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28 fevereiro 2016

A consciência do Corpo de Cristo


A consciência do Corpo de Cristo
Comunidade Batista Mangabeira 4 - João Pessoa/PB - Escola Bíblica  21 e 28/02 e 06/03/2016

Introdução

A mesma vida de Deus, que nos torna cônscios de que fomos regenerados, por meio da presença do Espírito de Deus em nós, também é responsável por nos tornar parte do Corpo de Cristo.

Temos convicção desse mergulho no Corpo de Cristo por meio da fé naquilo que nos apresentam as Escrituras. Mas como perceber quando isso aconteceu? Isto é, quais são os sinais externos na vida de uma pessoa que é parte da Igreja de Jesus?

Os seis indicadores que veremos a seguir não são exaustivos nem devem ser usados como instrumentos de acusação, seja contra nós mesmos ou contra outras pessoas. Mas eles são boas referências sobre a quantas anda nossa caminhada com Cristo. Portanto, antes serem vistos como dedos apontados para alguém, devem ser vistos como mãos estendidas, convocando para experimentarmos a igreja em sua plenitude.
  

1.   Amar os irmãos

Esse é o primeiro e mais básico sinal externo de quem é parte do Corpo de Cristo. O Apóstolo João foi direto e contundente em relação a isso:

14 Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte. 1 Jo 3.14 (NVI)

Naqueles que nasceram de novo o amor pelo irmão é algo inerente a sua nova natureza. O amor pelos irmãos e resultado da vida do Pai que habita em nós. É uma profunda identificação com aqueles que foram gerados pelo mesmo Espírito.

Esse amor nasce no interior habitado pelo Espírito. Não há como força-lo de fora para dentro. Ele é o transbordar do amor de Deus em nós. Portanto, não pode ser fabricado ou criado por eventos e programas religiosos.

Devemos nos encorajar mutuamente ao amor por nossos irmãos, mas isso não o produz em nós; tão somente nos incentiva a experimentar o amor que já foi colocado em nós quando fomos feitos filhos de Deus.

À medida que identificamos em alguém a mesma vida de Deus, o amor plantado em nós deseja florescer. Muitos têm experimentado que, em cidade diferente daquela em que moram, a companhia de irmãos que nem conheciam antes os faz sentir-se em família e provoque o amor por esses filhos de Deus.

O Apóstolo João narra uma explicação de Jesus sobre o amor que pode nos ajudar a esclarece um pouco mais quanto a que tipo de amor estamos falando.

12 O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei. 13 Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos. João 15.12,13

Quando falamos de amar o irmão, não estamos dizendo necessariamente que isso é ser simpático, agradável e cortês. Essas atitudes fazem parte de uma boa educação e qualquer pessoa pode agir assim. O amor a que somos chamados pelo evangelho é aquele de quem está disposto (e na verdade o faz) a gastar (ou investir) sua vida (psique) em prol da outra pessoa.

Amar, portanto, não é concordar sempre com o irmão, mas estar disposto a gastar-se para que ele seja uma pessoa melhor (inclusive melhor que você). Isso significa, entre outras coisas, compromisso de:

        (1)          Diálogo permanente,
        (2)          Confrontação amorosa e
        (3)          Perdão sem barreiras.


2.   Manter a unidade

Outro sinal externo de que alguém é parte do Corpo de Cristo é o desejo intenso do seu coração de que não haja divisão ou separação entre os filhos de Deus.

Alguém que é parte do Corpo resiste até às últimas consequências antes de ver a unidade da Igreja ser rompida. Divisões e partidarismos são atitudes que deixam aqueles que nasceram de novo abatidos e entristecidos.

Em sua oração sacerdotal, Jesus intercedeu por essa unidade com palavras que apontam para o impacto dessa unidade inclusive sobre os que estão fora da igreja


20 "Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, 21 para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.

22 Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: 23 eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste.

A unidade que Jesus deseja para sua igreja é semelhante àquela que existe entre ele e o Pai. No nosso caso, ela decorre do fato de que fomos gerados pelo mesmo Espírito e agora estamos conectados uns aos outros por causa da vida de Cristo que habita em nós e passa, através de nós, de uns para com os outros.

