Advertir, confortar e
auxiliar
14Exortamos vocês, irmãos, a que advirtam os ociosos, confortem os desanimados, auxiliem os fracos, sejam pacientes para com todos. 1 Ts 4.14 (NVI)
O Apóstolo Paulo era um missionário itinerante. Depois
de ser alcançado por Jesus no caminho de Damasco e ter sua visão sobre o amor
de Deus transformada, ele gastou sua vida pregando o evangelho de Jesus,
plantando igrejas e treinando lideranças.
Dos 27 livros do NT, 8 são cartas dele. Algumas dessas
cartas foram escritas às igrejas que ele mesmo estabeleceu, outras a igrejas
que ele visitou e algumas a igrejas que ele nem mesmo conhecia pessoalmente. Duas
dessas cartas foram escritas à igreja da cidade de Tessalônica.
As palavras de Paulo àqueles irmãos parecem revelar
que aquela igreja tinha um lugar especial no coração do apóstolo. Eles eram
como aqueles alunos estudiosos a quem os professores admiram e elogiam. (1
Ts 1.2-4)
2Vocês todos são para nós um motivo de constante gratidão a Deus, e sempre vos nomeamos nas nossas orações; 3nunca nos esquecemos da atividade que a fé vos inspira, de todo o vosso trabalho feito por amor cristão, da vossa persistência na esperança no nosso Senhor Jesus Cristo. 4Nós sabemos, queridos irmãos, que foi Deus quem vos escolheu. 1 Ts 1.2-4 (OL)
2Vocês todos são para nós um motivo de constante gratidão a Deus, e sempre vos nomeamos nas nossas orações; 3nunca nos esquecemos da atividade que a fé vos inspira, de todo o vosso trabalho feito por amor cristão, da vossa persistência na esperança no nosso Senhor Jesus Cristo. 4Nós sabemos, queridos irmãos, que foi Deus quem vos escolheu. 1 Ts 1.2-4 (OL)
Na comparação com outras igrejas com que o apóstolo
lidava parece que os irmãos de Tessalônica eram os primeiros da turma. Mas é interessante
notar que mesmo tendo um apreço especial por aqueles dedicados irmãos, Paulo
não deixou de escrever-lhes com o propósito de dar instruções sobre sua nova
vida em Cristo.
Essa postura do apóstolo certamente serve de alerta
para nós, irmãos. Nenhum seguidor de Jesus deveria se sentir intocável. Por
mais experientes a amadurecidos que sejamos, carecemos de orientação sobre o
modo como estamos vivendo nossas vidas. Não existe crente blindado. Quem se
fecha para a exortação do Espírito de Deus está enganando-se a si mesmo e acaba
sabotando o seu próprio crescimento como discípulo de Jesus.
Precisamos manter em mente que somos aqueles que
passaram a confiar na eficácia da morte de Cristo para nos fazer parte da
família de Deus. Nós somos aqueles que pararam de tentar alcançar os céus
ficando de ponta-de-pé e que agora encontram o céu através da presença de
Cristo em suas vidas. Nós somos aqueles que foram livrados da culpa do pecado,
que estamos libertos do domínio do pecado e que seremos livres da presença do
pecado.
Isso tudo é verdade! E exatamente por isso é que precisamos
da orientação do Espírito para viver como discípulos de Jesus.
O verso que lemos no começo faz parte de uma série de
orientações que finalizam essa primeira carta. São orientações diretas, ditas
sem muitas voltas. Oro ao Senhor para que elas cumpram o propósito de Deus
nesta noite.
Advertir os ociosos, confortar os desanimados e
auxiliar os fracos. E para com todos ser paciente. É bom não confundir as
coisas, se não pode da tudo errado. Imagine como só como seria traria pouco
benefício para igreja se nós, com muito amor, nos dedicássemos a “confortar os
ociosos” ou a “auxiliar os desanimados” ou ainda a “advertir os fracos”.
Essa simples correlação adequada entre o tipo de
necessidade e o serviço a ser prestado, irmãos, serve de alerta para nós. A
vida comunitária deve ser experimentada de forma sábia. Somos chamados a servir
considerando com cuidado a melhor maneira de ajudar-nos uns aos outros. Se não
estivermos atentos a isso será tudo um grande desperdício. O serviço assim “de
bolo” acrescenta muito pouco. No máximo alivia por um momento a consciência de
quem serviu.
