24 maio 2009

A Graça de Contribuir - Indicadores

(1) Agora, irmãos, queremos que vocês tomem conhecimento da graça que Deus concedeu às igrejas da Macedônia. (2) No meio da mais severa tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade. (3) Pois dou testemunho de que eles deram tudo quanto podiam, e até além do que podiam. 2 Co 8:1-3

Hoje vamos continuar olhando para aquele texto e nos versículos seguintes perceber que a contribuição como fruto da Graça de Deus é um indicador de MATURIDADE, SINCERIDADE E PERSEVERANÇA.

Contribuição: um indicador de maturidade

Sempre que pensamos em maturidade na vida com Cristo, nossa mente se volta para coisas como fé, evangelização, conhecimento das escrituras, serviço e amor pelas pessoas. Certamente esses são alguns dos elementos que esperamos ver na vida daqueles que estão aprendendo a caminhar com Cristo.

De alguma maneira, essas coisas são tratadas como “coisas espirituais” capazes de validar nossas boas intenções para como Deus e com as pessoas.

• Se demonstrarmos fé, seremos elogiados e tratados como pessoas espirituais. Muitos até terão uma inveja santa de nossa fé.

• Se falarmos de Jesus para as pessoas, seremos reconhecidos e incentivados a continuar nesse ministério. Certamente nosso nome será citado como ilustração na conversa entre os irmãos.

• Se formos estudantes dedicados das Escrituras, seremos chamados a compartilhar o que aprendemos e admirados pelas pessoas em nossa volta.

• Se servirmos às pessoas próximas de nós, nossa fama de bons cristãos se espalhará e muitas pessoas serão edificadas com isso.

Os irmãos de Corinto eram reconhecidos e elogiados por cada um desses aspectos da vida com Cristo. Foi o apóstolo Paulo quem disse isso, mas lembrou àqueles irmãos a existência de outro aspecto da maturidade espiritual: a contribuição

(7) Todavia, assim como vocês se destacam em tudo: na fé, na palavra, no conhecimento, na dedicação completa e no amor que vocês têm por nós, destaquem-se também neste privilégio de contribuir.

Vocês ai são líderes em tantos sentidos - têm tanta fé, tantos pregadores bons, tanto saber, tanto entusiasmo, tanto amor por nós. Eu desejo, agora, que também sejam líderes no espírito de contribuir com alegria. 2 Co 8:7 (BV)

Contribuir é um dos indicadores de maturidade espiritual para o cristão; assim como fé, evangelização, conhecimento das Escrituras, serviço e comunhão; não é algo que foi acrescentado pelos pastores, mas sim um dos indícios de que o coração foi alcançado pela Graça de Deus e por isso está pronto a abrir mão de Tudo por causa dEle.

Os irmãos de Corinto já haviam demonstrado de diversas maneiras a disposição do seu coração para viver a vida de Cristo. Paulo, no entanto, encoraja aqueles irmãos a demonstrarem isso também através da contribuição.

Será que não bastavam aos coríntios todos aqueles dons e capacitações dadas pelo Espírito?! Na verdade, não. Porque a plenitude da Graça de Deus é multiforme, não se contentando até que nos alcança em todos os aspectos de nossas vidas.

Quebra-se aqui um mito moderno de que existam igrejas especialistas, que foram tão abençoadas por Deus em alguns aspectos da Graça que podem desconsiderar os outros.

É certo que algumas comunidades são mais habilitadas para o ensino e outras para a evangelização (por exemplo), mas devemos evitar o sentimento de especialistas, porque isso impede a ação multiforme da Graça.

O convite do apóstolo Paulo aos irmãos de Corinto (e também para nós) é para que nos tornemos líderes e destaque não apenas na fé, evangelização, conhecimento das escrituras, serviço e amor pelas pessoas, mas também na contribuição.

Participar daquilo que Deus está fazendo com o dinheiro e os bens que Ele nos deu é um indicador de maturidade. É um privilégio guardado para aqueles que foram alcançados pela Graça, e o farão com muita alegria.

Contribuição: um indicador de sinceridade

(8) Não lhes estou dando uma ordem, mas quero verificar a sinceridade do amor de vocês, comparando-o com a dedicação dos outros. (9) Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos. 2 Co 8:8

O amor não se sustenta apenas com palavras. O amor apenas de palavras é paixonite que chega rápido e de repente não existe mais. O amor se compromete com o bem do outro; e faz isso de forma prática.