Essa unidade é tão poderosa que céus e terra, quando testemunharem, serão obrigados a reconhecer que Jesus é o messias (enviado) de Deus e que o amor de Deus por nós é uma realidade irrefutável. Assim, quem se percebe conectado ao Corpo de Cristo não vê sentido em atitudes como as listadas a seguir e as rejeita em sua própria vida.

Sectarismo:
(1)          Eu sou de Paulo, eu sou de Apolo, eu sou de Cefas. (1 Cor 3.4)

Individualismo:
(1)          Oração por si mesmo – incapacidade de ouvir e acompanhar a oração dos irmãos;
(2)          Não há movimentos interiores pela oração dos irmãos;
(3)          Está limitado ao seu próprio ego – vai ao culto para desabafar o que está dentro de si;
(4)          Fala animadamente sobre a própria vida, mas tem pouco interesse na vida dos irmãos.

Panelinha:
(1)          Preferência por alguns e desprezo dos demais;
(2)          Valoriza as afinidades e se irrita com as diferenças.


Na verdade, as Escrituras parecem deixar bem claro que não podemos produzir unidade, já que ela decorrer dos vínculos que recebemos de nossa nova natureza, mas podemos e devemos nos esforçar para preservar essa unidade. Veja o que diz Paulo:

1 Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam. 2 Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor. 3 Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Ef 4.1-3 (NVI)
  
3.   Libertar-se do trabalho independente

Ao nos percebermos parte integrante do Corpo de Cristo, fica claro que é mais importante o cumprimento da missão dada ao Corpo do que o reconhecimento de que fomos nós a fazer determinada tarefas.

Na verdade, não faz diferença quem realizou o que; o importante é que a obra seja realizada. A participação de cada membro do corpo, portanto não pode ser a tentativa de afirmar-se como um grande realizado, mas tão somente a singela contribuição de um dos muitos membros que formam o Corpo. Veja o que Paulo fala sobre isso:

14 O corpo não é composto de um só membro, mas de muitos. 15 Se o pé disser: "Porque não sou mão, não pertenço ao corpo", nem por isso deixa de fazer parte do corpo. 16 E se o ouvido disser: "Porque não sou olho, não pertenço ao corpo", nem por isso deixa de fazer parte do corpo. 17 Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? 18 De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade. 19 Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? 20 Assim, há muitos membros, mas um só corpo. 21 O olho não pode dizer à mão: "Não preciso de você! " Nem a cabeça pode dizer aos pés: "Não preciso de vocês! " 1 Cor 12.14-21 (NVI)

Vejamos alguns sinais de trabalho independente:

(1)          Pensar que tudo o que você faz tem valor espiritual superior àquilo que os demais irmãos fazem;
(2)          Agir como se não precisasse dos demais irmãos nem da convivência com eles para realizar a vocação de Deus para sua vida;
(3)          Sentir-se demasiadamente triste quando os resultados de suas atividades não são bons ou demasiadamente feliz consigo mesmo quando os resultados são bons;
(4)          Desejar monopolizar algum aspecto da obra, impedindo ou tentando impedir outros irmãos de cooperarem nas tarefas a serem realizadas;
(5)          Sentir que a igreja depende de você para avançar na obra de Deus.

Aqueles que discernem de forma apropriada o Corpo de Cristo são avessos a essas coisas. Percebem que o Corpo é feito de muitos membros e reconhecem nos irmãos os dons e as habilidades que lhes faltam. Então, olham para si como um entre muitos membros.

Ao perceber-se com um entre muitos membros, todos com habilidades diferentes e funções complementares, o cristão regenerado não se permitirá imaginar que a obra da igreja de alguma forma lhe pertença. Quem assim procede não está discernindo adequadamente o Corpo de Cristo.

4.   Perceber a necessidade de comunhão

Não é suficiente rejeitar o trabalho independente. Aqueles que discernem o Corpo de Cristo também veem a comunhão como necessária e indispensável para a vida da igreja. É preciso, no entanto, explicar sobre que tipo de comunhão estamos falando.

Comunhão de fora para dentro ou “Você precisa de mim”.

Nesse tipo de comunhão procuramos os irmãos movidos por certo senso de superioridade. E os encontros muitas vezes servem para afirmar essa pretensa superioridade. Assim, as confraternizações, eventos sociais, visita à casa dos irmãos e a convivências em grupos pequenos acabam produzindo mal-estar, comparações e até desamor.

