26 julho 2006

Theodore Austin-Sparks (1910-1971)

Theodore Austin-Sparks converteu-se aos dezessete anos, ao ouvir uma pregação de rua em Glasgow, na Escócia. Dessa forma, iniciou-se uma vida de pregação do Evangelho que durou sessenta e cinco anos. Sparks nasceu em 1910, numa cidade escocesa. Sua mãe conhecia o Senhor e O amava, pois era uma mulher de oração. Theodore cresceu num lar em que sempre havia reuniões de oração, no qual se cria que a Palavra de Deus é a autoridade máxima em todas as questões e no qual se esperava a volta do Senhor Jesus. Sua mãe teve grande influência em sua vida.

Naqueles dias, um dos maiores pregadores na Inglaterra, Dr. G. Campbell Morgan, desejando ajudar a um grupo de jovens no estudo da Palavra, passou a se reunir com eles todas as sextas-feiras, dando-lhes vários estudos bíblicos. Por 52 semanas, Campbell Morgan se reuniu com esses jovens e, dentre os mais brilhantes, estava T. Austin-Sparks. Por esse motivo, ele passou a ser sempre requisitado como preletor em várias Conferências.

Certa vez, ao ministrar numa igreja batista, ele viu uma tremenda mudança vindo sobre toda a congregação. Um após o outro, dentre os conhecidos ali como cristãos, foram sendo salvos. A secretária da igreja, os diáconos, todos foram encontrando o Senhor. Mas, apesar de T. Austin-Sparks ser um conferencista nacionalmente conhecido e requisitado, e apesar de ser um jovem com tanto futuro, ele mesmo sentia uma terrível pobreza em sua vida. Ele sentia que estava proclamando coisas que, na realidade, não eram experiências suas. Ele não tinha dúvidas de que era nascido de novo, mas sentia que estava pregando coisas que ele mesmo não experimentava. Por natureza, Sparks era alguém que se entregava completamente ao que cria, nunca se contentando com uma posição intermediária. Por isso, começou a se sentir um fracasso, pois o que lia na Bíblia não era, para ele, uma experiência própria.



Certo dia, então, ele disse à sua esposa: "Eu vou para meu estúdio; não quero que ninguém me interrompa. Não importa o que aconteça, eu não sairei daquele quarto até que tenha decidido qual caminho vou tomar". Ele sentia imensamente a necessidade de que o Senhor o encontrasse de forma nova, ou cria que não poderia mais continuar seu ministério. Havia chegado ao final de si mesmo.



Fechado naquele quarto, ele passou a maior parte do dia quieto diante do Senhor, e então, começou a ler a carta aos romanos. Nada aconteceu. Ele a conhecia muito bem, pois a havia ensinado tantas vezes e dava esboços dessa porção das Escrituras. Nada de novo ela lhe apresentava, até que ele chegou ao capítulo 6. Ele mesmo disse: "Foi como se o céu tivesse se aberto, e luz brilhou em meu coração." Pela primeira vez ele compreendeu que havia sido crucificado com Cristo e que o Espírito Santo estava nele e sobre ele para reproduzir a natureza de Cristo. Isso revolucionou completamente a vida de Sparks. Quando saiu daquele quarto, ele era um homem transformado. A partir daquele momento, ele começou realmente a pregar a Cristo, começou a magnificar o Senhor Jesus.



Logo começou a ensinar o que chamava de "o caminho da cruz", dando grande ênfase à necessidade da operação interior da cruz na vida do crente. Ele mesmo havia passado por uma crise e aceito o veredito da cruz sobre sua velha natureza, percebendo que essa crise fora a introdução para um desfrutar completamente novo da vida de Cristo, tão grandioso que ele só conseguia descrevê-lo como "um céu aberto".



Sparks recebeu também grande ajuda espiritual da Sra. Jessie Penn-Lewis, a quem o Senhor dera um claro entendimento sobre a necessidade da operação interior da cruz na vida do crente. Ela viu em T. Austin-Sparks o herdeiro de toda a obra que o Senhor lhe havia dado. Sparks se tornou um pregador e mestre muito querido e popular no meio do chamado "Movimento Vencedor".Mas a experiência que Sparks tinha, em vez de lhe abrir as portas para todos os púlpitos, fechou a maioria delas. Os líderes o temiam, pois achavam que algo estranho, perigoso e errado havia lhe acontecido. E assim começaram a opor-se a ele.



