19 abril 2009

Jesus, dinheiro, riquezas e bens 1

Introdução

Hoje estamos voltando à nossa reflexão sobre o tipo de igreja que seremos ou, ainda melhor, o tipo de igreja em que estamos nos tornando.

Neste recomeço precisamos lembrar que a Igreja Batista do Caminho somos nós mesmos. Não estamos falando de uma instituição ou organização formal. Falamos de nós mesmo. Assim, ao voltamos nossos olhos sobre o tipo de igreja em que estamos nos tornando, olhamos para nossas atitudes, nosso jeito de viver a vida e a maneira como nos relacionamos com Deus e com as pessoas; que é o que determinará o tipo de igreja que seremos.

Nossa pergunta, então, poderia ser feita de outra forma: que tipo de pessoa eu serei? Em que tipo de pessoa eu estou me tornando? Isso é muito importante, porque ao final das contas, o que temos feito aqui não é apenas estudo eclesiológico, isto é, da igreja, mas uma reflexão sobre quem somos.

Quando Cristo nos resgatou, começou em nós a etapa final de uma metamorfose através da qual temos sido transformados pelo poder do Espírito de Deus. A velha natureza, que se inclina ao pecado, cede lugar a uma nova natureza, que se inclina para Deus; o antigo jeito de ser, auto-suficiente, e dá lugar a o novo jeito de ser, dependente de Deus.


Essa transformação é tão impressionante que Jesus, ao explicar para Nicodemos chamou de novo nascimento. Uma nova pessoa surge em nós pela ação do Espírito de Deus. Então quando nós nos perguntamos se seremos uma igreja que ama ou que rejeita, que serve ou que é servida, que fala ou se cala, estamos refletindo sobre o quanto temos atendido ao Espírito de Deus no seu desejo de desenvolver em nós essa nova natureza que Ele mesmo gerou.

Hoje e nos próximos domingos vamos pedir ao Senhor que nos esclareça sobre a seguinte pergunta: em que tipo de igreja Ele quer que nos tornemos: uma igreja que contribui ou que se nega.

O assunto é um dos mais difíceis de serem tratados na igreja, porque envolve dinheiro e um dos órgãos mais sensíveis do corpo humano: o bolso (ou a bolsa).

Se você tem dificuldade para lidar com o assunto, talvez queira tirar umas férias do culto de domingo pelas próximas semanas e esperar que essa onda passe. Talvez até lá o pastor recobre a sanidade e volte a falar de assuntos mais apropriados para uma igreja, como, por exemplo, amor.

Mas, se você deseja permitir que o Espírito de Deus avance no desenvolvimento da nova natureza que Ele gerou dentro de você, meu conselho é que você não falte nenhuma das próximas pregações.

Se você deseja que a nova vida do Espírito tome conta da sua vida então você fará tudo o que estiver ao seu alcance para ouvir e atender a voz do Senhor (não a minha, mas voz daquele que ama você do jeito que você é, mas não sossegará até que você seja do jeito que ele planejou que você seria: semelhante a Jesus).

Trataremos de assuntos que a princípio não parecem muito espirituais como dinheiro, lucros, negócios, bens, riqueza, pobreza, ambição e coisas parecidas como estas. Mas você verá que tudo isso tem conexão direta com essa transformação que o Espírito quer fazer em nós.

Que igreja seremos? Em que tipo de pessoas que estamos nos tornando? Pessoas que doam ou pessoas que se negam. Em primeiro lugar vamos olhar para Jesus e tentar enxergar essa questão usando as mesmas lentes que ele usou e olhando do mesmo ponto vista que ele viu.

Jesus, dinheiro, riquezas e bens

19 “Não se preocupem em acumular riquezas aqui na terra, onde tudo pode estragar-se ou ser roubado”. 20 “Guardem, sim, coisas preciosas nos céu, onde nunca perdem seu valor, e estão livres dos ladrões! ” 21 “Se as riquezas estiverem no céu, o seu coração também estará lá”.

Nesse texto, Jesus fala sobre acumular riquezas. Por quê? Porque essa é uma inclinação da velha natureza. Há em nós uma profunda necessidade de segurança. Nós estávamos seguros e protegidos no jardim, mas agora a insegurança é a marca das nossas almas.

