19 maio 2008

O Ensino de Jesus - Dinheiro e posses



Introdução 

Hoje, continuando esta série de mensagens sobre o ensino de Jesus, refletiremos sobre as afirmações de Jesus a respeito de como devemos nos relacionar com o dinheiro e com as posses.

Pode parecer surpreendente para alguns que Cristo tenha-se preocupado com isso, já que muitos vêem o evangelho como uma alienação da vida. Mas a verdade é que há inúmeras referências sobre o assunto. Vamos juntos o texto que servirá de base para nós essa noite.

(19) Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; (20) mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. (21) Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. (22) A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz; (23) se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas! (24) Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. (Mat 6:19-24)

Em nossos dias, o evangelho de Cristo tem sido manipulado para atender as necessidades e expectativas das pessoas. Há uma espécie de acordo entre alguns pregadores e suas igrejas: eu falo o que você quer ouvir e você ouve aquilo que eu falar. O Apóstolo Paulo alertou o jovem pastor Timóteo sobre esses tempos:

(3) Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, (4) e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas. (5) Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. (2Ti 4:3-5)

Alguns transformaram o evangelho em uma negociata com Deus, onde os céus são intimados, sob ameaça, para fazerem prosperar os negócios particulares daqueles que se acham com o direito de processar o Senhor, caso Ele não cumpra as promessas que eles imaginam ter o direito de receber.

Para esses, talvez Jesus dissesse: não coloque a posse de bens como uma prioridade em sua vida, porque “A vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui.”.

Outros praticam um evangelho desencarnado, em que a fé está tão divorciada da vida prática que ficam desconfiados (e até escandalizados) quando o assunto da pregação é dinheiro. Para esses, não há qualquer conexão entre seguir a Cristo e a forma como eles administram seus bem e recursos. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Para esses outros, talvez a fala de Jesus fosse: não tente separar aquilo que na verdade está junto, porque “Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.”.

A verdade, é que o Senhor não faz negociata com ninguém, mas tem muito a dizer (e a esperar de nós) em relação ao dinheiro, seu uso e seu valor. Você não pode dizer-se um discípulo de Cristo sem que essa área de sua vida tenha sido tratada por Ele.

Aqueles que recebem a Cristo como Senhor e Salvador precisam fazer ajustes em sua maneira errada de lidar com o dinheiro, da mesma maneira que promovem ajustes em relação a outros pecados de sua vida.

O Ensino de Jesus - Auxílio e Misericórdia

Introdução

Será que é possível encontrar aplicação para os ensinos de Jesus para o homem e a mulher do século XXI? Será que aquilo que Jesus ensinou, há mais de dois mil anos atrás, percorrendo pequenos vilarejos empoeirados da palestina, pode ser útil para mim e para você hoje? Será que os ensinos simples e diretos de Jesus ainda são necessários e relevantes em meio a complexa vida urbana que temos?

Eu penso que sim.

Quando Jesus falava às pessoas de seu tempo, elas ficavam grandemente impressionadas. Mas não era a erudição do discurso ou mesmo o falar bonito que impressionavam. As pessoas eram tocadas porque as palavras de Jesus eram ditas com autoridade.

O Senhor não falava de religiosidade, isto é, o ensino de Jesus não era uma maneira de organizar os esforços humanos para alcançar a Deus; Jesus falava do amor de Deus, e de como esse amor deveria nos mover a viver vidas santas e retas.

Nesta e nas próximas semanas iremos refletir sobre o Ensino de Jesus e procurar as aplicações desse ensino para os nossos dias. Faremos isso pedido ao Espírito de Deus que nos ensine e nos esclareça sobre as palavras do Filhos de Deus.

Eu quero lhe fazer um desafio. Durante essas semanas leia os capítulos 6 e 7 do evangelho de Mateus. Esse será o nosso texto básico durante essa série de mensagens. Leia detidamente, com calma, procurando compreender o significado das palavras de Jesus. E peça discernimento ao E.S.

O Sermão do Monte

Os capítulos 6 e 7 do evangelho de Mateus fazem parte de um dos sermões ou discursos mais conhecidos de Jesus: o sermão do monte; essa pregação de Jesus ocupa os capítulos 5, 6 e 7 e faz parte dos 5 discursos mais longos registrados nas escrituras.

