11 setembro 2010

William Tyndale (1483-1536)



O pai da Bíblia Inglesa


William Tyndale nasceu aproximadamente em 1483, na vila de North Nibley. Ordenado ao sacerdócio em 1502, ele se distinguiu em Oxford recebendo o seu diploma de Bacharel em Artes, em 1515. Mais tarde ele se transferiu para Cambridge, onde se tornou familiarizado com Erasmo e o seu Novo Testamento Grego. Enquanto atravessava esse tempo de reflexão, Tyndale experimentou uma iluminação espiritual semelhante à de Lutero.


Quanto mais ele estudava esse tesouro recém descoberto, mais acentuada se tornava a sua preocupação no sentido de que os seus companheiros ingleses dele compartilhassem. Foi durante esse período de formação que aconteceu a clássica discussão de Tyndale com um papista fanático. Antagonizado pela sua incapacidade de refutar a racionalização Bíblica de Tyndale, o exasperado sacerdote gritou: "seria melhor que ficássemos sem as leis de Deus do que sem as leis do papa", ao que Tyndale retorquiu indignado:
Desafio o papa e todas as suas leis; e se Deus me poupar a vida por muitos anos, levarei um garoto que conduz o arado a conhecer mais a Escritura do que vós.

Com essas audaciosas palavras representando a motivação de toda a sua vida, Tyndale decidiu resgatar os seus iletrados patrícios da desesperança e infelicidade do Romanismo, declarando:
Essa causa apenas me conduziu a traduzir o Novo Testamento. Porque eu havia percebido, por experiência, como seria impossível levar o povo leigo à verdade, a não ser que as Escrituras fossem claramente colocadas diante dos seus olhos na língua mãe.
O pedido de Tyndale para se alojar com o renomado Cuthbert Tonstal, Bispo de Londres, recebeu uma fria negativa. Do mesmo modo como o estalajadeiro de Belém negou abrigo à "Palavra Viva" o prelado indiferente fez o mesmo ouvido surdo à "Palavra Escrita", nenhum deles reconhecendo o tempo de sua visitação.


O Senhor compensou essa humilhação, enviando Tyndale até um comerciante simpático, o qual não apenas abriu sua residência em Londres, para o Reformador, como ainda lhe deu dez libras de presente, pedindo-lhe que orasse por "seu pai, sua mãe, suas alma e todas as almas cristãs". Contudo seis meses depois do início da tradução, Tyndale detectou uma crescente hostilidade dos oficiais lacaios contra o seu projeto. Grande parte dessa pressão foi atribuída às pazes de Henrique VIII com Roma, a respeito do controvertido pedido de anulação do seu casamento com a "estéril" rainha Catarina. Tyndale conclui com tristeza:
A partir daí, percebi que não apenas no palácio do bispo de Londres, mas em toda a Inglaterra, não havia lugar onde eu pudesse tentar uma tradução das Escrituras.
Em face dessas condições inaceitáveis, Tyndale transferiu-se para a Alemanha, em 1524, sem imaginar que jamais colocaria os pés novamente em solo inglês (Contudo, Foxe chamou Tyndale de "o Apóstolo da Inglaterra").


Tendo garantido alojamento em Hamburgo, o fugitivo fez uma peregrinação imediata até Wittenberg. O patrocínio negado a Tyndale por Tonstal foi mais do que compensado pelo audacioso Lutero, que iria declarar sem timidez: "Nasci para a guerra e a luta contra as facções e os demônios".


O Dr. J. R. Green captou o espírito contagiante de Lutero com a narrativa da visita deste a Tyndale:
Encontramo-lo em seu caminho para a cidadezinha que havia repentinamente se tornado a cidade sagrada da Reforma. Estudantes de todas as nações ali se reuniam com um entusiasmo que lembrava aquele dos cruzados. "Quando vinham para ver a cidade", conta-nos um contemporâneo, "retornavam graças a Deus com as mãos preparadas para de Wittenberg, como a partir de Jerusalém fosse a luz da verdade do evangelho espalhada até aos confins da terra". Foi por insistência de Lutero que Tyndale ali traduziu os evangelhos e as epístolas.
Tyndale receberia muita coragem para suas futuras experiências da parte do austero alemão, cuja visão pessoal sobre os perturbadores era essa: "você não pode enfrentar um rebelde com a razão. Sua melhor resposta é esmurrá-lo no rosto até que ele sangre pelo nariz".


Com o coração reanimado, Tyndale iniciou o seu esforço pioneiro de produzir a Bíblia Inglesa traduzida diretamente das línguas originais. Partiu dele uma excepcional concessão para uma tão grandiosa ventura. O professor Herman Buschais descreveu Tyndale para Spalatin como:
Um homem tão versado nas sete línguas: Hebraico, Grego, Latim, Italiano, Espanhol, Inglês e Francês, que qualquer uma que ele falasse poderia dar a impressão de ser a sua língua nativa.
Esta erudição foi confirmada no comparecimento de Tyndale diante dos editores de Colônia, Quental e Byrschmann, antes de completar um ano. Embora desconhecido a Tyndale, o arquinimigo de Lutero, o teólogo católico John Cochlaeus, Deão da Igreja da Bendita Virgem em Frankfurt, seguiu direto em suas pegadas. Quando viu os católicos na Alemanha preparados com Bíblias até às orelhas, Cochlaeus se queixou:


O Novo Testamento de Lutero se multiplicou e espalhou de tal maneira através dos editores que até mesmo alfaiates e sapateiros, sim, até mesmo as mulheres e as pessoas ignorantes, que aceitaram esse novo evangelho luterano e podiam ler um pouco de alemão, estudavam-no, com a maior avidez, como sendo a fonte de toda a verdade. Alguns o memorizaram, carregando-o no íntimo. Em poucos meses esse povo ficou tão letrado que não se envergonhava de debater sobre a fé e o evangelho, não apenas com os leigos católicos, mas até mesmo com os padres e monges e doutores em divindades.