Basta olhar pela janela ou ligar a TV para constatar isso. O medo está entranhado na vida das cidades. O semblante das pessoas é de apreensão e a angústia de que algo terrível aconteça parece rodopiar sobre nossas cabeças.

E o desemprego? E o plano de saúde? E a minha velhice? E os filhos? E o financiamento do carro? E onde eu vou morar com minha família? E o estudo dos meninos? Estamos descendo uma correnteza caudalosa de incertezas e precisamos de algo que nos faça sentir seguros. Acumular bens e dinheiro parece uma ótima bóia salva-vidas.

Quando eu leio as palavras de Jesus fico impressionado com a sabedoria do Filho de Deus, porque Ele não nega essa necessidade que temos, mas revela a fragilidade dos nossos planos. Ei meu filho! Eu acho que essa sua bóia está furada.

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Viver em função de acumular bens e dinheiro é como alguém que se agarra a uma bóia furada. Por algum tempo o sujeito se sente seguro, mas logo ele percebe que aquilo não basta para resolver a inquietação de sua alma.

Há um jogo terrivelmente cruel neste ponto. A ilusão é que a paz da alma crescerá junto com o tesouro da terra. Então muitos se dedicam a acumular tesouros. Depois de alcançarem o que queriam, descobrem que não adiantou. Envergonhados do fracasso, alguns põem sobre si uma máscara de alegria para suportar a dor de haverem desperdiçado a vida. Não há riqueza suficiente no mundo para aquietar a alma longe de Deus.

Não há nada de errado em usufruir a vida. É bom se alegrar com o fruto do nosso trabalho. O alerta de Jesus é que isso não é suficiente. Por quê? Porque nossa insegurança vai além dessa existência, e por mais que a gente fique soprando para encher a bóia furada a correnteza continua nos levando para uma imensa queda d’água (catarata de Iguaçu).

Em outras palavras o alerta de Jesus é assim: você pode até continuar soprando essa bóia furada e não morrer afogado no rio, mas isso não muda o fato de que no final da correnteza tem uma cachoeira. Seu tesouro não pode ser a bóia. Se você dedicar seu tempo e energia para manter a bóia cheia, perderá o verdadeiro tesouro.

Quais são as coisas que você dá grande importância. A casa, o carro, o saldo na conta, o emprego, a formação acadêmica, as roupas, o lazer, o prazer? Onde você aplicou seu coração? Na opinião de Jesus, nada disso deve aprisionar o seu coração. É perda de tempo diante da cachoeira.
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Jesus fala de juntar tesouro nos céus. Esse tesouro celeste não pode ser roubado, não se estraga, não está exposto aos efeitos do tempo. Na verdade apenas esse tesouro dos céus é capaz atender à profunda necessidade de segurança de nossas almas. É nesse tesouro que devemos colocar nosso coração. Mas que tesouro é esse? Esse tesouro é o próprio Jesus Cristo.

2 Não procuramos enganar o povo para que creia - não estamos interessados em fazer trapaça com ninguém. Nunca procuramos fazer com que alguém creia que a Bíblia ensina o que ela não ensina. Nós nos abstemos de todos esses métodos vergonhosos. Achamo-nos na presença de Deus quando falamos, e por isso dizemos a verdade, como todos quantos nos conhecem concordarão.

3 Se para alguém a Boa Nova que pregamos está oculta, ela está oculta daquele que vai a caminho da morte eterna. 4 Satanás, o deus deste mundo pecaminoso, o fez cego, incapaz de ver a glória do Evangelho que está brilhando sobre ele, ou de compreender a mensagem maravilhosa que pregamos acerca da glória de Cristo, que é Deus.

5 Nós não vamos de um lado para outro pregando-nos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor. Tudo quanto dizemos de nós mesmos é que somos escravos de vocês por causa daquilo que Jesus fez por nós. 6 Pois Deus, que disse: "Haja luz na escuridão", nos fez compreender que é o brilho da sua glória que se vê no rosto de Jesus Cristo. (2Co 4:2-6)

O Tesouro do Céu é Cristo. Ele é a imagem de Deus. Ele é o próprio Deus que se fez gente. Ele é a riqueza capaz de encher nosso coração de confiança, paz e segurança.

