A consciência do Corpo de Cristo
Comunidade Batista Mangabeira 4 - João Pessoa/PB - Escola Bíblica 21 e 28/02 e 06/03/2016
Introdução
A mesma vida de
Deus, que nos torna cônscios de que fomos regenerados, por meio da presença do
Espírito de Deus em nós, também é responsável por nos tornar parte do Corpo de
Cristo.
Temos convicção
desse mergulho no Corpo de Cristo por meio da fé naquilo que nos apresentam as
Escrituras. Mas como perceber quando isso aconteceu? Isto é, quais são os
sinais externos na vida de uma pessoa que é parte da Igreja de Jesus?
Os seis
indicadores que veremos a seguir não são exaustivos nem devem ser usados como
instrumentos de acusação, seja contra nós mesmos ou contra outras pessoas. Mas
eles são boas referências sobre a quantas anda nossa caminhada com Cristo.
Portanto, antes serem vistos como dedos apontados para alguém, devem ser vistos
como mãos estendidas, convocando para experimentarmos a igreja em sua
plenitude.
1. Amar
os irmãos
Esse é o
primeiro e mais básico sinal externo de quem é parte do Corpo de Cristo. O
Apóstolo João foi direto e contundente em relação a isso:
14 Sabemos que já passamos da morte para a
vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte. 1 Jo 3.14 (NVI)
Naqueles que
nasceram de novo o amor pelo irmão é algo inerente a sua nova natureza. O amor
pelos irmãos e resultado da vida do Pai que habita em nós. É uma profunda
identificação com aqueles que foram gerados pelo mesmo Espírito.
Esse amor nasce
no interior habitado pelo Espírito. Não há como força-lo de fora para dentro.
Ele é o transbordar do amor de Deus em nós. Portanto, não pode ser fabricado ou
criado por eventos e programas religiosos.
Devemos nos
encorajar mutuamente ao amor por nossos irmãos, mas isso não o produz em nós;
tão somente nos incentiva a experimentar o amor que já foi colocado em nós
quando fomos feitos filhos de Deus.
À medida que
identificamos em alguém a mesma vida de Deus, o amor plantado em nós deseja
florescer. Muitos têm experimentado que, em cidade diferente daquela em que moram,
a companhia de irmãos que nem conheciam antes os faz sentir-se em família e provoque
o amor por esses filhos de Deus.
O Apóstolo João
narra uma explicação de Jesus sobre o amor que pode nos ajudar a esclarece um
pouco mais quanto a que tipo de amor estamos falando.
12 O meu mandamento é este: amem-se uns aos
outros como eu os amei. 13 Ninguém tem maior amor do que aquele que
dá a sua vida pelos seus amigos. João 15.12,13
Quando falamos
de amar o irmão, não estamos dizendo necessariamente que isso é ser simpático,
agradável e cortês. Essas atitudes fazem parte de uma boa educação e qualquer
pessoa pode agir assim. O amor a que somos chamados pelo evangelho é aquele de
quem está disposto (e na verdade o faz) a gastar (ou investir) sua vida (psique) em prol da outra pessoa.
Amar, portanto,
não é concordar sempre com o irmão, mas estar disposto a gastar-se para que ele
seja uma pessoa melhor (inclusive melhor que você). Isso significa, entre
outras coisas, compromisso de:
(1)
Diálogo permanente,
(2)
Confrontação amorosa e
(3)
Perdão sem barreiras.
2. Manter
a unidade
Outro sinal
externo de que alguém é parte do Corpo de Cristo é o desejo intenso do seu
coração de que não haja divisão ou separação entre os filhos de Deus.
Alguém que é
parte do Corpo resiste até às últimas consequências antes de ver a unidade da
Igreja ser rompida. Divisões e partidarismos são atitudes que deixam aqueles
que nasceram de novo abatidos e entristecidos.
Em sua oração
sacerdotal, Jesus intercedeu por essa unidade com palavras que apontam para o impacto
dessa unidade inclusive sobre os que estão fora da igreja
20 "Minha oração não é apenas por eles.
Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, 21 para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e
eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me
enviaste.