(A) É no sermão do monte que Jesus apresenta as bem-aventuranças e aponta para as características daqueles que encontram a verdadeira felicidade:

(3) Felizes os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. (4) Felizes os que choram, porque eles serão consolados. (5) Felizes os mansos, porque eles herdarão a terra. (6) Felizes os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos. (7) Felizes os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. (8) Felizes os limpos de coração, porque eles verão a Deus. (9) Felizes os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus. (10) Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. (11) Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. (Mat 5:3-11)

(B) No sermão do monte o Senhor diz que os seus discípulos são luz do mundo e sal da terra. Luz para iluminar as trevas e levar conhecimento de Deus para aqueles que não sabem quem Ele é; Sal para conservar a vida em todas as suas dimensões e para dar um bom sabor para a existência daqueles que nos cercam.

(13) Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens. (14) Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; (15) nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa. (16) Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. (Mat 5:13-16)

(C) É no sermão do monte que Jesus explica que o amor que Deus teve por nós não nos deixa outra possibilidade, senão a amarmos os nossos inimigos e orarmos por aqueles que nos perseguem. E assim, de forma desconcertante, Jesus nos desafia a confia no Pai e no fato de que Ele está no controle de todas as coisas.

(43) Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. (44) Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; (45) para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos. (46) Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo? (47) E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo? (Mat 5:43-47)

(D) Também no sermão do monte, Jesus afirma que precisamos ficar ansiosos com a vida, porque essa ansiedade em obter coisas e alcançar posições na verdade não acrescenta nada de proveitoso. Em vez disso, devemos buscar primeiro o reino de Deus, porque aí todas as coisas de que realmente precisamos nos serão dadas pelo nosso Pai, que nos conhece melhor que nós mesmos.

(31) Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir? (32) (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso. (33) Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. (34) Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. (Mat 6:31-34)

(E) É no sermão do monte, que Jesus faz um alerta sério: quem pensa que está fazendo uma grande coisa ao apontar as falhas e pecados de um irmão deve parar com essa atitude e olhar primeiramente para suas próprias falhas. Se fizer isso, talvez descubra que suas falhas e pecados são até mais graves do que aquelas que ele estava vendo nos outros.

(3) E por que vês o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho? (4) Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? (5) Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão. (Mat 7:3-5)

(F) Também no sermão do monte, Cristo fala que segui-lo não é uma decisão fácil. Desejar ser um discípulo de Jesus e desejar caminhar por caminhos estreitos e às vezes pouco confortáveis. Mas é esse caminho estreito que leva à vida eterna.

(13) Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; (14) e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram. (Mat 7:13-14)

(G) É lá, no sermão do monte, que Jesus afirma que ser discípulo dele não é uma coisa da boca para fora, mas sim um compromisso de obediência. Não é apenas falar, mas viver o que se fala.

(22) Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres? (23) Então lhes direi claramemnte: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. (24) Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha. (25) E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. (26) Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras, e não as põe em prática, será comparado a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. (27) E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu; e grande foi a sua queda. (Mat 7:22-27)

Durante essa série, vamos olhar pausadamente para alguns dos ensinos de Jesus. Mas não queremos apenas estudar ou compreender esses ensinos, porque Cristo nos chamou para praticá-los. Viver o evangelho: esse é o nosso grande desafio!

Auxílio e Misericórdia

(1) Cuidado, não pratiquem as boas obras com ostentação, só para serem admirados, porque se o fizerem, perderão a recompensa que o vosso Pai do céu vos dá. (2) Quando derem alguma coisa a um pobre, nada de alarde, como fazem os fingidos, tocando trombeta nas sinagogas e nas ruas para chamar a atenção para os seus actos de caridade. Digo-vos com toda a seriedade: esses já receberam toda a recompensa que poderiam ter. (3,4) Mas quando fizerem um favor a alguém, façam-no em segredo, sem dizerem à mão esquerda o que faz a direita. Vosso Pai, que conhece todos os segredos, vos recompensará. (Mat 6:1-4 – OL)

Duas Bandeiras

Quando Jesus fala “as boas obras” (“ARA = a vossa justiça”, “NVI = suas obras de justiça”) ele está se preparando para falar das três prática piedosas que eram costume entre os fariseus: as esmolas, as orações e o jejum.