Através das palavras de Paulo, o Espírito estabeleceu a contribuição como uma espécie de prova prática do amor.

Não é muito difícil dizer que amamos a Deus e às pessoas, mas quando isso tem implicações no bolso, e até no estilo de vida, aí temos um bom teste da sinceridade do nosso amor.

Se ao ouvir isso você é alcançado por um sentimento estranho... Um certo desconforto porque bolso, amor e contribuição foram citados na mesma frase... Não feche o seu coração ainda. Não sou eu quem está afirmando isso, mas é a Palavra de Deus.

Ao contrário do que alguns possam imaginar o amor a Deus e às pessoas não é algo subjetivo. Ele pode ter sua sinceridade avaliada pela existência de ações práticas através das quais colocamos o bem do outro em primeiro lugar.

O amor abre mão de si mesmo em benefício do outro. É por isso que o apóstolo afirma que a contribuição dos irmãos de Corinto servirá para medir a sinceridade das palavras deles quando afirmaram que amavam a Deus e aos irmãos de Jerusalém (para onde a oferta seria mandada).

Não fique chocado, mas perceba que o apóstolo diz que essa verificação de amor será feita pela comparação entre o compromisso deles e o compromisso de outros irmãos. Claro que essa comparação não é de valores. Não é uma disputa para ver quem contribui mais. É uma comparação do compromisso prático de cada um.

No final do ano passado eu conversei com o pr. Isaías e sua esposa. Eles são missionários plantadores de igrejas no interior do Estado do Ceará. Eles estavam apresentando os resultados do trabalho nos últimos anos em que plantaram mais de dez igrejas.

Eles me contaram sobre os desafios que a família enfrenta a cada reinicio de trabalho e meu coração foi movido pelo amor daqueles irmãos. Eu senti o desejo de apoiá-los financeiramente, com nossas orações e com nosso serviço. Naquela noite falei com eloqüência sobre o meu amor pelo trabalho dos missionários e assumi com ele o compromisso de que nossa igreja enviaria R$ 50,00 reais todos os meses.

Como vocês acham que aqueles irmãos vão poder avaliar se o que eu falei era ou não verdade? A sinceridade do meu amor, dito em palavras, será avaliada pelo compromisso da minha oferta.


A questão é o quanto você está disposto a tornar suas palavras de amor em ações de amor. O quanto você está disposto a devolver aquilo que Deus lhe deu, ofertando-o em benefício de outras pessoas. O quanto você está pronto para gastar sua vida em prol da vida de outras pessoas.

Desde muito jovem eu tenho encontrado alegria em gastar minha vida abençoar vida de outras pessoas.

Eu tinha dezessete anos e nós morávamos em Sobral. Há 10 km, fica a cidade de Forquilha, onde a igreja da qual eu participava tinha uma pequena congregação. Durante seis meses eu fui semanalmente à Forquilha para ensinar a Bíblia a um jovem que havia aceitado a Jesus como seu Salvador. Algumas vezes eu tive que pregar e também tocar os três acordes que eu havia aprendido no violão.

Não eram muito, mas era tudo que eu tinha. Eu gastava meu dinheiro, gastava meu tempo... Porque meu coração estava cheio de amor por aqueles irmãos.

Na verdade eu não sei o quanto aquilo realmente beneficiou aqueles irmãos, mas eu sei quanto benefício aquilo trouxe para mim.

O amor é assim: somos compungidos a ofertar com alegria e perseverança o que temos para depois descobrirmos que, de uma forma que não imaginávamos, nós mesmos estamos entre os maiores beneficiados.

Contribuição: um indicador de perseverança

Os irmãos de Jerusalém passavam por grande perseguição necessidade, e pobreza. Ao que tudo indica, parece que os irmãos de Corinto ficaram muito tocados pela situação da igreja em Jerusalém e decidiram fazer algo a respeito: eles iriam levantar uma oferta e enviar para Jerusalém. Houve um mover do Espírito e muitas pessoas choravam emocionadas.