Comunhão de dentro para fora ou “Eu preciso de você”

Já nesse tipo de comunhão o ajuntamento se dá quando, ao perceber minhas limitações e inadequações para prosseguir como discípulo de Jesus em voo solo, sou tomado pelo desejo de compartilhar a caminhada com outros irmãos; porque sem eles sou incompleto. Assim somos desafiados a considerar atentamente nossas próprias limitações.

Nesse ponto vale a pena rever a orientação do Apóstolo Paulo aos irmãos da cidade de Roma:

3 Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. 4 Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, 5 assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros,
Rom 12. 3-5 (ARA)

A comunhão de dentro para fora pode ser percebida na motivação que nos leva a estarmos reunidos com os irmãos. Vejamos alguns exemplos:

Na oração: sabendo que não sou adequado no que se refere à oração, procuro outros irmãos para orarem comigo.

Ao enfrentar problemas: reconhecendo minha incompetência para solucionar as dificuldades que a vida me apresenta, peço a dois ou três irmãos essas situações comigo.

Ao buscar a vontade de Deus: percebendo minha incapacidade para conhecer sozinho a vontade de Deus, peço ajuda de outros irmãos para discerni-la.

Nas decisões: reconhecendo o quanto facilmente fico confuso sobre o futuro, chamo dois ou três irmãos para ajudarem em minhas decisões.

No estudo das Escrituras: reconhecendo que não consigo entender adequadamente a Palavra de Deus sozinho, estudo a Bíblia com dois ou três irmãos.


De forma resumida poderíamos afirmar que o processo de consolidação da comunhão

1.   Reconheço minha insuficiência e incompetência;
2.   Confesso minha limitação e inclinação ao erro;
3.   Peço aos irmãos que me ajudem.


5.   Aprender a ser um membro

Discernir o Corpo de Cristo é também assumir nossa condição de membros do Corpo. Isso quer dizer que cada um de nós deve aprender sobre a função que tem no Corpo. Cada membro tem um serviço a desempenhar.

Quem é membro da Igreja de Jesus não consegue se ausentar da convivência dos irmãos sem que faça falta aos demais membros, porque todos reconhecem o ministério recebido de Deus que ele realiza para a edificação da Igreja.

Outro aspecto desse aprendizado é que ninguém que faça parte do Corpo de Cristo e tenha discernido adequadamente esse Corpo, participa passivamente dos encontros da Igreja, porque não lhe é peculiar agir como um expectador passivo.

Escrevendo aos irmãos de Corinto, Paulo abre uma janela que nos permite perceber a intensa participação dos irmãos nos encontros da Igreja do Senhor. Vejamos:

26 Portanto, que diremos, irmãos? Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja. 1 Cor 14.26 (NVI)

É o Espírito quem nos comunica que:

Há uma palavra a ser dita
Há uma oração a ser feita
Há um sorriso a ser demonstrado
Há um encorajamento que deve acontecer
Há uma exortação a ser dispensada
Há um discernimento, um socorro, uma gratidão, uma alegria...


6 Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé. 7 Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; 8 se é dar ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente; se é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria. Rom. 12. 6-8 (NVI)


6.   Submeter-se à autoridade


Todos os membros do Corpo de Cristo, pela ação do Espírito de Deus, tornam-se conscientes e convictos de que estão sob o comando daquele que é a Cabeça: Jesus.

Submissão direta: Ouvir a voz de Deus que fala a você pelas Escrituras e sussurrando à sua consciência.

Submissão indireta: Atender àqueles que Deus pôs como autoridade em sua vida. Nem todos ocupam essa posição, mas alguns são colocados por Deus dessa forma.

Não basta submeter-se à Cabeça, porque em sua sabedoria Deus estabeleceu a Igreja como um corpo interdependente. Somos chamados à submissão mútua, conforme o chamado ministerial de cada um no Corpo.