Houve um momento em que ele ficou na rua, sem casa para morar com a esposa e filhos, mas o Senhor logo lhe providenciou uma moradia, na rua Honor Oak. Uma senhora que servia ao Senhor como missionária na Índia e havia sido grandemente ajudada através do ministério de Sparks, ouviu dizer de uma grande escola na rua Honor Oak que estava à venda. Então, comprou toda a propriedade e a deu à igreja. Ali veio a ser um local de comunhão cristã e a sede de conferências Honor Oak. Esse foi o lugar onde conferências eram realizadas três ou quatro vezes ao ano, para as quais vinham pessoas de toda a parte.



Em 1937, Watchman Nee se encontrou pela primeira vez com Sparks. Nee havia lido alguns escritos seus e fora grandemente ajudado. Logo após, porém, começou a 2ª Guerra Mundial, e aquelas conferências cessaram, pois o mundo todo estava em turbulência. Todavia, ao terminar a guerra houve um período maravilhoso na história daquela obra e ministério. De 1946 até 1950 houve conferências cheias da presença do Senhor.



Por várias razões, muitos outros sofrimentos vieram à sua vida, mas ele cria que, se por um lado, a cruz envolve sofrimento, por outro, ela é também o segredo da graça abundante. Por ela, o crente é levado a um mais amplo desfrutar da vida de ressurreição e também a uma verdadeira integração na comunhão da Igreja, que é o Corpo de Cristo.



A enorme oposição que Sparks enfrentava era inacreditável. Livros e panfletos eram escritos contra ele, pregadores falavam contra ele, davam-lhe a fama de ser um falso mestre, cheio de ardis. Esse isolamento total a que o colocavam era, de muitas formas, a prova mais dura que ele suportava. Ano após ano, ele ia a Keswick onde, atrás da plataforma, estava escrito: "Todos somos um em Cristo". Mas sempre que ia ao encontro daqueles com quem já havia trabalhado e estendia-lhes a mão, eles não o cumprimentavam, não lhe dirigiam nem uma só palavra e lhe viravam as costas. Isso era para ele muito mais difícil de suportar do que todos os outros problemas.



No final da vida, Sparks estava só; havia muito poucas pessoas com ele. Campbell Morgan, Jessie Penn-Lewis, F. B. Meyer e A. B. Simpson tiveram grande influência na vida de T. Austin-Sparks. Ele costumava dizer que de todos os pregadores americanos que ele conhecera quando jovem, A. B. Simpson era o mais espiritual e o que falava com mais poder.



Sparks sempre utilizava algumas frases que, na época, praticamente não eram ouvidas em outro lugar. Uma delas era que "a Igreja é o corpo de Cristo", outra era que "precisamos ter uma vida de Corpo, que os membros de Cristo são membros uns dos outros". Eram frases muito mencionadas por ele, mas algo totalmente novo e desconhecido no mundo cristão da época. Certa vez ele disse: "Podemos tomar a Igreja, que é o Corpo do nosso Senhor Jesus unida ao Cabeça que está à mão direita de Deus, e reduzi-la a algo terreno, fazer dela uma organização humana". Todas essas frases eram consideradas muito estranhas. No mundo cristão falava-se sobre conversão, estudo bíblico, oração, testemunho, missões, vida vitoriosa. Mas nada se ouvia sobre a Igreja, sobre o Corpo de Cristo, sobre sermos membros uns dos outros. Ele era uma voz profética solitária. Foi isolado, rejeitado, caluniado.