Aí, o culto terminou com um momento de louvor maravilhoso... Tinha cachorro quente na saída da igreja, a conversa estava animada... O jogo de futebol do fim semana... Um filme que novo no Shopping Center de Corinto... Uns irmãos até saíram para comer em uma pizzaria famosa de lá.

Em alguns minutos toda a convicção de amor parece que se evaporou. A obra ficou pela metade e o amor pelos irmãos de Jerusalém não se completou. Veja o que disse o apóstolo Paulo:

(10) Este é meu conselho: convém que vocês contribuam, já que desde o ano passado vocês foram os primeiros, não somente a contribuir, mas também a propor esse plano. (11) Agora, completem a obra, para que a forte disposição de realizá-la seja igualada pelo zelo em concluí-la, de acordo com os bens que vocês possuem. 2 Co 8:10,11

Não é muito difícil começar alguma coisa. Muitas pessoas começam. A emoção invade a alma e a gente toma decisões arrojadas. Mas há pouco valor em começar e deixar pela metade. Já fazia um ano que a Igreja de Corinto prometia ajudar. Era chegada a hora de completar a obra.

Eu não sei como acontece com você mais eu sempre fui uma pessoa de decisões arrojadas, mas pouca capacidade de perseverança. Eu posso olhar para algumas iniciativas em minha vida pessoal que eu abandonei pela metade (alguns bem no começo) pela falta de perseverança. Deus tem me ajudado nisso. Sabe como? Colocando em minhas mãos projetos de longo prazo, que me levam a olhar para o futuro e depender dele para os muitos passos que tenho que dar.

Quanto tempo faz que você disse em seu coração que iria começar a contribuir? Quanto tempo faz que você foi tocado por uma mensagem, por uma música ou pelo testemunho de alguém e, com convicção, disse a si mesmo que iria ofertar seu tempo, seu dinheiro, seu bens, sua vida... a Ele. Não importa quanto tempo faz! Chegou a ora de completar a obra e transformar sua disposição de fazer em compromisso de perseverança.

Conclusão

Quero concluir voltando para os versos 4 e 5 para deixarmos passar dois princípios que não pode ser esquecido quando o assunto é contribuição.

Por iniciativa própria (4) eles nos suplicaram insistentemente o privilégio de participar da assistência aos santos. (5) E não somente fizeram o que esperávamos, mas entregaram-se primeiramente a si mesmos ao Senhor e, depois, a nós, pela vontade de Deus. 2 Co 8:4,5

A. O primeiro diz respeito ao privilégio de contribuir. Não é obrigação, não é peso, não é sacrifício... É privilégio. Imagine fazer parte daquilo que Deus está realizando neste mundo! Imagine ser um instrumento usado por Deus para a restauração da humanidade. Imagine sentar-se à mesa e ouvir do Senhor: servo bom e fiel, venha alegrar-se comigo. Isso tudo é um grande privilégio.

B. O segundo diz respeito ao princípio pelo qual nenhuma doação, nenhuma oferta, nenhuma contribuição pode prescindir da entrega da sua própria vida a Deus. Paulo reconheceu que os irmãos da Macedônia primeiro haviam entregado a si mesmos a Deus para depois ofertar qualquer outra coisa.

Se você ainda não entregou a si mesmo aos cuidados de Deus, não tem como experimentar a alegria e o privilégio de contribuir com alegria.

Se você ainda não rendeu o controle da sua vida a Jesus, ofertar dinheiro e bens pode parecer algo muito estranho e sem cabimento.

Se você ainda anda por esta vida tentando controlar as circunstância do seu viver e manter o mundo em ordem, é possível que muita coisa do que eu disse hoje não faça sentido pra você.

Então, eu quer lhe fazer um convite: entregue o controle de sua vida a Cristo, receba-o como seu Senhor e Salvador e experimente a nova vida que Ele tem preparado para você.

Quando você não tiver mais nada que você considere propriamente seu, quando sua própria vida já não lhe pertencer, quando você não tiver mais nada a que se apegar... Então você receberá do Senhor uma nova vida. Vida abundante de alegria.

Aí certamente você compreenderá melhor esta loucura santa que é contribuir.

23 maio 2009

John Wesley - (1703-1791)


A vida de um homem que com sua paixão por Deus mexeu com a vida espiritual dos ingleses e com a estrutura social de seu país.

