10 fevereiro 2017

Jesus, o fariseu e a mulher pecadora


36Convidado por um dos fariseus para jantar, Jesus foi à casa dele e reclinou-se à mesa. 37Ao saber que Jesus estava comendo na casa do fariseu, certa mulher daquela cidade, uma ‘pecadora’, trouxe um frasco de alabastro com perfume, 38e se colocou atrás de Jesus, a seus pés. Chorando, começou a molhar-lhe os pés com as suas lágrimas. Depois os enxugou com seus cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume.
Lucas 7:36-38 (NVI)

Nossa história tem três personagens: Jesus, um fariseu chamado Simão e uma mulher. A história se passa na casa de Simão, durante um jantar.

Ao que parece, aquele era um jantar formal, pois Jesus tomou lugar à mesa, isto é, havia um lugar separado especialmente para ele; É possível que Simão houvesse convidado Jesus após ouvi-lo expondo as Escrituras em algum lugar;

Jesus, portanto, era um convidado especial. Mas a outra personagem, a mulher, não fazia sequer parte da lista de convidados; não que ela fosse desconhecida na cidade, mas porque possivelmente era uma prostituta.

Naquela época, as casas de pessoas ricas eram construídas em torno de um pátio aberto que parecia uma pequena praça. Muitas vezes, havia no pátio um jardim e uma fonte; era ali que eles comiam nos dias quentes. Era costume, quando um rabino era convidado, virem todo tipo de pessoa; ninguém era impedido de ouvir as pérolas de sabedoria que saíam da sua boca. Foi ali, no pátio interno casa de Simão que tudo aconteceu.

No Oriente, os convidados não se sentavam em cadeiras, mas reclinavam à mesa, em sofás baixos, apoiando-se em seu braço esquerdo para liberar o direito para comer. Tinham os pés estendidos para fora do sofá e estavam sem sandálias durante as refeições. Pode-se entender assim como a mulher chegou aos pés de Jesus.

Os sofás eram dispostos ao redor de uma mesa longa e baixa, ou, algumas vezes, no lugar da mesa, havia apenas grandes pratos de madeira colocados ao longo do centro da sala. Em um jantar formal, o sofá de cada convidado era colocado segundo a ordem da sua posição de importância naquela reunião.  

Ao chegar, todos tiravam as sandálias ou chinelos, e os deixavam à porta. Os servos ficam de pé, por detrás dos sofás, com uma bacia rasa e larga no chão, e derramavam água sobre os pés dos hóspedes.

Hoje em dia algumas cortesias são esperadas por alguém que é recebido na casa de outra pessoa, como cumprimentos de mão, beijos na face, uma palavra de bem-vindo, a indicação de um lugar para sentar.

Naquele tempo também eram esperadas pelos hóspedes algumas cortesias: um beijo de saudação, água para lavar os pés e óleo perfumado para ungir a cabeça.

Curiosamente, o texto de Lucas fala apenas que Jesus chegou à casa de Simão e ocupou o lugar que estava separado para ele. Não há qualquer menção   a respeito dos rituais de recepção que seriam esperados numa ocasião como esta.

Por que Simão convidou o mestre e negou-lhe as boas vindas? Não é estranha a forma como Simão se comportou? Será que ele gostava realmente de Jesus, ou não? Jesus era um convidado especial naquela festa, mas somos forçados a nos perguntar se Jesus era realmente importante para Simão.

Ainda hoje muitas pessoas agem em relação a Jesus da mesma forma: preparam uma festa para homenageá-lo, convidam os amigos, mas deixam de lado o próprio Jesus.

Nesse ponto da história entra em cena a mulher tida como pecadora, que era conhecida de todos.

37b...certa mulher daquela cidade, uma ‘pecadora’, trouxe um frasco de alabastro com perfume, 38e se colocou atrás de Jesus, a seus pés. Chorando, começou a molhar-lhe os pés com as suas lágrimas. Depois os enxugou com seus cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume.
Lucas 7:37 (NVI)

Os convidados estavam todos em seus lugares. A comida estava servida e as conversas preenchiam o ambiente no pátio interno da casa de Simão. Jesus também estava deitado de lado, apoiado em um dos braços e com os pés fora do sofá.