O Senhor não tem qualquer palavra de repreensão aos fariseus por causa dessas disciplinas espirituais. Ele não as condena, não diz que os fariseus estavam errados em praticá-las, nem apresenta qualquer outra coisa como substituto. Isso deve nos conduzir ao entendimento que a misericórdia e o auxílio ao pobre e necessitado devem ser marcas do discípulo de Jesus, assim como o são a oração e o jejum. Mas porque não é assim?

Os desvios pelos quais a igreja passou em sua história (principalmente o engano promovido pelo catolicismo romano, de que a ajuda aos necessitados poderia contar pontos para que Deus nos salvasse), fizeram com que no século XVI os reformadores levantaram bem alto a bandeira da salvação pela graça de Deus, mediante a fé.

Lutero, Calvino, Wesley, Zwínglio e outros repudiaram a venda de passagens para o céu e rejeitaram a teologia que permitia aos ricos viverem tranquilamente de forma corrupta, porque a salvação deles estava garantida mediante as esmolas e as doações à igreja.

Mas a igreja de Cristo, quando foi jogar fora a água suja da barganha que estava na bacia, esqueceu de tirar primeiro o menino limpo da misericórdia. Então, o repúdio às negociatas com Deus foi tão incisivo que fez com que as pessoas se sentissem desobrigadas em relação ao compromisso de socorrer os necessitados.

Por causa disso, ainda hoje, muitas igrejas e seus membros se mostram insensíveis quando o assunto é ser misericordioso, socorrer o necessitado ou auxiliar aqueles que precisam de ajuda. É fácil ouvir “aleluias” e “glórias a Deus” quando o assunto é o “espiritual” e a salvação de “almas”, mas quando o assunto é alimentar os que tem fome, matar a sede daqueles que bebem água poluída ou vestir aqueles que estão em trapos, os “aleluias” e os “glórias a Deus” emudecem.

Fortaleza é a cidade dos carros importados, mas está cheia também de gente pobre que passa necessidade, pedintes nas calçadas e crianças nos sinais. Alguns são profissionais da esmola (nós sabemos disso), mas outros precisam de um pouco de amor prático e de ajuda para sobreviverem em um mundo tão hostil. Não estou dizendo que é fácil fazer isso, estou dizendo que é necessário fazermos.

Precisamos das duas bandeiras. A salvação é pela graça mediante a fé em Cristo Jesus, mas a vida cristã precisa ser vivida mediante um compromisso prático com aqueles mais necessitados. Era assim que os primeiros discípulos compreendiam a fé.

(8) Porque pela sua graça é que somos salvos, por meio da fé que temos em Cristo. Portanto a salvação não é algo que se possa adquirir pelos nossos próprios meios: é uma dádiva de Deus (9) Não é uma recompensa pelas nossas boas obras. Ninguém pode reclamar mérito algum nisso. (10) Foi o próprio Deus quem fez de nós o que somos e nos deu uma vida nova da parte de Cristo Jesus; e muitos séculos atrás, Ele planejou que gastássemos essa vida em auxiliar aos outros. (Ef. 2:8,9 – OL, 10 – BV)

(14) Meus irmãos, que interessa se alguém disser que tem fé em Deus, e não fizer prova disso através de obras? Esse tipo de fé não salva ninguém. (15) Se um irmão ou irmã sofrer por falta de vestuário, ou por passar fome, (16) e se vocês lhe disserem: Procure mas é viver pacificamente, e vá-se aquecendo e comendo como puder, e se não lhe derem aquilo de que ele precisa para viver, uma tal resposta fará algum bem? (17) Assim também a fé cristã, se não se traduzir em actos, é morta em si mesma. (Tg. 2:14;17 – OL)

Não toque trombeta

(1) Cuidado, não pratiquem as boas obras com ostentação, só para serem admirados, porque se o fizerem, perderão a recompensa que o vosso Pai do céu vos dá. (2) Quando derem alguma coisa a um pobre, nada de alarde, como fazem os fingidos, tocando trombeta nas sinagogas e nas ruas para chamar a atenção para os seus atos de caridade. Digo-vos com toda a seriedade: esses já receberam toda a recompensa que poderiam ter.

