15 agosto 2007

Charles Haddon Spurgeon (1834-1892)


Um dos maiores pregadores de todos os tempos

Houve época em que o simples fato de optar pela religião evangélica equivalia a colocar a cabeça a prêmio. No século 15, Carlos V, o imperador espanhol, queimou milhares de evangélicos em praça pública. Seu filho, Filipe II, vangloriava-se de ter eliminado dos países baixos da Europa cerca de 18 mil "hereges protestantes". Para fugir da perseguição implacável, outros milhares de cristãos foram para a Inglaterra. Dentre eles, estava a família de Charles Haddon Spurgeon (1834-1892), o homem que se tornaria um dos maiores pregadores de todo o Reino Unido. Charles obteve tão bom resultado em seu ministério evangelístico que, além de influenciar gerações de pastores e missionários com seus sermões e livros, até hoje é chamado de Príncipe dos pregadores.


O maior dos pecadores

Spurgeon era filho e neto de pastores que haviam fugido da perseguição. No entanto, somente aos 15 anos, ocorreu seu verdadeiro encontro com Jesus. Segundo os livros que contam a história de sua vida, Spurgeon orou, durante seis meses, para que, "se houvesse um Deus", Este pudesse falar-lhe ao coração, uma vez que se sentia o maior dos pecadores. Spurgeon visitou diversas igrejas sem, contudo, tomar uma decisão por Cristo.

Certa noite, porém, uma tempestade de neve impediu que o pastor de uma igreja local pudesse assumir o púlpito. Um dos membros da congregação - um humilde sapateiro - tomou a palavra e pregou de maneira bem simples uma mensagem com base em Isaías 45.22a: Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra. Desprovido de qualquer experiência, o pregador repetiu o versículo várias vezes antes de direcionar o apelo final. Spurgeon não conteve as lágrimas, tamanho o impacto causado pela Palavra de Deus.



Início de uma nova caminhada

Após a conversão, Spurgeon começou a distribuir folhetos nas ruas e a ensinar a Bíblia na escola dominical para crianças em Newmarkete Cambridge. Embora fosse jovem, Spurgeon tinha rara habilidade no manejo da Palavra e demonstrava possuir algumas características fundamentais para um pregador do Evangelho. Suas pregações eram tão eletrizantes e intensas que, dois anos depois de seu primeiro sermão, Spurgeon, então aos 20 anos, foi convidado a assumir o púlpito da Igreja Batista de Park Street Chapel, em Londres, antes pastoreada pelo teólogo John Gill. O desafio, entretanto, era imenso. Afinal, que chance de sucesso teria um menino criado no campo (Anteriormente, Spurgeon pastoreava uma pequena igreja em Waterbeach, distante da capital inglesa), diante do púlpito de uma igreja enorme que agonizava?

Localizada em uma área metropolitana, Park Street Chapel havia sido uma das maiores igrejas da Inglaterra. No entanto, naquele momento, o edifício, com 1.200 lugares, contava com uma platéia de pouco mais de cem pessoas. A última metade do século 19 foi um período muito difícil para as igrejas inglesas. Londres fora industrializada rapidamente, e as pessoas trabalhavam durante muitas horas. Não havia tempo para as pessoas se dedicarem ao Senhor. No entanto, Spurgeon aceitou sem temor aquele desafio.

Tamanha audiência

O sermão inaugural de Spurgeon, naquela enorme igreja, ocorreu em 18 de dezembro de 1853. Havia ali um grupo de fiéis que nunca cessou de rogar a Deus por um glorioso avivamento. No início, eu pregava somente a um punhado de ouvintes. Contudo, não me esqueço da insistência das suas orações. As vezes, parecia que eles rogavam até verem a presença de Jesus ali para abençoá-los. Assim desceu a bênção, a casa começou a se encher de ouvintes e foram salvas dezenas de almas, lembrou Spurgeon alguns anos depois.

Nos anos que se seguiram, o templo, antes vazio, não suportava a audiência, que chegou a dez mil pessoas, somada a assistência de todos os cultos da semana. O número de pessoas era tão grande que as ruas próximas à igreja se tomaram intransitáveis. Logo, as instalações do templo ficaram inadequadas, e, por isso, foi construído o grande Tabernáculo Metropolitano, com capacidade para 12 mil ouvintes. Mesmo assim, de três em três meses, Spurgeon pedia às pessoas, que tivessem assistido aos cultos naquele período, que se ausentassem a fim de que outros pudessem estar no templo para conhecer a Palavra.

