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12 junho 2016

Evangelho Autêntico - Eu vos aliviarei

PIB Nova Esperança - Santa Rita/PB - 21/05/16 


Evangelho Autêntico
Eu vos aliviarei

Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Mt 11.28 (ARA)

Conexão

Boa noite, irmãos e irmãs! Este é o nosso segundo encontro em que estamos refletindo sobre o Autêntico Evangelho de Jesus. No encontro anterior, vimos que o Autêntico Evangelho é a notícia de que Jesus veio a este mundo para vivermos a vida em toda a plenitude planejada por Deus. Uma vida completa de tudo.

Embora o Ladrão insista, rondando por todos os lados, com o propósito de furtar nossa humanidade, destruir nossa identidade, e matar nossas esperanças, Jesus veio para nos dar vida abundante, ao desfazer as obras do salteador: Ele restitui a humanidade perdida, refaz a identidade partida e reanima a esperança esquecida. Como?

1.   Ele muda a disposição da nossa mente por meio da presença do seu Espírito em nós: conduz-nos a valorizar a vida, abençoar as pessoas, defender quem sofre ameaças, lutar pela verdade, encorajar os humilhados, preservar os relacionamentos, promover a paz, respeitar os diferentes e amar a todos.
2.   Ele nos inclui na família de Deus e nos concede uma nova identidade, de filhos e herdeiros de Deus.
3.   Ele nos anima com a esperança da eternidade, pois um dia todo o choro será consolado, toda a dor será banida e encontraremos consolo em Deus.

Hoje veremos outro aspecto do evangelho autêntico: ele é alívio e descanso; não é pesado nem trabalhoso.

Introdução

Um olhar atento para nossas igrejas possivelmente vai revelar que o crente comum está cada dia mais cheio de coisas para fazer.

Somos convocados por nossos líderes e pastores ao compromisso com Jesus. Ocorre que esse compromisso, cada vez mais, se traduz em cumpri certas normas e regras, participar de cultos e programações, observar as exigências (da igreja, da denominação ou mesmo do líder), apoiar financeiramente projetos e iniciativas importantes, etc.

A vida de nossas comunidades tem se tornado cada vez mais intensa com muitas e necessárias reuniões. Os dias da semana já não cabem tudo aquilo a que estamos dispostos e desejosos de fazer. Semana após semana somos convocados a demonstrar nosso compromisso com Jesus tomando parte ativa em todas essas coisas.

Por outro lado, se prestarmos atenção, se formos além da saudação costumeira e olharmos nos olhos uns dos outros sem pressa, veremos que muitos de nós estamos cansados. Nossas vidas estão sobrecarregadas de exigências. Elas vêm de fora, mas vêm também de dentro da igreja pela imposição que fazemos uns aos outros de resultados, performance e imagem.

Um outro evangelho tem sido pregado em nossos dias (que embora seja outro, não é novo): o evangelho da justiça própria por meio da religião salvadora. É esse outro evangelho que tem nos sobrecarregado com exigências mútuas, cobranças, intolerância e falta de amor.

Era exatamente este o cenário nos dias de Jesus. Os líderes religiosos, que estudavam e conheciam as Escrituras, se tornaram muito exigentes com os outros. Cada vírgula da lei de Moisés precisava ser cumprida. Mas não apenas isso: eles instituíram outras 600 orientações, que normatizavam o modo das pessoas viverem. Essas orientações ganharam o mesmo valor das escrituras e passaram a ser exigida de todos.

A atenção se voltou de tal forma para o cumprimento das leis, ordenanças e orientações que o judeu simples andava curvado debaixo do fardo de tantas exigências. É nesse contexto que Jesus afirma:

Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Mt 11.28 (ARA)

O povo andava pela vida arqueado sob o peso de pesados fardos de Justiça Própria e Mérito. A cada item da lei perseguido pelo povo, uma nova exigência era criada pelos mestres da lei.

O fardo da justiça própria

Justiça própria é a tentativa de parecer honesto, de bom coração e digno, diante de Deus e das pessoas. É se esforçar para que Deus fique satisfeito com nossas boas atitudes e por fim diga: “É realmente, eu tenho visto que você é bem melhor que a maioria das pessoas por aqui! Você merece tudo de bom! Inclusive a salvação! Parabéns! O prêmio é seu!”

Justiça própria é fazer por onde. É receber por mérito próprio. E embora o mérito, isto é, o merecimento, seja importante em várias instâncias do relacionamento humano, com Deus não é esse o caminho; porque o padrão de Deus é a perfeição. Apenas os perfeitos podem ir à presença de Deus e se apresentarem.

Por que a justiça própria se torna um fardo, então? Porque a cada boa atitude que temos, somos flagrados em duas ou mais situações onde o pecado levou vantagem sobre nós.

Alguém nos diz: “a solução é orar! Deus se agrada daqueles que o buscam em oração”. Então começamos a orar com fervor. Mas descobrimos que nossa oração é egoísta, que só pensamos em nós, nossos parentes e amigos. Percebemos que oramos quase que apenas para pedir, que pouco sabemos agradecer, e que mesmo no mais fervoroso momento de oração nossa mente divaga e... de repente estamos pensando que amanhã precisamos ir ao banco pagar a conta de energia.

A Bíblia nos diz que nossos esforços não são suficientes, mas esse outro evangelho nos diz que o problema é que ainda não esforçamos pra valer. A Bíblia nos diz que ninguém é bom o suficiente, mas esse outro evangelho diz que se você tentar um pouco mais Deus vai honrar o seu sacrifício.

