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11 janeiro 2011

Polaridade Religiosa



Por Marcos Inhauser

Os recentes eventos de um jovem que atirou e matou várias pessoas e
feriu uma deputada nos EUA, vem trazer à luz de forma mais explícita
algo que há tempos já se alertava:  a polarização religiosa nos EUA.

Uma nação que sob o (des)governo Busch se atirou a uma guerra contra
nações muçulmanas, que foi atacada por grupo religioso terrorista,
tendo uma religiosidade cristã (?) com forte acento fundamentalista,
só poderia colher estes frutos.

Há que ressaltar-se que parte do fundamentalismo estadounidense tem
contornos racistas, crendo e ensinando que a maldição de Cão, filho de
Noé, é a cor negra e que todos os negros são filhos do amaldiçoado. Na
sua versão Mcinteiriana (Carl McIntire, prócer fundamentalista dos
anos 70 e 80), houve até marcha que invadiu igrejas para exorcizar os
corpos estranhos. No Brasil, Jerônimo Gueiros foi um dos líderes.
Estes, e muitos outros que se alinharam com eles, viam heresia em
qualquer coisa, acusavam tudo de liberalismo teológico, e travavam
guerra contra os “inimigos da fé”. Nos EUA, o fundamentalismo
encontrou terreno fértil nos estados do sul, aqueles que, na guerra de
Secessão, defendiam a escravidão.

Tomando isto em conta, entende-se a dimensão que um negro eleito para
a presidência dos EUA tem. Na mente fundamentalista, a de conotação
racista (porque há os que não o são), o seu país está sendo dirigido
por um filho do amaldiçoado Cão, e por isto, a nação está sob juízo.

Para o fundamentalista, assim como para o anticomunista radical, ser
amigo ou vizinho de um liberal ou marxista transforma a proximidade em
suspeição de liberal ou comunista. A deputada Gabrielle Giffords, por
ter apoiado algumas das posições de Obama, passou a ser vista como
inimiga por muitos e especialmente por Jared Lee Loughner. Ele aplicou
a regra do “amigo do meu inimigo é meu inimigo”.

Para mim não é coincidência que o atentado tenha ocorrido em um estado
do sul dos EUA, com forte concentração branca (90% de brancos e
hispanos e só 3% de afro descendentes), cristã (algo em torno de 60%).
Como em quase todo os  EUA é fácil comprar uma arma, tal como ocorreu
com o indigitado Jared.

Há nos EUA inúmeros grupos religiosos fundamentalistas (e radicais, o
que, para mim, é redundância) que dão treinamento para uso de armas
como parte da doutrinação religiosa (basta pesquisar na net ou no
youtube), muitos tendo os seguidores do Corão como inimigos.

Eu temo que este evento em Tucson é um dos que se seguirão. Oro para
que não seja assim e alerto para o perigo que o fundamentalismo
bíblico representa, como forma de dar minha contribuição.