Alguns comentaristas dizem que a linguagem de Jesus é figurada. Ele fala da trombeta para dizer que aqueles que socorrem os necessitados não devem fazer barulho e chamar a atenção para si.

Outros afirmam que Jesus está usando como ilustração um fato que era comum em seus dias, isto é, que realmente havia pessoas que tocavam uma espécie de trombeta para avisar aos pobres que iriam começar a fazer suas esmolas.

Outros dizem ainda que a tocar a trombeta se refere ao gazofilácio do templo. Feito de metal ele ecoava quando as moedas eram lançadas nele, fazendo assim soar a trombeta.

Seja qual for a situação, as palavras de Jesus nesses versos são desafiadoras. Precisamos socorrer os necessitados, mas essa ajuda não deve ser uma forma e alcançar destaque e reconhecimento. Precisamos fazer a coisa certa da maneira certa.

A cesta de alimento deve ser doada para a família desempregada, as fraldas devem compradas para a mãe que não fez enxoval, a consulta ao médico deve ser paga para aquele que não tem qualquer assistência médica, a escola do garoto sem pai deve ser paga, a passagem para irmão que deseja vir à igreja deve ser doado, a visita ao hospital/presídio deve ser feita. Mas nada disso deve ser usado para extrair reconhecimento e admiração dos outros.

Você não deve ser misericordioso para ser aplaudido, nem tampouco socorrer os necessitados para ser louvado pelas pessoas por causa de sua atitude. Você não deve sair em busca de palavras de elogio por que você é uma boa pessoa. Aliás, essa atitude, por si só, já demonstra que você não é uma pessoa tão boa assim. Por que fazemos isso? Porque estamos ávidos pela recompensa. Queremos receber o prêmio.

Somos como um garoto ansioso que no dia do aniversário não consegue esperar até que o pai lhe dê o seu presente. A festa vai acontecendo, e a sua ansiedade aumenta porque o presente não chega. O garoto, então, começa a achar que o pai esqueceu dele e até a desconfiar do amor que o pai diz ter por ele.

Então, com medo de ficar sem presente, ele encontra um jeito de aplacar sua ansiedade e decide mostrar para os convidados as habilidades que tem: ele canta, dança, faz piruetas e caretas e apresenta números de malabarismo. No final, ele sorrir para os convidados e faz uma cara de bonzinho.

Encantados com a apresentação do menino os convidados vasculham os bolsos e entregam para o garoto balas, bombons e pirulitos; tudo o que eles tinham. O garoto abre um largo sorriso, apanha os doces e senta-se no chão satisfeito com seu presente.

O pai, então, depois de ver aquela cena, entristecido porque o filho escolhera os doces como seu presente de aniversário, volta-se cabisbaixo para dentro de casa. Nas mãos daquele pai um grande pacote coberto por um lindo papel colorido e envolvido em laços vermelhos. Sobre o pacote, as lágrimas de um pai rejeitado.

Jesus afirma que o Pai tem uma recompensa preparada para aqueles que se dispõe a socorrer os necessitados. O presente é uma promessa certa, mas vem das mãos do Pai. Não faça careta e malabarismos para comer doces e pirulitos. Vale muito mais a pena o presente especial que o Pai tem preparado para você. Essa é a única maneira de nosso coração aquietar-se: a confiança de que o Senhor é recompensador daqueles que o buscam.

Em segredo

(3,4) Mas quando fizerem um favor a alguém, façam-no em segredo, sem dizerem à mão esquerda o que faz a direita. Vosso Pai, que conhece todos os segredos, vos recompensará.

É interessante que essa tradução use a expressão “fazer um favor”. Porque muitas vezes nem um simples favor, como emprestar algo, é feito de forma desinteressada. Às vezes fica claro que a intenção é depois poder “cobrar” o favor e não uma atitude desprendida de fazer como ao Senhor.

