17 dezembro 2006

Sete Pecados Capitais - Avareza





Introdução



Hoje, chegamos ao quinto dos sete pecados capitais: avareza. Também conhecida como ganância e cobiça.

Mesquinho, miserável, pão-duro, sovina, unha-de-fome, mão-de-vaca... O avarento é aquele que se deixou dominar pela cobiça, que desenvolveu um apego sórdido ao dinheiro, às riquezas e aos bens; que se entregou ao desejo desordenado de possuir e acumular.

A parte mais sensível do corpo de avarento é o bolso, ou a bolsa, principalmente se for para tirar algo. Diz a piada que ele é capaz de atravessar um rio a nado e entregar um sonrisal intacto na outra margem.

O avarento sofre pra tirar uns trocados do banco: é como se ele estivesse perdendo uma parte de si mesmo; também não gosta muito de festa, principalmente aquelas em que se leva um presente: o avarento não consegue lidar bem com a idéia de presentear, de dar algo sem esperar nada em troca. Retribuir é também uma atitude acima da sua capacidade.


Mas se a festa for uma boca-livre, ele vai sem cerimônia.

O avarento fica constrangido na hora de rachar a conta do restaurante, porque tem a sensação de que os outros estão levando vantagem na divisão. Normalmente, mesmo em excelente situação financeira, o avarento vive se queixando e se lamentando dos apertos da vida, como uma espécie de precaução contra algum pedido de ajuda.

Ele não consegue ver ninguém que realmente precise da sua ajuda, e quando ele percebe a necessidade evita a todo custo a frase “posso lhe ajudar em alguma coisa?”.

O avarento conhece bem os verbos somar e multiplicar, ele odeia o subtrair e sente-se roubado com o dividir. A sua maior preocupação não é com o dinheiro que ganha, mas com o dinheiro que guarda. Ele se agarra a sua poupança como um náufrago a um pedaço de tábua.

26 novembro 2006

Sete Pecados Capitais - Ira

Hoje chegamos ao terceiro dos sete pecados capitais: a ira. Nos domingos anteriores já conversamos sobre orgulho e inveja.

Eles são chamados capitais porque são importantes portais de entrada a partir dos quais a pecaminosidade humano se revela. A Bíblia afirma que todos nós estamos irremediavelmente perdidos: todos pecaram e precisam desesperadamente da graça de Deus, embora muito não ainda não reconheçam isso.

Na árvore chamada pecado, a ira é um desses galhos grandes. Ela está ligada ao tronco chamado orgulho, isto é, a rejeição da soberania de Deus. Da ira, nascem outros galhos como ódio e assassínio. A árvore chamada pecado revela quem somos e o quanto raça humana sem Cristo está distante da santidade de Deus.

A ira nasce da raiva. Raiva é um sentimento de contrariedade pelo fato de alguma vontade ou desejo não se realizado. As crianças, mesmo as pequenas, sabem exatamente como expressar seu descontentamento. Batem os pés, cruzam os braços, choram, gritam mordem, enfim fazem o que for necessário para que todos vejam a sua raiva.

A raiva é como as demais emoções: aparece e desaparece de maneira involuntária. Ninguém pode decidir que não vai mais ter raiva. Não um elemento de vontade nisso. No entanto, ao sentirmos raiva, ao percebermos que nossos interesses e desejo foram contrariados ou negados, podemos decidir como reagir à raiva que estamos sentindo.

Deus nos criou dotados de sentimentos, porque eles são indispensáveis para a vida, mas quando a raiva é alimentada por nossa própria decisão, seja consciente ou não, ela resultará em fúria, cólera, era e indignação doentia. A ira, portanto, está ligada ao agir; não o sentir.

Normalmente são as pessoas realizadoras, ativa, e cheias de vontade que sofrem com a ira. São aquelas pessoas conhecidas como de pavio curto, de gênio difícil ou, na forma suave, são admiradas como pessoas francas e sinceras que não voltam com um desaforo para casa.

Sofrem com a ira as pessoas que têm um grande senso de justiça, impulsivas e dispostas a resolver qualquer problema que apareça pela frente, da maneira que seja necessário.

Outro aspecto importante da ira é a sua motivação. Já vimos que a ira cresce no descontrole da raiva, mas quais são os motivos que nos provocam a raiva? São muitos os motivos, mas na maioria das vezes estão relacionados com o sentimento de impotência para garantir os nossos direitos, ou com sentimentos de auto-compaixão.

Embora seja um sentimento espontâneo, motivado pelos direitos que julgamos ter e nos foram negados, a raiva encontra abrigo para nascer e crescer a partir de um conceito equivocado, mas muito comum: eu mereço muito mais e muito melhor do que a vida tem me dado.

