar em um bom hotel. Paulo é gente boa e um caro desenrolado, ele vai resolver essa questão fácil, fácil”

Outras pessoas parecer ter satisfação quando os problemas fazem outros sofrerem. Eles talvez falassem o seguinte: “Missionário é assim mesmo! O sujeito tem que penar! Ele não resolveu sair pelo mundo afora pregando, agora tem aguentar,né?”

Com Lídia foi diferente. Lucas diz o seguinte: “Ela foi batizada com toda a família, e nos pediu que ficássemos como seus hóspedes. “Se os senhores concordam que sou fiel ao Senhor” disse ela, “venham ficar em minha casa”. E ela insistiu até que fomos. O que você diria para aquele pregador itinerante?

Conclusão

Lídia era uma comerciante bem sucedida em seus negócios. Ela havia prosperado financeiramente, era respeitada na sociedade, andava sempre bem vestidda e tinha amigos influentes. Precisa mais?

Precisa! Lídia descobriu que nada disso fazia realmente sentido sem que o vazio existência que ela levava no peito fosse preenchido.

Quando ela ouviu Paulo falar sobre Jesus o filho de Deus. Aquele cujo amor por nós foi maior que amor por sua própria vida, Lídia entregou-se por inteira e tornou-se a primeira pessoa da Europa, que se tem registro, a aceitar a Salvação através de Cristo Jesus.

Eu quero lhe oferecer a oportunidade de renovar seu compromisso com o Senhor. Se você compreendeu hoje que você precisa do exemplo de Lídia em sua vida, venha até à frente para orarmos juntos ao Senhor.

Se você ainda não entregou sua vida a Jesus, eu quero lhe dar a oportunidade de dizer publicamente: assim como fez Lídia, eu aceito a Jesus como meu Senhor e Salvador, e você vai fazer isso levantando uma de suas mãos.

Lídia gostava das cores, ela vendia tecidos coloridos, mas descobriu que em Jesus, as cores ganham vida e a vida passa a ter sentido.

19 maio 2006

Tentativa de Roubo

Por Aristarco Coelho

Essa semana, aos 38 anos de idade, entrei para as estatísticas do crime. Até então, não havia experimentado a dor de ser assaltado, roubado ou sofrido qualquer tipo de agressão, dessas tão comuns aos grandes centros urbanos. Eu e Marina fomos vítimas de um seqüestro relâmpago.

Às 19:30, saindo de carro para a igreja, fomos abordados por dois rapazes que de arma em punho, anunciaram o seqüestro e forçaram a entrada em nosso carro. Não havia quase nada o que fazer. Alvejados pelo bandido, mãos ao alto, abrimos as portas e eles entraram.

A partir daí, durante cinqüenta longos minutos, vivemos a terrível situação em que nossas vidas estavam nas mãos trêmulas de dois bandidos tensos, armados e em busca de tudo que pudesse ser transformado rapidamente em dinheiro. É difícil descrever o que se passou ali. Mas, pressão, ameaças, intimidação, um enorme senso de impotência e a sensação de que aquilo não estava acontecendo conosco fazia parte do cenário.

Tive que dirigir o carro por becos e ruelas do Serviluz, Farol, Praia do Futuro e adjacências enquanto eles roubavam alianças, celular, som, dinheiro e o que mais queriam. Coronhadas e tiros foram prometidos a cada pergunta feita: Onde está o resto do dinheiro? Cadê o cordão de ouro? Qual é a marca do som? Não tem mais dinheiro! Não temos cordões de ouro! Não sei a marca do som! Tudo era motivo de indignação e ameaça.

Depois de roubar o que queriam, informaram que iriam assaltar outras pessoas e nós seríamos os motoristas dos assaltos. Escolheram o bairro, escolheram as ruas, escolheram as vítimas: Bairros residências, ruas escuras, carros novos. Por três ou quatro vezes fui obrigado a seguir famílias inocentes até a entrada de suas casas. Graças ao bom Deus os bandidos não obtiveram sucesso em nenhuma das tentativas.

Por fim, me disseram para entrar em uma ruela escura e fomos até não haver mais saída. Disseram que iriam sair do carro e acenar como se nos conhecessem e que poderíamos ir embora. Assim aconteceu sob a permissão de Deus, que nos guardou de males maiores. Não fomos tocados, não fomos feridos, não perdemos documentos, mas tentaram nos roubar.

Tentaram roubar nossa paz. A tranqüilidade da alma, a quietude do existir. Mas não conseguiram! Quando a nossa paz acabou foi que compreendemos aquilo que disse o apóstolo Paulo sobre a paz que excede todo entendimento. Não há recursos suficientes em nós mesmos, por isso recorremos à de Deus.