Uma das ênfases de seu ministério era "a universalidade e a centralidade da cruz". Essa era uma das ênfases do seu ministério. Outra ênfase era a preeminência do Senhor Jesus. Para ele, o Senhor Jesus era o início e o fim de tudo, o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último. Ele via que tudo está em Cristo: toda a nova criação, o novo homem, tudo. Outra ênfase era "a casa espiritual de Deus". Ele via a Igreja como a casa espiritual de Deus, como a noiva de Cristo, como o Corpo do Senhor Jesus. Seu entendimento sobre a Igreja era muito claro. Ele dizia: "Isso é o coração da história, o coração da redenção". Por isso, costumava dizer: "Há algo maior do que a salvação". Por essa razão, as pessoas se iravam contra ele e diziam que falar desse modo não estava correto, não era bíblico. Mas Sparks sempre respondia: "A salvação não é o fim, mas é o meio para o fim. O fim que o Senhor tem é Sua habitação, é Sua casa espiritual, Sua habitação no Espírito, e a salvação é o meio para nos colocar nessa casa espiritual de Deus."



T. Austin-Sparks foi um grande homem, e os grandes homens têm também grandes falhas. Ele possuía fraquezas, mas a impressão que ficava em quem o conhecia não era dessas fraquezas, mas o fato de que ele sempre magnificava o Senhor Jesus, não apenas por palavras, mas pela sua vida. Sua própria presença trazia algo do Senhor Jesus. Sempre que ele chegava ou falava, recebia-se a perfeita convicção de quão grandioso o Senhor Jesus é. Isso foi algo que o Senhor fez nele de tal forma que sua presença e seu ministério glorificavam o Senhor.



Em abril de 1971, o irmão Sparks partiu para estar com seu amado Senhor, para esperar até o momento em que a esperança da reunião da noiva de Cristo se tornará gloriosa realidade.

(Adaptado da biografia publicada no livro O Testemunho do Senhor e a Necessidade do Mundo. © Editora dos Clássicos, 2000.)

23 julho 2006

A Luta e as batalhas - O capacete da Salvação


INTRODUÇÃO

(13) Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. (14) Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. (15) Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; (16) embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. (17) Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; (Efésios 6:13-17 – RA).

Na Luta espiritual em que estamos envolvidos, o grande objetivo dos nossos opositores é abalar nossa confiança em Deus. Eles tentam de todas as formas atacar o caráter de Deus e do seu filho Jesus Cristo para que nós não vejamos a bondade, integridade e perfeição do Deus trino.

Por isso, o Senhor nos deu uma armadura, um conjunto de armas indispensáveis para resistirmos ao ataques do inimigo. O apóstolo Paulo fala explicitamente “... para que possais resistir no dia mau...”. As armas que Deus nos dá para usarmos na luta espiritual são armas de defesa... São armas para permanecermos firmes, inabaláveis, mesmo em meio aos ataques.

A febre de amarrar demônios e brigar com o Diabo não têm sua origem na Bíblia. A Bíblia diz que a vitória não é pelas nossas forças. O Senhor Jesus já venceu principados e potestades na Cruz do Calvário. A vitória já aconteceu por causa da morte de Jesus. Mas até que o momento final venha, O Senhor, por causa do seu amor, nos deu uma armadura para resistirmos aos ataques de um exército poderoso, mas derrotado.

16 julho 2006

A Luta e as batalhas - O Escudo da Fé

INTRODUÇÃO

A cada domingo temos chamado a atenção para a existência de uma luta na qual todos estamos envolvidos. O grande objetivo dos nossos opositores nessa luta é abalar a confiança que temos em Deus. Eles tentam, de todas as formas, denegrir o caráter de Deus para que nós não vejamos Sua bondade, integridade e perfeição.

A palavra que o apóstolo Paulo usa para descrever esse combate “Luta” também era usada para falar das lutas livres. Parece que Paulo estava tentado explicar para os seus leitores que ele não estava falando de um luta intelectual, travada em torno de conceitos.

Definitivamente não estava falando de uma luta teológica ou mesmo de uma disputa filosófica. Ao usar a mesma palavra que se usava para as lutas livres romanas, Paulo fala de um combate corpo a corpo. O inimigo está sempre perto, sempre rondando, pronto para atacar.

