Vou tentar explicar meu ponto de vista começando por coisas simples: roupas, cortes de cabelo, adereços e coisas do gênero. Quando as pessoas da igreja se utilizam do tipo de vestimenta usado por alguém para validar a relação dessa pessoa com Deus está em ação o espírito de exclusão. A questão é que não importa qual é a roupa que alguém está ou não vestindo, não importam a cor ou o corte de cabelo, não importam os adereços que se usam pendurados ou perfurando o corpo: não é nessas coisas que se define a relação de algum com Deus!
O sujeito pode usar um alargador do tamanho de um pneu e ser alguém temente a Deus, que desenvolve uma vida de confiança no Pai de uma maneira que eu, e você que me lê, nunca experimentamos. A mocinha pode usar toda a maquiagem que conseguir colocar no rosto e ter um coração obediente e rendido aos pés de Cristo. Não há incompatibilidade necessária nessas situações! Deus não observa a aparência dos comportamentos, mas a inclinação do coração.
No entanto, existe um raciocínio tacanho, apequenado, corrente entre o povo evangélico, que abriga o que vou chamar de "espírito de exclusão". Esse raciocínio é responsável por uma espécie de soberba tola e tem origem em interpretações meia-boca dos textos bíblico distribuídas aos montes por pastores da auto-ajuda que se especializaram em manter alto o "astral" do povo de Deus.
É o espírito de exclusão que divide as pessoas entre "nós" e "eles"; põe uma divisória de separação e nela uma porta com visor de vidro, chave e trinco por dentro (do lado evangélico). Lamentavelmente, do lado de dentro a ocupação de muitos é olhar pelo vidro da porta e observar, pelo comportamento, aqueles mais necessitados de salvação para oferecer-lhes a oportunidade de sair do lado de lá para o lado de cá da sala. Isso não se parece nem um pouco com o modus operandi de Jesus de Nazaré!
Estabeleceu-se uma cultura de auto-exaltação que leva parte dos evangélicos a se sentirem investidos do tipo de superioridade que foi duramente criticada por Jesus nos religiosos de sua época. Para ele a oração sincera do publicano era melhor que os arroubos do fariseu; os serviço desinteressado do samaritano era muito melhor que o zelo religioso dos mestres da lei e do templo; o perfume de arrependimento da prostituta, melhor que a superioridade dos "homens de bem".
Essa exclusão às vezes se apresenta de maneira chocante, como o sentimento de quem olha para homens e mulheres que deixaram exemplos dignos para a humanidade mas não é capaz de conceder-lhes a honra devida. Ao invés disso, abre-se a boca para frases infelizes do tipo: "...mas não era um crente, não vale nada!". Como se tornou rasteira nossa percepção sobre o agir de Deus no mundo e na vida das pessoas! E como são reduzidas as formas pelas quais reconhecemos válida a aventura de caminhar com Deus!
O sujeito escreve um artigo esplêndido denunciando a opressão sofrida pelas crianças em campos de trabalho forçado. Não seria ele uma voz profética? Mas se não for membro de alguma igreja evangélica, ele e sua obra pouca coisa valem. Um outro compôs uma belíssima canção que fala do valor da amizade. Não seria ele um salmista? Mas como não é crente ele e sua canção são vãos vistos com olhares atravessados. O vizinho dirige uma empresa com sensatez e com sabedoria mantém o emprego de milhares de pessoas produzindo bens e serviços úteis à sociedade. Não seria ele um bom mordomo? Mas como ele não frequenta os cultos de domingo...
Não é válido e digno de honra o compromisso com a parte da vida eterna que começa aqui neste mundo? Como é que fomos parar nesse buraco?! Parece que estamos treinados a olhar o ponto escuro na folha branca de papel. Imagine se Deus fizesse isso conosco! Não restaria ninguém em pé diante dele!
João, o batista, denunciou fariseus e saduceus que achavam sua situação privilegiada porque eram descendentes de Abraão dizendo o seguinte: "e não comeceis a dizer entre vós mesmos: temos por pai Abraão; porque vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão."