Tentara roubar a crença na transformação da humanidade. Mas não conseguiram! A violência e as agressões são brados que confirmam a necessidade de resgate da vida humana. Isso não depende da maldade do coração do homem, mas do poder do Espírito de Deus. Agora ainda mais queremos participar dessa empreitada.

Tentaram roubar o ânimo pelo trabalho de Deus. Mas não conseguiram! Não vamos nos deixar paralisar pelo medo ou pela apreensão. O Senhor é nossa fortaleza e o nosso refúgio, quem nos poderá abalar. Sair novamente pelo mesmo portão, à mesma hora trás lembranças ainda doloridas, mas o Senhor há de manter acesso o ânimo e a disposição.

Tentaram roubar o valor da vida. Mas não conseguiram! A injustiça faz o sangue subir à cabeça. Desejo de justiça ou desejo de vingança? A vida é um presente gracioso de Deus e ninguém tem o direito de tira-la. Não é afrouxar com os bandidos. Quem quebra as regras da sociedade precisa e deve ser punido. Mas a vida deve ser preservada, porque onde há vida há esperança.

Sei que caberia uma longa discussão sobre o abandono em que os cidadãos de bens se encontram em Fortaleza. Sei também que a impunidade irresponsável e a embaraçada justiça em nada ajudam para que o sentimento mínimo de segurança tome conta dessa imensa cidade. Desvio de recursos, corrupção a quilo, incompetência administrativa e falta de vontade política parecem ser marcas que não querem abandonar nossa maneira de viver.

Mas, antes de apontar as falhas de um Estado que ainda não aprendeu a cumprir o básico de suas funções, quero conclamar os cristãos e todos os cidadãos de bem da grande Fortaleza a viverem vidas piedosas, responsáveis e éticas; a pensarem em formas de reduzir a imensa desigualdade social que nos avassala; a encontrarem maneiras criativas de participação pessoal nos rumos da cidade a curto, médio e longo prazo; O Senhor nos deu a Terra para cuidar e zelar. Essa cidade é a terra que nos coube. Não podemos ficar de braços cruzados.

Ó Senhor Jesus, levanta na cidade de Fortaleza, homens e mulheres com disposição para se tornarem parte da solução: a partir de suas vidas, até que as estruturas de poder e decisão sejam contaminadas com a sabedoria, a justiça e a graça do Pai.

14 maio 2006

Mulheres da Bíblia - Maria

Introdução

Maria era uma jovem judia, filha de pais judeus. Ela viveu na palestina, há mais de 2000 anos, em uma época em que seu país estava sob a dominação do Império Romano.

Sob a opressão dos romanos os judeus ansiavam pela vinda do Messias: um líder prometido por Deus a seus antepassados e que viria livrar o povo de Israel do estado de penúria em que se encontrava. A história de Maria está contada na Bíblia nos evangelhos.

Os evangelhos são biografias de Jesus. Um relato sobre sua vida e seus feitos. Jesus é o personagem principal. Todos os demais são secundários. Maria é um desses importantes personagens coadjuvantes. Hoje vamos aprender com a vida dessa serva amada por Deus.




No sexto mês enviou o anjo Gabriel a Nazaré, cidade da Galiléia, a uma virgem prometida em casamento a certo homem chamado José, descendente de Davi. O nome da virgem era Maria. O anjo, aproximando-se dela disse: “Alegra-te agraciada! O Senhor está com você!”.

Maria ficou perturbada com essas palavras, pensando no que poderia significar esta saudação. Mas o anjo disse: - Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e será chamada Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim. (Lucas 1:26-33 BV)

Provavelmente Maria não tinha mais do que quinze anos (alguns estudiosos falam em treze) quando recebeu esse aviso do anjo Gabriel. Apenas uma garota, mas uma garota especial.

O que fazia de Maria alguém tão especial para ser escolhida por Deus para abrigar em seu ventre o Salvador? Os tempos eram de tremenda opressão, de expectativa da vinda de um salvador, e assim com Maria, outras jovens provavelmente alimentavam a expectativa de participarem do plano de Deus para trazer um libertador para Israel. Por que Maria? O que tinha ela de especial?

Maria: poucas palavras.

(1) Maria não foi uma profetisa. Ela não levou palavras de contestação a reis e príncipes; (2) Maria não foi uma pregadora, evangelista entre os povos distantes; (3) Maria não fez grandes discursos, nem protestou em passeatas contra a opressão dos romanos;(4) Maria também não foi um escritora ou romancista de sucesso, nem mesmo depois da morte e ressurreição de Cristo. (5) Maria foi simplesmente mãe.