Os irmãos de Éfeso imediatamente compreenderam que nessa luta eles não poderiam dar as costas ao inimigo, nem subestimar suas artimanhas. Entenderam que os ataques que temos que enfrentar são rápidos e bem planejados para nos atingir em nossos pontos mais fracos.

Por causa do tipo da luta e da força do inimigo, o Senhor nos deu uma armadura, um conjunto de armas indispensáveis para resistirmos nessa luta ao ataques do inimigo. O Senhor não nos tira das batalhas. Ele nos fortalece com a sua presença, e nos dá os meios para resistirmos ao lado dele. Abra sua bíblia na carta de Paulo aos efésios:

(13) Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. (14) Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. (15) Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; (16) embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. (17) Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; (Efésios 6:13-17 – RA).
A ARMADURA

O cinturão da verdade é a sustentação da armadura. Jesus é verdade. O compromisso com Ele e com a sua Palavra é o que sustenta a armadura. Esse compromisso com a Verdade não é apenas uma espécie de assentimento, de concordância intelectual. Cingir-se da verdade é viver a vida tendo a verdade como norteadora de suas atitudes. A Verdade precisa invadir seus negócios, seus estudos, sua família, suas amizades, seu casamento e onde mais você estiver.

A couraça da justiça é a proteção daquilo que é mais importante: sua vida com Deus. A couraça romana cobria o peito e as costas para proteger o coração e o pulmão. A couraça da justiça protege o seu relacionamento com Deus. Para vestir a couraça da justiça, eu preciso antes retirar a minha couraça de pano podre.

Quando eu tento lidar com Deus na base da troca de favores, achando que através do meu esforço próprio posso convencê-lo de que sou uma boa pessoa, estou fazendo uma couraça com pedaços de pano podre. Mas a couraça que protege é feita da justiça de Deus, não da minha justiça própria.

Ele me declara justo quando pela fé eu compreendo o quão distante estou de Deus, reconheço minha incapacidade de controlar a vida e decido confiar em Jesus para me conduzir de volta para perto do Pai.



As sandálias do evangelho da paz. Nenhum soldado poderia ir para a batalha com os pés descalços. Por isso a terceira peça da armadura são as sandálias. Elas eram leves e resistentes. Protegiam os pés e permitiam ao soldado a mobilidade necessária para o combate. As sandálias do soldado romano eram de couro. Na armadura de Deus as sandálias são de paz.

O evangelho da paz são as boas notícias de que Deus, através de Jesus, reconciliou o mundo consigo mesmo. Seria impossível para qualquer soldado lutar com bravura contra o inimigo se a briga dentro dele fosse contra o seu próprio comandante. Por isso Deus promoveu a paz através de Cristo. Da mesma maneira, através de Cristo, temos paz com nossos irmãos e companheiros de batalha.

Não podemos sair para a batalha descalços, olhando para o chão. Precisamos calçar as sandálias do evangelho da paz. Paz com Deus, paz com os irmãos, paz com a criação de Deus, tudo através de Cristo. Aí, de cabeça erguida, podemos partir para o combate.

O Escudo da fé

Os escudos sempre foram peças indispensáveis em uma guerra. São armas de defesa e servem para proteger contra os ataques do inimigo. Os soldados romanos usavam dois tipos de escudo. Havia um escudo pequeno, circular que era usado pelos arqueiros e um outro maior que protegia todo o corpo do soldado. Provavelmente Paulo estava falando desse escudo longo atrás do qual o soldado podia se esconder das flechas e lanças atiradas pelo inimigo.

Nem sempre o significado que a Bíblia confere à palavra fé é o mesmo que usamos no dia a dia. A palavra fé anda tão desgastada que a primeira coisa que precisamos descobrir é sobre qual tipo de fé estamos falando.


09 julho 2006

A Luta e as batalhas - Sandálias do Evangelho da Paz

INTRODUÇÃO
(13) Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. (14) Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. (15) Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; (16) embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. (17) Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; ( Efésios 6:13-17 – RA).
A Luta

Há uma palavra indispensável para a compreensão desse trecho da palavra de Deus: portanto. Qual a importância dela? Ela nos deixa ver que o uso da armadura de Deus tem um motivo.