Esse outro evangelho quer nos convencer de que precisamos apenas ser mais determinados, ir a todos os cultos, fazer e cumprir todos os votos, participar de todas as correntes de oração, não faltar a EBD, vir aos cultos de oração, trabalhar no EJC, postar foto com versículo bíblico no Face, tornar-se ofertante e dizimista, fazer o culto doméstico todos os dias, ser assíduo nos cultos de domingo... que aí não tem erro! Deus vai ficar sem desculpas! Ele vai olhar pra mim e vai dizer: você é o cara!!! Ou melhor, servo bom e fiel!

Nada disso é ruim em si mesmo, mas tudo isso junto ainda não é suficiente para que sejamos aceitos por Deus. E além de não ser suficiente, torna-se um fardo muito pesado para se levar. Nossa vida com Deus não pode ser uma correria em busca de uma oferendas e ofertas.

Quando Jesus fez o convite, venham a mim, ele estava dizendo claramente que a proposta dos líderes religiosos de seus dias não era suficiente para levar paz à alma humana. É preciso mais que esforço próprio para paz, alegria e sentido para a vida.

Vinde a mim

Aos cansados de carregar os pesados fardos da religiosidade vazia, o convite de Jesus soa maravilhoso! Ele promete alívio e descanso.

Mas é um convite para o quê? Para o que Jesus está nos convidando? A dificuldade para responder essa pergunta talvez seja porque ela não é a pergunta certa. Jesus NÃO fez um convite para um evento, uma reunião ou um grupo religioso. Ele nos convida para ele mesmo.

O autêntico evangelho de Jesus não é uma religião nova, nem tampouco alguma espécie de clube dos crentes, em que nos encontramos toda semana, revemos os outros sócios e pagamos nossas mensalidades. O evangelho é um relacionamento com Jesus, o Deus que se fez gente. Por isso ele disse: vinde a mim!

É possível que você tenha se aproximado do evangelho por diversas razões: em busca de solução para um problema difícil, em busca de amizades verdadeiras, em busca de compreender melhor a bíblia, porque você desejava se livrar o álcool ou de qualquer outra coisa o aprisionava.

Todas essas razões são legítimas para sua aproximação do evangelho, mas a solução dessas situações não é suficiente para sustentar sua caminhada com Deus. A solução dessas situações nos alivia, mas é um alívio temporário. O tipo de alívio de que precisamos é mais profundo e permanente.

Jesus nos chama para si mesmo porque ele é o único caminho para nos livrarmos definitivamente dos fardos pesados da justiça própria, do esforço e do mérito. Se você for para qualquer outro lugar ou pessoa, não vai encontrar alívio ou descanso.

Todos que estais cansados e sobrecarregados

Um tema que se tornou comum nas últimas décadas é o esgotamento espiritual. Essa expressão é usada para aquela situação em que as pessoas ficam tão comprometidas com os afazeres religiosos, que deixam de cultivar sua vida com Deus e acabam também dando pouco valor ao relacionamento com as pessoas.

Existe um cansaço natural que acontece porque você está dedicando sua vida a conhecer mais o Senhor pela oração, pela leitura da palavra e através de relacionamentos saudáveis com demais membros do corpo de Cristo. Mas esse cansaço natural não é esgotamento espiritual.

O cansaço do qual Jesus promete alívio é aquele que vem quando tudo passa a girar em torno das tarefas e programações. Quando se alimenta a esperança de que um pouco mais de esforço e Deus vai notar o que estamos fazendo e seremos recompensados por isso. Aí a pessoa entra em verdadeiro carrossel, tentado fazer sempre mais e mais, sem nunca ser suficiente. As atividades na igreja vão se tornando mecânicas e perdendo o significado. E a pessoa fica tão cansada que perde o ânimo e a alegria de servir.

Muitos testemunhos bonitos já foram destruídos por causa disso. Muito pastores já perderem seus ministérios. Muitos casamentos já desfizeram. Muitos filhos abandonaram a fé de seus pais. Simplesmente por causa dessa tentativa louca de se tornar o queridinho de Deus fazendo a obra de Deus pela nossa cabeça e do nosso jeito.

Se você se sente cansado e sobrecarregado, o convite de Jesus é para você. Esse não é um convite apenas para os de fora. É também, e sobretudo, um convite para os de dentro. Para aqueles que, mesmo tendo compreendido o amor de Deus continuam levando pesados fardos sobre si.

O Evangelho autêntico de Jesus não sobrecarrega de preocupações. Não amarra fardos nas costas daqueles que servem ao Senhor. Aqueles que abraçaram o evangelho devem ao mesmo tempo aceitar esse convite feito por Jesus e aproximar-se dele. A promessas que ele nos fez é que seremos aliviados dos fardos pesados da religiosidade vazia.

Eu vos aliviarei

Como vem o alívio de Jesus? O que acontece para que os fardos pesados que estão sobre nós sejam retirados? Duas coisas são necessárias.

1.   Precisamos ser libertos pela verdade

Jesus não deu voltas para afirmar que ele mesmo é a verdade. Eu sou o Caminho, a verdade e a vida, ele disse. As cordas que prendem esses pesados fardos sobre nós são cortadas pelas tesouras da verdade.

As palavras e a vida de Cristo são declarações contundentes contra qualquer ilusão de bondade que estejamos alimentando sobre nós. O Apóstolo Paulo ecoou esse pensamento de Jesus ao escrever para os irmãos de Roma:

10Como está escrito: "Não há nenhum justo, nem um sequer; 11não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus.12Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer". Rm 3.10-12

O alívio de Jesus começa quando reconhecemos nosso estado de penúria e necessidade de Deus. Enquanto estivermos tentando manter as aparências, não há como desatar os fardos de sobre os ombros.