Muitas congregações, um seminário e um orfanato foram estabelecidos. Com o passar do tempo, Charles Spurgeon se tornou uma celebridade mundial. Recebia convites para pregar em outras cidades da Inglaterra, bem como em outros países como França, Escócia, Irlanda, País de Gales e Holanda. Spurgeon levava as Boas Novas não só para as reuniões ao ar livre, mas também aos maiores edifícios de 8 a 12 vezes por semana.

Segundo uma de suas biografias, o maior auditório em que pregou continha, exatamente, 23.654 pessoas: este imenso público lotou o Crystal Palace, de Londres, no dia 7 de outubro de 1857, para ouvi-lo pregar por mais de duas horas.

Sucesso

Mais de cem anos depois de sua morte, muitos teólogos ainda tentam descobrir como Spurgeon obtinha tamanho sucesso. Uns o atribuem às suas ilustrações notáveis, a habilidade que possuía para surpreender a platéia e à forma com que encarava o sofrimento das pessoas. Entretanto, para o famoso teólogo americano Ernest W. Toucinho, autor de uma biografia sobre Spurgeon, os fatores que atraíam as multidões eram estritamente espirituais: O poder do Espírito Santo, a pregação da doutrina sã, uma experiência de religioso de primeira-mão, paixão pelas almas, devoção para a Bíblia e oração a Cristo, muita oração. Além disso, vale lembrar que todas as biografias, mesmo as mais conservadoras, narram as curas milagrosas feitas por Jesus nos cultos dirigidos pelo pregador inglês.

As pessoas que ouviam Spurgeon, naquela época, faziam considerações sobre ele que deixariam qualquer evangélico orgulhoso. O jornal The Times publicou, certa ocasião, a respeito do pastor inglês: Ele pôs velha verdade em vestido novo. Já o Daily Telegraph declarou que os segredos de Spurgeon eram o zelo, a seriedade e a coragem. Para o Daily Chronicle, Charles Spurgeon era indiferente à popularidade; um gênio, por comandar com maestria, uma audiência. O Pictorial World registrou o amor de Spurgeon pelas pessoas.

Importância

O amor de Spurgeon tinha raízes. Casou-se em 20 de setembro de 1856 com Susannah Thompson e teve dois filhos, os gêmeos não-idênticos Thomas e Charles. Fazíamos cultos domésticos sempre; quer hospedados em um rancho nas serras, quer em um suntuoso quarto de hotel na cidade. E a bendita presença do Espírito Santo, que muitos crentes dizem ser impossível alcançar, era para nós a atmosfera natural. Vivíamos e respirávamos nEle, relatou, certa vez, Susannah.

A importância de Charles Haddon Spurgeon como pregador só encontra parâmetros em seus trabalhos impressos. Spurgeon escreveu 135 livros durante 27 anos (1865-1892) e editou uma revista mensal denominada A Espada e a Espátula. Seus vários comentários bíblicos ainda são muito lidos, dentre eles: O Tesouro de Davi (sobre o livro de Salmos), Manhã e Noite (devocional) e Mateus - O Evangelho do Reino. Até o último dia de pastorado, Spurgeon batizou 14.692 pessoas. Na ocasião em que ele morreu - 11 de fevereiro de 1892 -, seis mil pessoas leram diante de seu caixão o texto de Isaías 45.22a: Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra.

Texto: Marcelo Dutra
Fonte: Revista Graça, ano 2 nº 19 – Fevereiro/2001

Arthur Walkington Pink (1886-1952)

Arthur Walkington Pink (1886-1952)

Arthur Walkington Pink (1886-1952) nasceu na Grã-Bretanha e imigrou para os Estados Unidos para estudar no Instituto Bíblico Moody. Pastoreou igrejas no Colorado, na Califórnia, no Kentucky, e na Carolina do Sul, antes de se tornar um professor itinerante da Bíblia em 1919. Ele retornou à sua terra natal em 1934, estabelecendo residência na Ilha de Lewis, na Escócia, em 1940, permanecendo lá até sua morte em 1952.