1,2 Antes de existir qualquer coisa, Cristo já existia, e estava com Deus. 3 Ele criou tudo o que há - não existe nada que ele não tenha feito. 4 Nele está a vida eterna, e esta vida traz luz a toda a humanidade. 5 A vida dEle é a luz que brilha no meio da escuridão, e nunca pode ser apagada pela escuridão.(Joh 1:1-5)

Enquanto você estiver ocupado em acumular tesouros na terra, jogará fora o tesouro dos céus. Se você teimar e procurar segurança para sua alma em uma casa, um carro, um emprego, uma aposentadoria, uma formação acadêmica, você certamente desprezará o tesouro do Céu, único capaz de lhe dar segurança: Cristo.

Alguns tentam dividir o coração. Tentam ajuntar tesouros tanto na terra quanto nos céus e se tornam pessoas confusas e dúbias. Eles têm medo de confiar totalmente nos tesouros da terra, mas não também não são capazes de por sua confiança naquele que é Tesouro dos Céus. Esses são os mais inseguros de todos.

“Vocês não podem servir a dois patrões: Deus e o dinheiro. Porque vocês odiarão um e amarão outro, ou vice versa”. Mat 6:24

Quem é o seu patrão? Deus ou o dinheiro? A quem você ama de todo o seu coração? Os servos de Deus são desafiados a juntar tesouros nos céus. Eles não encontram segurança para suas almas em seus bens, seu dinheiro e posses, mas na confiança que têm no caráter de Deus.

A velha natureza é inclinada para a arrogância, independência, auto-suficiência e justiça própria. Tudo isso são formas de proteção que aprendemos por causa da insegurança e do temor que nos consome a alma aqui, fora do jardim.

A nova natureza é inclinada para a humildade, dependência de Deus e interdependência do irmão, confiança em Deus, arrependimento e perdão.

Não há como falsificar essa nova natureza ela é o resultado no novo nascimento que o Espírito Santo produz naqueles que confiam suas vidas a Jesus. Portanto se não há em seu coração o desejo de humildade, dependência de Deus, interdependência dos irmãos, confiança em Deus, arrependimento e perdão, é possível que você não tenha experimentado o novo nascimento.

Se você nasceu de novo, certamente o Espírito de Deus tem se comunicado com seu espírito e produzido essa inclinação. Mas, assim como eu, assim como foi com Pedro, é possível que algumas vezes você tenha tirado os olhos do Senhor e se sentido tentado a acumular tesouros na Terra. Então ouça então as palavras de Cristo, porque o Espírito de Deus fala dele.

25 “Portanto, meu conselho é: Não fiquem preocupados a respeito de coisas: O que comer, o que beber e o que vestir. Porque vocês já têm a vida e o corpo - e ele são muito mais importantes do que o comer ou o que vestir”. 26 “Olhem os passarinhos! Eles não se preocupam com a comida - eles não precisam semear, colher, ou guardar comida - pois o Pai celeste de vocês os alimenta. E para Deus, vocês valem mais do que os passarinhos”. 27 “Será que com todas as preocupações juntas poderão acrescentar um único momento à vida de vocês? ”.

28 “E por que ficar preocupados com a roupa? Olhem os lírios do campo! Eles não se preocupam com isto”. 29 “Até o rei Salomão, em toda a sua glória, não se vestiu tão bem como qualquer deles”. 30 “E se Deus cuida tão maravilhosamente das flores, que hoje estão aqui e amanhã já desaparecerá, será que Ele não vai, com toda a certeza, cuidar de vocês? Vocês têm uma fé muita fraca”.

31 “Portanto... 32 Não sejam como os pagãos! Pois eles se orgulham dessas coisas todas, e estão muitíssimos interessados nelas. Mas o Pai celeste, que vocês têm, já sabe muito bem que vocês precisam delas”, 33 “E Ele as dará a vocês, se O colocarem no primeiro lugar de suas vidas”. Mat 6:25-33

Se queremos ouvir a voz do Espírito e ser uma igreja que contribui, precisamos antes de tudo colocar o Senhor em primeiro lugar.

Permita que o Espírito de Deus aprofunde as marcas de sua nova natureza: os servo de Cristo não se ocupam de ajuntar tesouros na terra, mas aplicam seu coração ao Tesouro do Céu.

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