John Wesley nasceu em 1703, durante o reinado da boa rainha Anne. Sua infância foi dirigida por sua mãe, uma mulher rígida e piedosa e seu pai, um homem difícil de agradar. Sua mãe acreditava que os desejos das crianças deviam ser subjugados, que eles deveriam ser açoitados quando não se comportassem e que deviam chorar baixinho depois de açoitados. John era o décimo quarto filho. Ele teria morrido num incêndio em Epworth Rectory se não tivesse sido arrancado das chamas por um vizinho que subiu nos ombros de outro vizinho. Ele tinha sete anos então, e depois disso, sua mãe o lembrou várias vezes que ele era “um tição colhido do fogo”. Ela sentia – e mais tarde ele veio a sentir – que ele tinha sido poupado por um propósito, servir a Deus.

Samuel, o pai de John, era um erudito, que por muitos anos trabalhou numa obra monumental sobre o livro de Jó. Um pregador severo, para não dizer implacável, uma vez exigiu que uma adúltera andasse nas ruas em sua vergonha e ele forçou o casamento de uma de suas filhas depois que ela tentou fugir com um homem que não era o escolhido de seu pai. Com seu pai e sua mãe, John Wesley desenvolveu excelentes hábitos de estudo e também se acostumou com sofrimento físico.

John Wesley foi para Charterhouse School em 1714, para Christ Church College, Oxford, em 1720, e em 1726 foi eleito membro na Lincoln College, Oxford. Depois de aceitar uma posição de pastor auxiliar em Wroote, Lincolnshire, de 1727 a 1729, ele voltou à Oxford não apenas para continuar seus estudos, mas também começar a viver a vida santa. Muitos outros jovens brilhantes tinham um curriculum como o de Wesley, mas poucos tinham a sua dedicação. Ele dominava pelo menos sete idiomas e desenvolveu uma visão verdadeiramente abrangente em todas as áreas da investigação. Sua mente nunca encerrou a busca pelo resto de sua vida. Quando ele voltou de Wroote para Oxford, ele assumiu a liderança de um grupo chamado Holy Club (Clube Santo), iniciado por seu irmão Charles. Aqui, eles buscavam reforçar a fé através do estudo das Escrituras e medindo a qualidade da santidade da vida de cada membro.



O Holy Club fazia mais que pensar e orar. Eles foram às prisões levar salvação aos prisioneiros. Embora eles fossem ridicularizados por seus companheiros de Oxford, de seu grupo de baixa posição saíram homens que se tornaram importantes para aquele tempo, particularmente os irmãos Wesley e George Whitefield. O seu regime exigia jejuns periódicos, encontros regulares para estudo e auto-exame. Somente muito tempo depois foi que John Wesley percebeu que eles seguiam mais a letra do que o espírito do cristianismo.

Em 1735 grandes mudanças atingiram John e Charles Wesley. O seu pai morreu e ambos foram com o governador Ogilthorpe para a colônia Georgia com a bênção e encorajamento de sua mãe. A Georgia foi uma prova para John, que logrou que realmente não gostava dos índios e que sua rigidez não era muito apreciada pelas pessoas da Georgia. Mas importante que isto, foi o contato de John com uma pequena banda de morávios na viagem para a colônia. Estes homens e mulheres destemidamente cantavam hinos durante terríveis tempestades no mar, enquanto ele se desesperava. Ele queria conhecer a fé que eles pareciam ter. Em 1737 ele retornou à Inglaterra.

Devemos dar a John Wesley o crédito, pois ele podia ser crítico o bastante consigo mesmo para parar naquele momento e saber que ele era um ministro experiente para examinar sua falta de fé. Peter Boehler, um morávio, deu-lhe a chave – pregar a fé até que ele a tivesse, e então ele pregava a fé. Então aconteceu que John Wesley habitou na fé até 24 de maio, uma quarta-feira, em 1738, no famoso encontro de Aldersgate, ele teve uma conversão, uma profunda e inconfundível experiência de fé. Seu “coração foi estranhamente aquecido”. Então seu verdadeiro trabalho começou.