22 Dei-lhes a glória que me deste, para que
eles sejam um, assim como nós somos um: 23 eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena
unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente
me amaste.
A unidade que
Jesus deseja para sua igreja é semelhante àquela que existe entre ele e o Pai.
No nosso caso, ela decorre do fato de que fomos gerados pelo mesmo Espírito e
agora estamos conectados uns aos outros por causa da vida de Cristo que habita
em nós e passa, através de nós, de uns para com os outros.
Essa unidade é
tão poderosa que céus e terra, quando testemunharem, serão obrigados a
reconhecer que Jesus é o messias (enviado) de Deus e que o amor de Deus por nós
é uma realidade irrefutável. Assim, quem se percebe conectado ao Corpo de
Cristo não vê sentido em atitudes como as listadas a seguir e as rejeita em sua
própria vida.
Sectarismo:
(1)
Eu sou de Paulo, eu sou de Apolo,
eu sou de Cefas. (1 Cor 3.4)
Individualismo:
(1)
Oração por si mesmo – incapacidade
de ouvir e acompanhar a oração dos irmãos;
(2)
Não há movimentos interiores pela
oração dos irmãos;
(3)
Está limitado ao seu próprio ego –
vai ao culto para desabafar o que está dentro de si;
(4)
Fala animadamente sobre a própria
vida, mas tem pouco interesse na vida dos irmãos.
Panelinha:
(1)
Preferência por alguns e desprezo
dos demais;
(2)
Valoriza as afinidades e se irrita
com as diferenças.
Na verdade, as Escrituras parecem deixar
bem claro que não podemos produzir
unidade, já que ela decorrer dos vínculos que recebemos de nossa nova natureza,
mas podemos e devemos nos esforçar para preservar
essa unidade. Veja o que diz Paulo:
1 Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que
vivam de maneira digna da vocação que receberam. 2 Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam
pacientes, suportando uns aos outros com amor. 3 Façam todo o esforço para conservar a unidade do
Espírito pelo vínculo da paz. Ef 4.1-3 (NVI)
3. Libertar-se
do trabalho independente
Ao nos percebermos parte integrante do
Corpo de Cristo, fica claro que é mais importante o cumprimento da missão dada
ao Corpo do que o reconhecimento de que fomos nós a fazer determinada tarefas.
Na verdade, não faz diferença quem
realizou o que; o importante é que a obra seja realizada. A participação de
cada membro do corpo, portanto não pode ser a tentativa de afirmar-se como um
grande realizado, mas tão somente a singela contribuição de um dos muitos
membros que formam o Corpo. Veja o que Paulo fala sobre isso:
14 O corpo não é composto de um só membro,
mas de muitos. 15 Se o pé disser: "Porque não sou mão,
não pertenço ao corpo", nem por isso deixa de fazer parte do corpo. 16 E se o ouvido disser: "Porque não sou olho, não
pertenço ao corpo", nem por isso deixa de fazer parte do corpo. 17 Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição?
Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? 18 De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo,
segundo a sua vontade. 19 Se todos fossem um só membro, onde
estaria o corpo? 20 Assim, há muitos membros, mas um só
corpo. 21 O olho não pode dizer à mão: "Não
preciso de você! " Nem a cabeça pode dizer aos pés: "Não preciso de
vocês! " 1 Cor 12.14-21 (NVI)
Vejamos alguns sinais de trabalho
independente:
(1)
Pensar que tudo o que você faz tem
valor espiritual superior àquilo que os demais irmãos fazem;
(2)
Agir como se não precisasse dos
demais irmãos nem da convivência com eles para realizar a vocação de Deus para
sua vida;
(3)
Sentir-se demasiadamente triste
quando os resultados de suas atividades não são bons ou demasiadamente feliz
consigo mesmo quando os resultados são bons;
(4)
Desejar monopolizar algum aspecto
da obra, impedindo ou tentando impedir outros irmãos de cooperarem nas tarefas
a serem realizadas;
(5)
Sentir que a igreja depende de você
para avançar na obra de Deus.
Aqueles que discernem de forma apropriada
o Corpo de Cristo são avessos a essas coisas. Percebem que o Corpo é feito de
muitos membros e reconhecem nos irmãos os dons e as habilidades que lhes
faltam. Então, olham para si como um
entre muitos membros.