Há um pensamento muito equivocado de que a igreja é lugar de gente certinha, cheia de energia interior. Gente batalhadora e vitoriosa porque é determinada e perseverante. Não nada há mais falso do que esse entendimento! Isso não faz parte do Autêntico evangelho de Jesus.

Na verdade, a igreja é lugar de gente que se reconhece pecadora e sem solução. Gente que não confia em si mesma, porque sabe quão ruim pode ser. Gente que desistiu de dar um jeito na própria vida e decidiu depender única e exclusivamente do amor de Deus.

O primeiro passo do alívio é ser libertado pela verdade da ilusão da bondade própria

2.   Precisamos encontrar justificação na graça

Mas o autêntico evangelho de Jesus não para por aí. Ele acena com a maior das esperanças: a graça de Deus. É nesse momento que nossa mente é conduzida ao correto entendimento da natureza humana e do amor de Deus.

5 Por isso, mesmo quando estávamos espiritualmente mortos nos nossos pecados, Ele nos deu uma vida nova juntamente com Cristo. Vocês foram salvos pela graça de Deus.6 E, como somos identificados com Cristo Jesus, Deus nos ressuscitou assim como ressuscitou a Cristo e nos fez reinar com Ele nos céus.7 Deus fez isso para que pudesse mostrar a incomparável riqueza da sua graça para as gerações futuras. Esta graça é demonstrada pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus.8 Pois é pela graça de Deus que vocês foram salvos, por meio da fé que vocês têm. Vocês não salvaram a si mesmos. A salvação vem de Deus como um dom,9 e não como o resultado das obras que alguém fez, para que assim ninguém se orgulhe. Ef 2.5-9 (VFL)

Evangelho quer dizer boas notícias. E boa notícia é que Deus não nos abandonou. Ele nos viu indo em direção ao abismo, caminhado feito zumbis para longe dele, por causa de nossos pecados.

E o que ele fez? Ele nos amou de uma maneira tão impressionante que decidiu entregar Jesus, seu único filho, para que através de sua morte e ressurreição pudéssemos receber vida.

Não havia e não há em nós qualquer mérito para que Deus nos ame. Isso tudo foi graça. A demonstração da bondade de Deus, que resolveu nos dar nova oportunidade (pela fé em Jesus) de nos aproximarmos dele e revivermos. Um presente de Deus para nós.

Por que eu fui salvo? Porque Deus o amou!
O que ele viu em mim? Nada!
O que eu fiz para merecer? Nada!
Então, porque Deus me amou? Graça! Favor imerecido da parte de Deus.

Da mesma forma que fomos salvos pela graça de Deus, isto é, sem qualquer mérito de nossa parte para que isso acontecesse; também somos chamados a viver a vida com base nessa mesma graça, isto é, sabendo que nossa caminhada de fé não é resultado de qualquer mérito de nossa parte, mas do amor gracioso de Deus por nós.

Conclusão

Ser aliviado por Jesus não é se tornar apático na igreja, deixar de participar dos cultos e eventos. Quando os fardos da religiosidade vazia são retirados de sobre nossos ombros continuamos servindo, mas nosso serviço deixar de ser para obter pontos de Deus e se transforma em expressão de gratidão a Ele e de amor pelos irmãos.

Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Mt 11.28 (ARA)


O evangelho autêntico é assim, nos leva aos pés de Cristo. Vinde a mim, ele disse. E nós dizemos: sim, Senhor. 

29 junho 2015

Lugar de oração, comunhão, paz e amor


Mensagem pregada em 28/06/15 no aniversário de fundação
 da Igreja Evangélica Batista no Castelo Branco - João Pessoa/PB

Texto Básico – Hebreus 10

Agradecimentos

Hoje é dia de festa e celebração por mais um ano de existência da igreja batista, aqui no Castelo Branco. Eu estou convicto de que o testemunho do amor de Deus, revelado em Jesus, tem sido apresentado com graça e compaixão através dos irmãos aqui presentes e de muitos outros que por aqui passaram durantes esses 17 anos.

Para mim é um privilégio e uma alegria poder compartilhar as Escrituras em uma data tão especial. Por isso, deixo aqui meu agradecimento pelo convite feito através do querido Anchieta, diácono nesta igreja e companheiro nos estudos teológico ali no ITEBES.

Minha gratidão também ao Pr. Juarez por compartilhar de forma generosa o púlpito desta amada igreja.

Peço os irmãos que agora orem comigo pedindo ao Senhor que continue falando conosco e nos dê compreensão do texto bíblico em que vamos refletir. Peça junto comigo que Ele também nos dê força e coragem para aplicar Sua Palavra em nossas vidas.

A Carta aos Hebreus

Não sabemos com certeza quem foi o autor da Carta aos Hebreus. Alguns pensam ter sido o apóstolo Paulo, outros acham que a carta poderia ter sido escrita por Apolo. Provavelmente o texto foi escrito na década de 60 do primeiro século da era cristã, portanto menos de 40 anos depois da morte e ressurreição de Jesus.

Pelo teor da carta é fácil concluir que ela foi endereçada a judeus que haviam se convertido a Cristo. O texto fala muito de rituais e práticas que eram comuns na antiga aliança e tenta ajudar seus leitores a compreender como é viver a vida com Deus nessa nova aliança que Jesus inaugurou.

Os judeus cristãos vinham de uma origem muito religiosa, isto é, antes de seguirem a Jesus eles seguiam uma porção de regras de comportamento e rituais de culto. De certa forma, eles eram como muitos de nós que chegamos a Cristo vindos do catolicismo tradicional, das crenças e crendices populares ou do esoterismo supersticioso e seus rituais.