Como tinha uma mente livre, John Wesley ainda conseguia retirar os melhores recursos das melhores mentes do seu tempo. William Law, por exemplo, foi seu professor, amigo e mentor por vários anos; mas Wesley achou que um ingrediente importante estava faltando no programa de Law para uma vida devota. Os seguidores de Platão conseguiram comunicar a Wesley uma estrutura intelectual que era mais espiritual do que material, mas os hábitos mentais de Wesley estavam moldados tanto pelo modelo de análise de Newton do que pelo platonismo. Os morávios eram o mais perto de uma síntese de todos os elementos que ele desejava e pôde encontrar. Ele até mesmo visitou Herrnhut para saber como sua comunidade trabalhava. Mas algo estava faltando lá, como em todo lugar, e em 1740, ele e seus seguidores romperam com os morávios, mas não antes que ele tivesse aprendido a pregar sermões ao ar livre, o que veio a ser uma parte essencial de seu programa mais tarde.

John Wesley tinha 37 anos de idade quando começou a viajar e pregar. Ele freqüentemente exagerava o número daqueles que vinham ouvi-lo. Muitas vezes, as mesmas pessoas que precisaram de sua ajuda eram as mesmas que mais o perseguiam. Ele pregava em púlpitos até que eles fossem fechados para ele, e ele então pregava nos campos abertos. Ele pregava três vezes por dia, começando às 5 da manhã, uma vez que os trabalhadores poderiam parar para ouvi-lo enquanto andavam para o seu trabalho monótono.

Algumas vezes ele andava 60 milhas (90 quilômetros) por dia a cavalo. As condições do tempo não importavam; ele fazia seu horário e o cumpria, não importavam as dificuldades. Ele fugia de uma multidão zangada pulando num lago gelado, nadava para fora dele e continuava a pregar novamente. Ele tinha a habilidade de trazer as pessoas hostis para o seu lado.

Ele foi para Gales do Sul em 1741, para o norte da Inglaterra em 1742, Irlanda em 1747, e Escócia em 1751. No total, ele foi à Irlanda quarenta e duas vezes e à Escócia vinte e duas vezes. Ele retornou às cidades vezes e mais vezes. Houve ocasiões em que ele retornava anos depois de sua última visita e registrava que a pequena sociedade que ele ajudara ainda estava intacta e fiel. Ele examinava cada membro de cada sociedade pessoalmente para buscar crescimento espiritual e de fé. As sociedades então formadas proviam a organização local para seu movimento.

O que Wesley pregava? Frugalidade, limpeza, honestidade, salvação, boas relações familiares, dúzias de outros temas, mas acima de tudo, a fé em Cristo. Ele não pedia aos seus ouvintes para deixarem suas igrejas, mas para continuarem indo nelas. Ele lhes deu o refrigério espiritual que eles não achavam fora do círculo. Quando suas décadas de provação produziram décadas de triunfo, as multidões aumentaram. Ricos e pobres vinham para ouvi-lo falar. Ele desenvolveu redes de assistentes leigos. Suas exortações para viver perfeitamente em amor hoje parecem duras, mas considere os efeitos em suas congregações. Os xingamentos nas fábricas pararam, os homens e as mulheres começaram a se preocupar com vestimentas limpas e simples, extravagâncias como chá caro e vícios como o gim foram deixados por seus seguidores, vizinhos deram um ao outro ajuda mútua através das sociedades.

Wesley ensinou tanto pelo exemplo como pelos seus sermões tão medidos. Suas despesas anuais já foram mencionadas. Ele publicou muitos volumes para serem usados em devocionais e direcionou o lucro para projetos, como um local de ajuda para os pobres. Sua vida pessoal estava além de reprovação. Ele traduziu hinos, interpretou as Escrituras, escreveu centenas de cartas, treinou centenas de homens e mulheres e manteve em seus diários um registro da energia dispensada, que dificilmente tem um rival na literatura ocidental. Sua maneira de falar na linguagem do homem comum teve um impacto imensurável no surgimento do inglês moderno, assim como os hinos de Charles Wesley tiveram um grande impacto na música com suas muitas canções sem mencionar a poesia da subseqüente era Romântica.

Mas o impacto dos Wesleys nas classes mais baixas foi além de afetar seus hábitos de vida e modo de falar. John Wesley proveu uma estrutura religiosa que era local e pessoal, bem como energeticamente moral. Sua teologia não tirava a liberdade e o direito de ninguém, pois qualquer um podia achar a graça de Deus para resistir ao diabo e ser salvo, se tão somente buscasse e recebesse. As sociedades que ele formou preservaram em seus estudos um foco de fé – uma fé que também levou a uma maneira de lidar com a realidade da vida das classes mais pobres. A religião não era só para os ricos, mas Wesley também não estava pregando uma revolta contra o anglicanismo – até muito tarde e então quase por um acidente histórico.