Não se usa um cinturão para correr na beira mar. Também não se usa colete a prova e balas para mergulhar no mar. A armadura é usada porque estamos em uma luta.

A nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. (Efésios 6:12 RA)
Na luta em que estamos envolvidos, nossos inimigos não são de carne e o osso. O apóstolo Paulo relaciona inimigos pouco conhecidos da grande maioria das pessoas (principados, potestades, dominadores e forças espirituais). São inimigos poderosíssimos que atuam em uma dimensão espiritual e trabalham arduamente para nos afastar de um relacionamento pleno de confiança em Deus.

Nossa luta não é contra o vizinho que incomoda com o som alto no sábado pela manhã. Lutamos contra as forças espirituais que promovem a falta de respeito uns pelos outros e promovem o egoísmo como um estilo de vida... O vizinho deve ser alvo do nosso amor e oração. Mas tenha cuidado! Veja se não é você o vizinho chato.

Nossa luta não é contra o político desonesto que desvia o dinheiro das ambulâncias em benefício próprio e dos amigos. Lutamos contra as potestades que apresentam a desonestidade como uma forma legítima para se tocar a vida... A desonestidade na política deve ser punida pela lei, mas principalmente pela urna. Já o político, a Bíblia no orientar a orar por todos eles para que tenhamos vida tranqüila.

Nossa luta não é contra o assaltante que mata para roubar. Lutamos contra as forças espirituais da maldade que construíram uma escala de valores torcida na qual a vida humana não vale nada... O crime deve ser punido conforme a lei, mas a ninguém deve ser negado o direito de ouvir, compreender e viver os valores de Deus em sua vida.

Nossa luta não é contra os viciados em cocaína, maconha, comida, crack, tabaco, álcool, sexo, anfetaminas, tranqüilizantes, cola ou seja lá o que for. Lutamos contra as forças espirituais que apresentam a droga como uma porta de saída para as angústias e ansiedades da vida... Os dependentes de todos os tipos precisam ouvir as palavras de Jesus: Não estais ansiosos por coisa algum... antes sejam ouvidos os vossos pedidos diante de Deus.

A nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. (Efésios 6:12 RA)
A ARMADURA

Temos estudado nas últimas semanas que essa luta é permanente e acontece em uma dimensão espiritual. Foi por causa dessa luta (que se revela visível nas batalhas que vivemos a cada dia) que o Senhor nos deu uma armadura; não para ser guardada no armário de casa, mas para ser usada. Não resolve invocar o poder da armadura, é preciso usá-la.

O Cinturão da Verdade

Vimos que o cinturão da verdade é a base da armadura. É ele que sustenta todo o resto. Jesus disse ser ele mesmo a verdade. Também disse que a palavra de Deus é a verdade. Estar cingido pela verdade é se deixar envolver pelo caráter de Cristo revelado na Bíblia.

Se a Verdade não for a base de sustentação da vida, você entrará na batalha desajeitado e de armadura frouxa. Apenas o compromisso com Jesus e sua Palavra é capaz de lhe dar segurança e firmeza para enfrentar a vida.

Vimos também que esse compromisso com a Verdade não pode ser apenas conceitual. Quem se cinge da verdade, quem se deixa envolver por Jesus e sua Palavra, deve viver uma vida de verdade, em oposição ao pai da mentira.

A Couraça da Justiça

A segunda peça da armadura de Deus para enfrentarmos a luta espiritual é a couraça da justiça. A couraça era uma espécie de colete à prova e balas e servia para proteger os órgãos vitais (coração, pulmão) e abdominais (fígado e estômago). As couraças romanas eram feitas de couro, algumas de metal. A couraça de Deus é feita de justiça. Mas qual justiça?

Vimos que a justiça com a qual o Senhor confeccionou a couraça não pode ser nossa justiça própria. O nosso esforço para agradar a Deus fazendo as coisas da maneira certa é comparado pelo profeta Isaías a um pano podre.

A armadura é de Deus. Por isso o colete à prova de balas, que serve para estabelecer e preservar nosso relacionamento com Ele, foi costurado com Justiça de Deus.