O escritor dessa carta procurou deixar bem claro que todo esforço religioso para reconectar o ser humano a Deus é insuficiente. Ele aponta para Jesus e sua morte na cruz como o caminho eficaz e suficiente para que a ação de Deus seja completa em nossas vidas.

Ele explica que tentar trazer regras e ritos religiosos, crendices ou superstições e misturar isso com a nova aliança firmada em Cristo Jesus só faz confundir as pessoas e retardar o processo de santificação em nossas vidas. Tanto isso é verdade, que no capítulo 5 o autor deixa claro que, pelo tempo de fé, muitos dos irmãos para quem a carta foi escrita já deveriam ser mestres da Palavra, mas continuavam como crianças, que não podem comer comida sólida, mas apenas leite e papinha.

Sacrifícios e Sacerdotes

A religião judaica, de onde aqueles irmãos hebreus vieram, era uma religião de sacrifícios e sacerdotes. Eles tinham uma lei a ser cumprida e esforçavam-se para fazer tudo quanto estava escrito nela. Quando eles fracassavam, e se tornavam culpados por quebrar a Lei, ofereciam sacrifícios e faziam ofertas demonstrando seu arrependimento e pedindo perdão a Deus.

Isso pode parecer um bom caminho para alguns, mas o escritor de Hebreus, meus irmãos, nos ajuda a entender que esse modo de viver a fé não era (e não é) eficaz, mas apenas um vislumbre, uma imagem retorcida, uma sombra daquilo que a Nova Aliança em Cristo finalmente nos trouxe.

 1 A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a realidade dos mesmos. Por isso ela nunca consegue, mediante os mesmos sacrifícios repetidos ano após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para adorar. 2 Se pudesse fazê-lo, não deixariam de ser oferecidos? Pois os adoradores, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais se sentiriam culpados de seus pecados. 3 Contudo, esses sacrifícios são [apenas] uma recordação anual dos pecados, 4 pois é impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados. (Hebreus 10.1-4 – NVI)

Hoje em dia há muitas pessoas que tentam reviver esse esquema de sacrifícios e sacerdotes. Há lugares onde as pessoas são chamadas a fazerem sacrifícios (o que normalmente envolve dinheiro ou bens) para que Deus possa ouvi-las e atende-las. Esses guias agem como os antigos sacerdotes, como se fossem mediadores entre as pessoas e Deus.

Antigamente apenas os sacerdotes autorizados é que sabiam como era o culto que Deus aceitava. Eram eles que conheciam as regras para os sacrifícios e que apresentavam as ofertas diante de Deus. Mas esse sistema era apenas um prenúncio do que estava adiante. Em Cristo todo esse modelo caducou, porque não era eficaz para remover os pecados.

11 Dia após dia, todo sacerdote apresenta-se e exerce os seus deveres religiosos; repetidamente oferece os mesmos sacrifícios, que nunca podem remover os pecados. (Hebreus 10.11 – NVI)

Meus irmãos, a partir de Cristo não existe mais a figura do líder religioso cumprindo funções sacerdotais; não precisamos mais de sacerdotes, porque Cristo, o perfeito sacerdote, intercede por nós hoje.

Tampouco há a necessidade de que sacrifícios (correntes, novenas, dízimos, jejuns, vigílias, etc.)  sejam oferecidos a Deus para que Ele seja bondoso conosco e ouça nossas orações; Jesus já se ofereceu, uma única vez, como oferta perfeita em nosso lugar. Vejamos o que diz o escritor da carta aos hebreus:

12 Mas Cristo entregou-Se a Si mesmo a Deus pelos nossos pecados, como um único sacrifício duma vez para sempre, e depois Se assentou no lugar de maior honra à direita de Deus, 13 esperando que os seus inimigos sejam postos debaixo dos seus pés. 14 Pois por meio daquela oferta única Ele tornou perfeitos para sempre aos olhos de Deus todos quantos Ele está santificando. (Hebreus 10.12-14 - BV)

O que isso tudo tem a ver como nosso tema?

É simples. Estamos pensando hoje na igreja como Casa de Deus, um lugar de oração, comunhão, paz e amor. Mas, enquanto fazemos isso nosso passado religioso e a influência de muitos pregadores midiáticos, pode nos levar à ideia de que ser igreja, e experimentar a bênção da oração, da comunhão, da paz e do amor, tem a ver com sacerdotes e sacrifícios.

De forma equivocada, podemos imaginar que aquilo que desejamos viver como igreja é o resultado do esquema de sacerdotes e sacrifícios. Mas não é verdade!

Oração, comunhão, paz e amor acontecem quando cada um de nós se deixa guiar pelo Espírito Santo e se permite moldar pela Mente de Cristo. É a renovação da mente pelo Espírito de Deus, mediante a Palavra, que produz transformações em nossas vidas.