Muitos de seus trabalhos originalmente apareceram como artigos em "Estudos nas Escrituras" (Studies in Scriptures), uma revista mensal que lidava estritamente com a exposição bíblica. A revista nunca teve mais que 1.000 assinantes, mas Pink descobriu que a maioria deles eram ministros, com seus próprios rebanhos, e que passavam o que haviam aprendido da exposição de Pink em seu pastorado, dando-lhe um grande efeito de cascata. Ele apreciou este pensamento. Superficialmente o ministério de Pink e seus escritos não pareceram ser de muito efeito, pois, Pink foi virtualmente desconhecido e certamente desconsiderado em seus dias, contudo agora que já faleceu, é muito mais amplamente conhecido e lido que quando estava entre nós.

O estudo independente da Bíblia o convenceu que muito do moderno evangelismo era defeituoso e incorreto. Quando os livros puritanos e reformados foram geralmente escarnecidos como um todo pela Igreja, ele desenvolveu a maioria de seus princípios com um zelo incansável. O progressivo declínio espiritual de sua própria nação (a Grã-Bretanha) foi, para ele, uma conseqüência inevitável do predomínio de um "evangelho" que não podia nem ferir (com a convicção do pecado) nem curar (através da regeneração).

Profundo conhecedor de toda a extensão da revelação, o Pr. Pink raramente se desviou dos grandes temas das Escrituras: a graça, a justificação, e a santificação. Nossa geração tem para com ele um grande débito pela duradoura luz que irradiou, pela graça de Deus, sobre a Verdade da Bíblia Sagrada.

http://www.luz.eti.br/pink.html

George Vicesimus Wigram (1805 -1879)

George Vicesimus Wigram era o vigésimo filho de Sir Robert Wigram, um rico comerciante de Londres. É disso que resulta o seu segundo nome em latim que em português quer dizer “vigésimo”.

Ele nasceu no 1805. Enquanto ainda jovem, ingressou no exército britânico. Foi provavelmente por volta do ano de 1824 que chegou a se converter e em 1826 deixou o serviço militar, para estudar teologia no colégio “Queen’s College” em Oxford. Na sua condição de filho de um pai rico, ele teve algumas características especiais de que tomaram nota os seus colegas de estudos.

Assim ele era o único estudante que tinha como ter uma charrete fechada; por outro lado, teve o costume de esfregar um manto novo tanto tempo na parede até que tivesse aparência de usado. Também era conhecido pelo fato de possuir um coração aberto e elevadas forças intelectuais.

Na sua condição de estudante, teve contato com James Lampden Harris e Benjamin Wills Newton em Oxford, e mais tarde, no ano de 1830, também com John Nelson Darby . Mais ou menos um ano depois, George Vicesimus Wigram se separou da Igreja Anglicana e mudou-se, juntamente com B. W. Newton, para Plymouth. De sua considerável fortuna, sem mais nem menos, G. V. Wigram comprou ali uma capela, a Providence Chapel na rua Raleigh, onde então cada noite houve preleções sobre assuntos bíblicos.

Durante uma visita de John Nelson Darby, os irmãos ali começaram a partir o pão. Assim se formou ali a primeira “assembléia” na Inglaterra. Um traço bastante notável e conhecido dos crentes reunidos ali conforme os pensamentos de Deus era, que se separaram de tudo que consideraram ser mundano, seja de livros, vestimenta e móveis. Essas ofertas voluntárias foram juntadas em tal quantia que era necessário vendê-los em leilão público. O que faz esse caso de Plymouth tão impressionante é que a assembléia agia em unanimidade e também a maneira sincera e convicta em que aconteceu esse abandono do mundo.

Embora George Vicesimus Wigram passasse a maioria do tempo em Plymouth, pouco tempo depois surgiu também uma assembléia em Londres por meio dele. Naqueles anos, G. V. Wigram se dedicou principalmente a uma tarefa especial, ou seja à compilação de concordâncias bíblicas, que haviam de servir como ajuda àqueles que possuíam pouco ou nenhum conhecimento das línguas hebraica ou grega. Ele financiou esses empreendimentos de sua considerável fortuna, embora ele mesmo dissesse em grande modéstia, que “apenas passou por minhas mãos”.

No ano de 1839 foi publicada “The Englishman’s Greek Concordance of the New Testament” (“A Concordância Grega do Leitor Inglês referente ao Novo Testamento”) e em 1843 “The Englishman’s Hebrew and Chaldee Concordance of the Old Testament” (“A Concordância Hebraica e Aramaica do Leitor Inglês referente ao Antigo Testamento”). Os dois volumes, desde então, sempre têm sido republicados e foram úteis e de bênção para inúmeros estudantes das Escrituras Sagradas.

Assim essa obra de G. V. Wigram se constituiu em um serviço relevante para toda a Igreja de Deus até em nossos dias.