De repente, entra no ambiente uma mulher conhecida na cidade por ganhar a vida nos prostíbulos. Muitos homens ali a reconheceram.

Ela colocou-se atrás, aos pés de Jesus. Chorou ao ponto de molhar os pés dele. Enxugou-os com os cabelos, beijou-os e depois os ungiu com um perfume muito caro.

Os olhos de todos ali estavam voltados para aquela cena inusitada, surpreendente. Aquela mulher estava fora do seu ambiente. No entanto, ela se expôs e se dispôs a enfrentar aquela situação (e o julgamento de todos) para demonstrar o quanto Jesus era importante para ela.

O quanto nós estamos dispostos a fazer o mesmo, irmãos, a demonstrar a importância de Jesus em nossas vidas? Qual o tamanho do nosso amor por ele? Qual o tamanho de nossa gratidão diante do que ele fez por nós?

Na verdade, não havia como aquela cena passar despercebida do restante dos convidados, e do próprio Simão, o anfitrião. Seja pela força das imagens, seja pela disposição de todos ali no pátio interno da residência de Simão.

Ele talvez tenha maneado a cabeça e feito algum gesto com os lábios. Mas Lucas afirma que o Fariseu falou consigo mesmo nos seguintes termos:

39"Se este homem fosse profeta, saberia quem nele está tocando e que tipo de mulher ela é: uma ‘pecadora’ ". Lucas 7:39


A forma como Simão reagiu àquela cena inusitada revelou seu coração e algumas de suas convicções. Normalmente não falamos muito sobre nossas convicções, nossas crenças, mas elas têm um papel importante na maneira como vivemos nossa vida. Uma outra forma de dizer a mesma coisa é que aquilo em que cremos direciona nossas ideias.

Embora seja difícil, irmãos, refletir sobre os próprios pensamentos e considerar o porque das nossas reações, isso pode ser um bom exercício para expor nossa alma diante de Deus. Quem reflete sobre si mesmo tem a possibilidade de tirar a trave do próprio olho antes de tentar tirar o cisco do olho de outra pessoa.

O que podemos deduzir a partir de sua fala a respeito dos pensamentos de Simão?

1.    Parece que Simão considerava aquela mulher alguém inferior a ele. Ela era uma pecadora e sua atitude ali certamente não era bem-intencionada. Por causa dos costumes ele não a proibiu de entrar em sua casa, mas definitivamente para Simão ele e ela não eram do mesmo tipo de pessoa.

Infelizmente, irmãos, esse tipo de pensamento não é raro entre pessoas que se dizem seguidoras de Jesus. Como alguém que foi salvo pela graça de Deus, que foi amado por Deus quando estava morto em delitos e pecados, pode se considerar superior a outra pessoa? Realmente uma atitude assim nada tem a ver com o evangelho de Jesus.

2.    Outra coisa importante na fala de Simão é que ela parece revelar uma "agenda escondida". Ele chamou Jesus para um jantar, mas o que queria mesmo era saber se o jovem Rabino era um profeta de Deus. A conclusão a que ele chegou foi um definitivo NÃO. Se ele fosse profeta saberia que aquela mulher era uma prostituta e não permitiria que ela o tocasse. Afinal de contas, deve ter pensado, profetas não se misturam com gente desse tipo.

Simão tinha a si mesmo em alta conta. E é claro que para alguém ser um profeta deveria ser ainda melhor do que ele. Aparentemente Jesus não tinha passado no teste de Simão.

Ao ouvi-lo Jesus percebeu que Simão não tinha uma visão correta sobre si mesmo. Ele não se achava apenas uma boa pessoa, mas melhor que muita gente; e que por isso Deus o amava e o havia escolhido. Simão acreditava que era amado por Deus porque vivia uma vida correta.
Por isso ele também só amava as pessoas que viviam uma vida correta. Certamente que aquela mulher não vivia uma vida correta de acordo com o ponto de vista de Simão.