Às vezes penso que o povo evangélico acabou sucumbindo a uma religiosidade de escambo e nessa relação de troca com Deus é consumido pelo medo de Deus ser injusto nesse negócio. É um raciocínio semelhante ao que Jesus denuncio ao contar a parábola de um homem que contratou logo cedo trabalhadores para o seu campo e acertou com eles o valor da diária. Acontece que no decorrer do dia, ao meio dia e ao final do dia, ele recebeu novos trabalhadores. No final do expediente, aquele homem pagou a todos os trabalhadores a mesma quantia.
Não é justo! - Disseram aqueles que chegaram cedo pela manhã. E realmente não é! É graça! Mas ao invés de celebrar a bondade graciosa do patrão, que pagou aos que chegaram depois o mesmo que receberam os do começo do dia, eles preferiram a comparação e se julgaram mais merecedores. Acharam-se mais dignos e reclamaram com o dono do campo (ainda que tenham recebido exatamente o que lhes foi prometido).
O próprio Jesus afirmou que não veio julgar este mundo, mas salvá-lo. Não somos juízes! Não fomos chamados a proferir sentença sobre ninguém! Formos chamados a testemunhar sobre o amor de Deus provado pelo fato de que Cristo morreu por nós, mesmo pecadores como somos (todos).
Essa exclusão às vezes se apresenta de maneira chocante, como o sentimento de quem olha para homens e mulheres que deixaram exemplos dignos para a humanidade mas não é capaz de conceder-lhes a honra devida. Ao invés disso, abre-se a boca para frases infelizes do tipo: "...mas não era um crente, não vale nada!". Como se tornou rasteira nossa percepção sobre o agir de Deus no mundo e na vida das pessoas! E como são reduzidas as formas pelas quais reconhecemos válida a aventura de caminhar com Deus!
O sujeito escreve um artigo esplêndido denunciando a opressão sofrida pelas crianças em campos de trabalho forçado. Não seria ele uma voz profética? Mas se não for membro de alguma igreja evangélica, ele e sua obra pouca coisa valem. Um outro compôs uma belíssima canção que fala do valor da amizade. Não seria ele um salmista? Mas como não é crente ele e sua canção são vãos vistos com olhares atravessados. O vizinho dirige uma empresa com sensatez e com sabedoria mantém o emprego de milhares de pessoas produzindo bens e serviços úteis à sociedade. Não seria ele um bom mordomo? Mas como ele não frequenta os cultos de domingo...
Não é válido e digno de honra o compromisso com a parte da vida eterna que começa aqui neste mundo? Como é que fomos parar nesse buraco?! Parece que estamos treinados a olhar o ponto escuro na folha branca de papel. Imagine se Deus fizesse isso conosco! Não restaria ninguém em pé diante dele!
João, o batista, denunciou fariseus e saduceus que achavam sua situação privilegiada porque eram descendentes de Abraão dizendo o seguinte: "e não comeceis a dizer entre vós mesmos: temos por pai Abraão; porque vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão."
Às vezes penso que o povo evangélico acabou sucumbindo a uma religiosidade de escambo e nessa relação de troca com Deus é consumido pelo medo de Deus ser injusto nesse negócio. É um raciocínio semelhante ao que Jesus denuncio ao contar a parábola de um homem que contratou logo cedo trabalhadores para o seu campo e acertou com eles o valor da diária. Acontece que no decorrer do dia, ao meio dia e ao final do dia, ele recebeu novos trabalhadores. No final do expediente, aquele homem pagou a todos os trabalhadores a mesma quantia.
Não é justo! - Disseram aqueles que chegaram cedo pela manhã. E realmente não é! É graça! Mas ao invés de celebrar a bondade graciosa do patrão, que pagou aos que chegaram depois o mesmo que receberam os do começo do dia, eles preferiram a comparação e se julgaram mais merecedores. Acharam-se mais dignos e reclamaram com o dono do campo (ainda que tenham recebido exatamente o que lhes foi prometido).
O próprio Jesus afirmou que não veio julgar este mundo, mas salvá-lo. Não somos juízes! Não fomos chamados a proferir sentença sobre ninguém! Formos chamados a testemunhar sobre o amor de Deus provado pelo fato de que Cristo morreu por nós, mesmo pecadores como somos (todos).