George Vicesimus Wigram era um fiel amigo de John Nelson Darby e seu companheiro durante muitas viagens. Na questão de Bethesda nos anos de 1845 a 1850 estava firme ao lado dele. A sua sinceridade e lealdade nunca têm sido questionadas.

Era editor da revista “The Present Testimony” (“O Testemunho Atual”) nos anos 1849 a 1873 (uma revista sucessora da primeira revista dos irmãos intitulada “The Christian Witness” — “O Testemunho Cristão”). Nela publicou diversos de seus escritos que, mais tarde, foram publicados em cinco volumes (a última edição em inglês por H. L. Heijkoop, Winschoten).

Quando por volta de 1873 o testemunho florescente das igrejas diminuiu por causa de diversas influências, ele desistiu da edição dessa revista. Sentiu que os irmãos não correspondiam mais ao chamado de Deus. Certa vez mencionou: “Nós tínhamos de reconhecer a verdade de joelhos em oração perpétua, mas hoje pode ser comprada por um preço barato”.

Já no ano de 1838 ele compilou um hinário sob o título “Hymns for the Poor of the Flock” (“Hinos para os Pobres do Rebanho”; compare Zacarias 11:7). Pelo fato de circular também outros hinários, George Vicesimus Wigram recebeu em 1856 o convite de se ocupar detalhadamente com esse assunto. Disso surgiu um novo hinário sob o título “A Few Hymns and Some Spiritual Songs Selected 1856” (“Alguns Hinos e Cânticos Espirituais Selecionados 1856”). Esse, então, foi usado de forma geral até que, em 1881, sob liderança de John Nelson Darby , foi revisado e ampliado mais uma vez. De forma modificada esse hinário ainda hoje está sendo usado nos países de fala inglesa.

Alguns hinos bonitos contidos nele são de autoria de G. V. Wigram. Durante o tempo por volta de 1850, George Vicesimus Wigram visitava os grupos de crentes que haviam surgido em decorrência do trabalho de William Darby e Julius Anton von Poseck na Renânia (região na Alemanha) em diversas localidades (Benrath, Hilden, Haan, Ohligs, Rheydt e Kettwig).

Também fazia visitas mais prolongadas nos últimos anos de sua vida na Nova Zelândia, nas ilhas do Caribe etc. Por todos os lados o seu ministério foi bastante apreciado. Sempre era seu alvo servir somente a Cristo. No dia 1 dejaneiro de 1879 o Senhor o tomou para consigo.

Julius Anton von Poseck (1816 - 1896)

Julius Anton Eugen von Poseck (* 2. September 1816 in Zirkwitz in Pommern; † 6. Juni 1896 in Lewisham bei London) war evangelischer Theologe.

Er stammt aus einer alten sächsischen Adelsfamilie. Seine Eltern zogen schon bald nach seiner Geburt nach Westfalen um, und erzogen ihren Sohn katholisch.

Nach dem Besuch des Gymnasiums in Duisburg studierte Julius Anton Eugen von Poseck zunächst ab 1836 katholische Theologie in Münster, aber ab 1838 Rechtswissenschaften.

1843 wurde er Referendar bei der Düsseldorfer Regierung. 1848 kam er zur Bekehrung. In Düsseldorf lernte er John Nelson Darbys Schriften ebenso kennen wie dessen Bruder William Darby. 1854 zog er nach Barmen wo er auch zusammen mit Carl Brockhaus und John Nelson Darby an der Übersetzung der Elberfelder Bibel beteiligt war. Im Jahre 1856 ging er nach Hilden und 1857 nach England, wo er schließlich heiratete und als Sprachgelehrter tätig war und auch einige Bücher herausgab.

Von Poseck ist der Verfasser des bekannten Liedes „Auf dem Lamm ruht meine Seele“. Nach den Lebenserinnerungen von Else Zint geb. Trappmann (1908–1977) soll dieses Lied am Krankenbett ihrer Urgroßmutter Henriette Trappmann geb. Gördts (1836–1900, in der Sterbeurkunde als „Dissidentin“ bezeichnet) auf Gut Winkelsen in Mettmann entstanden sein, als von Poseck eine Nacht bei ihr wachte.