Ao perceber-se com um entre muitos
membros, todos com habilidades diferentes e funções complementares, o cristão
regenerado não se permitirá imaginar que a obra da igreja de alguma forma lhe
pertença. Quem assim procede não está discernindo adequadamente o Corpo de
Cristo.
4. Perceber
a necessidade de comunhão
Não é suficiente
rejeitar o trabalho independente. Aqueles que discernem o Corpo de Cristo também
veem a comunhão como necessária e indispensável para a vida da igreja. É preciso,
no entanto, explicar sobre que tipo de comunhão estamos falando.
Comunhão de fora para dentro ou “Você precisa de mim”.
Nesse tipo de comunhão
procuramos os irmãos movidos por certo senso de superioridade. E os encontros
muitas vezes servem para afirmar essa pretensa superioridade. Assim, as
confraternizações, eventos sociais, visita à casa dos irmãos e a convivências em
grupos pequenos acabam produzindo mal-estar, comparações e até desamor.
Comunhão de dentro para fora ou “Eu preciso de você”
Já nesse tipo de
comunhão o ajuntamento se dá quando, ao perceber minhas limitações e
inadequações para prosseguir como discípulo de Jesus em voo solo, sou tomado pelo desejo de compartilhar a caminhada com
outros irmãos; porque sem eles sou incompleto. Assim somos desafiados a
considerar atentamente nossas próprias limitações.
Nesse ponto vale
a pena rever a orientação do Apóstolo Paulo aos irmãos da cidade de Roma:
3 Porque, pela graça que me foi
dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que
convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus
repartiu a cada um. 4 Porque assim como num só corpo
temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, 5 assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo
em Cristo e membros uns dos outros,
Rom 12. 3-5 (ARA)
A comunhão de
dentro para fora pode ser percebida na motivação que nos leva a estarmos
reunidos com os irmãos. Vejamos alguns exemplos:
Na oração:
sabendo que não sou adequado no que se refere à oração, procuro outros irmãos
para orarem comigo.
Ao
enfrentar problemas: reconhecendo minha incompetência
para solucionar as dificuldades que a vida me apresenta, peço a dois ou três
irmãos essas situações comigo.
Ao buscar
a vontade de Deus: percebendo minha incapacidade para
conhecer sozinho a vontade de Deus, peço ajuda de outros irmãos para
discerni-la.
Nas
decisões: reconhecendo o quanto facilmente fico
confuso sobre o futuro, chamo dois ou três irmãos para ajudarem em minhas
decisões.
No estudo
das Escrituras: reconhecendo que não consigo entender
adequadamente a Palavra de Deus sozinho, estudo a Bíblia com dois ou três
irmãos.
De forma
resumida poderíamos afirmar que o processo de consolidação da comunhão
1.
Reconheço minha insuficiência e incompetência;
2.
Confesso minha limitação e inclinação ao erro;
3.
Peço aos irmãos que me ajudem.
5. Aprender
a ser um membro
Discernir o
Corpo de Cristo é também assumir nossa condição de membros do Corpo. Isso quer
dizer que cada um de nós deve aprender sobre a função que tem no Corpo. Cada
membro tem um serviço a desempenhar.
Quem é membro da
Igreja de Jesus não consegue se ausentar da convivência dos irmãos sem que faça
falta aos demais membros, porque todos reconhecem o ministério recebido de Deus
que ele realiza para a edificação da Igreja.
Outro aspecto
desse aprendizado é que ninguém que faça parte do Corpo de Cristo e tenha
discernido adequadamente esse Corpo, participa passivamente dos encontros da
Igreja, porque não lhe é peculiar agir como um expectador passivo.
Escrevendo aos
irmãos de Corinto, Paulo abre uma janela que nos permite perceber a intensa
participação dos irmãos nos encontros da Igreja do Senhor. Vejamos:
26 Portanto, que diremos, irmãos? Quando vocês se
reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma
revelação, uma palavra em língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a
edificação da igreja. 1 Cor 14.26 (NVI)
É o Espírito quem
nos comunica que:
Há uma palavra a
ser dita
Há uma oração a
ser feita
Há um sorriso a
ser demonstrado
Há um
encorajamento que deve acontecer
Há uma exortação
a ser dispensada
Há um
discernimento, um socorro, uma gratidão, uma alegria...