Advirtam
os ociosos
Os irmãos de Tessalônica abraçaram a fé de forma tão
intensa que viviam a expectativa da volta imediata de Cristo. Eles estavam tão
desejos de estar com Cristo que começaram a relaxar quanto às responsabilidades
diárias que cada um tinha. Alguns deixaram seus empregos e passaram a esperar a
volta de Cristo a qualquer momento. Essas pessoas começaram, então, a depender
da ajuda de outros irmãos que continuavam a trabalhar.
Essa situação certamente criou situações de conflito
entre os irmãos e Paulo aproveitou as duas cartas para orientá-los sobre o
assunto.
Hoje, a motivação para a ociosidade não é a mesma dos
irmãos de Tessalônica, mas existem outras situações que também precisamos ser
alertados.
Ausência de tarefas domésticas
Papai e mamãe, vocês precisam ensinar os pequeninos,
desde muito cedo que eles têm obrigações que precisam ser cumpridas: (1)
brinquedos não voltam sozinhos para o lugar de onde foram tirados; (2) chinelos
e sapatos não são peças de decoração; (3) camas não se arrumam sozinhas.
Além disso, a casa tem rotinas que precisam ser
compartilhadas. Esse ensino precisa acontecer desde muito cedo, porque depois será
fácil consertar a ociosidade do adolescente que se acostumou a não fazer em
casa quando era pequeno.
Ensinar desde cedo que todos temos responsabilidades
para dar conta pode poupar muito sofrimento no futuro e certamente ajuda na
construção de uma sociedade em que cada um assume sua parte.
Universitários dependentes
Há alguns cursos universitários que realmente não
permitem um trabalho regular por causa dos turnos em que as aulas acontecem,
mas na maioria dos casos é perfeitamente possível conciliar um curso
universitário com alguma atividade prática de trabalho, ainda que seja um
estágio.
No entanto alguns pais parecem querer “proteger” seus
filhos do trabalho e dessa forma acabam abrindo espaço para uma ociosidade justificada,
que depois vai cobrar um alto preço do seu protegido.
É impressionante o número de jovens que terminam seus
cursos universitários sem sequer uma experiência de trabalho. Eles chegam ao
final de seus cursos muitas vezes inseguros sobre o que farão na prática e sem
nada que ser pareça com a vida real e possa ser apesentado ao mercado de
trabalho. Assim, o que parece uma proteção amorosa no começo pode se revelar um
imenso atrapalho para a pessoa e para a sociedade.
Recém-casados dependentes
É cada dia mais comum que jovens se casem ou mesmo
comecem a morar juntos e continuem a morar na casa dos pais de um deles. Essa é
uma fórmula falida. É como dá um tiro no próprio pé.
O ditado popular diz que quem casa quer casa e a
bíblia diz “deixará ... pai e mãe”. Um jovem casal que não sai da casa dos pais
terá muita dificuldade para construir uma nova família. Isso fará mal a eles,
às famílias e a sociedade como um todo.
Às vezes é preciso abrigar filhos temporariamente em
nossas casas, mas isso precisa ser sempre uma transição e jamais uma situação
indefinida. Jovens casais que permanecem na casa dos pais acabam usando mal o
tempo e flertam com a ociosidade, já que papai e mamãe tomam conta de tudo.
Além disso, não adquirem a noção de responsabilidade, não sabem o preço das
coisas, têm dificuldade de valorizar o trabalho e acabam vivendo uma realidade
insustentável e danosas para todos.
Adultos dependentes
Hoje muitos adultos que não constituíram família optam
por permanecer da casa dos pais. Portanto é comum vermos, principalmente
homens, de 40 anos ou mais, às vezes sem trabalhar, sendo servidos por mães e
pais que deveriam estar em outra fase da vida.
Além disso, há aqueles que mesmo casados e com família
constituída sentem-se no direito de ser sustentados por parentes e amigos, sem
nunca assumirem de forma plena suas responsabilidades.