A julgar pelos evangelhos, Maria era uma pessoa de poucas palavras. Depois de descobrir que o pequeno Jesus se perdido da caravana que voltava de Jerusalém para Nazaré, Ela e José, seu esposo voltaram e encontraram o menino no templo, conversando com os mestres. Por três dias o pequeno Jesus, agora com12 anos, havia estado no templo conversando sobre o Reino de Deus. Passada a preocupação, Maria guardou todas essas coisas no coração, provavelmente se lembrando das palavras do anjo Gabriel.

A maior fala de Maria em todo o evangelho acontece logo após ela receber essa notícia do anjo Gabriel. Não foi um discurso, não foi uma profecia, não foi uma poesia, nem um protesto. Foi uma oração em forma de canção.

A Canção

A partir dessa canção de Maria eu gostaria de compartilhar três dos motivos que faziam daquela jovem uma pessoa especial.

Então disse Maria:




Minha alma engrandece ao Senhor (1) e meu espírito se alegra em Deus (2), meu salvador (3); pois atentou para a humildade de sua serva.

De agora em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, pois o Poderoso fez grandes coisas em meu favor; santo é o seu nome.

A sua misericórdia estende-se aos que o temem, de geração em geração. Ele realizou poderosos feitos com seu braço; dispersou os que são soberbos no mais íntimo de seu coração.

Derrubou governantes dos seus tronos, mas exaltou os humildes. Encheu de coisas boas os famintos, mas despediu de mãos vazias os ricos.

Ajudou a seu servo Israel, lembrando-se da sua misericórdia para com Abraão e seus descendentes para sempre, como dissera aos nossos antepassados.

Por que Maria? O que tinha ela de especial?

(1) Maria era especial porque ela louvava ao Senhor com suas emoções... Minha alma engrandece ao Senhor. A alma é a sede das emoções. Os sentimentos, agradáveis ou desagradáveis, deixam marcas em nossas almas. Maria colocou suas emoções a serviço do louvor, do engrandecimento de Deus.

Nós vivemos em um mundo que se alimenta de emoções fortes e intensas. São tempos pós-modernos em que os sentimentos têm-se tornado o centro da vida.

Na TV, em meio a uma manifestação, o repórter, com um grande sorriso no rosto pergunta: e aí, o que você está sentindo? No intervalo, o anúncio sobre uma entrevista diz “não perca o depoimento de fulano de tal, você vai se emocionar”. A chamada no rádio sobre o novo sabor de um refrigerante diz: “Prove essa emoção!”

As emoções fazem parte da vida, mas elas não são a vida. Viver em função das emoções é se contentar só com uma parte da vida. A vida é cheia de emoções e não devemos, nem podemos deixá-las de lado, mas há muito mais que isso.

Maria era especial, porque seus medos, suas alegrias, as angústias, as incertezas, sua raiva, sua determinação, sua indignação, estavam à disposição para louvar ao Senhor.


A vida emocional de Maria não era um refúgio, um esconderijo para ela fugir da presença de Deus, mas um livro aberto diante Dele. Por isso, ela podia dizer: a minha alma engrandece ao Senhor. Sua alma engrandece ao Senhor, ou tem-se escondido Dele? Você é capaz de expor o que sente diante de Deus

Deus conhecia o turbilhão de emoções que se passava no coração de Maria. A jovenzinha aprendeu a colocar essas emoções com transparência e confiança diante do Senhor. Ela dispôs sua vida emocional para declarar sua dependência Dele. Deus também conhece o que se passa em seu coração agora, mas Ele quer ouvir a sua voz. Experimente fazer como fez Maria: seja franco com o Senhor. Louve a Ele com suas emoções.

Por que Maria? O que tinha ela de especial?

(2) Em segundo lugar, Maria era especial porque a fonte da sua alegria era o Senhor... Meu espírito se alegra em Deus... O espírito é a sede do nosso relacionamento com Deus, a imagem dele em Nós. É esse o ponto de conexão que nos liga com a eternidade. Maria extraia a alegria da sua vida da sua relação com Deus.

Há uma sede muito grande em nós. É uma sede de significado, de sentido pra vida. Essa sede tem sido aplacada de várias maneiras durante a existência humana. Uma delas é a grande onda espiritualista dos últimos 50 anos.

É impressionante constatar que o mundo virtual do século XXI é um mundo tremendamente espiritualizado. O sujeito liga seu computador de última geração, acessa a internet banda largar e entra em um site para ver horóscopo do dia.

Mesa branca, o jogo do copo, cartomancia, reencarnação, energias espirituais positivas, adivinhações, encostos, o deus e a deusa do paganismo, horóscopo chinês, búzios, meditação, fechar o corpo, tomar um passe, receber uma oração poderosa... Somos uma nação escancarada a todo tipo de expressão de espiritualidade capaz de aliviar um pouco essa sede propósito que nos aperreia a vida.