A raiva nasce quando eu começo a dizer: eu mereço isso, eu sei que mereço. E se eu não puder ter isso, não sei o que vai acontecer! Mas eu vou “fazer o maior barraco” até conseguir! Outro ninho para a raiva é a auto-compaixão. Afirmamos para nós mesmos: “isso não deveria estar acontecendo comigo, o que eu fiz para merecer essa situação? Realmente não mereço isso e não vou aceitar isso”.

A raiz da ira, portanto, aparece quando por orgulho você se julga merecedor de algo bom que não está recebendo, ou não merecedor de passar pelas situações difíceis que você está enfrentando.

A ira surge quando a raiva e alimentada até você perder o controle das suas ações. Ela domina uma pequena criança que sapateia e chuta os pés da mãe em um shopping, porque não teve seus desejos atendidos; mas também consome a paz de pessoas adultas que controladas pela ira só encontram sossego quando retribuem a dor sofrida àqueles que lhe magoaram e feriram.

A raiva alimentada transforma-se em ira, que alimentada faz nascer o ódio, que é capaz de levar qualquer um desejar vingança e cometer atrocidades que nunca foi capaz de imaginar.

A ira possui uma forma civilizada e aceitável: o desprezo. Desprezar é negar ao próximo o seu valor como pessoa, criada à imagem e semelhança de Deus. O desprezo é a violação da dignidade do outro; é considerar que o outro não merece sequer que eu me importe com ele. Jesus fez um alerta sobre essa maneira de expressar a ira que nós vamos ver ainda hoje.

A ira na Bíblia

(24-27) Assim David escondeu-se no campo. Quando a celebração da lua nova começou, o rei sentou-se para comer no seu lugar habitual, junto à parede. Jónatas sentou-se à sua frente e Abner ao lado de Saul, ficando vazio o lugar de David. Saul nada disse sobre o facto, durante o dia todo, porque supos que qualquer coisa teria acontecido a David que o tivesse tornado ritualmente impuro. Mas quando no dia seguinte o seu lugar continuou vazio, perguntou a Jónatas: Porque é que David não veio comer, nem ontem nem hoje?

(28-29) Ele pediu-me se podia ir a Belém tomar parte na celebração que faz a família, respondeu Jónatas. O irmão pediu para ele lá estar, e eu disse-lhe que fosse. (30-31)Saul ficou ardendo em ira: Filho duma cadela!, gritou-lhe. Pensas tu que eu não sei muito bem que aliaste a esse filho de Jessé, envergonhando-te a ti mesmo e à tua família? Enquanto esse indivíduo for vivo, tu nunca serás rei. Vai já à procura dele para que o mate! (32) Mas que mal fez ele? Porque é que havia de morrer? (33-34) Então Saul atirou-lhe com a lança para o matar. Jónatas deu-se bem conta com efeito de que o seu pai estava absolutamente decidido a matar David. Deixou a mesa profundamente revoltado e recusou comer naquele dia por causa do vergonhoso comportamento do seu pai para com David. (I Samuel 20:25-33)

Depois de amargar inveja por causa dos cânticos das mulheres, que elogiavam a destreza de Davi, o rei Saul, contrariado, decidiu alimentar sua raiva, que se transformou em ira e abriu no coração de Saul o desejo de matar Davi.

Jônatas, filho do rei, no entanto, era amigo de Davi e o estava protegendo. Davi, que tinha recebido uma patente elevada no exército de Saul, comia à mesa do rei. Depois de dois dias sem a presença de Davi, Saul perde definitivamente o controle e irado contra o próprio filho atira uma lança para matá-lo. A ira embora o raciocínio, turva os olhos e enche de coragem o iracundo.

O escritor de Provérbios deixou algumas pérolas de sabedoria sobre a ira. No capítulo 11:23, ele afirma que os justos desejam o bem, mas os perversos alimentam a ira. No capítulo 12:16 ,ele diz que os insensatos não conseguem dominar sua raiva, mas os prudentes são capazes de lidar com ela mesmo quando são insultados.

No capítulo 19:19, o sábio de Israel afirma que o iracundo algumas vezes precisa sofre o dano da sua ira para aprender e se tornar sábio. No capítulo 29:11 o escritor contraria diversas correntes da psicologia e afirma que dar vazão irrestrita a raiva é uma tolice. O sábio reconhece a raiva mas põe um limite e não a deixa se expandir.

O iracundo é um provocador de brigas e contendas (Pv 15:18); é alguém com quem é muito difícil fazer qualquer tipo de sociedade (Pv 22:24) e dele todos querem ficar distantes, até os mais próximos.

O escritor de Eclesiastes (7:9) afirma que não devemos ser rápidos em alimentar a raiva que sentimos, porque ela se esconde no mais íntimo da alma humana.

Escrevendo aos efésios, o apóstolo Paulo diz que a ira breve e faz parte da natureza humana, mas deve ser tratada imediatamente: Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira (Ef. 4:26).

Paulo está citando o livro de salmos 4:4.

Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o vosso coração e sossegai. (Salmos 4:4)

Davi escreveu esse salmo quando o seu filho Absalão estava liderando um motim para lhe tirar do reino. O Salmo é um pedido de ajuda a Deus diante dessa terrível situação e também um apelo aos homens, que começavam a dar espaço para a ira, a refletirem sobre o que estavam prestes a fazer.

Não dê espaço além do necessário, afirma o apóstolo Paulo. Não deixa a raiva se acumular para o dia seguinte, e o seguinte, e o seguinte... Ainda na mesma noite a sua indignação, a sua dor, o seu sofrimento, deve ser entregue aos pés do Senhor para encontrarmos sossego.

Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro. (Salmos 4:8)

Irmãos amados, a nossa humanidade nos deixa expostos à ira, mas a confiança na justiça, no cuidado e na provisão de Deus nos guardam da raiva sem medida.

Jesus usou uma parte do sermão do monte para falar sobre a ira. Ele fez um paralelo com um dos mandamentos “não matarás”.

(21) Ouviste o que foi dito aos antigos: não matarás; e quem matar estará sujeito a julgamento. (22) Eu porém vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.

A lei falava da etapa final da ira: não matarás! Ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa, ainda que esteja descontroladamente irado, porque a vida é um dom de Deus.

Jesus muda a perspectiva. Ele foi à raiz da questão: o desrespeito pela vida, que levar alguém a matar outra pessoa, nasce na raiva, perde o controle na ira, passa pelos insultos verbais e físicos e chega até o desprezo.

A palavra traduzida por tolo ou cabeça-oca é raca. Ela tem sua origem no som do escarro que está pronto a cuspir para demonstrar sua desconsideração. Dar lugar à ira é estar a alguns passos de assassinar, ainda que seja apenas em sua mente. Mas Jesus disse que não faz diferença, o pecado é o mesmo.

O contraponto da ira

Como lidar com a ira à luz do evangelho? Qual a saída para um coração corrupto e pecador? No mesmo sermão do monte, Jesus nos apresenta duas bem-aventuranças que tornam felizes aqueles que lutam contra a ira – Felizes os mansos e Felizes os pacificadores: (A) Mansidão e (B) paz.

(A) Muitas pessoas confundem mansidão paz com fraqueza. Segundo o pensamento dessas pessoas promover a paz e demonstrar espírito manso são marcas dos perdedores. Era assim o pensamento de Frederick Nietzsche, que considerava o cristianismo a religião dos fracos e perdedores. Mas na verdade a mansidão e o pacificar são sinais de força e domínio próprio.

Ser manso não é ser fraco, mas abrir mão de usar a força que se tem em benefício próprio. Ser manso é abrir mão do revide e da vingança, é viver para construir e não para destruir.

Mansidão e o pacificar nada têm a ver com passividade. Moisés, um dos maiores líderes da história, era conhecido com um homem manso (Nm.12:3).

“A mansidão não sente a necessidade de injuriar os outros... Ela não possui sentimentos de inferioridade... Nem sentimentos de impotência diante da vida”, por isso os mansos não precisam lutar para serem reconhecidos. Eles submetem suas contrariedades ao senhorio daquele que domina o universo e descansam.

Desenvolver um espírito manso é confiar na promessa de Jesus de que os direitos que realmente valem a pena já estão garantidos. Citando o salmo 37:11, Jesus afirmou que os mansos herdarão a terra.

Jesus nos convidou a aprender mansidão com ele.

Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. ( Mateus 11:29)

Ele foi o exemplo máximo de mansidão, porque era o próprio Deus feito gente, mas abriu mão de usar o seu poder divino e decidiu confiar no amor do Pai e submeter-se à vontade Dele.

A mansidão nasce da confiança no amor de Deus por nós. Os mansos podem descansar porque sabem que é o próprio Senhor quem vai lutar as suas lutas e defender os seus direitos.

(B) O pacificar é a outra parte do contraponto da ira. O iracundo deseja ver o “circo pegar fogo”; o pacificador apara as arestas, põem almofadas nos relacionamentos e promove a paz. O pacificador procura ver sempre o que há de melhor nas atitudes das pessoas.

Acompanhe comigo mais uma história com Davi, agora os outros personagens são Nabal e Abigail

(1) Faleceu Samuel; todos os filhos de Israel se ajuntaram, e o prantearam, e o sepultaram na sua casa, em Ramá. Davi se levantou e desceu ao deserto de Parã. (2) Havia um homem, em Maom, que tinha as suas possessões no Carmelo; homem abastado, tinha três mil ovelhas e mil cabras e estava tosquiando as suas ovelhas no Carmelo. (3) Nabal era o nome deste homem, e Abigail, o de sua mulher; esta era sensata e formosa, porém o homem era duro e maligno em todo o seu trato. Era ele da casa de Calebe.