(7) Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. (8) Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo (9) e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; (Filipenses 3:7 – 9 RA).
Essa é a maneira de vestir a couraça. Quando reconhecemos que não somos capazes de produzir uma justiça própria com nossos esforços e aceitamos a justiça que procede de Deus pela fé em Jesus, a nossa couraça de pano podre é trocada pela couraça da justiça de Deus.

Deus, o justo juiz declara justos todos aqueles que reconhecem a Jesus como Senhor e Salvador. Essa decisão de fé faz com que a justiça de Cristo, seja aplicada a sua vida. Assim, você que era incapaz de atender aos padrões de Deus é justificado aos olhos do Pai.

Vimos que a justificação pela fé em Jesus não pode ser motivo para uma vida relaxada e sem compromisso. Pelo contrário, agora que Deus nos considera justos, somos chamados e viver de maneira compatível essa posição. Por isso, Paulo escreveu aos crentes de Éfeso:
(1) Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, (2) com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, (Efésios 4:1,2 – RA)

As Sandálias do evangelho da paz
Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz;
A sandália usada pelo soldado romano não era sofistica, mas era suficiente para proteger os pés e permitir que ele se movimentasse de forma segura durante a batalha. Feita de couro, a sandália era tinha o solado cravejado com pregos e era amarrada às pernas por tiras também de couro.

Os pés apóiam e equilibram o corpo sobre o solo. Eles são peças fundamentais para nossa locomoção. Um sistema de alavancas que serve de suporte, impulsiona ao caminhar e amortece dos impactos que o corpo recebe do solo.

Caminhar é tão natural para maioria das pessoas que nem sequer pensamos sobre isso. Mas na verdade é uma ação muito complexa. Envolve 650 músculos do corpo todo e cerca de 80% dos ossos que compõem o esqueleto humano. E é sobre o pé que recai a responsabilidade de fazer com que todos estes movimentos sejam harmoniosos.

Ao recomendar que os pés sejam calçados, o apóstolo Paulo reconhece que todos nós precisamos de proteção e apoio para viver a vida de forma harmoniosa.

Quando os pés estão desprotegidos, parece que a caminhada fica desajeitada. A gente sai pulando aqui e ali correndo o risco de escorregar ou se machucar seriamente. Imagine o que seria de um soldado que vai para o campo de batalha descalço...

Para enfrentar a luta espiritual na qual todos estamos participando, além de cingir-se com cinturão da verdade e vestir a couraça da justiça, você precisa calçar os pés no evangelho da paz.

Calçar os pés no evangelho da paz é viver apoiado pela boa notícia da paz, é viver protegido pela paz do evangelho.

Infelizmente, nos jornais e na TV, o que se ouve e se vê é uma guerra após a outra, um assassinato após o outro, um estupro após o outro, uma rebelião após a outra, um seqüestro após o outro, uma nação destruindo a outra, um povo ameaçando outro. Que paz é essa, então, na qual devemos calçar os pés?

Certa vez, o apóstolo Pedro recebeu uma lição de Deus. Em um sonho, Deus mostrou ao judeu Pedro que no reino de Deus não há acepção de pessoas. Conduzido a um homem chamado Cornélio, que não era judeu, Pedro apresentou o evangelho da paz que está disponível para qualquer pessoa, inclusive para você.

(34) Então Pedro começou a falar: Agora percebo verdadeiramente que Deus não trata as pessoas com parcialidade, (35) mas de todas as nações aceita todo aquele que o teme e faz o que é justo. (36) Vocês conhecem a mensagem enviada por Deus ao povo de Israel, que fala do evangelho de paz por meio de Jesus Cristo, Senhor de todos. (37) Sabem o que aconteceu em toda a Judéia, começando na Galiléia, depois do batismo que João pregou, (38) como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele. (39) Nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém. A este mataram, suspendendo-o num madeiro. (40) Deus, porém, o ressuscitou no terceiro dia e fez que ele fosse visto, (41) não por todo o povo, mas por testemunhas que designara de antemão, por nós que comemos e bebemos com ele depois que ressuscitou dos mortos. (42) Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que este é aquele a quem Deus constituiu juiz de vivos e de mortos. (43) Todos os profetas dão testemunho dele, de que todo aquele que nele crê recebe o perdão dos pecados mediante o seu nome". (Atos 10:34-43 NVI)

Paz com Deus

O evangelho da paz é a boa notícia de que através de Jesus podemos ter paz com Deus.

Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; (Romanos 5:1 RA )
Veja a ligação entre as peças da armadura. Quando você veste a couraça da justiça, isto é, quando você é justificado por Deus mediante a sua fé em Jesus, seus pés são calçados com paz.

O estado de guerra em que nos encontramos na sociedade nada mais é do que os desdobramentos da nossa guerra com Deus. Através de Jesus, o Senhor nos oferece a oportunidade de termos paz com Ele.

Esse é o ponto de partida: paz com Deus. Se estivermos calçados com essa paz, podemos enfrentar a Luta e vencer as batalhas. Aí nossos movimentos, nossas palavras e nossas vidas serão harmoniosas e seguras, mesmo em meio às batalhas. Quando a palavra diz “calce os pés no evangelho da paz”, ela está dizendo: aproprie-se da paz que há em Jesus.

Não há razão para que você continue brigando com Deus. Através de Cristo Jesus, você pode receber de Deus essa paz, que vem da certeza de que o Senhor nos ama incondicionalmente.

O evangelho da paz é a boa notícia de que Deus nos reconciliou com Ele por meio de Cristo.

(18) Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, (19) a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. (II Coríntios 5:18 RA)
Deus tomou a iniciativa de promover a paz. Ele propôs reconciliação por meio de Cristo. A conta que você deveria pagar por sua vida de rebeldia contra Deus foi debitada em Jesus. Ele pagou o preço. Por isso podemos ter paz com Deus.
Paz com os outros

O evangelho da paz é boa notícia Deus nos reconciliou uns com os outros por meio de Cristo. Quando a paz com Deus é restabelecida, estamos prontos para ter paz uns com os outros.

O apóstolo Paulo ilustra essa verdade quando fala da inimizade que havia entre judeus e não-judeus. Ele diz que, na cruz Deus fez a paz entre os dois povos.

Porque o próprio Cristo é o nosso meio de obter a paz. Ele fez a paz entre nós, os judeus, e vocês, os gentios, fazendo de todo nós uma só família, derrubando a muralha de desprezo que nos separava. Pela sua morte ele acabou com o ressentimento rancoroso que havia entre nós, provocado pelas leis judaicas que favoreciam os judeus e excluíam os gentios, pois Ele morreu para anular todo aquele sistema de leis judaicas. Depois, ele tomou os dois grupos que se opunham um ao outro e os fez parte dele mesmo; assim, Ele nos combinou, para tornar-nos uma nova criatura, e finalmente houve paz. Como membros do mesmo corpo, desapareceu o rancor que tínhamos um contra o outro, pois ambos fomos reconciliados com Deus. E assim, finalmente, a rixa se acabou na cruz. E Ele trouxe essa boa nova da paz, a vocês, os gentios que estavam tão longe dele, e a nós, os judeus, que estávamos perto. Agora todos nós, quer sejamos judeus quer gentios, por causa daquilo que Cristo fez por nós podemos ir a Deus o Pai com a mesma ajuda do Espírito Santo. (Efésios 2:14-18 BV)
Paulo falou da paz entre gentios e judeus. Mas Ele quer estabelecer a paz também entre pais e filhos e entre marido e mulher; Ele quer juntar em um só povo não só gentios e judeus, mas também negros, brancos e mestiços, homens e mulheres, brasileiros e europeus, ricos e pobres, letrados e não letrados, patrões e empregados.

Mas Ele também deseja fazer a paz entre você e sua mãe, entre você e seus colegas de trabalho, entre seu pai e seu irmão, entre seu professor e a esposa dele; entre você e o seu empregado;

Calçar os pés no evangelho da paz é permitir que a paz com Deus, recebida pela fé através de Cristo, não fique retida em você mas tome conta de todos os seus relacionamentos. Quem está reconciliado com Deus precisa reconciliar-se com as pessoas. As duas coisas precisam estar juntas.