Nós também, irmãos, somos tentados a ir pelo caminho de Simão: amarmos os certinhos porque acreditamos que Deus também ama os certinhos. Mas Jesus falou algo muito diferente disso em outra ocasião:

17Ouvindo isso, Jesus lhes disse: "Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores".
Marcos 2.17 (NVI)

O Senhor decidiu, então, contar uma história para ajudar Simão. Lucas 7:40-43  

- Respondeu-lhe Jesus: Simão, tenho algo a lhe dizer.

- Dize, Mestre, disse ele. 

- Dois homens deviam a certo credor. Um lhe devia quinhentos denários e o outro, cinquenta. Nenhum dos dois tinha com que lhe pagar, por isso perdoou a dívida a ambos. Qual deles o amará mais? 

- Simão respondeu: Suponho que aquele a quem foi perdoada a dívida maior. 

- Você julgou bem, disse Jesus.

Na história de Jesus, amor é o que acontece na vida de alguém que foi perdoado. Quanto mais uma pessoa reconhece é devedora ao ser perdoada, tanto mais ela percebe o tamanho do perdão que recebeu; e aí seu coração se enche mais ainda de gratidão por aquele quem o perdoou.

A única linguagem que Simão conhecia para o relacionamento com Deus era viver uma vida correta. Por isso, quando ele viu aquela mulher abraçada aos pés de Jesus ele imediatamente pensou: isso não está certo! Ela é uma pecadora! Pecadores não tem nada a oferecer a Deus.

A mulher, no entanto, aprendeu uma outra linguagem, outra forma de se aproximar de Deus: o amor. Ela e o fariseu eram devedores diante de Deus. Nenhum dos dois podia pagar sua dívida. Mas ao contrário dele, ela reconhecia o estado em que se encontrava. Por isso, ao ser perdoada, seu coração encheu-se de amor e gratidão.

Já Simão achava que sua dívida nem era tão grande assim, pois ele era uma boa pessoa e fazia tudo certinho. Como ele pensava que não havia muita coisa para Deus perdoar, o seu amor por Deus era pequeno e debilitado.

Você já pensou que seu amor por Deus e pelas pessoas pode estar enfraquecido porque você não tem ideia de quão imensa era sua dívida e de quão grande foi o perdão de Deus em sua vida?

10Tal como as Escrituras afirmam: Ninguém é bom - ninguém no mundo inteiro é inocente.11Ninguém jamais seguiu realmente as veredas de Deus, nem mesmo desejou verdadeiramente fazê-lo.12Todos se desviaram; todos caíram no erro. Ninguém, em parte alguma, fez só o que é direito durante toda a sua vida nem uma só pessoa.13O que falam é abominável e tão sujo quanto o mau cheiro de uma sepultura aberta. Suas línguas estão cheias de mentiras. Tudo o que dizem tem o ferrão e o veneno de serpentes mortíferas.14Suas bocas estão cheias de maldição e de amargura.15Estão prontos para matar, odiando qualquer um que não concorde com eles.16Por onde quer que vão, eles deixam a miséria e o transtorno atrás de si.17Nunca chegaram a saber o que é sentir-se seguro e desfrutar as bênçãos de Deus.18Não se importam com Deus, nem tampouco com o que Ele pensa deles. (...)23Sim, todos pecaram; todos fracassaram, e não puderam alcançar o glorioso ideal de Deus;24no entanto, Deus nos declara agora "sem culpa" das ofensas que Lhe fizemos se confiarmos em Jesus Cristo, aquele que em sua bondade tira os nossos pecados gratuitamente.
Romanos 3.10-18, 23,24 (BV)

Era essa a situação em que você se encontrava quando o Senhor o encontrou, o amou e pagou o preço pela sua vida, meu irmão.

Jesus contou aquela história para ajudar Simão a compreender de onde vinha o amor que fez aquela mulher se expor e se dispor diante de todos a demonstrar a importância de Jesus para ela. Ao terminar a história, Jesus voltou a falar com Simão:

44Então, virou-se em direção à mulher e declarou a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me trouxeste água para lavar os pés, como é o costume. Esta, porém, molhou os meus pés com suas lágrimas e os enxugou com os próprios cabelos.45Da mesma maneira, tu não me saudaste com um beijo na face, como é tradicional; ela, todavia, desde que cheguei não cessa de me beijar os pés.46E mais, tu não me ungiste a cabeça com óleo, como era de se esperar, mas esta mulher, com puro bálsamo, ungiu os meus pés.47Por tudo isso, te asseguro: o grande amor por ela demonstrado prova que seus muitos pecados já foram todos perdoados. Mas onde há necessidade de pouco perdão, pouco amor é revelado.48Em seguida, Jesus afirmou à mulher: “Perdoados estão todos os teus pecados!
Lucas 7.44-48 (KJA)
Um dos versos da canção que cantamos no começo diz assim:

Só quem conhece a grandeza do perdão que recebeu, entrega em amor todo o tesouro seu, para adorar a Deus.