O anglicanismo de John Wesley era muito forte, embora os púlpitos anglicanos tornassem-se universalmente fechados a ele. Só quando tinha oitenta e um anos ele permitiu uma pequena divisão entre seus seguidores e a igreja nacional. Tendo mandado muitos homens à América, em 1784 ele ordenou mais pessoas para este esforço missionário e, porque “ordenação é separação”, efetivamente começou uma nova igreja. O conservadorismo dele era tanto político como religioso. Ele publicou uma carta aberta às colônias americanas, aconselhando-as a permanecerem leais à Grã-Bretanha, logo antes da Revolução Americana. Ele não tolerava nenhuma conversa sobre agitação civil na Inglaterra.

Tem se discutido que outras forças estavam trabalhando na Inglaterra além de Wesley e uns outros poucos pregadores. Por exemplo, a Revolução Industrial que estava vindo progrediu mais rápido na Inglaterra do que em qualquer outro lugar, dando aos homens novos tipos de trabalho; a justiça do Sistema de Paz e o sistema de governo com um Primeiro-Ministro eram únicos na sua forma e deram muito mais poder do que era possível em qualquer outro lugar à classe média local e os grandes problemas, que poderiam, de outra forma, causar revolução, simplesmente não estavam presentes depois de 1750. Ainda assim, sem Wesley e seus seguidores, como poderia o ateísmo, tal como existia entre os camponeses franceses, ser evitado e como poderia uma classe inferior oprimida e dominada pelos vícios ter esperança?

John Wesley morreu em 2 de março de 1791, cerca de três anos depois que seu irmão Charles morreu. Até seus anos finais, ele fez a mesma frase de abertura em seu diário a cada ano no seu aniversário, agradecendo a Deus por sua longa vida e sua contínua boa saúde, afirmando que sermões pregados de manhã cedo e muita atividade ao ar livre o mantiveram em forma para a obra de Deus. Desde o momento em que ele tornou-se livre de influências, exceto a de Deus, ele teve cinqüenta anos de serviço constante e fez um bem imensurável à Inglaterra através da perseverança, resistência e fé. Seu legado não se limitou ao seu século ou país, mas sobrevive até hoje na fé de milhões em uma variedade de igrejas.

A seguinte frase foi escrita em seu diário em 28 de junho de 1774:

Sendo hoje meu aniversário, o primeiro dia do septuagésimo segundo ano, eu estava pensando, Como pode ser isso, que eu ache a mesma força que tinha trinta anos atrás? Que a minha vista esteja consideravelmente melhor agora, e meus nervos mais firmes do que eram antes? Que eu não tenha nenhuma enfermidade da velhice, e não tenha mais aquelas que tive na juventude? A grande causa é, o bom prazer de Deus, que faz o que lhe agrada. Os meios principais são: meu constante levantar às quatro da madrugada, por cerca de cinqüenta anos; o fato de geralmente pregar às cinco da manhã, um dos exercícios mais saudáveis do mundo; o fato de que nunca viajo menos, por mar ou terra, do que 4500 milhas (6.750 km) por ano.


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17 maio 2009

A Graça de Contribuir - Um Caso Prático

Nos últimos domingos temos refletido sobre em tipo de pessoas estamos nos tornando: pessoas que contribuem ou pessoas que se negam.

Nas três primeiras mensagens paramos para observar qual é a visão de cristo sobre dinheiro, bens, riquezas e contribuição

19 “Não se preocupem em acumular riquezas aqui na terra, onde tudo pode estragar-se ou ser roubado”. 20 “Guardem, sim, coisas preciosas nos céu, onde nunca perdem seu valor, e estão livres dos ladrões! ” 21 “Se as riquezas estiverem no céu, o seu coração também estará lá”. Mat. 5:19-21