A tradição judaica diz que havia no templo uma “câmara de segredos” onde as ofertas para os pobres e necessitados era depositadas longe das vistas dos outros, para que, em segredo, eles pudessem receber ali o seu sustento.

Ajudar em segredo protege aquele que doa da auto-exaltação, mas também protege aquele que recebe da exposição pública de seu sofrimento. Ajudar em segredo é ser misericordioso com aquele que está fragilizado em sua dor.

Você percebe que o irmão precisa de ajuda com a limpeza do carro e marca uma tarde de sábado para lavar carro com ele. Aí, no domingo seguinte, toda a igreja já sabe os detalhes de como o irmão é desleixado e sem cuidado com o carro dele.

Vocês percebem que aquele casal amigo precisa de um tempo sozinhos, sem os filhos, e aí se colocam à disposição para ficar com os meninos. Mas, no dia seguinte, meia igreja já sabe como os filhos do amado casal são uns pestinhas mal-educados.

Ajudar em segredo é suportar a fragilidade do outro. É colocar-se ao lado e sofrer junto. A recompensa vem do Senhor, não de uma atitude de menosprezo pela necessidade do outro.
As promessas

Quais são essas recompensas? O que o Senhor tem preparado para aqueles que se interessam pelos que passam necessidade? Esse é um assunto tão importante que o Senhor não deixou a questão totalmente aberta.

O Salmista, inspirado pelo Espírito Santo, fez questão de lista algumas dessas promessas de Deus para aqueles que entregam suas vidas para serem usadas em prol das outras pessoas, e não apenas de si mesmo.

(1) Feliz é aquele que se interessa pelo pobre; o Senhor o livrará no dia do mal. (2) O Senhor o guardará, e o conservará em vida; será abençoado na terra; tu, Senhor não o entregarás à vontade dos seus inimigos. (3) O Senhor o sustentará no leito da enfermidade; tu lhe amaciarás a cama na sua doença. (Sl. 41: 1 – NVI, 2,3 – ARA)

Quando você se interessa genuinamente pelos necessitados:

• O Senhor livra você nos tempos de adversidade;
• Ele protege e preserva a sua vida segundo a Sua vontade;
• O Senhor o faz bem-aventurado, feliz;
• Ele não permite que seus inimigos façam o que querem com você;
• O Senhor será a sua força na doença e tornará suportável a dor.

Pare de olhar apenas para si mesmo e comece a enxergar a dor, o sofrimento e a necessidade do outro. Não tenha receio! O Senhor cuidará de você.

• Quando você acudir o desamparado, o Senhor será o seu amparo;
• Quando você ajudar o necessitado, o Senhor será o seu socorro;
• Quando você alimentar o faminto, o Senhor será o seu suprimento;
• Quando você visitar o encarcerado, o Senhor será a sua liberdade;
• Quando você saciar o sedento, o Senhor será a sua água;
• Quando você vestir o nu, o Senhor será um manto sobre você;
• Quando você visitar o doente, o Senhor será a sua saúde;
• Quando você chorar com os que choram , o Senhor será sua alegria;

01 abril 2008

Esperança Cristã – O ser humano e a eternidade - 4/4

Introdução

A Esperança Cristã é de que seremos levados pelo Senhor Jesus para vivermos eternamente com ele. Jesus disse que Ele mesmo era a vida. Logo nossa Esperança é de que ao lado dele sejamos tomados pela vida eterna, cheia de significado e propósito.

O Espírito de Deus inspirou o Apóstolo Paulo quanto a algumas questões que fazem parte dessa esperança. No capítulo 15 da sua primeira carta aos coríntios, algumas coisas foram esclarecidas. Ao receber essa revelação, ele descreveu um quadro que permanece como encorajamento para todos os discípulos de Jesus.

Quero lhe convidar a abrir sua bíblia no capítulo 15 de I Coríntios e a mantê-la aberta. Essa será nosso texto nesta noite.

É o evangelho de Jesus que nos salva por meio de nossa fé. Não são nossos esforços pessoas, não é nossa pretensa bondade, não é o favor, as orações ou intercessão de alguma pessoa. É o evangelho que nos salva, se cremos nele com firmeza.