Como todas as mulheres da sua época, Maria tinha um sonho. Não apenas um sonho: casar e ter filhos. Mas não era apenas um sonho. No mundo em que Maria vivia, casar e ter filhos era o próprio sentido da vida.

Agora lhe chega um anjo, diz que ela vai ficar grávida. A pobre Maria ainda perguntou: como, se sou virgem? A virtude do espírito a cobriria. Um filho sem pai, um noivado desfeito e nome na sarjeta.

No meio de tudo isso e ainda sem saber como tudo aconteceria, Maria buscou significado para sua vida em seu relacionamento com o Senhor. Seu espírito se alegrava Nele. Em que o seu espírito se alegra? O que é que faz com que sua vida tenha sentido? Onde você tem procurado a sua alegria?

Através do profeta Jeremias, o Senhor lançou uma alerta sobre a fonte da nossa alegria.

“ O meu povo cometeu dois pecados terríveis: eles me abandonaram a mim, fonte de água viva; e cavaram suas próprias cisternas, cisternas rachadas que não retêm água.” (Jeremias 2:13 NVI)

Todos nós somos desafiados, pelas palavras de Maria em sua oração, a abandonarmos as cisternas rachadas das nossas vidas e procurar nossa alegria no Senhor. Ele é a fonte de água viva.

Por que Maria? O que tinha ela de especial?

(3) Em terceiro lugar, Maria era especial porque ela tinha uma imagem correta sobre si mesma... O Senhor é o meu salvador...

Algumas pessoas ficam chateadas, até com raiva, quando alguém afirma: eu sou salvo. “É muita arrogância achar que está salvo”. Seria realmente arrogante se essa salvação fosse pelo meu esforço. Maria não diz: eu tenho a salvação; ela diz: o Senhor é o meu salvador. Há uma sutil diferença.

Maria sabia que não poderia salvar-se a si mesma, mas ela não tinha dúvidas sobre o amor e salvação que há em Deus. Ela tinha uma imagem correta sobre si mesma.

Muitas pessoas têm uma péssima imagem sobre si mesmas. Acham-se inferiores, indignas, e incapazes. Pensam sobre si aquém do que realmente são: seres humanos criados à imagem e semelhança de Deus, e por isso são incapazes de enxergar o amor de Deus por elas. Há em você um reflexo de Deus. A bíblia diz que Deus já provou o amor dele por você entregando Jesus para morrer na cruz. Levante a cabeça!

Já outras pessoas têm uma imagem excessivamente positiva sobre si mesmas. Acham-se superiores, cheios de direitos e capazes de fazer qualquer coisa com seu esforço próprio, por isso são incapazes de enxergar o seu estado de pecado e rebeldia. A Bíblia diz que todos somos pecadores e precisamos de Deus. Por isso seja mais modesto ao pensar sobre si mesmo. Dobre os Joelhos!

Nem aquém, nem além. Maria tinha uma imagem correta sobre si mesma. Também eu e você somos desafiados a corrigir a imagem que temos de nós mesmos. É na palavra de Deus que essa imagem é corrigida. Por isso, abandone as crendices e a religiosidade e use a bíblia como um espelho para enxergar quem você é. Nem aquém, nem além.

Conclusão


O anjo, aproximando-se dela disse: “Alegra-te agraciada! O Senhor está com você!”. (Lucas 1:28 NVI)

Alegre-se minha irmã! O Senhor está com você. Gerar o salvador em seu próprio útero foi um privilégio exclusivo de Maria, uma mulher especial, uma mãe especial.

Mas você também pode se tornar uma pessoal especial para os propósitos de Deus. Seus filhos e marido e cada uma de vocês pode se tornar instrumento pronto para ser usado por Deus. Ele quer fazer isso. Deus que todos sejamos especialmente usados por Ele.

Que tal fazer como Maria?

Primeiro, louve ao Senhor com todas as suas emoções. Não esconda nada dele. Abra suas emoções e sentimentos em oração e clamor diante dele. Ele vai compreender.

Segundo, descubra as cisternas rachadas que você construiu na sua vida. Pessoas e situações que se transformaram no sentido e propósito da sua existência. Abra mão delas e busque a fonte de água viva. O Senhor Deus.

Terceiro, use a Bíblia, a palavra de Deus como um espelho para você enxergar exatamente quem é. Não pense menos, nem mais; Nem aquém, nem além. Procure conhecer ao Senhor. Ele vai lhe mostra sua verdadeira imagem.