41 Então Ele passou para onde estavam os cofres de ofertas do templo. Sentou-Se e ficou observando o povo colocar seu dinheiro. Alguns que eram ricos punham grandes quantias. 42 Nisso veio uma viúva pobre e colocou duas moedinhas. 43 Ele chamou seus discípulos e disse: "Aquela viúva pobre deu mais do que todos aqueles ricos juntos! 44 Porque eles deram um pouco das sobras da sua riqueza, enquanto ela deu o seu último centavo". Mar 12:41-44

16 Então apresentou uma comparação: "um homem rico tinha uma fazenda que deu boas colheitas. 17 Com isso seus depósitos ficaram cheios - e ele não podia colocar tudo lá dentro. (Lc 12:16,17)

Hoje e nos próximos dois domingos vamos examinar um caso prático de contribuição na igreja de Corinto. Das páginas do novo testamento vamos extrair princípios preciosos sobre contribuir pedir a Deus que nos conceda sua Graça em toda a plenitude que ela representa

A Graça de Deus implica salvação. Isso todos nós queremos. Mas implica em outras realidades que embora alguns não entendam assim, são benefícios concedidos por Deus. Hoje é dia de compreendermos e sermos alcançados pela Graça de Contribuir.

Leitura do Texto

1 Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; 2 porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. 3 Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, 4 pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos. 5 E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus; 2 Co 8:1-5

Escrevendo aos irmãos de Corinto, Paulo se propõe a apresentar a Graça de Deus concedida à igrejas da Macedônia (Filipos, Tessalônica e Beréia)

1 Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia;

É de se esperar que Paulo comece um tratado teológico sobre o favor imerecido de Deus que nos salvou, assim como acontece na carta escrita aos Romanos. Mas, em vez de fazer uma exposição dos textos proféticos, aqui Paulo explica outra dimensão da Graça; prática, visível e poderosa: a contribuição.

Como assim? O que Graça e Contribuição têm a ver? Têm tudo a ver! O Espírito de Deus colocou no coração e nas letras escritas pelo Apóstolo que contribuir é uma expressão da Graça de Deus. Dito de outra maneira: não temos o poder ou a capacidade de contribuir a não ser que o Senhor nos alcance com o seu favor e nos capacite a fazer isso através do seu poder.

O que estou dizendo é que contribuir segundo o coração de Deus não é algo que se faça por conta própria e pelas próprias forças; é algo que faz quando somos alcançados pela Graça.

Como reconhecer a Graça de Deus na contribuição

Veja só: qualquer pessoa pode vir até aqui à frente e entregar dinheiro. Mas contribuir para o Reino de Deus, apenas aqueles que foram alcançados pela Graça podem fazer.

A pergunta mais lógica a fazer agora é como podemos reconhecer a Graça de Deus na contribuição. Penso que o exemplo das igrejas da Macedônia nos dão pelo menos três maneiras de conectar contribuição e Graça.

1. Alegria em meio a tribulação

2a porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria,

Quando somos alcançados pela Graça de Deus, isto é, quando entendemos e aceitamos que é dele toda a iniciativa e o poder de nos salvar e manter-nos salvos, nem as provas, nem as tribulações são capazes de roubar nossa alegria de contribuir.

Não importa se as lutas são grandes para ganhar o pão de cada dia, não importa se o trabalho é duro e o salário é pequeno, não importa se o chefe é chato, se a chuva mofou a parede do quarto, não importa se o sofá está rasgado, não importa se os família está passando por problemas ou se os filhos estão rebeldes, não importa... Nada disso rouba a alegria de contribuir quando entendemos que tudo o temos e somos não nos pertence.

Não importa se clonaram seu cartão e roubaram seu dinheiro, não importa se caiu um pedra em cima do seu carro, não importa se você foi preterido na promoção em seu trabalho, não importa... Seu peito está cheio de alegria porque a vida que lhe foi dada ainda será usada para contribuir com o Reino de Deus.

Sem o entendimento e a aceitação desse favor de Deus que o mantém vivo, que o salvou para a vida e sem explicação ama você, contribuir não é só difícil. É impossível.

Paulo estava dizendo: eu sei que a Graça de Deus alcançou aqueles irmão, porque é impossível que eles em meio a tanta tribulação, pudessem por sua própria força alegrarem-se em contribuir.