17 Sede obedientes aos vossos líderes espirituais e submissos à autoridade que exercem. Pois eles zelam por vós como quem deve prestar contas de seus atos; para que ministrem com alegria e não murmurando, porquanto desta maneira tal ministério não seria proveitoso para vós outros. Hb 13.17 (KJA)

O corpo não funcionará harmoniosamente sem que o princípio de autoridade seja compreendido e aplicado. Os movimentos do Corpo podem se tornar caóticos e desengonçados se os membros não se submeterem mutuamente uns aos outros.

5 Da mesma forma jovens, sujeitem-se aos mais velhos. Sejam todos humildes uns para com os outros, porque "Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes". 1 Pe 5.5 (NVI)

Somos livres! Cristo nos libertou para a liberdade. Mas somo dependentes uns dos outros. Essa liberdade não se traduz em independência ou autogestão ministerial. A autoridade de Cristo, a Cabeça do Corpo, se realiza através da mútua submissão a que somos chamados.

13 Por causa do Senhor, submetei-vos a toda autoridade constituída entre os povos; seja ao rei, como principal monarca, 14 seja aos governantes, como por ele enviados, para punir os praticantes do mal e honrar os que fazem o bem. 15 Porque a vontade de Deus é que praticando o bem, caleis a ignorância dos insensatos. 16 Considerando que sois livres, não useis a liberdade como pretexto para fazer o que é mal, mas vivei como servos de Deus. 17 Tratai todas as pessoas com a devida reverência: amai os irmãos, temei a Deus e honrai ao rei. 1 Pe. 2.13-17 (KJA)

No Corpo não existe relação entre autoridade e superioridade. Quando mais um membro é revestido de autoridade maior é a sua vocação para servir os demais.

25 Jesus lhes disse: "Os reis das nações dominam sobre elas; e os que exercem autoridade sobre elas são chamados benfeitores. 26 Mas, vocês não serão assim. Pelo contrário, o maior entre vocês deverá ser como o mais jovem, e aquele que governa como o que serve. 27 Pois quem é maior: o que está à mesa, ou o que serve? Não é o que está à mesa? Mas eu estou entre vocês como quem serve. Lc 22.25-27 (NVI)

Revisando rapidamente, aquele que discerne o Corpo de Cristo mediante a ação do Espírito Santo em seu interior:

1.   Ama os irmãos;
2.   Mantém a unidade;
3.   Rejeita o ministério independente;
4.   Percebe a necessidade de comunhão
5.   Aprende a ser um membro
6.   Submete-se à autoridade

Bibliografia de consulta
A realidade da Igreja - Watchman Nee

Traduções das Bíblia
NVI - Nova Versão Internacional
OL - O Livro
ARA - Almeida Revista e Atualizada
KJA - King James Atualizada

10 fevereiro 2016

Disciplinas para experimentar arrependimento



Arrependimento para Santificação - Parte 2
1ª Igreja Batista em Nova Esperança - Santa Rita/PB - Acampamento de Carnaval 2016

Hoje pela manhã vimos que o arrependimento não está limitado à experiência de conversão, quando fomos transportados do império das trevas para o Reino do filho do seu amor. Arrependimento é o modo pelo qual o Senhor nos permite reafirmar que nossa esperança está em Cristo Jesus.

Entendemos com a ajuda do Espírito Santo de Deus que não há espaço no evangelho para o arrependimento religioso. Aqueles que se arrependem, mudam de comportamento e até se esforçam para fazer tudo certo, mas fazem isso com o objetivo de serem aceitos por Deus como pessoas de bom coração, estão como alguém que tenta tirar água de um barco furado com um copo descartável.

Já o arrependimento do evangelho é diferente, não tem como objetivo aplacar a ira de Deus, nem tampouco obter o seu favor: aquilo, atender a ira de Deus, já foi realizado através do sacrifício de Cristo Jesus, realmente o único homem de coração perfeitamente bom que habitou neste mundo; e quanto a obter o favor de Deus, precisamos conhecer melhor o Deus a quem servimos, porque o coração dele já está inclinado a nosso favor. Vejamos o que escreveu o apóstolo Paulo:

31-32Que poderemos nós comentar perante coisas tão maravilhosas? Se Deus está ao nosso lado, quem será contra nós? Se ele nem o seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, não nos dará, com Cristo, tudo o mais que precisarmos? 33 Quem ousará acusar-nos, a nós que Deus escolheu para si mesmo? Porque foi Deus mesmo quem nos perdoou 34 Quem pois é que nos condenaria? Ninguém o poderia fazer visto que foi mesmo Cristo quem morreu e ressuscitou por nós, e se encontra sentado no mais honroso lugar junto de Deus, ali intercedendo em nosso favor. (Rm 8. 31-34)

O arrependimento conforme o evangelho é algo a que o cristão amadurecido vai se tornando cada vez menos resistente.