James Arminius (1560-1609)

(H. C. Rogge, em The New Schaff-Herzog Encyclopedia Of Religious Knowledge, Vol I, Editado por Samuel Macauley Jackson)

 ARMINIUS, JACÓ (Jakob Hermanss): Um teólogo holandês. Arminius nasceu em Oudewater (18 m. em direção ao leste e nordeste de Roterdã) em 10 de outubro de 1560 e morreu em Leiden em 19 de outubro de 1609. Após a morte prematura de seu pai ele foi morar com Rudolphus Snellius, professor em Marburg. Em 1576 retornou para casa e estudou teologia em Leiden sob Lambertus Danæus. Aqui ele passou seis anos, até que recebeu autorização dos burgomestres de Amsterdã para continuar seus estudos em Genebra e Basel sob Beza e Grynæus. Ele fez preleções sobre a filosofia de Petrus Ramus e a Epístola aos Romanos. Sendo chamado de volta pelo governo de Amsterdã, em 1588 ele foi nomeado pregador da congregação reformada. Durante os quinze anos que passou aqui, ele obteve o respeito de todos, mas suas concepções sofreram uma mudança. Sua exposição de Rm 7 e 9 e seu pronunciamento sobre a eleição e reprovação foram considerados ofensas. Seu colega, erudito mas irascível, Petrus Plancius se opôs a ele em particular. Disputas surgiram no consistório, que temporariamente foram impedidas pelos burgomestres.

Arminius foi suspeito de heresia porque considerava o consentimento com os livros simbólicos como não unificadores e estava pronto a conceder ao Estado mais poder nas questões eclesiásticas do que os rígidos calvinistas gostariam de admitir. Quando dois dos professores da Universidade de Leiden, Junius e Trelcatius, morreram (1602), os administradores chamaram Arminius; e Franciscus Gomarus, o único professor de teologia vivo, protestou, mas ficou satisfeito após uma entrevista com Arminius. O último assumiu suas obrigações em 1603 com um discurso sobre o ofício sumo sacerdotal de Cristo, e se tornou doutor em teologia. Mas as disputas dogmáticas foram renovadas quando Arminius realizou palestras públicas sobre a predestinação. Gomarus se opôs a ele e publicou outras teses. Sucedeu uma grande agitação na universidade e os estudantes foram divididos em dois partidos. Os ministros de Leiden e de outros locais participaram da controvérsia, que se tornou geral. Os calvinistas queriam que a questão fosse decidida por um sínodo geral, mas os Estados Gerais não queriam fazê-lo. Oldenbarneveldt, o estadista liberal holandês, deu em 1608 a ambos os oponentes oportunidade para defender suas opiniões diante da suprema corte, e o veredicto pronunciado foi que, visto que a controvérsia não tinha qualquer relação com os pontos principais relativos à salvação, cada um deveria ser indulgente com o outro. Mas Gomarus não se renderia. Até os Estados da Holanda tentaram realizar uma reconciliação entre os dois, e em agosto de 1609, ambos os professores e quatro ministros foram convidados para fazer novas negociações. As deliberações foram primeiro mantidas oralmente, sendo depois continuada por escrito, mas foram encerradas em outubro com a morte de Arminius.

Em suas Disputationes, que foram parcialmente publicadas durante sua vida, parcialmente após sua morte, e que incluíam toda a seção de teologia, assim como em alguns discursos e outros escritos, Arminius clara e diretamente definiu sua posição e expressou sua convicção. No geral estes escritos são um belo testemunho de sua erudição e sagacidade. A doutrina da predestinação pertencia aos ensinos fundamentais da Igreja Reformada; mas a concepção dela afirmada por Calvino e seus partidários, Arminius não poderia adotar como sua. Ele não queria seguir um desenvolvimento doutrinário que tornava Deus o autor do pecado e da condenação dos homens. Ele ensinava a predestinação condicional e atribuiu mais importância à fé. Ele não negava nem a onipotência de Deus nem sua livre graça, mas ele considerava que era seu dever preservar a honra de Deus, e enfatizar, baseado nas claras expressões da Bíblia, o livre-arbítrio do homem bem como a verdade da doutrina do pecado. Nestas coisas ele estava mais do lado de Lutero do que de Calvino e Beza, mas não pode ser negado que ele expressou outras opiniões que foram vigorosamente contestadas como sendo afastamentos da confissão e do catecismo. Seus seguidores expressaram suas convicções nos famosos cinco artigos que eles apresentaram diante dos Estados como sua justificação. Chamados de remonstrantes, por causa destas Remonstrantiæ, eles sempre se recusaram a ser chamados de arminianos.

Tradução: Paulo Cesar Antunes