Portanto, meus irmãos, se queremos experimentar, como igreja, a plenitude daquilo que Deus tem preparado para nós, precisamos deixar de ser meninos na fé e assumir a responsabilidade de nossos relacionamentos com Deus. Devemos deixar de lado a postura de dependência, tanto dos que se fazem sacerdotes quanto daqueles que nós fazemos sacerdotes, e caminhar em direção Deus por meio de Cristo Jesus. Vejamos o que nos diz o escritor da carta aos hebreus:

19 E assim, queridos irmãos, por causa do sangue de Jesus, nós agora podemos ir diretamente até dentro do Santo dos Santos, onde Deus está. 20 Este é o caminho novo, recém-aberto e vivificante que Cristo nos franqueou ao rasgar a cortina - O seu corpo humano - para dar-nos acesso à presença santa de Deus. 21 E, visto que este nosso grande Supremo Sacerdote governa sobre a casa de Deus, 22 entremos e vamos diretamente ao próprio Deus, com o coração sincero e confiando plenamente que Ele nos receberá, porque o sangue de Cristo já foi salpicado em nós para nos purificar, e porque já fomos lavados com a água pura ( do batismo pelo Espírito Santo ). (Hebreus 10.19-22 - BV)

Templos e altares

Outra parte fundamental da religião dos hebreus era o templo. Desde o primeiro, construído por Salomão, os templos sempre ocuparam um lugar central no culto hebraico. Era em torno do templo que girava toda a vida religiosa judaica: adoração, oração, sacrifícios... tudo acontecia no templo. A parte mais importante do templo era o altar, onde os sacrifícios eram oferecidos pelos sacerdotes.

Nisso também os hebreus, para quem a carta foi escrita, eram parecidos com muitos de nós. Assim como eles, vários de nós chegamos a Cristo vindo de religiões e cultos que valorizam o templo e o altar, sobretudo o catolicismo romano: o templo é considerado como a Casa de Deus, o lugar onde Ele fica; e o altar é tratado como o lugar onde nos encontramos com Ele. Mas esses são conceitos da velha aliança. A partir de Cristo tudo isso mudou.

Jesus tentou explicar isso para a mulher samaritana em uma conversa que eles tiveram, ao meio dia, na beira de um poço na cidade de Sicar. Ela perguntou (Jo. 4.20) pra Jesus onde era o lugar certo para adorar. Os judeus achavam que o lugar certo era no templo em Jerusalém, mas os samaritanos tinham feito um outro lugar de adoração no monte Gerizim. Veja o Jesus disse para ela:

22...”Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém. (...). 23 ..., está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.24 Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade". (João 4.22-24 - NVI)

Jesus não deixou dúvida: o que realmente importa não é o lugar em que adoramos a Deus, mas a qualidade da nossa adoração. O lugar é uma questão secundária. Isso quer dizer que para os que seguem a Jesus, os lugares de reunião NÃO têm uma santidade própria deles. Embora muitos chamem de templo, os prédios em que nos reunimos não são templos; os púlpitos de onde nossos pregadores falam não são altares. Tudo isso é parte da velha aliança.

E o que tudo isso tem a ver com nosso tema? 

É simples: Nós estamos vivendo tempos em quem muitos valorizam mais os prédios onde se adora do que a qualidade da adoração que se faz nesses prédios. Assim, quando usamos a expressão “Casa de Deus” somos tentados a olhar nossos locais de reunião como se fossem pequenos templos, lugares exclusivos da adoração e da manifestação de Deus.

É claro que Deus se faz presente quando o seu povo se reúne, mas não é por que estamos em um templo; é claro que Ele recebe nossa adoração quando estamos aqui, erguemos nossas vozes e declaramos quem Ele é, mas não é por que esse espaço seja um altar. Essas coisas acontecem por que Jesus garantiu “...onde dois ou três se reunirem em meu nome, ali eu estou no meio deles.” (Mt. 18.20 – NVI)

É a presença de Cristo no meio do Povo de Deus, gente cheia do Espírito Santo, que santifica o lugar e o transforma em lugar de adoração e manifestação da presença de Deus. Não é o prédio que santifica o povo ou o culto, é o povo cultuando que santifica qualquer lugar em que estivermos.

Então, quando pensamos na casa de Deus como lugar de oração, comunhão, paz e amor, devemos saber que onde quer que estejamos reunidos como igreja, ali se torna Casa de Deus.

Assim, a comunhão dos filhos de Deus não pode ficar restrita a este espaço: podemos exercitá-la em nossos lares, por exemplo, sendo hospitaleiros; A oração não deve acontecer só aqui: precisamos orar juntos onde houver oportunidade - no café do shopping, por exemplo; Nossa opção pela paz precisa fazer parte também das nossas casas, dos nossos trabalhos, nos bairros e nos condomínios em que moramos. O amor pelas pessoas não pode ser apenas uma palavra dita nos cultos, ele precisa fazer parte do nosso modo de viver a vida (inclusive virtual).

Reunindo-se como Igreja

Quando nós nos reunimos como igreja, aqui ou em qualquer outro lugar, estamos cuidando uns dos outros, treinando uns aos outros, aperfeiçoando uns aos outros, tudo isso para vivermos a vida com Cristo lá fora, onde a coisa é pra valer. Veja, meu irmão, a importância de estarmos juntos!

Em nossos dias muitas pessoas estão entristecidas com a igreja. Pessoas que sofreram decepções, que foram traídas, exploradas, manipuladas e oprimidas por líderes, e até por outros irmãos em Cristo, jogaram a toalha e se distanciaram das reuniões da igreja.

Além disso há muitos que levam consigo denúncias sérias e procedentes sobre o modo como a igreja tem se comportado... olhando apenas para si mesma, sem amor, sem compaixão, inchada de orgulho e autossuficiente. Muitos desses deixaram de se reunir como igreja porque não sabem como lidar com tudo isso.

Alguns dos hebreus para quem a carta foi escrita também estavam prestes a desistir da igreja. Eles foram rejeitados e perseguidos. Os judeus olhavam para eles como traidores, os gentios com desconfiança e os romanos com indignação. Os relacionamentos entre os irmãos eram tão complicados que alguns estavam pensando seriamente em retroceder. Você já se sentiu assim? Com vontade de desistir? Não há razão para se sentir culpado por isso. Essas lutas fazem parte da caminhada. Erga a cabeça, meu irmão, e prossiga em direção ao alvo.