(4) Ouvindo Davi, no deserto, que Nabal tosquiava as suas ovelhas, (5) enviou dez moços e lhes disse: Subi ao Carmelo, ide a Nabal, perguntai-lhe, em meu nome, como está. (6) Direis àquele próspero: Paz seja contigo, e tenha paz a tua casa, e tudo o que possuis tenha paz! (7) Tenho ouvido que tens tosquiadores. Os teus pastores estiveram conosco; nenhum agravo lhes fizemos, e de nenhuma coisa sentiram falta todos os dias que estiveram no Carmelo. (8) Pergunta aos teus moços, e eles to dirão; achem mercê, pois, os meus moços na tua presença, porque viemos em boa hora; dá, pois, a teus servos e a Davi, teu filho, qualquer coisa que tiveres à mão.

(9) Chegando, pois, os moços de Davi e tendo falado a Nabal todas essas palavras em nome de Davi, aguardaram. (10) Respondeu Nabal aos moços de Davi e disse: Quem é Davi, e quem é o filho de Jessé? Muitos são, hoje em dia, os servos que fogem ao seu senhor. (11) Tomaria eu, pois, o meu pão, e a minha água, e a carne das minhas reses que degolei para os meus tosquiadores e o daria a homens que eu não sei donde vêm?

(12) Então, os moços de Davi puseram-se a caminho, voltaram e, tendo chegado, lhe contaram tudo, segundo todas estas palavras.

(13) Pelo que disse Davi aos seus homens: Cada um cinja a sua espada. E cada um cingiu a sua espada, e também Davi, a sua; subiram após Davi uns quatrocentos homens, e duzentos ficaram com a bagagem.

(14) Nesse meio tempo, um dentre os moços de Nabal o anunciou a Abigail, mulher deste, dizendo: Davi enviou do deserto mensageiros a saudar a nosso senhor; porém este disparatou com eles. (15) Aqueles homens, porém, nos têm sido muito bons, e nunca fomos agravados por eles e de nenhuma coisa sentimos falta em todos os dias de nosso trato com eles, quando estávamos no campo. (16) De muro em redor nos serviram, tanto de dia como de noite, todos os dias que estivemos com eles apascentando as ovelhas. (17) Agora, pois, considera e vê o que hás de fazer, porque já o mal está, de fato, determinado contra o nosso senhor e contra toda a sua casa; e ele é filho de Belial, e não há quem lhe possa falar.

(18) Então, Abigail tomou, a toda pressa, duzentos pães, dois odres de vinho, cinco ovelhas preparadas, cinco medidas de trigo tostado, cem cachos de passas e duzentas pastas de figos, e os pôs sobre jumentos, (19) e disse aos seus moços: Ide adiante de mim, pois vos seguirei de perto. Porém nada disse ela a seu marido Nabal. (20) Enquanto ela, cavalgando um jumento, descia, encoberta pelo monte, Davi e seus homens também desciam, e ela se encontrou com eles.

(21) Ora, Davi dissera: Com efeito, de nada me serviu ter guardado tudo quanto este possui no deserto, e de nada sentiu falta de tudo quanto lhe pertence; ele me pagou mal por bem. (22) Faça Deus o que lhe aprouver aos inimigos de Davi, se eu deixar, ao amanhecer, um só do sexo masculino dentre os seus.

(23) Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se, desceu do jumento e prostrou-se sobre o rosto diante de Davi, inclinando-se até à terra.

(24) Lançou-se-lhe aos pés e disse: Ah! Senhor meu, caia a culpa sobre mim; permite falar a tua serva contigo e ouve as palavras da tua serva. (25) Não se importe o meu senhor com este homem de Belial, a saber, com Nabal; porque o que significa o seu nome ele é. Nabal é o seu nome, e a loucura está com ele; eu, porém, tua serva, não vi os moços de meu senhor, que enviaste.

(26) Agora, pois, meu senhor, tão certo como vive o SENHOR e a tua alma, foste pelo SENHOR impedido de derramar sangue e de vingar-te por tuas próprias mãos. Como Nabal, sejam os teus inimigos e os que procuram fazer mal ao meu senhor. (27) Este é o presente que trouxe a tua serva a meu senhor; seja ele dado aos moços que seguem ao meu senhor. (28) Perdoa a transgressão da tua serva; pois, de fato, o SENHOR te fará casa firme, porque pelejas as batalhas do SENHOR, e não se ache mal em ti por todos os teus dias. (29) Se algum homem se levantar para te perseguir e buscar a tua vida, então, a tua vida será atada no feixe dos que vivem com o SENHOR, teu Deus; porém a vida de teus inimigos, este a arrojará como se a atirasse da cavidade de uma funda.

(30) E há de ser que, usando o SENHOR contigo segundo todo o bem que tem dito a teu respeito e te houver estabelecido príncipe sobre Israel, (31) então, meu senhor, não te será por tropeço, nem por pesar ao coração o sangue que, sem causa, vieres a derramar e o te haveres vingado com as tuas próprias mãos; quando o SENHOR te houver feito o bem, lembrar-te-ás da tua serva.