Cochlaeus não podia permitir que esse pesadelo alcançasse a Inglaterra. Certo dia ele escutou por acaso alguns tipógrafos discutindo a respeito da obra de Tyndale. Embriagando-os com uma certa quantidade de vinho, ele ficou perplexo ao descobrir que o Novo Testamento Inglês já estava sendo impresso. Depois de ver apenas dez folhas completadas, Tyndale foi advertido da chegada de magistrados. Auxiliado pelo seu amanuense, William Roye, ele pôde transferir os preciosos documentos para Worms, deixando ao chão um padre frustrado.


Com a comparativa segurança da "retaguarda" oferecida por Lutero, as primeiras três mil cópias do Novo Testamento de Tyndale foram completadas em 1525 pelo editor de Worms - Schoeffer – e contrabandeadas para a Inglaterra, em barris, pilhas de roupa e sacos de farinha. Ao contrário da tradução dos manuscritos latinos de Wycliff, a obra de Tyndale foi diretamente traduzida do Grego e, mais que isso, do Textus Receptus da segunda e terceira edições de Erasmo. (Erasmo havia rejeitado as leituras Alfa e Beta da Vulgata, pavimentando, assim, a estrada para centenas de mártires em Smithfield, os quais iriam morrer por causa do Texto Majoritário).


Tendo sido alertado por Cochlaeus da "importação pendente de perniciosa mercadoria", o clero inglês ficou de sobreaviso nos portos. Muitas Bíblias foram interceptadas e queimadas em cerimônias, na Saint Paul Cross em Londres, pelo bispo Tonstal, que as chamava de "uma oferta queimada ao Deus Todo Poderoso".


Esse bispo enfatuado afirmava ter encontrado 2.000 erros na mesma. Sir Thomas More acrescentou: "tentar encontra erros no livro de Tyndale foi o mesmo que tentar água no mar". More seria degolado mais tarde, como um traidor da pátria.


Sem se intimidar, Tyndale exclamou no espírito do seu mentor alemão:
Ao queimar o Livro eles fizeram exatamente o que eu esperava; provavelmente eles vão também me queimar, se for essa a vontade de Deus.
Contudo, apesar desse diabólico esforço, muitos dos volumes reprovados foram dispersos pela terra (quase 50.000, segundo alguns cálculos). As dores sofridas no sentido de proteger esses Novos Testamentos podem ser vislumbradas através do que um sóbrio cristão escreveu:


Guardas perigosos cheios de whisky,
que em vão buscavam essa coluna,
gozavam de clandestinidade
e esconderijo com sofrimento ansioso.
Enquanto tudo à volta era miséria e escuridão,
Este livros nos mostrava o beijo sem fronteira,
além da tumba,
libertos dos padres venais – do castigo feudal.
Ele permitiu ao sofredor
seus passos fatigados até Deus.
E quando essa sofrida maldição na terra aconteceu
Esta principal riqueza do seu filho desceu.


Que o poder do Novo Testamento de Tyndale foi causa de alarme entre os católicos ficou evidenciado pela carta do bispo de Nikke ao seu superior, na qual se lia em parte: "está além do meu poder, ou de qualquer homem espiritual, impedir isso agora, e se assim continuar por muito tempo, ele a todos nos destruirá".


Com a cabeça erguida, Tyndale se mudou para Marburg, em 1528, onde ficou sob a proteção de Philip, o Magnânimo, Conde de Hesse. Após ter trabalhado, por quase um ano, no Pentateuco, ele embarcou para Hamburgo, porém sofreu um naufrágio na viagem, perdendo o manuscrito de Deuteronômio recém concluído.


Após uma chegada com atraso em Hamburgo, ele foi residir com Margarete von Emmerson, onde concluiu a tradução de Gênesis até Deuteronômio. Com o seu aparecimento na cidade livre de Antuérpia (para conseguir a impressão desses novos livros), Tyndale arquitetou um plano engenhoso para repor suas urgentes carências financeiras. Já ficou conhecido que o arrogante bispo Tonstal, levado ao desespero pela divulgação do Novo Testamento, havia tentado salvaguardar-se, removendo-os do comércio através de uma compra ilegal. Contudo, sem que Tonstal o soubesse, o comerciante intermediário do qual ele se aproximou, Augustine Pakinghton, era um dos simpatizantes e mantenedores de Tyndale. Foxe o descreve com esta maravilhosa narrativa poética de justiça:
Alguma semanas mais tarde, Pakinghton entrou no humilde alojamento de Tyndale, cujas finanças ele sabia terem se esgotado.
Pakinghton – "Mestre Tyndale, encontrei para vós um bom comprador dos vossos livros.
Tyndale – quem é?
Pakinghton – o senhor bispo de Londres.
Tyndale – mas se o bispo quer esses livros será apenas para queimá-los.
Pakinghton – bem... e então? O bispo os queimará de qualquer maneira e bom seria que conseguíssemos dinheiro para imprimir mais.
Tyndale – ficarei contente por esses benefícios que advirão: vou receber o dinheiro para me livrar dos débitos e o mundo inteiro vai gritar contra a queima da Palavra de Deus. O restante do dinheiro me possibilitará corrigir o dito Novo Testamento, e novamente imprimir o mesmo, confiando em que o segundo será bem melhor do que o primeiro já impresso.
Depois disso, os Novos Testamentos reimpressos logo alcançaram a Inglaterra. Então o bispo mandou procurar novamente Pakinghton indagando como era possível que os livros fossem ainda tão abundantes? "Meu senhor", respondeu o comerciante, "realmente eu acho que seria melhor que comprásseis também os tipos pelos quais eles são impressos".


Que esse conselho não foi seguido, nem é preciso declarar.


Com o lucro do seu "mais novo cliente", Tyndale entregou o seu Pentateuco, em 1530, através da Casa publicadora Hans Luft, de Marburg, com a sua tradução de Jonas sendo publicada na Antuérpia, no ano seguinte.


Por esse tempo a animosidade contra Tyndale havia aumentado consideravelmente. Além das traduções desprezadas, seus diversos ataques verbais contra Roma não estavam lhe angariando muitos amigos: "A parábola do Maligno Mamom", 1528; "A Obediência de um Cristão" e "Como os Governantes de Cristo Devem Governar", em 1530; e sua "Prática de Prelados" , também em 1530. Numa de suas notas marginais em Jonas ele comparou a Inglaterra com Nínive.