Eu acho que você deve olhara para si mesmo agora e pensar sobre a Graça de Deus que o alcançou e quer se expressar através da alegria em contribuir. Experimente. Certamente você não mais vai querer interromper esse canal da Graça de Deus: pela alegria que isso vai lhe dar e ser usado por Deus para abençoar outras pessoas.

2. Riqueza em meio a pobreza

2b e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade

A segunda maneira de conectar Graça e contribuição é perceber que contribuir não é uma condição de riqueza financeira. Não são os ricos que contribuem, mas aqueles que contribuem certamente têm grandes tesouros de generosidade em seus corações.

Nós já vimos aqui que Deu não tem necessidade de riqueza. Ele é o dono de Tudo. Na verdade o Senhor procura corações generosos para usar como instrumento de bênção para a vida de outras pessoas.

Mesmo da profunda pobreza e faz aparecer a riqueza da generosidade. Domingo passado vimos que generosidade é um característica do amor de Deus. Então, aqueles que foram alcançados pela Graça de Deus não vêem qualquer limitação em sua pobreza, mas reconhecem em sua limitações a oportunidade para se revelar o poder de Deus.

É assim que muitas igrejas bem pequenas e pobres sustentam missionários por esse mundo afora. É assim que irmão e irmãs bem pobre são fiéis em sua contribuições, porque crêem que seu sustento vem das mãos do Senhor. É assim que aqueles que se julgam pobres, como aquela viúva que Jesus observava, acabam contribuindo mais do que pessoas consideradas bem de vida pela sociedade.

Se você não entender e aceitar que é Deus que vai transformar sua pobreza em riqueza, isto é, se você não reconhecer a Graça do Senhor, contribuir não será apenas difícil. Será impossível.

Paulo estava dizendo, eu sei que a Graça de Deus alcançou aqueles irmãos, porque ninguém pode ser tão pobre como eles são e ao mesmo tempo tão desprendidos como eles foram. Eles contribuíram como se fossem ricos, e isso é o resultado da Graça de Deus nas vidas deles.

Olhe para si mesmo agora. Você se considera pobre e necessitado, alguém que não tem recursos suficientes para contribuir. Deus quer usar a sua pobreza para mostra ao mundo a Graça e poder dele. Quando Ele usar você para abençoar, tornando você um canal de riqueza e bênçãos para outras pessoas, então vai ficar claro que não foi você, mas foi Ele quem fez.

3. Superação em meio aos limites

3 Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, 4 pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos.

A Graça de Deus é a prova de que Ele não se limita a nós. Deus não se restringe à minha capacidade, aos meus recursos, à minha cultura, aos meus conhecimentos nem à minha experiência. Por isso é Graça, porque Ele vai além de nós.

Essa é terceira forma de conectar graça e contribuição. Quando somos alcançado por esse favor sem medida, a medida de nossas posses é ultrapassada. Mas como é possível que isso aconteça?

É incrivelmente simples. Você se torna um canal das bênçãos e não um depósito. Se você for um depósito, você é a medida e o limite da bênção de Deus. Se é para você tem um limite, que é para não lhe fazer mal; mas se você é tão somente um canal para abençoar outros, então não tem limite nem medida.

Aqueles que foram alcançados pela Graça do Senhor devem experimentar a alegria de ser cana. Não tente apenas acumulara para si, porque a medida é pequena e alegria é bem curta. Experimente se colocar à disposição do Senhor para ser o canal da benção, da riqueza, da contribuição para o Reino e aqueles que Ele quer abençoar.

Se você não entender e não se vir como um canal para a benção que Deus quer derramar sobre esta igreja e sobre o Seu Reino, então suas limitações farão com que contribuir não seja só difícil, mas impossível.

Paulo olhou para os irmãos da Macedônia e disse. Eu sei que a Graça de Deus alcançou aqueles irmãos, porque é impossível que pessoas tão limitadas contribuam tão acima de suas posses sem que isso seja uma obra da Graça de Deus neles.

O que você quer ser? Um depósito, ainda que bem grande, da provisão de Deus, guardando tudo para si mesmo? Um canal da Graça, que não para de derramar sobre os outros a benção e alegria de ser usado pelo Senhor?

• Alegria em doar, mesmo em meio à tribulação.
• Riqueza ao ofertar, mesmo em meio à pobreza da própria vida.
• Exceder os limites ao contribuir, porque é canal e não depósito da bênção de Deus.