(32) Então, Davi disse a Abigail: Bendito o SENHOR, Deus de Israel, que, hoje, te enviou ao meu encontro. (33) Bendita seja a tua prudência, e bendita sejas tu mesma, que hoje me tolheste de derramar sangue e de que por minha própria mão me vingasse.

Abigail promoveu a paz. Alertou a Davi sobre a sua ira, levou presentes para demonstrar seu desejo de paz, pediu desculpas pela atitude do seu marido, assumiu parte da responsabilidade e evitou uma chacina, que serio o resultado mais provável da ira que tomou conta de Davi.

Os pacificadores são imitadores de Deus. Ele é o grande pacificador que nos procura todo o tempo para que nos reconciliemos com Ele.

Rogo-vos que vos reconcilieis com Deus! O Senhor deseja paz!

Os mansos e pacificadores têm o coração cheio de perdão conceder àquele que lhes ofendem. Pregado injustamente na cruz, o Senhor tinha todos os motivos para irar-se, mas ao invés disso, pede: Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem.

A ira encontra pacificação no perdão. Perdoar é uma decisão que deixa o fogo da ira sem oxigênio para continuar queimando.

Felizes os mansos, porque eles herdarão a terra!

Felizes os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus!

19 novembro 2006

Sete Pecados Capitais - Inveja

Na terceira mensagem desta série sobre os pecados capitais, hoje vamos refletir sobre a inveja. Assim como o orgulho a inveja é considerada um pecado “frio”. Também como o orgulho é um pecado difícil de ser admitido, mas, de certa forma, é considerado “respeitável”, porque o sofrimento maior é para o próprio invejoso.

São Basílio afirmou que a inveja implantada no coração do ser humano é um vício pernicioso que causa prejuízos à pessoa invejosa, mas não causa dano aos outros.

O orgulhoso olha para baixo e despreza a inferioridade dos outros; o invejoso olha para cima e chora com amargura porque o outro está acima dele mesmo.

No decorrer da história, a inveja já teve várias representações. O olho gordo é uma delas. A crendice popular fala da inveja como um mau olhado, contra o qual devemos nos proteger. A inveja já foi considerada como um fogo devorador que consome a alma do invejoso.

A inveja também foi comparada com uma flecha envenenada, cujo veneno se espalha por todo corpo, sendo capaz de levar o invejoso a executar vinganças que só fazem sentido em sua alma tomada pela inveja.

É o invejoso quem mais sofre com sua inveja. Ainda assim, se a inveja for alimentada, é capaz de levar o invejoso e cometer crimes atrozes. (Basta assistir o Linha Direta e constatar)

A inveja não é racional; por isso ela não leva em conta a inteligência ou a formação acadêmica. A inveja se aloja no coração e não no cérebro, por isso não há garantias intelectuais contra ela.

O que não é Inveja

Emulação não é inveja. Emular é fazer do mesmo jeito que outra pessoa está fazendo, é buscar ser parecido com alguém. O simples desejo de possuir a mesma coisa que outra pessoa possui não é inveja. Esse desejo pode inclusive ser positivo e motivador a realização de coisas importantes.

Desejar comprar um carro igual ao do vizinho, não é inveja; colocar como objetivo ser tão estudioso como o colega de classe não é inveja; esforçar-se para ser um profissional tão bom como o colega de trabalho não é inveja.

Tomás de Aquino disse que inveja é o desgosto pelo bem alheio. Ambrose Bierce afirmou que inveja é uma sensação agradável proveniente da contemplação da miséria do outro.

O invejoso tem uma discreta satisfação com a batida no trânsito em que o vizinho amassou a Hilux, afinal ele tava se achando muita coisa com aquele carrinho dele.

O invejoso abre um largo sorriso com a notícia de uma nota baixa do colega que é o primeiro da classe, porque só desse todos poderão ver que aquele sujeito não tem nada de estudioso. Ele tem é sorte e é até puxa-saco dos professores.

O invejoso lamenta com falsidade o projeto de trabalho do colega que foi destaque no mês anterior, mas dessa vez não teve sucesso. Por que assim finalmente vão ver que era tudo uma fraude e quem sabe até pedir de volta o prêmio que ele recebeu no mês passado.

Ciúme não e o mesmo que inveja. A inveja nasce de um sensação de inferioridade, enquanto que o ciúme é uma sensação de perda por algo que lhe pertencia. O invejoso se vê inferior e quer rebaixar o outro até se sentir acima dele; o ciumento se vê possuidor e quer receber de volta o que lhe é devido.

A Bíblia diz que Deus tem ciúmes, mas não diz que Ele tem inveja. Para um Deus perfeito, a expressão do ciúme é também perfeita e se mostra como zelo pelo próprio nome; para o homem pecador, o ciúme, mesmo quando legítimo, é expresso em meio à desconfiança e ao ódio e dificilmente não se degenera em pecados e crimes (vide Linha Direta novamente).