CONCLUSÃO

Não há sossego quando o coração não tem paz. Pode ser que o inimigo de Deus até hoje tenha escondido de você as sandálias do evangelho da paz. Pode ser que você esteja sofrendo no meio das batalhas porque está andando descalço; e com os pés desprotegidos está de cabeça baixa olhando para o chão procurando um lugar para pisar.

De cabeça baixa, você não vai notar a presença de Cristo ao seu lado no campo de batalha. Em nome de Jesus, calce a sandália do evangelho da paz e erga a cabeça. Perceba como Cristo, o autor e consumador da fé, tem estado presente em sua vida provendo suas necessidades!

De cabeça baixa, você não tem com enfrentar os poderosos inimigos que querem destruir sua vida. Em nome de Jesus, calce a sandália do evangelho da paz e erga a cabeça. Aproprie-se da reconciliação com Deus que há em cristo Jesus!

De cabeça baixa, você não vai enxergar as pessoas que estão ao seu lado. Você vai deixar de ajudar aqueles que precisam de você e vai perder a ajudar daqueles que o Senhor enviará ao seu socorro. Em nome de Jesus, calce as sandálias do evangelho da paz e erga a cabeça. Permita que a paz com Deus tome conta de seus relacionamentos!

05 julho 2006

Oração pelo povo

Atilano Muradas

Deus, tenha misericórdia,
Das meninas, dos meninos,
Nas feiras, nas calçadas,
Abandonados.
Misericórdia!

Deus, tenha misericórdia,
Dos que estão encarcerados,
Inocentes ou culpados,
Discriminados.
Misericórdia!

Deus, tenha misericórdia,
Dos que estão desempregados,
Dos doentes e dos loucos,
Dos rejeitados.
Misericórdia!

Deus, tenha misericórdia,
Dos que matam pra viver.
Deus, tenha misericórdia,
Dos que roubam pra comer.
Deus, tenha misericórdia,
Dos que adusam do poder.
Deus, tenha misericórdia,
Dos que matam por prazer.

Deus, tenha misericórdia,
Dos que roubam as crianças
Para venderem os seus orgãos
Na madrugada.
Misericórdia!

Deus, tenha misericórdia,
Dos que em rituais macabros
Imolam sem piedade
Seres humanos.
Misericórdia!

Deus, tenha misericórdia,
Das mulheres e dos homens,
Que vendem os seus corpos,
E dos bastardos.
Misericórdia!

Deus, tenha misericórdia,
Das crianças que trabalham
Nas pedreiras e carvoeiras
Pra que outros enriqueçam.
Deus, tenha misericórdia,
Dos que nascem abortados,
Dos que, pela fome alheia,
Vivem bem alimentados.

Deus, tenha misericórdia,
Dos que estão aprisionados
Na bebida e nas drogas.
Dos solitários
Misericórdia!

Deus, tenha misericórdia,
Dos ateus e dos racistas,
Dos países em conflito,
Esfacelados.
Misericórdia!

Deus, tenha misericórdia,
Dos que são escravizados
Nos empregos, nas fazendas,
Acorrentados.
Misericórdia!

Deus, tenha misericórdia,
Dos que vivem favelados,
Dos mendigos e dos velhos
Em asilos e albergues.
Deus, tenha misericórdia,
Dos que negam em pão duro,
Dos que sem alternativa,
sobrevivem do monturo.

Deus, tenha misericórdia,
Dos que abusam das crianças,
Violentando suas almas
Desprotegidas.
Misericórdia!

Deus, tenha misericórdia,
Das florestas e dos bichos,
Do planeta enfumaçado
E espoliado.
Misericórdia!

Deus, tenha misericórdia,
Dos apátridas, dos índios
E de tudo mais que sofre
No universo.
Misericórdia!

Deus, tenha misericórdia,
Pra que a vida valha mais,
Valha mais do que dinheiro,
Valha mais do que poder.
Deus, tenha misericórdia,
Venha pois, nos socorrer,
Pra que a vida valha mais,
Seja melhor do que morrer.
Misericórdia!