Portanto, aceitem-se uns aos outros,
da mesma forma como Cristo os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus. Rom 15:7
INTRODUÇÃO
Os primeiros anos da vida da Igreja
de Jesus foram marcados, entre outras coisas, pela tensão entre os convertidos
de origem judaica e os demais convertidos (chamado pelo judeus de gentios).
Os apóstolos que estiveram com Jesus
(Pedro, Tiago, etc) durante os seu ministério se voltaram para a pregação e o
ensino aos judeus, enquanto Paulo, que foi alcançado por Cristo depois,
voltou-se para o mundo não judeu. Através de suas viagens, foi principalmente Paulo
que levou ao resto do mundo a mensagem do evangelho
de Cristo: que Deus estava disposto a receber as pessoas em Sua família
adotando-as como seus filhos mediante a fé em Jesus Cristo.
Acontece que a pregação de Paulo não
era completamente aceita por alguns seguidores de Jesus de origem judaica. Eles
entendiam que os costumes e as leis que faziam parte do judaísmo há séculos também
deveriam ser observados pelos seguidores de Jesus, mesmo se eles não fossem
judeus.
Uma das questões que eram debatidas
entre eles era sobre o tipo de comida que era permitido comer. Em volta dos
templos pagãos havia um intenso comércio de carnes oriundas dos sacrifícios aos
seus deuses, e os seguidores de Jesus de origem judaica acreditavam que era
errado, um pecado mesmo, comer daquela carne; por outro lado, muitos seguidores
gentios não pensavam dessa forma e achavam normal comprar e comer da carne
sacrificada aos ídolos.
Foi nesse contexto de tensão que
Paulo afirmou no capítulo 14 que não fazia sentido rejeitar o irmão por causa
daquilo que ele come ou bebe, porque o Reino de Deus não é comida nem bebida,
mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Em vez disso, eles deveriam respeitando
as diferenças que existiam entre eles.
A notícia bombástica
do evangelho pregado por Paulo era que tanto os judeus que rejeitaram o Messias
e o crucificaram quanto os gentios quem nem sabiam da existência de um salvador,
foram acolhidos por Cristo.
Ora, se Cristo, o filho de Deus,
aceitara a todos não havia motivos para eles se rejeitarem mutuamente. Paulo, então,
conclui no verso 7 do capítulo 15 (o nosso texto) pedindo aos irmãos de Roma que
aceitem-se uns aos outros como Cristo nos aceitou.
Mas COMO foi
que Cristo nos aceitou?
Quem gosta de estudar a língua
portuguesa, a “Última
flor do Lácio, inculta e bela”, como afirmou Olavo Bilac, sabe que
os verbos são de grande importância na construção do nosso idioma. Eles indicam
a ação que está acontecendo. Mas, arrisco-me a dizer que tão importante quando os
verbos são os advérbios, capazes que são de qualificar as ações. Os advérbios
dizem como, e isso pode fazer toda a diferença.
Por isso vou usar dois advérbios para
esclarecer COMO fomos aceitos por Cristo:
ALTRUÍSTICAMENTE
Nossos dias são marcados por relações utilitárias. Muito do que
fazemos é avaliado levando em conta o benefício que se pode obter com nossas
ação. O primeiro COMO de nossa aceitação por Cristo é um contraponto dessa cultura: Cristo nos aceitou altruisticamente.
Para perceber esse COMO é preciso relembrar
que Jesus nos convidou para andarmos com ele quando nós estávamos “mortos em nossos delitos e pecado”, isto
é, não havia absolutamente nada de bom
em nós capaz de dar razão a esse amor. Foi assim que fomos aceitos por Cristo,
altruisticamente.
Você NÃO foi aceito porque é gente
boa, cumpridor dos seus deveres, correto em suas obrigações. Não é nada disso!
Você foi atraído por Deus, convencido pelo Espírito Santo e convidado pelo
Filho a fazer parte da família de Deus sem
que houvesse qualquer expectativa sobre sua bondade.
Vinde a mim todos os que estão
cansado e sobrecarregados e eu os aliviarei... vinde a mim e encontrareis
descanso para as vossas almas.
Esse convite singelo de Cristo deixa
claro o tipo de pessoa que foi chamada
para festa da salvação: gente cansada de si mesmo e sobrecarregada com as
exigências religiosas; gente cuja a alma clama por alívio; gente falida e sem
esperança; gente de quem não se espera nada em troca.