O que é inveja, então?

Características da inveja

A inveja é um vício de proximidade. Invejamos primeiro aqueles que estão próximos a nós e têm dons, aptidões, habilidade e posições semelhantes. Assim, mães estão propensas a invejar outras mães, escritores a outros escritores, analistas a outros analistas, políticos a outros políticos, pastores a outros pastores, vendedores a outros vendedores, professores a outros professores, e assim por diante.

George Steiner afirmou que “a maldade é criada pelas cercas baixas dos jardins ou pelas ruas estreitas em que os homens convivem permanentemente uns com os outros...

Hoje os muros são altos e as avenidas são largas, mas a TV e a internet, o jornal e as revistas nos permitem enxergar e invejar sem que saiamos do conforto do sofá da sala.

A inveja é completamente subjetiva. A inveja está nos olhos de quem vê, não na coisa invejada. O invejoso é capaz de cobiçar coisas de pouco valor, porque o seu problema não é a coisa em si, mas a pessoa que a possui porque ela não merece possuir. Ela não é superior a mim, por isso não é justo que ela tenha o que eu não tenho.

Não é justo que ela tenha marido e eu não, não é justo que ela tenha filhos e eu não, não é justo que ele esteja sempre sorrindo e eu não, não é justo que ele saiba cantar e eu não, não é justo que ela ganhe uma flor e eu não, não é justo que ela seja superior a mim em alguma coisa, é preciso fazer algo sobre isso, diz a inveja.

A inveja não diminui com a idade. Se você é refém da inveja saiba que não adianta esperar um pouco para ela desaparecer. Deixada à vontade, a inveja só cresce.

Quanto mais vivemos temos a oportunidade de ver e encontrar pessoas que começaram conosco e hoje estão em posição mais bem sucedida. A sensação que nasce dessas comparações é a raiz da inveja. Por isso a inveja não pode ser cultivada como um bichinho de estimação, mas precisa ser tratada em sua motivação primeira.

Uma parábola

Disse o rei a um invejoso e um ganancioso: “um de vocês pode me pedir algo e eu lho concederei, e cuidarei para que o outro ganhe duas vezes mais”.

Isso deixou os dois homens e um dilema. O invejo não sis ser o primeiro a pedir, pois inveja seu companheiro que receberia porção dobrada. Mas o ganancioso também não quis ser o primeiro, pois queria ter tudo, tudo que alguém pudesse eventualmente receber.

Por fim, o ganancioso persuadiu o invejo a ser o primeiro a fazer o pedido. Então o invejoso pediu ao rei que arrancassem um de seus olhos, sabendo que, dessa maneira, seu companheiro teria os dois olhos arrancados.

A inveja na Bíblia

(1) Quando Moisés conduzia o povo de Israel pelo deserto, ele enfrentou muitas dificuldades liderando uma multidão de pessoas que conheciam muito pouco a respeito do Deus de Abraão, Isac e Jacó. Parte do salmo 106 é uma confissão pelo salmista dos pecados cometidos pelas gerações anteriores. No verso 16 ele diz:

Tiveram inveja de Moisés, no acampamento, e de Arão, o santo do SENHOR. (Salmos 106:16 ARA)

O Salmista está se referindo ao episódio da rebelião de Coré, Datã e Abirão, narrada no livro de números, capítulo 16.

(1-2) Um dia Coré (filho de Izar, neto de Coate e descendente de Levi) foi ter com Datã e Abirão (filhos de Eliabe) e ainda com Om (filho de Pelete), estes três últimos da tribo de Rúben, e conspiraram juntos, incitando uma certa quantidade de gente à revolta contra Moisés. Estiveram envolvidos nisso duzentos e cinquenta homens, com responsabilidades na chefia do povo. (3) Foram ter com Moisés e com Arão e disseram-lhes: Já chega da vossa presunção. Vocês não são melhores do que qualquer outro. Cada um em Israel foi escolhido pelo Senhor, e ele está com cada um de nós. Que direito têm vocês de se porem em evidência, clamando que devemos obedecer-vos, e fazer tudo como se fossem maiores do que qualquer um de entre todo este povo do Senhor? (Números 16:1-3 O Livro)

A inveja já havia consumido os seus corações. Não era coisa recente, eles a alimentavam a inveja há muito tempo. Coré, Datã e Abirão não podiam suportar a posição de destaque de Moisés e Aarão. Quem eram eles para se acharem superiores – essa era a presunção dos levitas.

Moisés tenta explicar aos levitas que Deus havia dados responsabilidades diferentes para cada um deles e que ninguém era maior ou menor por causa disso. Moisés lembrou que eles haviam sido escolhidos para serem os responsáveis para servir na organização do culto e Arão havia sido escolhido para servir no sacerdócio, mas não houve acordo.