Adultos que dependem integral ou parcialmente de seus
pais ou de outros adultos precisam ser desafiados a buscar o próprio sustento
de forma digna. Não é justo que a geração que nos antecedeu e que já cumpriu
seu papel de manter e sustentar seja constrangida a continuar fazendo isso de
forma indefinida.
Confortem
os desanimados
A segunda orientação do Espírito nesse verso 14 é para
que os desanimados sejam confortados.
Se você prestar atenção, vai perceber que aqueles que
desejam ajudar alguém desanimado, normalmente fazem de tudo para animá-lo. Não
suportamos ver alguém cabisbaixo, tristonho e sem ânimo perto da gente, e aí
fazemos o que for possível para animá-lo. Vale dar presente, vale contar piada,
vale levar pra sair, vale carinho, o importante desfazer aquele desânimo.
Mas, o apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito de
Deus, diz que o os desanimados devem ser confortados. Há uma diferença entre
animar e confortar. Animar é tentar fazer o outro esquecer os motivos do seu
desânimo; confortar é ficar com a pessoa em meio ao desânimo e tornar aquele
tempo menos difícil.
Para confortar os desanimados é preciso ficar junto
deles. Confortar os desanimados é ficar ao lado da cama enquanto a febre não
passar, afofar o travesseiro, arrumar os lençóis, cochilar ao lado da cama, e
só sair quando a febre passar.
Muitas pessoas têm dificuldade de se aproximar
daqueles que sofrem com doenças crônicas ou estão em estado terminal em uma
cama de hospital. A questão e que nesses casos não há nada a fazer senão afofar
o travesseiro, arrumar os lençóis e quem sabe cantarolar uma canção que dê paz
ao coração.
Outras pessoas não são capazes de consolar
simplesmente porque o que as incomoda é ter que conviver com alguém desanimado.
Elas não estão necessariamente preocupadas com a dor do outro, mas em resolver
o próprio desconforto de estar perto de alguém desanimado. Estão pensando
apenas em si mesmos.
4Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. (Fil. 2:4)
4Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. (Fil. 2:4)
Que tal se colocar a disposição para Deus o (a) use
para confortar aqueles que precisam de conforto? Que tal cuidar não apenas dos
seus interesses, mas também dos interesses daqueles que precisam de conforto em
sua volta?
Auxiliem
os fracos
Quando olho para a forma como tratamos os fracos em
nossa sociedade, entendo melhor que o homem sem Deus é levado a agir pela lei
do mais forte, em que os fracos são desprezados e não sobrevivem. Essa lei está
embutida nos relacionamentos humanos, nas regras do mercado e nas negociações
diplomáticas.
Nietzsche acreditava que os fracos e débeis deveriam
ser eliminados até que surgisse um novo homem, um super-homem sem traços de
piedade e misericórdia, seguro de si e de seu destino. A filosofia de Nietzsche
foi usada por Hitler para justificar a purificação da raça ariana com o
extermínio dos judeus.
A lei de Cristo é diferente da lei do mais forte. O
Espírito diz que os fracos devem ser auxiliados. Isso começa nos pequenos
detalhes, quando o julgamento apressado é substituído pela compaixão. Quando as
piadinhas de corredor sobre a fraqueza do irmão são substituídas por uma
atitude de auxílio.
O escárnio, a zombaria, o pouco caso, o isolamento e o
distanciamento daqueles que parecem fracos são provas de desamor e não podem
fazer parte da vida de um discípulo de Jesus!
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Veja que outra vez o Espírito de Deus nos empurra para
perto das pessoas. Não dá pra auxiliar de longe, tem que se aproximar. Tem que
caminhar lado a lado para saber como auxiliar da melhor maneira. Não resolve apenas
mandar dinheiro ou encher de presentes. É preciso estar junto.
Sejam
pacientes com todos
Para viver o evangelho de Jesus é preciso ser paciente. Pode parecer difícil ser paciente como os outros, sobretudo se eles são ociosos, desanimados e fracos. Mas ajuda muito quando nós olhamos para nós mesmos e vemos que não somos lá muito diferentes. Também nós precisamos ser advertidos, confortados e auxiliados. Ainda assim o Senhor é paciente conosco.