O que o impede de falar para todos o quanto Jesus é importante para você? Se você tem caminhado na mesma direção de Simão e deixado sua gratidão a Jesus esfriar, o tempo de mudar chegou.

Esse é um bom momento de derramar sua vida em adoração, como um perfume agradável a Deus. Sim! É hora de renovar sua gratidão pelo imenso amor com que Deus o amou! Eu o convido a cantarmos mais uma vez a canção Vaso de Alabastro.

Antes, porém, quero deixar uma palavra para você que ainda não se rendeu-se a Jesus e continua se esforçando para ser aceito por Deus:

- A religião não pagará sua dívida;
- Os muitos cultos não pagarão sua dívida;
- As promessas cumpridas e os terços rezados não pagarão sua dívida;
- As orações sem fim, correntes, novenas e preces poderosas não pagarão sua dívida.

Apenas Jesus pode fazer isso. Na verdade, Ele já pagou. O que você precisa fazer é deixar-se alcançar pela Maravilhosa Graça de Deus e receber pela fé aquilo que jamais vai alcançar por esforço próprio.

Se você quer abrir mão do penoso esforço de tentar ser certinho quando Deus lhe quer perfeito e parar de entregar moedinhas para tentar pagar uma dívida de milhões...

Se você reconhece o quão necessitado do perdão você é...

Saiba que o Senhor quer dizer para você o mesmo que ele disse àquela mulher: Perdoados estão todos os seus pecados.

31 outubro 2016

Caminhos de morte, vereda de vida!



Boa noite, irmãos. Graça, paz e sabedoria, da parte de Deus, É uma alegria para mim compartilhar o evangelho de Jesus com os irmãos nesta noite. Minha gratidão ao pr. Raul pelo convite e aos irmãos pela companhia nesta celebração ao Filho de Deus.
  
Hoje, sob o tema “Caminhos de morte, vereda de vida” seremos desafiados pela palavra de Deus a experimentar o poder transformador de Cristo.
  
Há muitos caminhos para se viver a vida, irmãos. Dentro e fora da igreja as opções de vida são variadas. Elas brilham diante de nós como letreiros luminosos! Cada um desses caminhos nos atrai para si mesmo e nos promete coisas que queremos. Por onde devemos ir?

Uma pergunta importante para esse começo de conversa é: será que nossas opções de vida, as decisões que tomamos diariamente, a maneira como nos relacionamos com as pessoas, o jeito como resolvemos nossos problemas são testemunhos sobre a novidade de vida a que fomos chamados por Jesus?

O nosso texto base fala sobre isso. Está em Provérbios, escrito por Salomão e outros sábios:

Há caminhos que ao ser humano parecem ser as melhores opções de vida, mas ao final conduzem à morte. Pv 14.12

Toda vez que leio esse texto é como se eu fosse sacudido! Alô, Aristarco! Você pode estar enganado, sabia? Você pode, inclusive, estar enganando-se a si mesmo, amigo! O caminho que você escolheu com tanto cuidado como algo bom pra sua vida pode ser, na verdade, uma grande armadilha. Caminho de morte!

Três histórias

Três histórias recentes divulgada nos jornais vão nos servir de ilustrações sobre esses muitos caminhos que se apresentam diante de nós:

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Ela era muito feliz!

A mulher indonésia que assassinou a amiga com cianureto no café porque a considerava uma pessoa feliz foi condenada nesta quinta-feira (27) a 20 anos de prisão. Residente na Austrália, Jessica Wongso, de 28 anos, envenenou em 6 de janeiro de 2016 sua compatriota Wayan Mirna, de 27 anos, em uma cafeteria de Jacarta.