(1) Agora, irmãos, permitam-me que vos lembre o evangelho que vos preguei desde o princípio, que vocês aceitaram e no qual permanecem! (2) São essas boas novas que vos salvam, se nelas crerem firmemente. Doutra maneira, terão crido em vão.

Mas o que é o evangelho. Paulo relembra ao coríntios as verdades centrais de evangelho. Essas verdades precisam permanecer destacadas em nossas mentes e corações. As verdades periféricas são importantes, mas não precisam de holofotes sobre elas. Já aquelas que fundamentam nossa fé precisam ser evidenciadas todo o tempo.

(3-4) Eu transmiti-vos ao princípio o que era mais importante e que também me foi transmitido: que Cristo morreu pelos nossos pecados, conforme as Escrituras, foi sepultado, e três dias depois ressuscitou dos mortos, conforme as Escrituras.

A pessoa de Cristo, suas palavra e sua obra são o centro do evangelho. Sua morte, sepultamento e ressurreição não podem cair no esquecimento, ou se tornar uma verdade periférica. A fé cristã está apoiada no Cristo ressurreto. A Esperança Cristã está apoiada na ressurreição de Cristo.

Por causa disso, o apóstolo apresentou diversas considerações, argumentos e provas a respeito da ressurreição do Senhor. Isso é muito importante para nós, porque estamos lendo os registros de quem viveu os dias imediatamente após o ministério de Cristo.

Paulo lembra que, depois de ressurgir dos mortos, Jesus foi visto por muitas testemunhas. Não é que se ouviu falar que o Senhor tinha revivido. o Senhor foi visto. Paulo conhecia algumas dessas pessoas que viram Jesus. Mas não só isso, ele também vira o Senhor no caminho de Damasco.

(5-7) Foi visto por Pedro, e mais tarde pelo resto dos Doze . Depois disso foi visto também por mais de quinhentos discípulos numa ocasião, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já morreram. Depois foi Tiago quem o viu, e mais tarde todos os apóstolos. (8) Por último também apareceu-me a mim, muito depois dos outros; é como se eu tivesse nascido fora do tempo.

Em Corinto, alguns estavam afirmando não haver ressurreição dos mortos. O Apóstolo ficou surpreso com essa afirmação e, a partir do verso 12 começou a explicar quais seriam as conseqüências para os irmãos e para a igreja e se a ressurreição fosse uma mentira.

(12) Mas se pregamos que Cristo ressuscitou da morte, porque é que alguns entre vocês andam a dizer que não há ressurreição dos mortos? (13) Porque se não há ressurreição dos mortos, então Cristo ainda deve estar morto. (14) E se ele ainda está morto, então toda a nossa pregação é inútil, e a vossa fé em Deus é em vão. (15) E nós, apóstolos, seremos todos mentirosos, porque dissemos que Deus ressuscitou Cristo, e isso não seria verdade, se os mortos não tornassem à vida. (16) Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo não ressuscitou. (17) E se Cristo não ressuscitou então a vossa fé é inútil, e vocês ainda estão sob condenação por causa dos vossos pecados. (18) Nesse caso, todos quantos morreram crendo em Cristo estão perdidos! (19) E se a nossa esperança em Cristo é unicamente para esta vida, nós somos as pessoas mais miseráveis no mundo.

Se Cristo não ressuscitou...

a) a pregação é inútil;

b) a fé é vã;

c) os apóstolos são mentirosos;

d) todos nós ainda estamos condenados;

e) aqueles que já morreram (confiando) em Cristo estão perdidos.

Veja como precisamos ser cuidados quanto estamos lidando com as verdades fundamentais do evangelho. As pilastras de sustentação de um edifício não podem ser movidas sem que todo o edifício seja abalado.

Há mestres e pastores que têm destruído a Esperança da Eternidade em seus rebanhos porque pregam um outro evangelho, diferente daquele revelado nas Escrituras. Quando o Senhor Jesus é reduzido a um simples camponês da palestina, as Escrituras são achincalhadas e a Ressurreição é negada, não sobra nada capaz de produzir na igreja a Esperança da eternidade.

(20) Mas o fato é que Cristo ressuscitou mesmo dos mortos e se tornou o primeiro entre milhões que um dia voltarão a viver!