No ano de 1535, um crédulo Tyndale foi traído por um agente secreto católico, Henry Phillips, o qual havia angariado a confiança do reformador. Depois de tomar um empréstimo de última hora no valor de 40 shillings, de sua generosa vítima, os dois homens seguiram para a pensão de Tyndale, a fim de jantar. O traidor Phillips insistiu pretensiosamente como o seu "amigo", para ir na frente. Logo que saiu, Phillips, no espírito de Judas Iscariotes, apontou na direção dele pelas costas, como sinal combinado para identificá-lo aos oficiais. O idoso santo foi depressa levado para o calabouço da fortaleza próxima de Vilvorde, dezoito milhas ao norte de Antuérpia.


Como o julgamento do seu Mestre por Pilatos, o caráter de Tyndale era inquestionável, impressionando até mesmo o promotor do Imperador que o levara a considerá-lo "homo doctus, pius, et bonus" (homem sábio, piedoso e bom).


Durante os dezoito meses do seu encarceramento, Tyndale se manteve firme. Um dos documentos mais tristes existentes em toda a história da igreja (tirado dos arquivos do Concílio de Brabant) é uma carta escrita em Latim, pela própria mão do reformador, para o governador de Vilvorde, talvez o Marquês Burgon:
Creio, cheio de legítima adoração, que não estarei despercebido do que pode ter sido determinado com respeito a mim. Daí porque peço a Vossa Senhoria, e isso pelo Senhor Jesus, que se devo permanecer aqui pelo inverno, Vossa Senhoria diga ao comissário que faça a gentileza de enviar-me, dos meus pertences que estão com ele, um boné contra o frio, visto como sinto muito frio na cabeça e sou afligido pelo contínuo catarro, que aumentou muito nesta cela. Também uma capa de inverno, pois a que tenho é muito fina; também uma peça de roupa para agasalhar minhas pernas. Meu sobretudo está gasto; minhas camisas também estão gastas. Ele tem uma camisa de lã e por favor, ma envie. Também tenho com ele perneiras de pano grosso para usar por cima. Ele tem também toucas quentes de dormir.
Peço que me seja permitido ter uma lâmpada à noite. É de fato aterrador ficar sentado sozinho no escuro. Mas, antes de tudo, peço que ele gentilmente me permita ter uma Bíblia hebraica, uma gramática hebraica e um dicionário hebraico, para que eu aproveite o tempo estudando. Em compensação Vossa Senhoria possa conseguir o que mais deseja, contanto que seja apenas para a salvação de sua alma. Mas se qualquer outra decisão foi tomada a meu respeito para ser executada antes do inverno, terei paciência, aceitando a vontade de Deus, para glória da graça do meu Senhor Jesus Cristo, cujo Espírito eu oro que possa dirigir sempre o vosso coração. Amém! Assinado: W. Tyndale
De fato, foi a vontade de Deus que o seu servo passasse ali, não apenas aquele inverno, mas a próxima primavera e também o verão. Temos confiança de que ele conseguiu seus auxílios lingüísticos, visto como deixou atrás dele a tradução completa de Josué até II Crônicas.


Com as folhas do outono de 1536 anunciando a aproximação certa de outro inverno, o tempo da partida de Tyndale havia chegado. Condenado pelo decreto do Imperador, na assembléia de Augsburg, a data de sua execução foi estabelecida para 6 de outubro. Foxe nos transporta até essa cena sombria:
Trazido para o local da execução, ele foi atado à estaca, estrangulado por um carrasco e depois consumido pelo fogo, na cidadezinha de Vilvorde em 1536 d.C., gritando na estaca, em alta voz com fervorosa preocupação: "Senhor, abre os olhos do Rei da Inglaterra!
Quando o fiel Tyndale estava terminando a obra de sua vida, com uma última e incompreensível oração pela iluminação do rei, ele não podia imaginar que a resposta do céu já estava a caminho. McClure relata o miraculoso testemunho de que:
O que foi mais estranho em tudo isso e inexplicável para aqueles dias é que na hora exata em que Tyndale, por obtenção dos eclesiásticos ingleses e pelo tácito consentimento do rei inglês, foi queimado em Vilvorde, uma edição paginada de sua tradução era impressa em Londres, com o seu nome na página titular e por Thomas Berthlet, com a própria patente de impressão do rei. Essa foi a primeira cópia das Escrituras impressa em solo inglês.
Contudo, muito mais significativo do que esse misterioso rasgo da Providência foi a sanção oficial dada pelo próprio Henrique de duas Bíblias Inglesas dentro de um ano, a partir do martírio de Tyndale. A primeira destas foi a Bíblia Coverdale, nomeada segundo o antigo revisor em Antuérpia, Miles Coverdale (1488-1569).


A Bíblia Coverdale mantém a honra exclusiva de ser a primeira Bíblia Inglesa completa já impressa. Como Wycliff, Coverdale era fraco nas língua originais, de modo que sua obra consistiu do Novo Testamento e do Pentateuco, com os demais livros do Velho Testamento sendo conseguidos, primeiramente da tradução alemã de Lutero, com pequeno empréstimo da Vulgata Latina e da Bíblia Suíça de Zurique.


Embora Coverdale tivesse sido forçado a publicar sua primeira edição em Colônia (1535), ele muito prudentemente dedicou-a ao rei da Inglaterra e também teve o cuidado de excluir o estilo controverso das notas marginais associadas com a Bíblia de Tyndale. Não é difícil entender a boa vontade de Henrique de pessoalmente autorizar essa Bíblia (segunda edição da Coverdale de 1537), quando a capa o apresentava sentado e coroado, empunhando uma espada na página dedicatória, creditando-o como "defensor da fé". A diplomacia de Coverdale coincidia com a recente quebra do controle de Roma sobre as igrejas inglesas. Embora sem renunciar às doutrinas católicas o Ato de Supremacia aprovado pelo Parlamento em 11/11/1534, foi certamente o passo mais importante em direção à Reforma Inglesa.