Meus irmãos, o fato de Cristo ter-nos
aceitado assim, do jeito que nós somos e sem esperar nada em troca do seu amor,
é um golpe mortal em qualquer esforço de
justiça própria diante de Deus.
Se a salvação é uma grande festa,
como ilustrou Jesus, você é um convidado ilustre que não fez absolutamente nada
para receber esse convite. Você não está na festa de penetra ou por esforço
próprio. Você foi convidado pelo dono da festa! Ele o chamou quando você estava
exausto de tentar fazer a vida funcionar. Então ele tirou de sobre seus ombros os trapos de justiça própria, vestiu-lhe
as roupas apropriadas da Graça e deu-lhe um lugar de honra. Tudo isso sem
esperar absolutamente nada em troca!
Não importa seu passado obscuro, nem
seu presente confuso. Quando você respondeu sim ao convite de Cristo, se tornou
parte da grande família de Deus. A festa é para você!
Ao aceitar você assim,
altruisticamente, Deus o está livrando do engano de achar que isso tudo tem
alguma coisa a ver com seu esforço ou com algum mérito pessoal. É pura Graça
precedida de misericórdia! Por isso, você não precisa continuar levando
nas costas o fardo de “fazer por onde” ser aceito por Deus.
Você está livre para viver a vida abundante que Ele preparou.
IRREVOGAVELMENTE
O segundo COMO da nossa aceitação por
Cristo é Irrevogavelmente.
Ele nos aceitou de forma definitiva. Jesus não é o tipo de pessoa que primeiro
acolhe e depois rejeita. A condição de filho que Ele lhe deu NÃO é revogável. Isso
porque você foi aceito não com base naquilo
que você é capaz de fazer, mas com base
no amor do Pai por você, que não muda. Certa vez, Jesus afirmou:
Todo o que o Pai me der virá a mim, e
quem vier a mim eu jamais rejeitarei. (...) Porque a vontade de meu
Pai é que todo o que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia". João 6:37,40
Essa aceitação irrevogável é maravilhosa!
Ela nos deixa seguros, tranquilos e nos enche de gratidão. O amor de Deus não
volta atrás!
Há muita gente por aí ensinando que o
amor de Deus por nós vai e vem dependendo dos erros e acertos que cometemos na
vida. Eles defendem a ideia de que nossa vida é constantemente pesada numa
espécie de balança para ver se somos dignos de sermos aceitos por Cristo. Isso não é o evangelho de Jesus!
É claro que esse amor irrevogável de
Deus jamais deve ser motivo para uma vida descomprometida com os valores do
Reino. Ao contrário é um chamado para vivermos vidas bonitas, que honram esse
amor.
Deus o aceitou irrevogavelmente
porque Ele deseja que seu coração encontre paz e descanso por meio da confiança
no amor dele por você; um amor que não volta atrás. Assim, você não
precisa ficar com medo de ser expulso da festa porque quebrou um copo de cristal
ou pisou no pé de alguém. Por causa desse amor irrevogável, você está livre
para viver a vida abundante que Ele preparou para você.
CONCLUSÃO
Para concluir vamos voltar ao começo, por que acho
que já encontramos nossa resposta para o COMO de nossa aceitação por Cristo e assim
poderemos refletir melhor sobre as palavras de Paulo.
Portanto, aceitem-se uns aos outros,
da mesma forma como Cristo os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus. Rom 15:7
Cristo nos aceitou altruística e irrevogavelmente, isto é, o amor dele por nós não espera nada em
troca nem desiste no meio do caminho. Será que podemos nos aceitar uns aos assim? É um grande desafio,
mas temos a garantia de que o Senhor estará com a gente a cada passo.
Um dos aspectos desse desafio é rever a forma do nosso
relacionamento com Deus. Se você guarda consigo resquícios das religiões baseadas na justiça
própria, é possível que esse mesmo modo de se relacionar com Deus se reproduza
nos seus relacionamentos com as pessoas.
Assim, quem acha que deve “fazer por onde” ser aceito por Deus
guarda sua aceitação apenas para aqueles que considera dignos de serem aceitos. Esse é o terrível jogo da justiça própria, em que andamos
por aí com réguas para “medir” o esforço uns dos outros, para ver quem merece
ser aceito. Nesse jogo, Graça e Misericórdia são palavras desconhecidas.