O juiz Binsar Gultom afirmou que Jessica tinha problemas pessoais, trabalhistas e sociais, e quando se encontrou com Mirna em dezembro de 2015 e a viu tão feliz casada, pensou em assassiná-la. Jessica não demonstrou emoção ao ouvir o veredicto com sua sentença, segundo o jornal britânico "The Guardian".

Porque ela tem o direito de ser feliz e eu não? A pergunta que Jéssica pode ter feito é um clamor por justiça e igualdade. E o que há de errado em desejar que o mundo seja justo e as pessoas tenham as mesmas oportunidades? Como esse caminho que parecia tão legal para Stefano se transformou em caminho de morte?

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Quero ver se você tem coragem!

Gustavo Riveiros, de 13 anos, foi encontrado ainda vivo com uma corda pendurada no pescoço. Marco Riveiros, tio de Gustavo, relatou à Polícia que, após ter perdido uma partida de um jogo online, o garoto teria sido desafiado pelos outros jogadores a se enforcar.

Segundo o relato do tio, Marco Riveiro, que consta no boletim de ocorrência, o sobrinho brincava online com outros três colegas quando aconteceu o enforcamento. A cena teria sido acompanhada em tempo real pelos outros participantes do jogo.

Quem gosta de virar as costas a um desafio? Quem gosta de ser considerado medroso e covarde? Gustavo queria ser visto como alguém corajoso e ser aceito pelos amigos. O que há de errado nisso? Como esse caminho que parecia tão legal para Gustavo se transformou em caminho de morte?
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Eu só queria me divertir!

Stefano Brizzi, de 50 anos, admitiu ter estrangulado Gordon Semple, de 59, no flat em que morava em Londres (Inglaterra). Os dois haviam se conhecido por meio do aplicativo de paquera Grindr (leia mais aqui). Stefano desmembrou o cadáver e dissolveu partes dele em um banho de ácido - sinistro método utilizado pelo personagem Walt, da série famosa “Breaking Bad”.

Apesar do cenário de horror, Stefano disse no tribunal que não tinha intenção de matar o policial: “Não, eu só queria me divertir. Estávamos vendo filme pornô, eu só queria fazer sexo”, declarou ele. Inicialmente, pressionado pela polícia, Stefano declarou que havia matado o policial “sob ordens de Satã”.

O que há de errado em alguém querer se divertir? Não parece ser uma boa opção aproveitar o que a vida pode oferecer? Por acaso a diversão em si é algo errado? Como esse caminho que parecia tão legal para Stefano se transformou em caminho de morte?

Muitas propostas

A verdade, irmãos, é que há muitas propostas para vivermos nossas vidas. Há muitas maneiras diferentes pelas quais podemos viver nossos dias aqui. Por isso, uma pergunta é inevitável: quais dessas maneiras de viver são as melhores?

      Devemos viver como se não houvesse amanhã?
      Devemos deixar a vida nos levar: vida, leva eu?
      Devemos tirar da vida tudo que ela pode oferecer?
      Devemos experimentar tudo sem arrependimento?

Alguém pode pensar que não faz diferença se vivemos de um jeito ou de outro, que tudo isso é só uma questão de gosto ou de opção pessoal, mas a experiência confirma que a maneira como vivemos é determinante não só para o nosso futuro, mas também para o futuro daqueles que nos cercam.

Será que Jéssica fez o melhor ao colocar a própria felicidade como algo inegociável? Será que Gustavo estava certo acreditando que a aceitação de seus amigos era o seu bem mais precioso naquele momento? Será que Stefano tomou a melhor decisão ao colocar a diversão como o objetivo maior de sua vida?

Momentos decisivos

Assim como nós, Jesus viveu momentos decisivos em que precisou resolver como ele ia lidar com as circunstâncias do dia a dia. Ele precisou decidir o que era mais importante que tudo em sua vida e descobrir como lidar com os dias difíceis... como responder ao medo... o que fazer quando ele sentisse forte o poderoso... como responder aos sentimentos de insegurança.

Momentos assim são realmente importantes. O que fazemos nesses momentos define o tipo de pessoa em quem nos transformaremos. Nossas convicções nessa hora são como bússolas que nos guiam por entre as muitas opções de vida que estão disponíveis diante de nós.