A segunda Bíblia a receber sanção especial naquele ano foi outra aventura discreta. Conhecida como a Bíblia de Mateus, essa tradução foi realmente feita por John Rogers (1500-1555), o qual usou o pseudônimo de Thomas Matthews, em vista de sua bem conhecida associação com Tyndale. O melhoramento fundamental da Bíblia de Matthews foi a inclusão das obras de Tyndale "escritas no cárcere" – Josué e 2 Crônicas. Com o Pentateuco de Tyndale e o Novo Testamento basicamente intactos, a Bíblia Coverdale preencheu o vácuo, visto como Rogers assegurou alguma assistência das versões francesas de Le Fevre e Olivertan. Como a Bíblia Coverdale, a de Rogers foi também autorizada pelo rei, que tornou legal que a mesma pudesse ser comprada, lida, reimpressa e vendida. Do lado mais claro, a Bíblia de Mateus é algo referido como "a Bíblia do homem que apanha da mulher", por causa da nota, fora de época, em 1 Pedro 3:1, onde se lê: "Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra".


Logo depois veio a Grande Bíblia de 1538, nomeada conforme o seu tamanho especial (16" por 11"). Ela era basicamente uma revisão da Bíblia de Mateus feita por Miles Coverdale, com pouca mudança, exceto pela remoção das notas marginais controversas de Rogers. A Grande Bíblia teve a distinção de ser a primeira Bíblia oficialmente autorizada para uso público nas igrejas da Inglaterra, pelo que foi exigido que ela fosse literalmente acorrentada a uma parte do mobiliário da igreja, onde os paroquianos tinham "acesso à mesma para ler".


Com a obesidade de Henrique forçando-o provavelmente a pensar na eternidade (tendo engordado tanto que precisava ser levantado com roldanas para montar no cavalo), o rei sancionou oficialmente a Grande Bíblia com: "Em nome de Deus, deixe-a partir para o estrangeiro, junto do nosso povo". Sem dúvida, Tyndale teria dado uma risada, por razões óbvias. Em janeiro de 1547, o próprio Henrique partiu desta terra.

Nota da tradutora:
Aqui tivemos um esboço da vida do pai da Bíblia inglesa, que se entregou à morte por amor à Palavra de Deus, levando ao seu país uma grande renovação espiritual, a qual aconteceria dentro de pouco anos. Mary Schultze (maryschultze@uol.com.br)


Dados compilados do capítulo 9 do livro "Final Authority", do Dr. William P. Grady, Th.D.
Fonte: http://solascriptura-tt.org

Tempos difíceis...

Lealdades e Conseqüências - Os Poderes do Dinheiro



Hoje concluíremos esse primeiro diálogo de Jesus sobre ser discípulo dele.

58 Jesus respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. Luc 9:58 

Já vimos que Ele rejeitou os poderes da religião e da política. Fazendo isso abriu mão dos travesseiros oferecidos por eles e preferiu, neste mundo não ter onde reclinar a cabeça. 

Certamente há muitos outros travesseiros que Jesus abriu mão. Hoje, gostaria de concluir esse bloco de mensagens conversando sobre os Principados do Dinheiro.



A bíblia está repleta de histórias, circunstâncias e ensinamentos relacionados ao dinheiro.

“O terreno coberto de espinheiros representa um homem que ouve a mensagem, mas as preocupações desta vida, e pelo dinheiro, sufocam a Palavra de Deus, e ele trabalha cada vez menos para Deus”. Mat 13:22 

Jesus lhe disse: “Se quer ser perfeito, vá e venda tudo o que tem, dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu, depois venha e siga-Me”. Mat 19:21 

15 Quando chegaram de volta a Jerusalém, Ele foi para o templo e começou a expulsar os negociantes e seus fregueses, derrubando as mesas dos cambistas de dinheiro e as barracas dos vendedores de pombas, 16 impedindo que alguém carregasse mercadorias pelo templo.17 E dizia-lhes: “Está nas Escrituras: ‘Meu templo deve ser um lugar de oração para todas as nações’, mas vocês o transformaram num esconderijo de ladrões”. Mar 11:15-17

6 Estando Jesus em Betânia, na casa de Simão, o leproso, 7 aproximou-se dele uma mulher com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro. Ela o derramou sobre a cabeça de Jesus, quando ele se encontrava reclinado à mesa. 8 Os discípulos, ao verem isso, ficaram indignados e perguntaram: “Por que este desperdício? 9 Este perfume poderia ser vendido por alto preço, e o dinheiro dado aos pobres”. Mat 26:6-9

41 Então Ele passou para onde estavam os cofres de ofertas do templo. Sentou-Se e ficou observando o povo colocar seu dinheiro. Alguns que eram ricos punham grandes quantias. 42 Nisso veio uma viúva pobre e colocou duas moedinhas. Mar 12:41-42

3 Então Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, um dos Doze.4 Judas dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes e aos oficiais da guarda do templo e tratou com eles como lhes poderia entregar Jesus. 5 A proposta muito os alegrou, e lhe prometeram dinheiro. 6 Ele consentiu e ficou esperando uma oportunidade para lhes entregar Jesus quando a multidão não estivesse presente. Luc 22:3-6

·       Novo Testamento, contem aproximadamente dez vezes mais  versículos que falam sobre o dinheiro e finanças, do que sobre salvação e fé.
·      
S São 215 versículos relacionados a fé, 218 versículos sobre salvação e 2084 versículos tratando de administração e contabilidade de dinheiro e finanças.
·       
D Dezesseis das trinta e oito parábolas de Jesus tratam de dinheiro.

Para falar sobre os poderes ou principados do dinheiro, vamos ler uma das afirmações mais contundentes de Jesus sobre esse assunto

19 Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; 20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. 21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 22 A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; 23 Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas! 24 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. Mat 6:19-24

Lealdades e Conseqüências

1.  O que é realmente importante para você?
2.  Não importam suas respostas, por mais coerentes, sensatas e religiosas elas sejam. Para saber o que realmente é importante para você basta olhar para o que você está juntando durante a sua vida.

