Boa
noite, irmãos queridos. Que o Senhor seja a força de suas vidas! Que vocês
encontrem nele o lugar seguro para os dias difíceis! E sejam alcançados pela
sabedoria que vem do alto. Minha
gratidão à juventude desta igreja e em especial ao Wellington pela oportunidade
de compartilhar a palavra de Deus nesta noite.
Nunca
me canso de agradecer a Deus pela liberdade que temos de fazer isso: reunir-nos
livremente, abrir as escrituras, lê-las e refletir sobre seus ensinamentos.
Isso é um privilégio que muitos irmãos amados ao redor do mundo não têm. Apenas
esse entendimento já seria suficiente para considerar cada encontro como este
um presente dos céus.
Durante
os próximos minutos iremos pensar juntos sobre UNIDADE, um dos temas mais
importantes para a igreja, sobretudo nos tempos difíceis que vivemos. Penso que
os irmãos foram felizes em escolher esse assunto, sobretudo quando desejam
tratar não uma unidade qualquer, mas da unidade que agrada a Deus.
Quando
me refiro a tempos difíceis, não pensem que falo isso com algum saudosismo;
como se os dias passados fossem sempre melhores que o presente. Não! Seguir a
Jesus no passado não era mais fácil ou mais difícil. Porque cada época guarda suas
próprias dificuldades.
Os
tempos que vivemos, portanto, são difíceis porque trazem consigo desafios que
somos chamados a enfrentar hoje. São desafios desta geração. Desafios para mim
e para você. Um desses desafios é experimentar a unidade como uma vocação, um
chamado irresistível de Deus para nós.
O
texto que sobre o qual vamos tratar encontra-se no capítulo 17 do evangelho de
João. Vamos ler juntos os versos 20 e 21 e em seguida orar ao Senhor.
20 "Minha
oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por
meio da mensagem deles,21 para
que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também
estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Jo 17.20,21 (NVI)
A oração de Jesus
Jesus
vivia os momentos que antecediam sua prisão, julgamento, tortura, crucificação
e morte. Talvez os discípulos não tivessem clareza sobre o que viria, mas Jesus
sabia. Como um de nós, ele estava ansioso. Como um de nós, ele sofria
angustiado com o que havia de vir. Além disso ele antevia os dias difíceis que
seus discípulos iriam viver e isso, de alguma forma consumia seu espírito. O
que fez Jesus? Ele orou ao Pai.
O
capítulo 17 do evangelho de João é conhecido como “Oração Sacerdotal”, mas
talvez esse título pomposo nos afaste do coração amorosos e sensível do Senhor.
Ele, antevendo o caminho difícil a ser trilhado por seus discípulos, não
decretou vitória, não amarrou satanás, não ficou inconformado nem tampouco evocou
poderes angelicais. Jesus simplesmente orou e pediu ao Pai por seus discípulos.
Aqui, na disposição de Jesus para a oração há lições importantes, mas não é nosso
assunto hoje.
Jesus
falou muitas coisas importantes nesta oração, mas, por causa dos pedidos que
fez ao Pai por seus discípulos, este capítulo se tornou conhecido, como falei,
como uma oração sacerdotal, isto é, intercessora.
Há
algo maravilhoso nessa oração, porque Jesus deixa bem claro que ele não estava
intercedendo apelas pelos doze, ou pelos demais discípulos que o seguiam
naqueles dias. Ele afirma com todas as letras:
20 Não oro somente
por estes discípulos, mas igualmente por aqueles que vierem a crer em mim, por
intermédio da mensagem deles, (KJA)
Jesus
orou por você, meu irmão. Antes que você viesse a existir ele já intercedia
pela sua vida, pedindo por sua caminhada em direção ao Pai. Encha-se de alegria
e satisfação diante desse amor! Você não é um lobo solitário que vai vencer a
dureza da vida na marra; você é uma ovelha do rebanho do Senhor, ovelha amada e
cuidada por ele há muito tempo. Deixe de lado esse script de guerreiro
esforçado e permita que o amor de Deus o alcance, fortaleça e console.
É
importante lembrar que estamos diante de uma oração. Com isso quero dizer que
este capítulo não é um roteiro com tarefas que devemos seguir. Não estamos
falando de um “passo a passo” para
uma vida de sucesso. Estamos diante de uma maravilhosa conversa entre o Filho e
o Pai, através do Espírito. Estamos testemunhando a trindade conspirando em
nosso favor, tecendo teias de amor e bondade para nos sustentar nos dias
difíceis!
O
que Jesus pediu ao pai em sua oração?