Um desses momentos vividos por Jesus foi quando ele passou 40 dias no deserto. Ali ele tomou várias decisões. Ali no deserto ele enfrentou questões importantes sobre os objetivos de sua vida e sobre onde estava depositada sua confiança.

(1)          Em quem confiamos?

O primeiro desafio que Jesus enfrentou foi exatamente a respeito da sua confiança no Pai.

Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. Mt 4.3

Será que o tentador tinha dúvida sobre quem Jesus era? Claro que não! Será que os anjos que testemunhavam aquela cena tinham dúvida sobre quem Jesus era? Certamente não! E Jesus tinha dúvida sobre quem ele era? Absolutamente não! A questão ali não era sobre a identidade de Jesus, mas sobre onde estava sua confiança: “você realmente confia no Pai? ”, perguntou o tentador?

Bastava uma ordem para que das pedras surgissem pães, mas Jesus não fez isso. Ele se negou a dar um jeitinho na situação. Negou-se a fazer uma contabilidade criativa para se garantir. Ele preferiu confiar que aquela situação difícil e sofrida estava sendo acompanhada pelo Pai e seria usada por Ele para o seu bem.

Veja que são caminhos diferentes, meu irmão: O tentador propõe que você transforme as pedras de sua vida em pães e mate sua fome. Ele afirma que você pode ser o seu próprio herói. Não é preciso andar pelos caminhos tortuosos de Deus, porque pode ser arriscado. Ninguém sabe o que ele vai fazer.
A proposta do evangelho de Jesus é que você não fuja do deserto pelas suas próprias forças. É um chamado para você confiar naquele que o levou até o deserto. Por isso, a resposta de Jesus:

Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Mt 4.4

Ali no deserto a fome de Jesus era a mais básica de todas: fome de pão mesmo. No deserto de concreto em que estamos, a fome que temos às vezes é de outro tipo: de roupa (bacana), de tênis/sapato (legal), de carro (novo), de celular (moderno), de apartamento (maior), de emprego (seguro), de TV por assinatura, de plano de saúde.

O que você vai fazer com essa fome? Existem alguns caminhos que parecem ser bons:

Carro novo – fazer um financiamento em 60 meses e depois cola um adesivo: foi Deus quem me deu – Jesus na frente!
Celular moderno – comprar um usado em estado de novo pela metade do preço. Daqueles que já vem fotos e contatos (do antigo dono).
Apartamento – comprar comprovante de renda pra declarar renda formal.
TV por assinatura – contratar os serviços daquele técnico que vende, ele mesmo, o pacote completo da NET: la garantia soy yo!

Se você pode transformar pedras em pães, por que não fazer?  Porque quando transformamos pedras em pães, estamos perdendo a oportunidade de confiar no Senhor e na promessa que ele nos fez de nos consolar e animar em meio ao sofrimento, dor, angústia, amargura e tristeza que são plantadas em nossas almas.

A caminho de morte é transformar pedras em pães e sair logo do deserto. A vereda da vida é permanecer no deserto e, mesmo como fome, confiar na palavra que procede da boca de Deus.

Lembra da Jéssica, que matou a amiga porque não suportou a felicidade dela? E se a Jéssica tivesse enfrentado o deserto em que ela estava de outra forma? Se ela conhecesse o amor de Deus? Talvez ela haveria dito NÃO para a proposta de transformar pedras em pães. Sua fome de felicidade continuaria, mas ela teria recebido o consolo da presença de Jesus e, quem sabe, teria sido socorrida por anjos em suas necessidades.

(2)          Qual o preço do sucesso?

O segundo desafio que Jesus experimentou foi em relação a até onde estamos dispostos a ir para obter sucesso:

Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. Mt 4.6

O tentador ofereceu um caminho brilhante: um grande espetáculo tiraria Jesus no anonimato em que ele se encontrava naquele momento. Ele se jogaria do lugar mais alto do templo e seria aparado pelos anjos antes de se espatifar no chão. E como Jesus disse que preferia confiar na palavra de Deus, o tentador trouxe uma promessa registrada nas Escrituras para tornar a opção digna de crédito.