Há um paralelo entre a perda da vida eterna e sua devolução. Há relação entre a morte que herdamos de Adão e a vida que herdamos de Cristo. Veja como isso é explicado nas escrituras.

(21) Tal como a morte apareceu neste mundo por causa daquilo que um homem (Adão) fez, assim também é por causa do que um outro Homem (Cristo) realizou que agora há a possibilidade da ressurreição da morte. (22) Cada um de nós morre porque pertence à descendência pecadora de Adão. Mas todos os que estão ligados a Cristo voltarão de novo à vida. (23) Contudo cada um na sua ordem: Cristo foi o primeiro a ressuscitar; e depois, quando ele voltar, todo o seu povo tornará a viver.

É por isso que a Esperança de vida eterna só faz parte daqueles que se entregam a Cristo e o recebem com seu Senhor e salvador. Não há esperança de vida eterna para aqueles que não forem renovados através da ligação com Cristo, por meio da fé. Porque sem essa vida que vem de Cristo, não como mudar nossa situação de mortos, por causa dos nossos pecados.

Sob que forma nós ressuscitaremos? Serem como anjos, com assas ou seremos espíritos sem corpo, como os fantasmas dos filmes? Essa era uma indagação dos irmãos de Corinto. Paulo achou que essa era uma pergunta boba, mas não deixou de responder.

(35) Mas alguém poderá perguntar: Como é afinal que os mortos vão ressuscitar? Que espécie de corpo terão então? (36) Não é uma pergunta ajuizada.

No entanto, para respondê-la, ele gastou uma boa parte do capítulo. Primeiro, ele explicou que os corpos das diferentes criações de Deus têm naturezas diferentes. Vejamos

Quando se enterra uma semente, ela não se transforma em planta enquanto não morrer primeiro. (37) Porque o que se semeia não é a planta mas apenas um pequeno grão, de trigo ou de qualquer outra planta. (38) E então Deus dá-lhe um corpo, da espécie que ele destinou; cada espécie de semente dará naturalmente uma diferente espécie de planta.

(39) Assim como há diferentes espécies de sementes e plantas, assim também há diferentes espécies de corpos. O homem tem uma espécie de corpo, os animais outra, as aves outra e os peixes outra. (40) Há corpos no céu e há corpos na terra. A glória dos corpos celestiais é diferente da beleza dos corpos terrenos. (41) O Sol, a Lua e as estrelas, cada um tem o seu próprio esplendor. E até as estrelas diferem em brilho e em grandeza entre si.

Deus é multiforme em sua criação. Ele fez seres diferentes com naturezas distintas. Deus trata os diferentes da maneira que cada um precisa ser tratado. Cada parte de sua criação tem sua própria função e sua natureza particular, conforme planejada pelo Senhor. Por isso, Deus não força sua criação além do propósito para o que ela foi criada. Ele sabe os limites.

Deus jamais violentará sua natureza. Ele jamais exigirá além do propósito que Ele tem para você. As Escrituras dizem que Ele sabe que nossa origem é o pó da terra.

O corpo é desprezado por muitas religiões e crenças. Mas o cristianismo trata o homem por completo. Embora haja religiões que crêem em alguma espécie de renascimento, a ressurreição do corpo é uma crença exclusiva do cristianismo. É essa a revelação que temos de Deus: que nossos corpos também participarão da ressurreição, mas não terão a mesma natureza que têm hoje.

(42) Da mesma forma, os nossos corpos humanos, que hão-de morrer e desaparecer, são diferentes dos corpos que teremos quando ressuscitarmos, pois que estes não morrerão. (43) Os corpos que agora temos acabam na corrupção da morte; mas quando ressuscitarmos serão corpos gloriosos. É verdade, sim, que agora são corpos mortais, mas quando voltarmos à vida serão corpos cheios de energia. (44) Ao morrerem não passam de meros corpos humanos, mas na ressurreição serão corpos sobre-humanos. Porque tal como há corpos de natureza humana, também há corpos espirituais.

Logo em seguida, ao comparar a natureza terrena do corpo que herdamos de Adão com natureza celestial do corpo que herdaremos de Cristo, Paulo conclui dizendo que os nossos corpos atuais não são capazes de suportar a eternidade. Por isso, ganharemos corpos novos.