(A)
Protege-os em teu nome (v.11)
Começando
no verso 11, Jesus pediu ao Pai que fôssemos protegidos, guardados. Vejamos:
11 Agora vou deixar o mundo e deixá-los a
eles também, para ir para junto de ti. Pai Santo, guarda-os sob o teu cuidado, todos aqueles que me deste, para que
permaneçam unidos, como nós estamos unidos (...) 15 Não te peço que os tires do mundo, mas
que os conserves a salvo do poder de Satanás. (OL)
Olhando
pelas frestas dessa oração, irmãos, parece-me que a unidade da qual Jesus está
falando é resultado, antes de tudo, da proteção e do cuidado de Deus sobre
nossas vidas. A verdade é que sempre que tentamos resolver nossas vidas por
conta própria corremos o risco de estragar tudo, por causa de nosso coração corrompido
e egoísta. Então, preste atenção: a unidade desta igreja, depende da sua
rendição aos cuidados de Deus.
Enquanto
estivermos confiados em nosso próprio esforço ou simplesmente na força do grupo
para que a igreja seja unida e tudo dê certo, não experimentaremos a unidade
que agrada a Deus.
Enquanto
for a sua mão, querido líder, a conduzir e proteger os irmãos ao seu redor,
ainda que você faça isso de boa vontade, não experimentaremos a unidade que
agrada a Deus.
Enquanto
sua confiança, amado irmão, estiver depositada nas mãos de alguém diferente do
Filho de Deus, não experimentaremos a unidade que agrada a Deus.
Apenas
se você estiver rendido aos cuidados do Pai, e protegido por Ele, a unidade
pela qual Jesus intercedeu será possível. Renda-se aos cuidados de Deus, meu
irmão! Confie no poder e no amor dele por você, ainda que as circunstâncias
pareçam desfavoráveis! Apenas nesse lugar de descanso, poderemos viver como um
povo de um só coração e de uma só mente.
(B)
Santifica-os na verdade (v.17)
No
verso 17 Jesus intercedeu por nós de outra maneira. Veja o que ele pediu:
16 Não são do mundo, como eu do mundo não
sou. 17 Santifica-os na tua verdade; a
tua palavra é a verdade.18 Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviei ao mundo.19 E por
eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na
verdade. (ACF)
Novamente
eu o convido a olhar pelas frestas dessa oração e enxergar como a unidade que
agrada a Deus pode tornar-se uma realidade entre nós.
No
pensamento comum do dia-a-dia, alguém é considerado santo por aquilo que faz. Isto
é, quando se vê alguém realizando algo que parece bom ou correto vê-se ali algum
tipo de santidade. Os católicos romanos têm um procedimento complexo e
cuidadoso para verificar se alguém pode ser considerado santo. Esse
procedimento passa pela verificação da vida moral e da comprovação dos milagres
realizados pelo candidato. Essa santidade é resultado do esforço pessoal para
uma vida disciplinada.
Em
sua oração, no entanto, Jesus parece falar de outro tipo de santidade. Digo
isso porque ele pediu a Deus que nos santifique. Santificar é o mesmo que
consagrar, isto é, separar para um propósito sagrado. Jesus deixa claro,
portanto, que a santidade na qual ele acredita é uma ação de Deus na vida das
pessoas, não uma ação das pessoas em direção a Deus, o que é bem diferente.
Assim,
em sua oração Jesus pede ao Pai para que Ele nos santifique, isto é, que Ele dê
a cada um de nós um propósito sagrado e nos inclua a cada um nos planos dele de
maneira que nos tornemos um povo de um só coração e uma só mente. Portanto,
irmãos, a unidade que agrada a Deus só acontece quando nós nos rendemos individual
e coletivamente aos propósitos eternos de Deus.
Para
experimentar essa unidade é preciso deixar que nossa maneira de pensar seja
moldada pela verdade. Porque é na verdade que somos santificados por Deus. Essa
verdade que santifica, segundo afirmou Jesus, é exatamente a palavra de Deus. É
a palavra de Deus que tem o poder de moldar nossa maneira de pensar e nos fazer
parte de um propósito sagrado.
Portanto,
para que esta igreja experimente a unidade que agrada a Deus, você precisa
submeter-se à Palavra de Deus. É preciso que você compreenda e adote o ponto de
vista de Deus sobre a vida, sobre as pessoas, sobre os relacionamentos, sobre
as coisas comuns da vida. A unidade não pode ser experimentada individualmente,
porque é algo coletivo por sua própria natureza, mas ela começa individualmente.
Pare
de resistir à Palavra! Admita suas limitações! Deixe que Deus o torne alguém
santo! Deixe-se ser incluído nos propósitos de Deus para este mundo. Deixe-se
ser santificado pela palavra e a unidade que agrada a Deus virá como um vento
suave e refrescante.
(C)
Que eles sejam levados à plena unidade (21-23)
Nos
versos 20 a 23 a oração de Jesus vai direto ao ponto da unidade. Vejamos:
20 "Minha oração não é apenas por eles.
Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, 21 para que todos sejam um, Pai, como tu
estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia
que tu me enviaste. 22 Dei-lhes a glória que me deste, para que
eles sejam um, assim como nós somos um: 23 eu
neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo
saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste.