O que haveria de errado nisso? Não parece um bom caminho? Não é uma promessa de Deus? Jesus não estaria exatamente confiando no Pai? Não seria esse caminho uma garantia de sucesso? Olhando de longe parece um caminho largo e pavimentado.

Se você quer confiar em Deus e ao mesmo tempo garantir independência pessoal e sucesso, esse parece ser um jeito muito atrativo de viver. Pode-se ficar encantado com brilho desse espetáculo que tentar colocar Deus numa sinuca.

Mas Jesus percebeu que se tratava de uma ilusão: conciliar o irreconciliável. O show seria maravilhoso e as pessoas veriam imediatamente o sucesso do filho de Deus, e tudo pareceria aceitável, porque era o cumprimento de uma promessa feita por Deus nas Escrituras, mas aquilo significava romper seu relacionamento com o Pai.  Então ele respondeu o seguinte:

Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. Mt 4.7

Essa é a mesma proposta daqueles que hoje nos convidam a exigir de Deus o que nos é devido por promessa. Na mente dessas pessoas Deus está agora obrigado a fazer o que elas querem, porque está escrito.

Esse caminho despreza a importância do relacionamento com um Deus que não é um caixa eletrônico, mas uma pessoa com quem podemos conversa francamente através da oração que se revela através de sua Palavra. Assim, aquilo que parecia inicialmente um bom caminho para aprender a confiar no Senhor na verdade se revela uma rota direta para a morte da alma.

Jesus não estava disposto a pegar um atalho a fim de parecer bem-sucedido, ainda mais quando isso significava sacrificar o seu relacionamento com o Pai.

Ele sabia que as muitas promessas feitas nas escrituras não era botões mágicos para se obter coisas e favores. Nas Escrituras as promessas estão sempre num contexto de relacionamento. Promessas não devem ser exigidas, mas recebidas de coração grato. Quando o Senhor cumpre uma promessa em nossas vidas ele o faz por sua graça e misericórdia, não por força de uma obrigação.

Lembra do Gustavo? Quando que ele estava ali, jogando com os amigos, ele acreditou que precisava arriscar tudo. Ser aceito e reconhecido pelos amigos depois de sair por cima daquele desafio era o sucesso daquele momento.

Tudo poderia ser diferente se ele houvesse percebido a armadilha que estava a sua frente. Se naquela hora crucial houvesse a possibilidade de escolher pelo amor, a aceitação e o reconhecimento do amigo Jesus... A história teria sido outra!

Há muitas coisas que fazem a gente se sentir bem-sucedido na vida, mas nenhuma delas é tão importante quanto o nosso relacionamento com Deus.

(3)          Uma vida sem limites

O terceiro desafio que Jesus enfrentou foi sobre limites. Será que a vida deve ser vivida sem limites? Isto é, será que devemos ir até as últimas consequências em tudo que fizermos? Ou seria melhor colocar limites naquilo que fazemos?

Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Mt 4.9

A oferta do tentador é um desaforo! Ele pede ao filho de Deus que se prostre e o adore. Por que ele fez essa proposta sem sentido? Penso que ele queria se aproveitar da situação em que Jesus se encontrava: ao assumir a forma humana Ele limitou-se a si mesmo.

Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! Fl 2.5-8
  
É como se o tentador olhando pra Jesus dissesse: “Ora, exploda-se o Pai, o mundo que ele criou e toda a raça humana! Você é livre para fazer o que quiser! Ninguém tem o direito de determinar a sua vida! Porque tanto sofrimento, tanta dificuldade? Você pode receber toda a glória que lhe foi prometida agora mesmo!”

Essa maneira de viver é oferecida o tempo todo para nós: “Dane-se tudo e todos! O importante é realizar o seu sonho! Essa vida é muita você tem mais é que curtir! A única coisa que importa é você encontrar sua feliz! Tire da vida tudo que ela pode lhe oferecer!”

Com essa forma de pensar em mente, o ser humano e capaz de cometer atrocidades inomináveis e maldades que nunca imaginávamos se capazes de fazer. Como base nessa forma de pensar, famílias são destruídas, empresas são fraudadas, impostos sonegados, florestas destruídas, pessoas assassinadas, crianças violentadas, mulheres espancadas e empregados explorados.