Ouça as palavras de encorajamento do escritor de Hebreus:

21 Temos, pois, um grande sacerdote sobre a casa de Deus. 22 Sendo assim, aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada e tendo os nossos corpos lavados com água pura. 23 Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel. 24 E consideremo-nos uns aos outros para incentivar-nos ao amor e às boas obras. 25 Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia.

Não há nada que substitua a igreja! Esse é o projeto de Deus para completar em nós a boa obra de salvação que Ele começou. É reunidos como igreja que somos cuidados, treinados e aperfeiçoados! Pode ser difícil, pode ser complicado e até aborrecido às vezes; mas é assim, através dos irmãos e irmãs que Deus opera em nossas vidas. Ele expõe com amor nossas fraquezas para que sejamos transformados pela ação do seu Espírito em nós.

A gente costuma dizer que vai à igreja, mas na verdade nós somos a igreja. E é isso mesmo! Nós somos a Casa de Deus! O Espírito de Deus fez morada em cada um de nós. E se somos nós a Casa de Deus, nossas vidas é que são lugares de oração, comunhão, paz e amor.

Juntos somos a igreja!
Juntos nos encorajamos mutuamente à prática do amor!
Juntos deixamos de ser meninos e meninas na fé e caminhamos em direção ao aperfeiçoamento de nosso caráter em Cristo.


Que ele nos abençoe e faça germinar a semente desta palavra em nossas vidas.

23 fevereiro 2015

Duas alianças, dois modos de viver.


PIB de Várzea Alegre/PB -  Santa Rita/PB - 22/02/15

INTRODUÇÃO

Os primeiros cristãos eram judeus que viviam conforme as orientações da lei de Moisés. Esse fato histórico às vezes escapa à nossa percepção, mas é importante para compreender um dos problemas enfrentados pela igreja desde os seus primeiros dias: a tensão entre duas alianças: a aliança mosaica e nova aliança em Cristo Jesus.

No começo da igreja, quando Paulo e os outros evangelistas saíram pelo mundo falando sobre Jesus, eles o anunciavam como o mediador de uma nova e ampla aliança entre Deus e a humanidade. Quando essa pregação era ouvida pelos judeus espalhados mundo a fora, se formava uma tensão entre o modo vida decorrente da aliança mosaica, que eles já conheciam, e o novo modo de viver que resultaria da nova aliança em Jesus Cristo.

Hoje quero compartilhar com vocês um pouco do que as Escrituras revelam sobre esses diferentes modos de viver a fé e as implicações práticas de escolher uma aliança ou a outra. Nosso texto base será Gálatas 4:21-31.
Agar e Sara
21 Digam-me vocês, os que querem estar debaixo da lei: Acaso vocês não ouvem a lei? 22 Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. 23 O filho da escrava nasceu de modo natural, mas o filho da livre nasceu mediante promessa. 24 Isso é usado aqui como uma ilustração; estas mulheres representam duas alianças. Uma aliança procede do monte Sinai e gera filhos para a escravidão: esta é Hagar.

25 Hagar representa o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à atual cidade de Jerusalém, que está escravizada com os seus filhos. 26 Mas a Jerusalém do alto é livre, e essa é a nossa mãe. 27 Pois está escrito: "Regozije-se, ó estéril, você que nunca teve um filho; grite de alegria, você que nunca esteve em trabalho de parto; porque mais são os filhos da mulher abandonada do que os daquela que tem marido". 28 Vocês, irmãos, são filhos da promessa, como Isaque.

29 Naquele tempo, o filho nascido de modo natural perseguia o filho nascido segundo o Espírito. O mesmo acontece agora. 30 Mas o que diz a Escritura? "Mande embora a escrava e o seu filho, porque o filho da escrava jamais será herdeiro com o filho da livre". 31 Portanto, irmãos, não somos filhos da escrava, mas da livre.

Os irmãos da Galácia (uma região da Ásia) moravam bem longe de Jerusalém. Mas as igrejas daquele lugar eram fruto do trabalho missionário de Paulo de Tarso e seus companheiros. Os gálatas haviam sido ensinados a respeito do evangelho da Graça de Deus e aceitaram de bom grado a salvação gratuita mediante a fé em Jesus.

Ocorre que Paulo, nas cidades por onde passava, começava seu trabalho missionário exatamente pelas sinagogas, já que ele tinha suas origens no judaísmo. Então, vários dos irmãos das igrejas na Galácia, apesar de não morarem em Jerusalém, eram judeus convertidos ao Cristianismo (que hoje são chamados de judeus messiânicos). Eles eram pessoas que por muitos anos havia seguido a lei mosaica e cumprido os costumes do judaísmo, porque primeiramente haviam enxergado a fé em Deus pelas lentes da aliança feita no Sinai.

Não demorou muito até que alguns desses irmãos estivessem confusos. De um lado eles ouviam o apóstolo Paulo explicando o evangelho da salvação pela Graça de Deus, mediante a confiança nos méritos de Cristo; por outro lado eles eram assediados pelos judaizantes, que não estavam dispostos a abrir mão da forma antiga de ver a vida, que eles havia aprendido de seus pais: os rituais, as leis, as cerimônias, as liturgias, os sacrifícios, etc...

Foi no meio dessa tensão e desse clima de dúvida que a carta aos Gálatas foi escrita com o propósito de ajudar aqueles irmãos a experimentar a plenitude do evangelho de Cristo.
  