Basta que o irmão pise na bola uma
vez para que seja colocado sob observação. Nas segunda pisada de bola, cartão
amarelo. Na próxima, cartão vermelho! Tá fora do nosso grupo.
Permita-se ser transformado pela renovação da sua mente. Se Deus o
aceitou sem esperar nada em troca, sabendo o seu estado de morte espiritual,
que direito você tem de rejeitar seus irmãos em Cristo quando eles não
correspondem as suas expectativas?
Entenda uma coisa: você e seu irmão
podem pensar diferente, você pode não gostar do jeito com ele vive a vida... Discordar
do jeito que ele age na igreja... Mas você
não pode rejeitar aquele que Jesus aceitou. Ele é seu irmão porque foi
gerado pelo mesmo Pai, não por uma questão de opção sua ou dele.
Vocês tem confiado em Jesus Cristo, e
por isso todos vocês são filhos de Deus... Assim que não importa se são judeus
ou gentios, se são escravos ou livres, ou se homens ou mulheres. Se estão
unidos a Jesus Cristo, todos são iguais. Gl. 3:26,27 BLS
Outro aspecto do desafio de aceitar-nos uns ao outros como
Cristo nos aceitou é a nossa inconstância. Jesus deixa bem claro que o amor
dele por nós não tem volta. Por que o nosso amor pelas pessoas oscila tanto?
Outra vez quero convidá-lo a refletir sobre a forma do seu relacionamento com
Deus para só depois pensar sobre a maneira que você lida com as pessoas.
O ponto de partida novamente são as
religiões baseada na justiça própria cujas crenças podem estar entranhada em
sua mente. Se alguém acredita que o amor de Deus está condicionado aos seus
“acertos”, é bem provável que sua espiritualidade seja uma verdadeira montanha
russa, cheia de altos e baixos.
Li a Bíblia esta semana.... Deus me
ama! A montanha sobe.
Gritei com minha mulher... Deus não
me ama! A montanha desce.
Perdoei a traição de uma amigo...
Deus me ama! A montanha sobe.
Menti para um cliente... Deus não me
ama! A montanha desce.
Quem vive um relacionamento deste
tipo com Deus, provavelmente reproduz a mesma coisa nos relacionamentos com as
pessoas. E do mesmo jeito que se sente
inseguro a respeito do amor de Deus, o amor que têm pelos irmãos é também
instável e inconstante.
Permita-se ser transformado pela renovação da sua mente. O amor de Deus
por você não tem volta. Cristo o aceita mesmo conhecendo o sobe e desce da sua
vida. Esse amor de Deus é o combustível de que você precisa para aceitar
seu irmão a despeito do sobe e desce da vida dele.
Que diremos, pois, diante dessas
coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou a seu
próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com
ele, e de graça, todas as coisas?
Quem fará alguma acusação contra os
escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Foi Cristo
Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também
intercede por nós.
Quem nos separará do amor de Cristo?
Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou
espada? Como está escrito: "Por amor de ti enfrentamos a morte todos os
dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro".
Mas, em todas estas coisas somos mais
que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem
morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem
quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na
criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus,
nosso Senhor. Rom 8:31-39
Há um hino antigo que diz assim:
Não sei por que de Deus o amor
A mim se revelou,
Por que razão o Salvador
Pra si me resgatou.
Mas eu sei em quem tenho crido,
E estou bem certo que é poderoso
Pra guardar o meu tesouro
Até o dia final.
A mim se revelou,
Por que razão o Salvador
Pra si me resgatou.
Mas eu sei em quem tenho crido,
E estou bem certo que é poderoso
Pra guardar o meu tesouro
Até o dia final.
Aceite o amor gracioso e constante de
Deus por você! Abasteça-se desse amor. Assim haverá amor de sobra para amar os
irmãos.
Hoje é um dia especial. Você percebeu
aspectos da sua vida com Cristo que precisam ser ajustados. Se você deseja
iniciar uma nova fase na maneira como você se relaciona com Deus e com seus
irmãos, venha até aqui para orarmos juntos e pedirmos a ajuda do Pai.
Nenhum comentário:
Postar um comentário