Cristo vive em mim
Comunidade Batista Mangabeira 4 - João Pessoa/PB - Escola Bíblica 14/02/16
Introdução
Durante este trimestre vamos estudar
juntos sobre a Igreja de Jesus. A igreja é ao mesmo tempo simples e misteriosa.
Nas Escrituras, os autores dos textos
sagrados, sobretudo o apóstolo Paulo, utilizaram-se de diversas ilustrações
para tentar explicar o significado dessa misteriosa realidade espiritual. Uma
dessas ilustrações é o corpo humano. Foi exatamente o apóstolo Paulo quem
utilizou essa rica ilustração.
Durante este trimestre nosso objetivo será
de desenvolver uma melhor percepção sobre a realidade da igreja de Jesus e das
dinâmicas espirituais em que estamos envolvidos por sermos parte dela, isto é,
membros do corpo de Cristo.
Também iremos refletir sobre a vocação que
temos da parte de Deus para irmos além do conhecimento das verdades bíblicas e
alcançarmos a experimentação das realidades espirituais que essas verdades
representam.
Para começar nossos estudos sobre esse
chamado para viver a realidade do corpo de Cristo, vamos nos deter alguns
momentos para compreender (1) o estado de morte da alma humana, (2) o novo
nascimento, (3) a nova natureza e (4) a nova vida.
Estado
de Morte
Talvez a melhor descrição do estado de
morte da alma humana seja aquela feita Paulo aos irmãos de Éfeso. Vejamos:
1 Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados,2 nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente
ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está
atuando nos que vivem na desobediência.3 Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles,
satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e
pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira. Ef. 2.1-3 (NVI)
Temos aí a condição desse estado de morte,
os principais motores externos dessa morte, o modo de vida que essa morte
produz e o estado de nossa relação com Deus.
Desde o jardim o ser humano colhe os
frutos de sua desconfiança quanto a caráter de Deus e de sua aventura suicida
de autossuficiência. Desde o Éden somos como vivos-mortos; estamos respirando,
mas paira sobre nossas cabeças uma merecida sentença de morte. Nosso desejo de
autonomia corrompeu nossa alma e nos incapacitou para a vida com Deus. Nosso
coração está cheio de desconfiança.
Novo
Nascimento
Acontece que apenas sob o reinado de Deus
é que existe vida. Em Deus nós nos movemos e existimos. Fora dele nada
permanece vivo. Daí as palavras contundentes de Jesus para Nicodemos.
3 Em resposta, Jesus declarou: "Digo-lhe a
verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo". Jo 3.3 (NVI)
Jesus afirma que para experimentar a vida
que que existe sob o reinado de Deus não é suficiente mudar algum
comportamento, ou se esforçar para viver uma vida correta, ou estudar bastante
a respeito de Deus. A transformação necessária para deixarmos de ser
vivos-mortos é tão profunda que ele a chamou de novo nascimento. E segundo
afirmou o Senhor esse novo nascimento é realizado pelo Espírito de Deus.
Nova
Vida
Tanto Jesus como João falam que esse agir
de Deus é como trazer à vida algo que estava morto, concedendo assim uma nova
vida.
10 O ladrão vem apenas para furtar, matar e
destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente. Jo 10.10
11 E este é o testemunho: Deus nos deu a vida eterna, e
essa vida está em seu Filho. 12 Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de
Deus, não tem a vida. 1 Jo 5.11,112 (NVI)
Nova Natureza
Pedro explica que essa transformação nos
faz participar (até onde isso é possível) da própria natureza divina
4 Por intermédio destas ele nos deu as suas
grandiosas e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem
participantes da natureza divina e fugissem da corrupção que há no mundo, causada
pela cobiça. 2 Pe. 1.4 (NVI)
Essa nova natureza produz nós o desejo de
voltar para Deus, faz-nos dispostos a desistir da aventura suicida de
autossuficiência, inclina a disposição de nossas almas a nos submetermos a
Deus.
Então, quando afirmamos que fomos salvos,
não estamos apenas dizendo que recebemos uma passagem para o céu. Isso é uma
forma mesquinha de compreender aquilo que Deus fez por nós. Salvação é a forma
de explicar os efeitos de havermos recebido da parte de Deus essa nova vida,
uma nova natureza, de havermos sidos “recriados” por Ele. É o que alguns chama
de regeneração.
Como
perceber a vida de Cristo em mim?
Até agora compreendemos o que as escrituras afirmam que
acontece com aqueles que aceitam o amor de Deus e desistem esse projeto de
autossuficiência.