Não ajunteis tesouros na terra... Ajuntai tesouros no céu

É provável que você já tenha ouvido essa palavra de Jesus. Não sei o que ele provoca em você, mas se ela faz brotar em seu coração sentimentos de desdém, pouco caso, descrença ou chacota, eu peço que você reflita sobre onde está o seu tesouro.

Os fariseus que amavam profundamente o seu dinheiro, naturalmente zombavam de tudo isso. Luc 16:14 

1.  Aquilo que se tornar o seu tesouro ganhará seu coração.
2.  Sua lealdade será rendida ao tesouro da sua vida.

...onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração

Quem possuir sua lealdade definirá os valores (seu jeito de ver a vida) da sua vida. Então, tenha cuidado com o que você está juntando, porque isso definirá a quem você será leal. E não se pode ser leal a dois senhores.

Imagine se, ao chegar ao trabalho amanhã, lhe derem a notícia de que agora o seu setor vai ter dois chefes e que você deve atender às orientações dos dois?

E se você descobrisse que os dois chefes têm visões opostas sobre o funcionamento do setor, usam metodologias de trabalho que entram em conflito, têm valores pessoais que se chocam e, por fim, têm metas para você que não são conciliáveis. É possível atender aos dois chefes?

 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro

·       Não é possível servir a Deus (Criador do universo) e a Mamon (divindade do panteão caldeu).
·       Não é possível seguir ao mesmo tempo os valores de Deus e os valores das Potestades do Dinheiro.
·       Não é possível agradar ao mesmo tempo ao Espírito de Deus e ao Espírito de Riqueza.
·       Não é possível entregar sua lealdade a Deus e a Mamon.

A Agenda de Deus
7  aproximou-se dele uma mulher com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro. Ela o derramou sobre a cabeça de Jesus, quando ele se encontrava reclinado à mesa. 8 Os discípulos, ao verem isso, ficaram indignados e perguntaram: "Por que este desperdício? 9  Este perfume poderia ser vendido por alto preço, e o dinheiro dado aos pobres". 10 Percebendo isso, Jesus lhes disse: "Por que vocês estão perturbando essa mulher? Ela praticou uma boa ação para comigo. Mat 26:7-10

Quem entrega sua lealdade a Deus usa o que tem conforme a agenda de Deus; e a agenda do Pai é a glória do Filho. Mas quem é leal a Mamom, usa seus bens e recursos do jeito que quer. Esta é a agenda de Mamom: rejeitar a vontade do pai.

O perfume era caríssimo. Havia muitas coisas úteis e importantes que poderiam ser feitas com a quantia que foi usada para comprar aquele perfume. Mas a mulher usou em benefício do corpo de Cristo. O Filho de Deus e sua obra de salvação entre nós é mais importante que qualquer outra coisa.

É por isso que Jesus afirma que não é possível dividir-se entre dois Senhores. Não é possível a nenhum ser humano conciliar em sua alma o amor ao dinheiro e o amor a Deus.
Não adianta você tentar controlar seu dinheiro, ainda que seja para aplicar em coisas que você considera louváveis, porque ainda assim você estará cumprindo a agenda de Mamom; o chamado de Jesus é para você sempre perguntar a Deus sobre qual é o uso deseja para aquilo que Ele lhe permitiu possuir.

Quem tenta acumular e controlar o dinheiro acaba dominado por Mamom e suas potestades, mas quando você coloca aquilo que possui a serviço da agenda de Deus, os principados e potestades que corrompem o uso do dinheiro perdem o controle e são obrigados a se retirar.

Tudo entregarei
41 Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias. 42 Vindo, porém, uma viúva pobre, depositou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante. 43 E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes. 44 Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento. Mar 12:41-44

Quem entrega sua lealdade a Deus coloca tudo o que tem a serviço Dele. Mas quem serve a Mamom retém para si aquilo que lhe dá segurança e entrega ao Senhor o controle sobre as sobras.

Na minha infância e adolescência eu cantei muitas vezes um hino que dizia o seguinte:


Tudo, ó Cristo, a ti entrego;
Tudo, sim, por ti darei!
Resoluto, mas submisso,
Sempre, sempre, seguirei!

Tudo, ó Cristo, a ti entrego,
Corpo e alma, eis aqui!
Este mundo mau renego,
Ó Jesus, me aceita a mim!

Tudo, ó Cristo, a ti entrego,
Quero ser somente teu!
Tão submisso à tua vontade
Como os anjos lá no céu!



O ensino de Mamom para reter o dinheiro diz respeito a uma de suas promessas: Mamom oferece segurança. Ele diz que não devemos esperar em Deus e que não vale a pena confiar nele, por isso devemos reter tudo o que for possível para nos garantirmos por nós mesmos. Se sobrar alguma coisa (dinheiro, tempo, energia, disposição), então podemos entregar a Deus.

O ensino do Deus de Abraão, Isac e Jacó é que Ele mesmo será a nossa segurança. Que Ele é que nos sustenta e nos sustentará. Que vale a pena confiar nele e não em nossos tesouros (que os ladrões roubam, a traça come e a ferrugem corrói).

Não é possível conciliar as atitudes da viúva e dos homens ricos; Também não é possível atender aos ensinamentos de Mamom e do Deus de Abraão, Isac e Jaco, o nosso Deus.

Faça o que for necessário
13 Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para Jerusalém. 14 E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e também os cambistas assentados; 15 tendo feito um azorrague de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas 16 e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio. Joã 2:13-16

Quem entrega sua lealdade a Deus permanece leal ao modo de Deus ver a vida (princípios e valores que ele nos ensina). Mas que serve a Mamom fará o que for necessário para ganhar e acumular dinheiro.

Mamom não tem escrúpulos. Os Principados do Dinheiro tem pautado a agenda econômica das nações e das pessoas.
Então, se para acumular riqueza uma nação precisar explorar outra, pagando menos do que vale naquilo que compra ou vendendo mais caro por causa da necessidade do outro não vai haver hesitação.