UMA ILUSTRAÇÃO

Uma das ilustrações que o apóstolo Paulo utilizou para ajudar aqueles irmãos do passado foi essa que lemos ainda há pouco. Ele recuperou uma das histórias fundadoras do povo hebreu: os dois filhos gerados por Abraão: um de Sara e outro de Agar.

O filho de Sara era o cumprimento da promessa que Deus havia feito a Abraão, já o filho de Agar era resultado do esforço para dar “uma ajudinha” a Deus; o filho de Sara era a demonstração do poder e da graça de Deus sobre aquela que era estéril, já o filho de Agar era fruto da força do próprio homem; a descendência de Sara (que era livre) estava destinada à liberdade, já a descendência de Agar (que era escrava) estava fadada à escravidão.

Com essa ilustração o apóstolo Paulo procurava ensinar aos nossos irmãos da Galácia que a descendência de Sara e a descendência de Agar simbolizam duas maneiras de se relacionar com Deus e, por consequência, duas formas de viver a fé.

ANTIGA ALIANÇA

Por uma lado há aqueles que continuam agarrados ao cumprimento de leis, cerimônias, rituais, liturgias, vestimentas, tipos de alimentos, correntes de oração, novenas, jejuns, conferências, procissões, cursilhos, dízimos e assembleias solenes, achando que o esforço em cumprir essas coisas pode torná-los ACEITÁVEIS diante de Deus. Esses ainda estão na antiga aliança e não sabem o que é uma vida plena sob a Graça de Deus.

Não vamos esquecer que Agar fez de tudo para agradar o seu senhor. Mesmo assim, porque ela mesma era uma escrava, sua descendência nasceu escravizada e submetida aos seus senhores. Da mesma maneira, aqueles que vivem suas vidas fazendo coisas para se tornarem dignos do amor de Deus podem achar que estão dando o melhor de si, mas continuam sendo escravos. O senhor deles é a falsa ideia de que se viverem uma vida certinha, conforme a religião, podem facilitar as coisas para Deus amá-los. Mas a verdade, meus irmãos, é que quem vive a religião como um esforço pessoal para ser aceito por Deus, torna-se escravo dessa religiosidade.

Cada vez mais vemos gente assim em nossas igrejas: gente muito religiosa, mas pouco piedosa; gente que conhece os detalhes da liturgia e do culto, mas que não se importa com as pessoas; gente que bate no peito como fariseu da história, convicto de que é melhor que os outros, mas quase nada sabe sobre o amor gracioso de Deus demonstrado em Cristo Jesus na cruz do calvário; gente que está pronta para batalhar contra inimigos, mas tem pouca prática em amar do mesmo jeito que foi amado por Deus.

NOVA ALIANÇA

Se de um lado havia na mente daqueles irmãos esse modo antigo de se relacionar com Deus, com base no esforço próprio, por outro lado o apóstolo Paulo estava pregando e ensinando que esse modo antigo pode até nos aproximar um pouco de Deus, mas não é completamente eficaz; porque ninguém é capaz de ser tornar aceitável diante de Deus com base nas coisas que faz para agradá-lo. E a razão é simples: Deus pede perfeição e isso está fora de alcance para o homem caído.

Por isso uma nova aliança foi firmada. Essa nova aliança é comparada com a descendência de Sara. É uma aliança baseada na promessa graciosa de Deus. Lembre-se de que não foi por causa da espiritualidade de Sara ou de Abraão que um filho foi gerado no ventre dela, mas simplesmente por vontade e graça de Deus, porque 
Ele havia prometido que faria.

Na nova aliança não há a necessidade de se esforçar para ser aceito por Deus, porque sabemos que Ele nos amou antes de tudo, quando nós estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Claro que viver uma vida santa exige esforço, mas essa dedicação é tão somente uma resposta de amor e gratidão àquele que nos amou primeiro. 

A DÚVIDA DOS GÁLATAS

Pela carta escrita por Paulo, dá pra perceber que os irmãos da Galácia estavam em dúvida. E era uma dúvida razoável. Eles estavam considerando o seguinte:

“Será que vale a pena confiar nessa salvação pela graça de que Paulo fala? Serão que não é melhor a gente se garantir cumprindo os ritos religiosos? A Graça parece ser ótima, mas deixa a gente um pouco inseguro, sem nada nas mãos para apresentar a Deus; já quando a gente se esforça para cumprir as regras da religião dá pra mostrar que fez alguma coisa e isso faz a gente se sentir mais seguro.”

Essa é a mesma dúvida que consome muitos crentes dentro das igrejas. Um dia eles aceitaram a mensagem salvadora da graça de Deus, mas depois começam viver suas vidas por conta própria e se acabam abraçados ao mero esforço religioso. São como náufragos em uma tempestade no alto mar: ficaram muito felizes quando um bote salva-vidas foi lançado para eles, mas depois, em vez de entrarem no bote, ficam nadando em volta dele tentando demonstrar que são excelentes nadadores.

Assim como os gálatas, esses irmãos em nossas igrejas estão confusos. Eles dizem que foram salvos pela graça mediante a fé, mas vivem como se precisassem provar para Deus que são dignos de serem salvos. Vivem vergados sob o peso do esforço para parecerem bons o suficiente.

Na prática, o que aqueles irmãos da Galácia fizeram diante da dúvida que tinham? Alguns deles retrocederam ao modo de pensar antigo. Influenciados pelos judaizantes, alguns se deixaram circuncidar como os judeus, para garantir uma aliança com Deus; outros começaram a considerar certos alimentos impuros nas suas refeições e outros ainda começaram a guardar a datas e as festas judaicas. Eles fizeram isso porque em suas mentes, ser salvo apenas por meio da fé parecia algo fraco que precisava ser complementado.