Cristãos maduros não têm conceitos elevados sobre si mesmos, nem guardam consigo falsas esperanças sobre a bondade de seus corações, porque sabem que mais cedo ou mais tarde essas esperanças se revelarão meras ilusões; mas guardam consigo a esperança que têm em Cristo Jesus, nos méritos de seu salvador, diante de quem todo joelho, nos céus e na terra se dobrarão.

As disciplinas do arrependimento

Hoje à noite tenho como objetivo propor três disciplinas pessoais como uma estrutura para a prática do arrependimento conforme o evangelho. Para isso voltarei a consultar o texto escrito por Tim Keller e traduzido por Felipe Sabino de Araújo no site monergismo.com.

Tim Keller, a partir das práticas devocionais relatadas por George Whitefield, em uma carta escrita em 1738, nos apresenta uma estrutura para realizarmos nosso inventário pessoal (no caso de Whitefield, ele o fazia diariamente) e assim encontrarmos o material de que precisamos para prática do arrependimento.

Muitas pessoas não se exercitam no arrependimento porque não sabem bem do que arrepender-se. Olham para si mesmas, para suas vidas comuns e aparentemente tranquilas, e não sabem do que deveriam se arrepender.

Elas vão à igreja com alguma frequência, vivem uma vida sem muitos erros graves, entregam suas ofertas, trabalham duro a semana inteira, levam os filhos para a escolha, cumprem suas tarefas domésticas, e, ao final de tudo, não sabem de que deveriam arrepender-se.

Essa breve estrutura (Tim Keller propõe quatro pontos, mas nós veremos três deles) talvez possa nos ajudar com perguntas que revelem alguns motivos para nosso arrependimento conforme o evangelho, isto é, razões para que haja nós convicção de pecado, contrição pelo pecado, confissão de pecado, conversão do pecado e a confissão de Cristo como nossa única esperança.

Profunda Humildade

A primeira disciplina a que somos chamados é a humildade. Essa disciplina espiritual se contrapõe ao orgulho (atualmente muito em moda). Embora na moda, o orgulho é traiçoeiro e venenoso.

Conta-se que Francisco de Assis, passando durante o inverno por uma das ruas friorentas de sua cidade natal, acompanhado de alguns discípulos, compadeceu-se de um mendigo que tremia na calçada. Sem qualquer dúvida em seu coração, ele retirou a capa esfarrapada de sobre os seus ombros e colocou sobre aquele pobre homem quase congelado.

Vinte passos a frene, os discípulos sentiram falta de Francisco, que estava cerca de passos atrás, com as mãos sobre os olhos e soluçando.

- A capa, a capa!
- O que foi mestre, perguntaram?
- A capa, respondeu.
- O senhor a quer de volta?
- Não. Ele precisa bem mais que eu.
- Então, mestre, porque você está chorando? Ninguém faria a bondade que você fez àquele homem.
- Eu sei que fiz algo bom para com ele. No entanto, bastaram dez passos para que meu coração se enchesse de orgulho pelo bem que fiz.

Perguntas para revelar o pecado do orgulho

·        Olho com desprezo para alguém?
·        Tenho sido atormentado pelas críticas contra mim?
·        Eu me sinto frequentemente desdenhado e ignorado?

Caminhos para o arrependimento

Considere a graça de Jesus em sua vida até que...
... o sentimento de desdém diminua (lembre-se de que você também é pecador que desdenha e despreza outras pessoas);
... a dor pelas críticas diminua (traga à memória que a aprovação de Deus é mais importante);
... o desprezo pelo outro perca o sentido (lembre-se que tentar diminuir o outro não o fará maior).

No fundo o orgulho, em todas as suas formas de expressão, é a tentativa de manter uma boa imagem diante das pessoas. Em outras palavras, preservar as máscaras.