Mamom colocou lenha na fogueira da exploração das Américas pelos europeus, na escravidão da África pelo resto do mundo e nos sistemas de crédito e endividamento que mantiveram pobres nações inteiras, por décadas, trabalhando para sustentar o padrão de riquezas de seus credores nações.

São Poderes do Dinheiro que ensinam as pessoas a desprezarem a vida humana. Por dinheiro, Mamom mata, explora, extorque, corrompe, mente, ameaça, engana, finge, manipula, dissimula, abandona e transforma até o culto a Deus em forma de acumular riqueza para si.

Mas Jesus, em sua um momento de ira e zelo pelo nome de Seu Pai, denuncia os Poderes do Dinheiro e anuncia que existe algo mais importante e mais recompensador: confiar no Pai e seguir seus ensinamentos.

Não é o dinheiro que garantirá o seu futuro, mas o Deus em quem você diz confiar. Então, em vez de corromper todos em sua volta para obter mais dinheiro; em vez de tornar a vida uma jornada sem fim para juntar um tesouro longe de Deus, renda-se ao Senhor da vida e ore, ore, ore.

Todas as quartas temos um encontro de oração dos membros de nossa igreja onde nos colocamos diante do Senhor para reconhecê-lo como o nosso Deus, buscarmos orientação para a caminhada, confessarmos nossos pecados e lutas e intercedermos uns pelos outros.

A vida não é um negócio. Não fomos criados para lucrar a qualquer preço. A vida é mais que o dinheiro, mais que o lucro, mais que a riqueza. A vida é um presente de Deus que devolvemos a Ele em oração como uma expressão da nossa confiança e amor.

Raposas e Pássaros

Quando aquele homem disse que seguiria a Jesus para onde quer que Ele fosse, o Senhor lembrou:

58 Jesus respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. Luc 9:58 

Eu abri mão do travesseiro dos Poderes do Dinheiro. Eu decidi confiar no Pai e entregar a ele a minha vida. Eu decidi que o dinheiro não será o centro da minha vida. Eu decidi que não buscarei segurança em juntar um tesouro aqui. Minha vida aqui será pela agenda de Deus e não pela agenda de Mamom. Você ainda quer me seguir?

Eu tenho um travesseiro diferente, que é travesseiro do Espírito, a alegria de fazer a vontade do Pai, é nele em que eu reclino minha cabeça. 

Usando o tempo de Deus


Um homem de negócios americano, no ancoradouro de uma aldeia da costa mexicana, observou um pequeno barco de pesca que atracava naquele momento trazendo um único pescador. No barco, vários grandes atuns de barbatana amarela. O americano deu parabéns ao pescador pela qualidade dos peixes e lhe perguntou quanto tempo levara para pescá-los. Pouco tempo, respondeu o mexicano.

Em seguida, o americano perguntou por que ele não permanecia no mar mais tempo, o que lhe teria permitido uma pesca mais abundante. O mexicano respondeu que tinha o bastante para atender as necessidades imediatas de sua família.

O americano voltou à carga:

- Mas o que é que você faz com o resto de seu tempo?

O mexicano respondeu:

- Durmo até tarde, pesco um pouco, brinco com meus filhos, tiro a siesta com minha mulher Maria, vou todas as noites à aldeia, bebo um pouco de vinho e toco violão com meus amigos. Levo uma vida cheia e ocupada senhor.

O americano assumiu um ar de pouco caso e disse:

- Eu sou formado em administração em Harvard e poderia ajudá-lo. Você deveria passar mais tempo pescando e, com o lucro, comprar um barco maior. Com a renda produzida pelo novo barco, poderia comprar vários outros. No fim, teria uma frota de barcos pesqueiros. Em vez de vender pescado um intermediário, venderia diretamente a uma indústria processadora e, no fim, poderia ter sua própria indústria. Poderia controlar o produto, o processamento e a distribuição. Precisaria deixar esta pequena aldeia costeira de pescadores e mudar-se para a Cidade do México, em seguida para Los Angeles e, finalmente, para Nova York, de onde dirigiria sua empresa em expansão.

- Mas senhor, quanto tempo isso levaria? - perguntou o pescador.

- Quinze ou vinte anos - respondeu o americano.

- E depois, senhor?

O americano riu e disse que essa seria a melhor parte.

- Quando chegar a ocasião certa, você poderá abrir o capital de sua empresa ao público e ficar muito rico. Ganharia milhões!

- Milhões, senhor, e depois?

- Depois - explicou o americano - "você se aposentaria. Mudaria para uma pequena aldeia costeira, onde dormiria até tarde, pescaria um pouco, brincaria com os netos, tiraria a siesta com a esposa, iria à aldeia todas as noites, onde poderia tomar vinho e tocar violão com os amigos"

Quando o Pr. João me convidou para compartilhar a Palavra do Senhor hoje a noite eu perguntei:

– Sobre qual assunto os irmãos gostariam de refletir.

Ele, então me disse: “Como estou usando o tempo de Deus em minha vida

O tempo é um presente que recebemos de Deus. O ditado diz que tempo é dinheiro e os homens de negócio certamente concordam com isso, mas eu prefiro afirmar que tempo é vida.

Então, hoje você vai ter a oportunidade de responder, para si mesmo: como eu tenho usado a vida que Deus me deu? Como tenho gastado meu tempo da melhor maneira?

Para refletir sobre isso quero convidá-lo a examinar as Escrituras e descobrir como Jesus lidava com o tempo, isto é, ver como ele usou a vida que recebeu para viver, que aliá foi bem curta.

Por que isso é importante? Porque o jeito de Jesus viver revela o entendimento dele sobre os desejos do coração de Deus, que sempre nos abençoam. Vamos então ver três histórias.

CENA 1

Imagine que você está viajando para uma região onde há várias cidades próximas umas das outras. É um local de onde você poderia anunciar o Reino de Deus a uma multidão de pessoas. Quando você chega a essa cidade dois sujeitos, moradores do local, se aproximam de você gritando e dizem o seguinte:

(29) ... Que temos nós contigo, ó Filho de Deus! Vieste aqui atormentar-nos antes de tempo? (Mat 8:9)

O que você faz? Para pra lidar com aqueles homens ou passa direto para as cidades onde você pode alcançar muitas pessoas?