Como
isso acontece é um mistério que o próprio Deus não revelou e nem Jesus gasta
tempo em explicar. Poeticamente, os profetas do Antigo Testamento afirmavam que
ele iria trocar nosso coração de pedra por um coração de carne.
Por
que isso acontece, tem uma única resposta em
toda a bíblia: por amor. Ele faz essa transformação em nós por que nos ama.
Existe, no entanto, uma dimensão desse
agir de Deus que incomoda algumas pessoas: como sei se isso aconteceu comigo?
Ou melhor, como perceber a vida de Cristo em mim? Ou ainda, como a igreja pode
perceber a vida de Cristo naqueles que se aproximam da congregação?
A
dimensão interior dessa percepção é de foro íntimo e
está relacionada com a presença do Espírito Santo em nós. É ele quem comunica
essa convicção. O Espírito nos liga a Deus e por causa disso somos tomados de
sentimentos de liberdade, intimidade e proximidade com Deus.
4 Mas quando chegou o tempo certo, o tempo
determinado por Deus, Ele enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido judeu, 5 para comprar liberdade para nós que éramos escravos
da lei, a fim de que ele nos pudesse adotar como seus próprios filhos. 6 E porque nós somos seus Filhos, Deus, mandou o
Espírito de seu Filho aos nossos corações para que tenhamos o direito de falar
de Deus como nosso querido Pai. Gl. 4.4-6 (OL)
Essa é uma maneira de cada um perceber a
vida de Cristo em nós: estamos mergulhados nesse sentimento de filhos de um pai
amado? Algo dentro de nós nos arrasta para Deus, nos leva para perto dele? Estamos
envoltos numa atmosfera de confiança irrestrita em Deus?
Olhando
de fora, também há sinais importantes que podem
nos ajudar a perceber a vida de Cristo em nós. Um deles é o desconforto com o
pecado.
Quem recebeu essa nova vida, uma nova
natureza inclinada para Deus, a vida de Deus, fica muito intranquilo quando
peca. Não que ele não peque, mas o pecado deixa de ser algo recebido com
naturalidade. Sem a vida de Deus, somos como aquela descrição de Paulo:
também
vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus
desejos e pensamentos.
Mas quando a vida de Deus se instala em
nós algo muda. Passamos a sentir uma rejeição pelo pecado que antes não
existia. Essa rejeição se apresenta na forma de uma prontidão à voz do Espírito. Nossa consciência é restaurada e se
mostra mais sensível aos alertas do
Espírito.
Outra questão é que a vida de Deus pulsando
em alguém quebra as resistências da autossuficiência e torna essa pessoa aberta
para o arrependimento. Talvez por isso os profetas falem de “coração de carne”.
A convivência pacífica com o pecado ou a resistência em admiti-lo, confessá-lo
e arrepender-se (mudar de direção) não é a marca daquele
Conclusão
Por que gastar tempo com esses
entendimentos básicos (basilares, não simples) sobre salvação quando nosso
assunto é a igreja? Porque não é possível lidarmos com as categorias e
realidades espirituais acerca da igreja sem que essa percepção da vida de
Cristo em nós esteja clarificada.
O Corpo de Cristo é vivo. A vida que pulsa
no corpo de Cristo é exatamente a vida que habita em nós por meio do Espírito
Santo. Se por ventura não houvesse vida em nós, não haveria vida na igreja, e,
portanto, seríamos, no máximo, apenas uma caricatura de mal gosto daquilo que o
Senhor planejou para nós.
A percepção da vida de Deus em nós, no
entanto, vista de fora ou vista de dentro, é primeiro individual e só depois
disso coletiva. Primeiro a vida de Deus nos é concedida para imediatamente em
seguida sermos mergulhados na igreja, conectados como membros do corpo de
Cristo.
Então, de forma resumida, talvez possamos
dizer que existem dois aspectos que podem nos ajudar a perceber a vida de
Cristo em nós:
Naquilo que chamamos dimensão interior, o foro íntimo de nossa alma, existe um aspecto
positivo, porque a pessoa é tomada por uma convicção tão intensa do amor de
Deus que se descobre livre para desenvolver com Deus um relacionamento de filho
de pai amoroso.
Naquilo que é possível observar de fora, a vida de Deus em nós
produz um permanente desconforto com o pecado. Assim, mesmo antes de sermos
exortados ou admoestados, o Espírito de Deus nos comunicar sobre os aspectos de
nossas vidas que não combinam com a nova natureza que recebemos.
Bibliografia de consulta
A realidade da Igreja - Watchman Nee
Traduções das Bíblia
NVI - Nova Versão Internacional
OL - O Livro