Neste
terceiro ponto, quero chamar sua atenção para dois sinais externos, visíveis para os que estão fora da
igreja, de que estamos vivendo a unidade que agrada a Deus.
É
importante relembrar que a oração de Jesus não era apenas por seus discípulos
mais próximos... “os doze”, nem também pelos demais discípulos dessa época. Ele
deixou claro que intercedia por todos aqueles que viesse a crer no evangelho a
partir daquele momento. Portanto, a unidade de que Jesus estava falando não tem
fronteiras; junta todas as gerações de discípulos debaixo do mesmo modo de
pensar e sentir: uma só mente, um só coração.
Vejam,
agora, que coisa maravilhosa, irmãos: essa unidade que atravessa as gerações de
discípulos de Jesus está relacionada à proclamação do Evangelho: “...para que o mundo creia que tu me
enviaste.”.
Pelas
frestas da oração sacerdotal, somos levados a compreender que o mundo em nossa
volta, ao observar a forma como nos relacionamos uns com os outros, reconhecerá
que esse modo de viver não pode ser produzido apenas com boa vontade e esforço
pessoal. Então eles serão levados à conclusão de que o Jesus a quem seguimos é
o filho de Deus, o messias enviado, e crerão nele.
Esse
é o primeiro
sinal externo de que estamos
usufruindo da unidade que agrada a Deus: as boas novas são anunciadas de forma
natural e orgânica, como resultado da maneira que vivemos.
Por
outro lado, Jesus afirmou também que, além levar as pessoas a crerem que ele é
o filho de Deus, quando a igreja vive em unidade as pessoas de fora reconhecem
que esse modo de vida só pode ser resultado de amor, de muito amor, do amor de
Deus derramado sobre a igreja.
Quando
pessoas diferentes, com histórias diferentes, com costumes diferentes, de diferentes
realidades sociais, com diferentes situações financeiras e que trilharam
caminhos diferentes pela vida caminham juntos em uma só mente e um só coração,
a única explicação que é elas foram inundadas pelo amor de Deus.
Jesus
afirmou que as pessoas de fora da igreja irão reconhecer isso. Assim, quando essa
unidade que agrada a Deus é experimentada por nós o amor de Deus é anunciado de
forma natural e orgânica, como resultado da maneira que vivemos. Esse é o segundo sinal externo a que Jesus se refere em sua oração.
Não
temos como controlar esses sinais, irmãos. Apenas podemos observá-los. A
ausência deles é um alerta que não devemos desprezar. Alguns acham que a
unidade é um produto apenas para o consumo interno da igreja, mas isso não é
verdade. A unidade desta igreja alcança os de fora e testemunha a respeito de
Cristo e do amor de Deus; e você, que é a igreja, precisa permanecer atento
para o tipo de testemunho que está sendo dado.
(D)
Que estejam comigo onde eu estou. (24)
Quero
concluir essa reflexão, irmãos, apresentando a quarta intercessão de Jesus por
nós em sua oração, chamada sacerdotal. No verso 24 ele revela a natureza
relacional do seu amor.
24 "—Pai,
quero que, onde eu estiver, aqueles que me deste estejam comigo a fim de que
vejam a minha natureza divina, que tu me deste; pois me amaste antes da criação
do mundo."
(NTLH)
Essa
unidade que estamos aprendendo agora é uma realidade para o Deus trino desde
sempre. Jesus disse que antes de o mundo existir ele e o pai já experimentavam
este amor. Veja que coisa maravilhosa, irmãos: nós fomos chamados, por causa da
bondade e da misericórdia de Deus, a fazermos parte com Ele desse maravilhoso
relacionamento de amor e confiança.
Ele
quer que todos nós estejamos onde ele estiver para experimentarmos essa mesma
unidade que ele tem com Pai. Isso tudo acontecerá de forma plena na eternidade.
Jesus já havia dito antes para seus discípulos (Jo 14):
1 "Não
se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitos aposentos;
se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. 3 E se eu for e lhes preparar lugar,
voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver.
Portanto
irmãos, a unidade que agrada a Deus não é apenas para esta vida. Somos chamados
para experimentá-la já agora, mas sem esquecer de que um dia a oração do Senhor
será completamente atendida e experimentaremos a alegria de juntos (gente de
toda raça, tribo, nação e época) vivermos em harmonia... uma só mente... um só
coração. Esse tempo ainda chegou, mas todo nós já podemos ir treinando agora e provando
um pouco da maravilha que será.
Que
o Senhor nos socorra em nossas limitações e nos ajude a nos rendermos aos seus
cuidados, nos deixarmos santificar por sua Palavra, de maneira que as pessoas
em nossa reconheçam a Jesus com salvador e testemunhem do amor de Deus entre
nós. Assim estamos cada dia mais próximos de experimentar a plenitude a unidade
que Ele planejou para sua igreja.