6 Temos diferentes dons, de acordo
com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na
proporção da sua fé. 7 Se o seu dom é servir, sirva;
se é ensinar, ensine; 8 se é dar ânimo, que assim
faça; se é contribuir, que contribua generosamente; se é exercer liderança, que
a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria. Rom. 12. 6-8 (NVI)
6. Submeter-se
à autoridade
Todos os membros
do Corpo de Cristo, pela ação do Espírito de Deus, tornam-se conscientes e convictos
de que estão sob o comando daquele que é a Cabeça: Jesus.
Submissão direta: Ouvir a
voz de Deus que fala a você pelas Escrituras e sussurrando à sua consciência.
Submissão indireta: Atender
àqueles que Deus pôs como autoridade em sua vida. Nem todos ocupam essa
posição, mas alguns são colocados por Deus dessa forma.
Não basta
submeter-se à Cabeça, porque em sua sabedoria Deus estabeleceu a Igreja como um
corpo interdependente. Somos chamados à submissão mútua, conforme o chamado
ministerial de cada um no Corpo.
17 Sede
obedientes aos vossos líderes espirituais e submissos à autoridade que exercem.
Pois eles zelam por vós como quem deve prestar contas de seus atos; para que
ministrem com alegria e não murmurando, porquanto desta maneira tal ministério
não seria proveitoso para vós outros. Hb 13.17 (KJA)
O corpo não
funcionará harmoniosamente sem que o princípio de autoridade seja compreendido
e aplicado. Os movimentos do Corpo podem se tornar caóticos e desengonçados se
os membros não se submeterem mutuamente uns aos outros.
5 Da mesma
forma jovens, sujeitem-se aos mais velhos. Sejam todos humildes uns para com os
outros, porque "Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos
humildes". 1 Pe 5.5 (NVI)
Somos livres!
Cristo nos libertou para a liberdade. Mas somo dependentes uns dos outros. Essa
liberdade não se traduz em independência ou autogestão ministerial. A autoridade
de Cristo, a Cabeça do Corpo, se realiza através da mútua submissão a que somos
chamados.
13 Por causa
do Senhor, submetei-vos a toda autoridade constituída entre os povos; seja ao
rei, como principal monarca, 14 seja aos
governantes, como por ele enviados, para punir os praticantes do mal e honrar
os que fazem o bem. 15 Porque a
vontade de Deus é que praticando o bem, caleis a ignorância dos insensatos. 16 Considerando
que sois livres, não useis a liberdade como pretexto para fazer o que é mal,
mas vivei como servos de Deus. 17 Tratai todas as pessoas com a devida reverência: amai
os irmãos, temei a Deus e honrai ao rei. 1 Pe. 2.13-17 (KJA)
No Corpo não
existe relação entre autoridade e superioridade. Quando mais um membro é
revestido de autoridade maior é a sua vocação para servir os demais.
25 Jesus
lhes disse: "Os reis das nações dominam sobre elas; e os que exercem
autoridade sobre elas são chamados benfeitores. 26 Mas,
vocês não serão assim. Pelo contrário, o maior entre vocês deverá ser como o
mais jovem, e aquele que governa como o que serve. 27 Pois quem
é maior: o que está à mesa, ou o que serve? Não é o que está à mesa? Mas eu
estou entre vocês como quem serve. Lc 22.25-27 (NVI)
Revisando
rapidamente, aquele que discerne o Corpo de Cristo mediante a ação do Espírito
Santo em seu interior:
1.
Ama os irmãos;
2.
Mantém a unidade;
3.
Rejeita o ministério independente;
4.
Percebe a necessidade de comunhão
5.
Aprende a ser um membro
6.
Submete-se à autoridade
Bibliografia de consulta
A realidade da Igreja - Watchman Nee
Traduções das Bíblia
NVI - Nova Versão Internacional
OL - O Livro
ARA - Almeida Revista e Atualizada
KJA - King James Atualizada