CENA 2

Imagine que você está voltando de viagem para sua cidade e as pessoas começam a reconhecê-lo na rua e fazer muita festa pelo seu retorno. Ao chegar, uma das mais importantes autoridades da cidade se joga aos seus pés e pede pra você ir correndo na casa dele porque a filha estava à morte.

(40) Ao regressar Jesus, a multidão o recebeu com alegria, porque todos o estavam esperando. (41) Eis que veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga, e, prostrando-se aos pés de Jesus, lhe suplicou que chegasse até a sua casa. (42) Pois tinha uma filha única de uns doze anos, que estava à morte. Enquanto ele ia, as multidões o apertavam. (Luc 8:40-42)

Mas, no apertado da multidão, você sente que alguém lhe tocou de modo diferente: o toque de fé. O que você faz? Para pra saber quem foi que tocou você ou segue em frente para a casa daquele homem importante?




CENA 3

Imagine que você recebe um aviso de que um grande amigo seu está doente, à beira da morte. Você está nas proximidades da cidade onde ele mora.

(1) Estava enfermo Lázaro, de Betânia, da aldeia de Maria e de sua irmã Marta. (2) Esta Maria, cujo irmão Lázaro estava enfermo, era a mesma que ungiu com bálsamo o Senhor e lhe enxugou os pés com os seus cabelos. (3) Mandaram, pois, as irmãs de Lázaro dizer a Jesus: Senhor, está enfermo aquele a quem amas. (João 11:1-3)

O que você faz? Vai o mais rápido possível ao encontro do seu amigo ou volta para passar outra vez em uma cidade por onde você tinha acabado de ir?

A mente de Cristo

Minha esperança é olhando para esses textos possamos encontrar algumas dicas sobre como Cristo gastou a vida dele e assim conheceremos um pouco mais da mente de Cristo.

Quem sabe o final de cada uma daquelas histórias?

CENA 1 – A primeira história se passa em Gadara. Os homens que Jesus encontrou estavam possessos por demônios. Jesus poderia ter passado direto para as cidades próximas e ali pregar e ensinar, mas ele decidiu parar e expulsar aqueles demônios.

(28) Tendo ele chegado à outra margem, à terra dos gadarenos, vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados, saindo dentre os sepulcros, e a tal ponto furiosos, que ninguém podia passar por aquele caminho. (30) Ora, andava pastando, não longe deles, uma grande manada de porcos. (31) Então, os demônios lhe rogavam: Se nos expeles, manda-nos para a manada de porcos. (32) Pois ide, ordenou-lhes Jesus. E eles, saindo, passaram para os porcos; e eis que toda a manada se precipitou, despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, e nas águas pereceram. (Mat 8:28-32)

Será que não teria sido melhor passar direto, deixar aqueles dois de lado e pregar o evangelho pelas cidades próximas?

CENA 2 – Na segunda história, Jesus parou e não deu mais um passo até que se descobrisse quem havia tocado nele. Era uma senhora que há doze anos sofria com uma hemorragia. Enquanto isso aquele homem, uma autoridade da cidade, estava esperando. Então chegaram os empregados daquele homem e disseram: tua filha morreu.

(43) Certa mulher que, havia doze anos, vinha sofrendo de uma hemorragia, e a quem ninguém tinha podido curar e que gastara com os médicos todos os seus haveres, (44) veio por trás dele e lhe tocou na orla da veste, e logo se lhe estancou a hemorragia. (45) Mas Jesus disse: Quem me tocou? Como todos negassem, Pedro com seus companheiros disse: Mestre, as multidões te apertam e te oprimem e dizes: Quem me tocou?. (49) Falava ele ainda, quando veio uma pessoa da casa do chefe da sinagoga, dizendo: Tua filha já está morta, não incomodes mais o Mestre. (Luc 8:43-49) 

Será que não teria sido melhor ir logo para a casa do chefe da sinagoga? Afinal a mulher já havia sido curada, mas a filha daquele homem ainda estava doente.

CENA 3 – Na terceira história, a de Lázaro, Jesus, depois de saber que Lázaro estava doente, demorou dois dias onde ele estava e depois voltou outra vez para um lugar que ele já tinha ido.

(6) Quando, pois, soube que Lázaro estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde estava. (7) Depois, disse aos seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia. (17) Chegando Jesus, encontrou Lázaro já sepultado, havia quatro dias. (20) Marta, quando soube que vinha Jesus, saiu ao seu encontro; Maria, porém, ficou sentada em casa. (21) Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão. (32) Quando Maria chegou ao lugar onde estava Jesus, ao vê-lo, lançou-se-lhe aos pés, dizendo: Senhor, se estiveras aqui, meu irmão não teria morrido. (João 11:6-7,17,20-21,32)

Será que não teria sido melhor ir logo ao encontro do seu amigo que estava doente?

Será que existe um lógica na maneira como Jesus decidiu gastar o tempo, usar sua vida, nessas três histórias.

Há um detalhe interessante naquela primeira história. Depois que Jesus expulsou os demônios daqueles homens os criadores de porcos, inconformados com o prejuízo que tiveram, junto com o restante da cidade, pediram a Jesus que ele fosse embora daquela região.

Por causa daquele evento, Jesus não teve mais acesso àquela região, ainda que muitas pessoas ouviram falar e testemunharam a libertação daqueles homens.

Na segunda história, Jesus não cedeu à pressão pela encabeçada pelos seus próprios discípulos. Era muito mais urgente atender ao chefe da sinagoga do que àquela mulher que inclusive já havia sido curada. Mas Jesus considerou mais importante, naquele momento, completar a cura daquela mulher (corpo, alma e espírito).

Na correria do dia-a-dia, as coisas urgentes têm tanta força que muitas vezes ocupam o lugar das importantes.