Jesus responde ao tentador reafirmando o entendimento que o trouxe a este mundo: a verdadeira liberdade está em respeitar os limites do amor.

Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto. Mt 4.10

Jesus deixa claro que não está disposto a viver uma vida sem limites. Ele não vai fazer de tudo para receber a glória que lhe justa. Ele colocar nada, nem mesmo a glória que lhe pertence por justiça, acima do relacionamento dele com o Pai.

Lembra do Stefano? Ele disse que só queria uma noite de curtição e prazer, mas acabou cometendo um crime vil e inominável contra outro ser humano. Talvez, se ele entendesse os limites como parte da vida... se ele compreendesse que limitar as próprias vontades pode ser uma expressão de amor... Se o exemplo de Jesus estivesse vivo em sua mente... A história poderia ser outra.

A renovação da mente

Concluo nossa reflexão dessa noite ressaltando que a única maneira de escaparmos dos caminhos de morte é encontramos a vereda de vida. Jesus afirmou que ele mesmo é a vida. Mas como isso acontece?
Precisamos permitir que nossa maneira de pensar, isto é, a forma como entendemos o mundo, seja mudada. Você não pode ser a mesma pessoa e pensar do mesmo jeito depois que Jesus para a ser o seu Senhor.

A nossa mentalidade, isto é, nossas convicções, opiniões e opções de vida precisam transformadas mesmo, pela renovação constante que o Espírito realiza através da Palavra de Deus. Veja o diz o apóstolo Paulo

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Rm 12.2


As muitas opções de vida que se oferecem a todo instante, mas quando elas encontram em nós uma mente renovada pelo Espírito, fortalecida pelas convicções do amor de Deus e confiante no exemplo deixado por Cristo Jesus, o resultado é que os caminhos de morte são rejeitados e a vereda de vida se torna nossa trilha diária, e começamos a experimentar como a vontade de Deus é boa perfeita e agradável.

09 outubro 2016

Jesus Cristo: Senhor e Rei



SENHOR E REI

Hoje vamos complementar nossa compreensão sobre Jesus lembrando dois aspectos muito importantes no entendimento que os primeiros discípulos tiveram sobre ele: os escritores do Novo Testamento são unânimes em apresentar Jesus como SENHOR E REI. O texto que usaremos como base para essa reflexão está no Apocalipse de João, o livro que encerra o Novo Testamento.

João era um dos doze, possivelmente um dos mais novos e provavelmente o último dos apóstolos a morrer. Ele escreveu um dos evangelhos, três cartas e o apocalipse.

11 E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava montado nele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga a peleja com justiça. 12 Os seus olhos eram como chama de fogo; sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo. 13 Estava vestido de um manto

Escola Bíblica - Um por todos, todos por um - Sujeitando-nos uns aos outros


Sujeitando-nos uns aos outros
21 Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo. Ef 5.21

O conceito de submissão é usado por muitos escritores bíblicos para descrever uma variedade de comportamentos cristãos. Paulo advertiu a todos os cristãos (homens e mulheres) que se sujeitem uns aos outros (Ef 5.21). Como assim? Seria colocar essa proposta de Paulo em prática?

O modo mais comum que conhecemos para lidar com autoridade e submissão é a cadeia de autoridade que é, por excelência, a prática adotada pelos militares. Nesse modo de ver cada pessoa está submetida a autoridades superiores e exerce autoridade sobre quem está nos andares de baixo. As empresas também adotam essa prática e estabelecem um organograma no qual fica claro quem tem autoridade sobre quem e a quem cada um deve prestar contas de seu serviço.

Embora seja repudiada por muita gente, a cadeia de autoridade explica várias coisas a respeito do mundo espiritual e, aqui entre nós, faz os processos corriqueiros acontecerem de forma efetiva, por meio da obediência e prestação de contas à autoridade superior.

No entanto, esse conceito de submissão mútua proposto pelo apóstolo Paulo é muito mais arrojado do que os arranjos que estamos acostumados ao lidarmos com autoridade e submissão. O desafio que ele faz é de que todos se sujeitem uns aos outros. Isso é possível? Não seria o caos?