(45) As Escrituras dizem-nos que o primeiro homem, Adão, se tornou um ser com vida, mas o último Adão, isto é, Cristo, é um Espírito que dá vida. (46) Nós temos primeiramente estes nossos corpos humanos, mas depois Deus dá-nos corpos celestiais. (47) Adão foi feito da terra, mas Cristo veio do céu. (48) Todo o ser humano tem um corpo como o de Adão, feito da terra, mas os que são de Cristo terão como ele um corpo celestial. (49) E se agora cada um de nós ainda tem um corpo como o de Adão, um dia viremos a ter um corpo semelhante ao de Cristo. (50) Uma coisa vos garanto, irmãos: é que um corpo terreno, feito de carne e de sangue, não pode entrar no reino de Deus. Estes nossos corpos mortais não têm uma natureza que lhes permita viver para sempre.

Os corpos que receberemos na ressurreição terão a mesma natureza do corpo que Cristo recebeu após ressurgir. A natureza do corpo de Cristo depois da ressurreição não era mais a mesma que antes.

(36-37) Enquanto assim falavam, (a) o próprio Jesus surgiu no meio deles, saudando-os: A paz esteja com vocês!. Mas (b) todo o grupo ficou muito assustado, pensando que via um fantasma.

(38-40) Porque se assustam?, perguntou ele. Porque é que duvidam que seja realmente eu? (c) Olhem as minhas mãos; olhem-me para os pés! Estão a ver que sou eu mesmo. Toquem-me e verifiquem que não sou nenhum fantasma. Porque (d) os fantasmas não têm carne nem ossos, como vêem que eu tenho! Enquanto falava, mostrava-lhes as mãos e os pés.

(41-43) Ainda indecisos, eles contemplavam-no, cheios de espanto e alegria. Então Jesus perguntou-lhes: Têm aqui alguma coisa que se possa comer? Deram-lhe um pedaço de peixe assado (e) e pôs-se a comê-lo enquanto o observavam. (Lucas 24 36-37)

A partir do verso 51, o apóstolo Paulo revela um mistério sobre a ressurreição. Era mistério, mas foi revelado e já não é mais. Aqueles que estiverem vivos quando o Senhor vier buscar os seus corpos transformados sem que tenham passado pela morte.

(51) Mas posso revelar-vos um mistério: é que nem todos morreremos, mas contudo todos receberemos novos corpos! (52) E tudo isso acontecerá num abrir e fechar de olhos, quando a última trombeta soar. Porque haverá no céu um toque de trombeta, e todos os cristãos que já morreram tornarão à vida com novos corpos que nunca mais hão-de morrer, e então nós, os que estivermos vivos ainda, seremos revestidos de novos corpos, igualmente. (53) Pois que os nossos corpos terrenos, sujeitos à morte, serão transformados em corpos celestiais que não podem morrer, mas que viverão para sempre. (54-55) Quando isto acontecer - quando os nossos perecíveis corpos terrenos forem transformados em corpos celestiais que nunca morrerão - então se cumprirá o que diz a Escritura: A morte foi tragada na vitória. Onde está pois, ó morte, a tua vitória? Onde está o teu aguilhão? (56) Porque o pecado - esse aguilhão que causa a morte - terá desaparecido completamente; e a lei, que traz a manifesto os nossos pecados, nunca mais será nosso juiz.

Exaltado seja o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo que venceu a morte e agora pode nos dar vida! Bendito seja o Deus da nossa salvação que nos fez vitoriosos sobre a morte. Tragada foi a morte pela vitória!

(58) Assim meus queridos irmãos, sejam firmes e constantes, trabalhando com entusiasmo na obra do Senhor, pois sabem que nada do que fizerem para Deus será em vão.

Amados, a Esperança que temos em Cristo é o que nos fortalece em meio ao serviço ao Senhor. Por causa da eternidade que nos aguarda é que conseguimos ser firmes e constantes naquilo em que nos dispomos a ser usados por Ele. Se não for assim, estaremos em grandes apuros quando a tormenta cair sobre nós.