·       É assim que a rotina de casa rouba da mãe o tempo de conviver com os filhos;
·       É assim que a hora extra, para completar o salário do mês, rouba o tempo com a esposa;
·       É assim que o último capítulo da novela rouba o tempo daquela reunião na igreja;
·       É assim que o conserto da pia tira o tempo de comer pipoca com sua garotinha;
·       E assim um bom salário rouba o tempo dos estudos e o sujeito fica a vida toda limitado em suas oportunidades.

Na terceira história, Jesus tomou uma decisão que pareceu totalmente ilógica para aqueles que estavam com ele. Depois de receber a notícia de que seu amigo estava muito doente, Jesus não se apressou em ir vê-lo. Ele até “inventou” uma passagem por uma cidade onde ele já tinha ido antes.

O resultado é que Lázaro morreu antes que ele chegasse. Quando Jesus chegou em Betânia foi coberto de cobranças e acusações. Se o Senhor tivesse vindo logo... Se o Senhor estivesse aqui...

Não me parece haver uma lógica comum para as três histórias. Então eu acho que Jesus já tinha em sua mente um projeto de vida e a cada nova decisão que enfrentava ele voltava aos seus objetivos de vida para ver se a direção estava certa.

E qual era esse projeto de vida que norteava as decisões de Jesus?

(38) Pois Eu vim do céu aqui para fazer a vontade de Deus, que Me enviou, e não para seguir o Meu próprio caminho. (39) E esta é a vontade de Deus: que Eu não perca de todos que Ele Me deu, mas que levante todos para a vida eterna no Último Dia. João 6:38-39

Então, o grande projeto, ao qual Jesus dedicou a sua vida, é fazer a vontade de Deus. Jesus diz claramente que não tem um caminho próprio. Ele não vive para realizar os seus desejos, mas para realizar os desejos do coração do Pai.

Quem vive para realizar os seus próprios desejos é como alguém que, por conta própria, decide construir um castelo de areia na beira da praia. Ele investe sua vida inteira neste projeto. Reclama quando maré enche, se lamenta quando as ondas batem no castelo e vive pedindo a Deus para sustentar seu castelo de areia. Quando uma onda mais forte destrói o castelo ele pragueja e fica decepcionado porque Deus não guardou seu castelo de areia.

Mas o Senhor se volta para ele e com amor diz: eu nunca lhe pedi para construir esse castelo de areia. Eu estou construindo um grande castelo de pedra sobre um alicerce firme bem perto daqui. Todo o tempo eu tenho lhe chamado para largar esse castelo de areia e se juntar a mim no castelo de pedras, mas você tem virado as costas para mim. Hoje eu permiti que o seu castelo de areia viesse abaixo para você largue seu projeto frágil e efêmero e se una a mim em projeto que é eterno.
A Agenda do Pai.

Jesus não tem uma agenda própria, mas anda com a agenda do Pai debaixo do braço. Quando ele se depara com alguma decisão, em vez de analisar por si mesmo a melhor maneira de gastar sua vida, ele abre a agenda do Pai e decide conforme a vontade do Pai.

Bom, e agora o Pr. João entregará a todos você a agenda do Pai (temos capas em duas cores: preto e vinho), e isso custará para cada um dos irmãos a bagatela de R$ 10,00... É claro que não é assim que as coisas acontecem. Não é assim que temos acesso à agenda do Pai.

E como é que se descobre a agenda do Pai?

Andando com Ele e o vendo agir. A agenda do Pai é revelada para nossas vidas à medida que andamos com o Ele e experimentamos o Seu jeito de agir em nossas vidas e nas vidas dos nossos irmãos.

Então, você precisa manter os olhos e o coração abertos para perceber o que Deus está fazendo neste mundo. Quando você perceber o agir de Deus, se junte a Ele na obra Ele estiver fazendo. E não faça nada de si mesmo.

(17) Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. (19) Então, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz. (João 5:17,19) 

Foi assim que Jesus viveu: juntando-se a Deus Pai na obra de resgate e transformação das pessoas.

Mas como eu sei quando Deus está realizando algo? Não é uma pergunta fácil de responder, mas você pode contar com a orientação do Espírito de Deus para discernir isso. Porque é o Espírito de Deus que conhece a mente de Deus.

·         Quando você vir alguém interessado em questões espirituais, saiba que Deus está agindo.
·         Quando você vir alguém interessado em preservar a vida, saiba que Deus está agindo.
·         Quando você vir alguém investigando a eternidade, saiba que Deus está agindo.
·         Quando você vir alguém interessando na Palavra de Deus, saiba que ele está agindo.
·         Quando você vir alguém com o desejo de fazer o bem, saiba que ali tem a mão do Senhor
·         Quando você vir alguém rejeitando o mal, tenha certeza que isso é obra de Deus.
·         Quando você vir alguém insatisfeito com as disputas, intrigas e divisões, saiba que Deus está fazendo algo.
·         Quando você vir alguém doando a si mesmo em favor das outras pessoas, saiba que a mão de Deus está ali.
·         Quando você vir alguém disposto a amar de forma sacrificial, não tenha dúvidas, Deus está agindo ali.

Então, qual deve ser sua decisão? Juntar-se ao Senhor naquilo que ele estiver fazendo. Essa é a melhor maneira de usar o tempo que Ele lhe deu. Gastar sua vida cooperando com o que Ele está fazendo neste mundo.

Deus não é o servente da sua construção. Você é que é um trabalhador na obra dele. Nós costumamos dizer que queremos fazer a obra de Deus, mas na verdade o que fazemos é pedir que ele seja nosso funcionário. É hora de tomar a decisão certa sobre a sua vida e se unir a Ele naquilo que está fazendo.

Você ainda não entregou sua vida a Jesus? Então esse e o primeiro passo. Se você que deixar de lado seu castelo de areia na beira da praia e se juntar ao Senhor, entregue agora mesmo o controle de sua vida a Ele.

Você já entregou sua vida ao Senhor? Então peça agora mesmo ao Senhor para que os seus dias sejam gastos em prol do grande projeto de Deus para a redenção do universo, que começa na sua casa, escola faculdade, vizinha e igreja.