Aqueles homens foram tragados por uma fenda na rocha e todos os revoltosos foram consumidos pelo fogo. Mas antes disso, a inveja já os havia consumido por dentro.

(2) Outra história em que a inveja achou espaço foi no relacionamento entre Davi e Saul. Saul era o rei de Israel, mas havia desobedecido às ordens dadas por Deus. Por isso Deus escolheu um novo rei, Davi, um rapazote que pastoreava as ovelhas do seu pai.

Foi esse rapazote que enfrentou um guerreiro chamado Golias e o derrotou. Depois dessa vitória, Saul chamou Davi para servir no seu palácio e entregava a ele várias missões que exigiam coragem e habilidade.

(5) Tudo o que Saul lhe ordenava fazer, Davi fazia com tanta habilidade que Saul lhe deu um posto elevado no exército. Isso agradou a todo o povo, bem como aos conselheiros de Saul. (6) Quando os soldados voltavam para casa, depois que Davi matou os filisteus, as mulheres saíram de todas as cidades de Israel ao encontro do Rei Saul com cânticos e danças, com tamborins, com músicas alegres e instrumentos de três cordas. (7) As mulheres dançavam e cantavam: “Saul matou milhares e Davi, dezenas de milhares”. (8) Saul ficou muito irritado com esse refrão e aborrecido, disse: “Atribuíram a Davi dezenas de milhares, mas a mim apenas milhares. O que mais lhe falta, senão o Reino?” (9) Daí em diante Saul olhava com inveja para Davi. (1 Samuel 18:5-9)

Saul não conseguia suportar o sucesso do jovem Davi. A cantiga das mulheres provocou a inveja de Saul e entrou como uma seta venenosa em seu coração. Não bastava para Saul ser o rei, não era suficiente que as mulheres estivessem lembrando suas vitórias, não era justo que Davi recebesse mais glória do que o rei. Quem Davi pensa que é? Ele vai querer o reino, também?

Veja que Saul, provocado pelo cântico das mulheres, estava agora acusando Davi de tramar contra o seu trono, situação que não estava acontecendo e que nunca aconteceu. A inveja foi consumindo aos pouco o coração de Saul ao ponto que ele perseguiu Davi por muitos anos e tramou a sua morte de todas as maneiras.

(3) A morte de Jesus na cruz foi o cumprimento das profecias dadas por Deus e o meio pelo qual fomos salvos dos nossos pecados. Jesus não era um mero interpretador da Lei, ele confrontou a religiosidade do seu povo e procurou apresentar o relacionamento pessoal com Deus como sendo o único caminho para a vida. Esse discurso de Jesus incomodava muito os líderes religiosos.

Jesus entrou em Jerusalém aclamado pelo povo. Muitos acreditavam que ele era o messias, o povo recorria a Jesus para compreender a lei. Ele curava as pessoas de sua mazelas físicas e apresentava o evangelho do Reino de Deus como uma esperança para o povo sofrido. O resultado de tudo isso foi que os sacerdotes e anciãos se encheram de inveja contra Jesus, o acusaram injustamente e o levaram perante Pilatos.

Pilatos sabia que os sacerdotes estavam corroídos de inveja. Com medo do sonho que sua mulher tivera ele deu ao povo uma oportunidade de libertar Jesus.

(17) Estando, pois, o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo? (18) Porque sabia que, por inveja, o tinham entregado. (Mateus 27:17-18 ARA)

Os sacerdotes não puderam suportar o amor que o povo tinha por Jesus. Eles não podiam admitir que Jesus conhecesse tão profundamente a Lei e fosse capaz de aplicá-la ao dia-a-dia da vida. Quem era, afinal de contas, esse Jesus, um marceneiro de uma vila sem nenhuma expressão para ganhar o coração do povo dessa maneira? Inveja foi a motivação que levou os sacerdotes e anciãos a tramarem e executarem a morte de Jesus.

(4) Quando Paulo e Silas passaram pela cidade de Tessalônica pregando o evangelho, eles enfrentaram a inveja dos judeus. Paulo e Silas haviam pregado em uma sinagoga e vários judeus se converteram. No entanto a inveja dos Judeus achou espaço quando uma numerosa multidão de gregos piedosos. Os judeus se encheram de invejam quando, apenas com uma pregação, Paulo e Silas levaram uma multidão aos pés de Jesus.