Da mesma maneira, irmãos, muitos hoje têm buscado algo que possa ser acrescentado à fé em Jesus, porque se sentem inseguros com essa salvação mediante a graça de Deus. E o que eles fazem?

Santisse
  
Hoje alguns acham que se viverem uma vida santa poderão usar isso como uma espécie de moeda de troca perante Deus. Eles se esforçam para parecerem perfeitos, mesmo sabendo que não são, e acabam sustentando uma farsa. Aí, quando menos se espera, a casa cai e o falso poço de santidade se mostra como realmente é: sequidão de estio.

É preciso entender que somos chamados à santidade, sim! Mas não somos aceitos por Deus em virtude de uma vida perfeita. Somos aceitos por ele por causa do amor que Ele tem por nós, mediante nossa confiança nos méritos perfeitos de Cristo Jesus. A santificação é a obra de aperfeiçoamento que o Espírito de Deus realiza naqueles que já foram salvos, não uma condição para ser.

Ativismo Religioso
  
Há outros que se apegam ao ativismo religioso como uma “complementação” à fé. Eles participam de todas as programações da igreja e sob nenhuma hipótese faltam aos eventos a que são convidados. Lá no fundo esses irmãos acham que viver a fé é sinônimo de frequência nas programações, por isso eles se esforçam para fazer o seu melhor nessa questão. Alguns chegam ao ponto de deixar de lado o cuidado com a família e as responsabilidades do lar.
É preciso entender que somos chamados à comunhão e ao serviço, sim! Ninguém está dispensado de congregar. Mas nós não somos aceitos por Deus com base em nossa frequência nos programas da igreja. A base da nossa salvação é o amor de Deus demonstrado pelo fato de haver Cristo morrido por nós mesmo sem que nós nada merecêssemos, senão a morte. Além disso, a fé não se vive entre as quatro paredes desse prédio, mas lá fora.

Tradicionalismo

Há ainda os que se agarram ao tradicionalismo como muleta para sua caminhada de fé. Para eles tudo que é antigo é bom, tudo que é novo é ruim. Eles acham que se permanecerem fiéis aos costumes antigos estão sendo fiéis a Deus, e isso vai contar como uma espécie de bônus adicional diante dele. Dessa forma, esses irmãos fecham os olhos para os erros cometidos pela igreja no passado ao mesmo tempo são incapazes de enxergar a boas coisa que Deus está fazendo agora.

É preciso entender que somos chamados a manter a fé, sim! Mas não somos aceitos por Deus em função de nosso conservadorismo e tradicionalismo. Deus nos aceita por que Ele é amor e porque esse amor, revelado em Jesus, encontrou lugar em nossos corações. Há muitas coisas novas e boas que Deus deseja fazer no meio do seu povo.

UM CHAMADO À DECISÃO

Quando Paulo escreveu aos gálatas sobre essas coisas ele foi bem contundente. A razão é simples: ele sabia que essa forma antiga de pensar é um caminho certo para o engano. Alguém que acha que pode dar uma ajudinha para Deus, tornando-se digno de ser amado por ele está, na verdade, rejeitando a Graça de Deus e anulando o sacrifício de Cristo.

Hoje eu e você somos chamados a uma decisão! Vamos retroceder e voltar à velha maneira de pensar? Vamos virar as costas para a cruz e confiar em nosso esforço próprio? Vamos dispensar o bote salva-vidas da graça e continuar nadando em círculos? Vamos continuar procurando muletas, com medo de dar os passos livres da fé? Vamos tremer diante do desafio de viver de fé em fé?

Veja o que o apóstolo Paulo afirma no começo do capítulo 5 de sua carta:

1 Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão.

Aqueles que foram comprados pelo sangue do cordeiro foram feitos filhos de Deus para a liberdade. Irmãos, nós fomos salvos pela Graça de Deus e devemos também viver por ela. Precisamos resistir à tentação de retroceder à lógica do esforço próprio e confiar no amor gracioso de Deus por nós.

Aqui é importante um alerta: confiar no amor de Deus e viver sob a graça não é licença para pecar, para afastar-se da congregação ou para menosprezar os irmãos. Paulo alerta que a liberdade não deve dar ocasião à vontade da carne.

Jesus afirmou “conhecereis a verdade, e ela vos libertará”. Nós, os que fomos libertos desse antigo modo de pensar e viver, somos chamados pelas Escrituras para avançar, e não retroceder. Somos chamados à maturidade da fé, por meio da graça. Somos chamados à confiança plena no amor de Deus demonstrado através da vida, morte e ressurreição de seu filho Jesus Cristo, mediante a ação poderosa do Espírito de Deus nele e em nós.

Chamado aos de fora

Se você não faz parte de alguma igreja cristã e nos honra com sua visita esta noite, quero encorajá-lo a continuar refletindo sobre a forma como você se relaciona com Deus. Procure algum irmão desta igreja e diga que você gostaria de saber mais sobre a salvação mediante a fé por meio da graça de Deus. Nós ficaremos muito felizes em com seu interesse.

Chamado aos de dentro


Se você é membro desta igreja, quero desafiá-lo a rever a forma como você têm se relacionado com Deus. Se hoje você ficou desconfiado de que está retrocedendo no seu modo de pensar e começando a procurar formas de complementar a obra da cruz, é bem possível que isso realmente esteja acontecendo. Então, peço que você ore ao Senhor confessando seu pecado e diga com convicção: Senhor, me ajuda a confiar no teu amor e a não retroceder na minha caminhada de fé.