(1) Tendo passado por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga de judeus. (2) Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras, (3) expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos; e este, dizia ele, é o Cristo, Jesus, que eu vos anuncio. (4) Alguns deles foram persuadidos e unidos a Paulo e Silas, bem como numerosa multidão de gregos piedosos e muitas distintas mulheres. (5) Os judeus, porém, movidos de inveja, trazendo consigo alguns homens maus dentre a malandragem, ajuntando a turba, alvoroçaram a cidade e, assaltando a casa de Jasom, procuravam trazê-los para o meio do povo. (6) Porém, não os encontrando, arrastaram Jasom e alguns irmãos perante as autoridades, clamando: Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui, (7) os quais Jasom hospedou. Todos estes procedem contra os decretos de César, afirmando ser Jesus outro rei. (Atos 17:1 -7)

A inveja havia tomado conta daqueles homens ao ponto de levá-los a fazer acusações levianas, organizar um grupo de bandidos e desordeiros para invadir a casa de Jason.

A verdade é que os judeus não suportaram o sucesso da pregação de Paulo e Silas. Quem eles pensam que são? Eles não podem ser considerados melhores do que nós que estamos a tanto tempo ensinando a Lei aqui na sinagoga.

O Contraponto da Inveja

A bíblia nos exorta constantemente a abandonar a inveja.

(20) Porque temo que, quando chegar, não vos ache quais eu vos quero... Que de algum modo haja contendas, invejas, iras, porfias, detrações, mexericos, orgulhos, tumultos; (2 Cor 12:20 AA)

(20) a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, (21) as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus. (26) Não nos tornemos vangloriosos, provocando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros. (Gálatas 5:20 - 21;26 AA)

(13) Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom procedimento as suas obras em mansidão de sabedoria. (14) Mas, se tendes inveja amargurada e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. (Tiago 3:13-14)

Enquanto vivermos em mundo em que o pecado passeia como se estivesse em um jardim e o maligno tem domínio e poder, a inveja não será banida. Como podemos então lidar com ela em nossas vidas? A chave é a segunda bem-aventurança: Felizes os que choram (Mt. 5:4)

A palavra usada por Jesus para chorar se referia ao lamento profundo. O lamento daqueles que se deparam com a morte. É a tristeza intensa e esmagadora de quem não tem o que fazer.

“Bem aventurados aqueles que choram, aqueles que vêem a verdadeira natureza das coisas encontradas em um mundo arruinado e caído, de tal modo que, os de coração partido, estão abertos para o conforto que só Deus pode oferecer”

Aqueles que choram pelo estado de pecado em que o mundo se encontra, que lamentam pelo egoísmo da nossa sociedade, que enchem seus olhos de lágrimas pela criança abandonada, pela prostituição que degrada homens e mulheres, pela ganância que explora os indefesos, pela falta de significado com que as pessoas vivem, pelo vazio que preenche o coração das pessoas. O choro que reconhece a pobreza dos meus recursos pessoais para viver a vida e reconhece que só em Deus há consolo.

Chorar com os que choram é metade do caminho para lidarmos como a inveja. A outra metade é alegrar-se com os que se alegram.

(15) alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram; (Romanos 12:15 A)

Aqueles que se alegram com quem se alegra está colocando uma pá de cal sobre a inveja. Aqueles que encontram motivos para festejar a festa dos outros estão exercitando a humildade e encontrarão felicidade. Essa é a promessa de Jesus.

A inveja me separa dos outros: é inveja DE alguém. Mas o choro e a alegria me unem: COM os que se alegram e COM os que choram. Por isso o invejoso é um solitário, enquanto os que modestamente abrem mão de seus pretensos direitos vivem cercados de pessoas de bem.

Chorar com os que choram; é o choro da solidariedade com quem vive em um mundo dominado pelo pecado. Se alegrar com os que se alegram; é a alegria com quem confia no Senhor Jesus, não em si mesmo ou nos próprios méritos.

A raiz da inveja é o orgulho. O destino dos orgulhosos é a inveja de qualquer um que o faça se sentir ameaçado em sua superioridade. Por isso eu gostaria de terminar nossa reflexão lendo como os irmãos sobre aquele em quem a inveja nunca teve lugar: Jesus Cristo.

(1) Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, (2) completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. (3) Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. (4) Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. (5) Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, (6) pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; (7) antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, (8) a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. (9) Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, (10) para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra (11) e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses 2:1-11)

Na oração modelo o Senhor nos ensina a pedir por um coração livre da inveja, livre da presunção que destrói o outro e o diminui só para parecer maior e mais importante.

Venha o teu reino, Senhor. Não o meu reino. O desejo e a petição pelo estabelecimento do Reino de Deus é uma pá de cal sobre a inveja.

Quando o reino de Deus tem prioridade minhas comparações fúteis e egoísta perdem o sentido. Quando o reino de Deus tem prioridade, eu posso chorar com os que choram e rir com os que riem; quando o Reino de Deus se instala em meu coração não preciso destruir ninguém para ser reconhecido pelos outros. Porque eu sei que Deus me ama, e me reconhece e vai moldar a minha vida à semelhança do caráter de Cristo.

Venha o teu reino, Senhor. Venha o teu reino no íntimo da minha alma. Venha o tenho reino sobre os pensamentos da minha mente e sobre os sentimentos que confundem o meu coração.