Então, para vencermos o orgulho, precisamos considerar que a maravilhosa graça de Deus, que nos amou sem esperar que fôssemos boas pessoas. Tentar parecer perfeitos para sermos aceitos, então, não só é peso muito grande como totalmente desnecessário.

Considere o amor gracioso de Deus por vocês e experimente a alegria e a liberdade de ser apenas quem você é.

Amor em chamas

A segunda disciplina a que somos chamados é o amor. Essa disciplina espiritual se contrapões à indiferença. Hoje, ser indiferente às pessoas é considerado um sinal de fortaleza, mas a verdade é que o fim de alguém que cultiva a indiferença é a frieza e a solidão.

Há alguns anos atrás a banda Oficina G3 compôs uma canção cujo o título é indiferença. A letra é um grito contra o estado de passividade em que as grandes cidades se encontram.

Uma das frases que mais me chamou a atenção foi o refrão, que diz:

“Vidros fechados, gestos mudos do outro lado.”

Perguntas para revelar o pecado da indiferença

·        Tenho pensado ou falado com maldade contra alguém?
·        Tem me justificado quando sou flagrado criticando alguém?
·        Tenho sido impaciente e iracundo com frequência?
·        Tenho agido com falta de atenção para com as pessoas?

Caminhos de arrependimento

Considere a graça de Deus e o amor dele por vocês, sem que você nada merecesse, até que...

... não haja frieza ou grosseria em suas emoções (pense no amor de Cristo, morrendo gentilmente em seu lugar);
... não haja mais impaciência com os outros (pense na paciência de Cristo para com você);
... surja alguma ligação com as pessoas e indiferença se desvaneça.

O amor de Deus não foi indiferente. Ele se importou. Jesus não foi indiferente! Ele não pensou apenas em si. Ele assumiu o ônus de se importar com as pessoas. Muitos o rejeitaram, outros zombaram, outros nem entenderam, mas ele amou até o fim. Vejamos as orientações do Apóstolo Paulo aos irmãos da cidade de Filipos:

4 Não pensem unicamente nos vossos interesses, mas procurem também aquilo que interessa aos outros. 5-8Que haja assim em vocês a mesma atitude que houve em Cristo Jesus, que, embora por natureza sendo Deus, não reivindicou o ser igual a Deus, mas desfez--se das suas regalias próprias, e tornando-se um ser humano, tomou uma posição de dependência, humilhando-se a ponto de se sujeitar voluntariamente à morte; não a uma morte vulgar, mas à morte da cruz. (Fp 2.4-8)

Algumas pessoas pensam que o que se opões ao amor é o ódio. Mas isso é um engano. O que se opões ao amor é a indiferença. E se Deus amor, não permita que a indiferença se torne seu modo de viver. Isso seria renegar a fé e virar as costas para Deus.

Coragem sábia

A terceira disciplina a que somos chamados para exercitar o arrependimento conforme o evangelho é a coragem. A coragem aqui não é irresponsabilidade nem inconsequência, mas sabedoria; coragem para olhar a vida pelos olhos de Deus.

Diz uma antiga fábula que um Rato vivia angustiado com medo do gato. Um mágico teve pena dele e o transformou em gato.

Mas aí ele ficou com medo do cão, por isso o mágico o transformou em cão. Então, ele começou a temer a pantera e o mágico o transformou em pantera. Foi quando ele se encheu de medo do caçador. A essas alturas, o mágico desistiu. 

Transformou-o em Rato novamente e disse: 

“Nada que eu faça por você vai ajudá-lo, porque você tem a coragem de um Rato”. 

Quanta coragem existe em você? Você já sentiu como ratinho da história: nada é suficiente para fazer de você alguém corajoso? Não se entristeça! Até Josué, um homem acostumado com dureza da vida, precisou ouvir palavra de encorajamento.

No entanto, a coragem sábia da qual estamos falando não se contrapões ao medo, sim à ansiedade, isto é, à pressa de fazer tudo perfeitamente correto.

Essa ansiedade tem efeitos opostos: enquanto alguns ficam paralisados pela ansiedade o outros se tornam precipitados e impulsivos.

Perguntas para revelar o pecado da ansiedade

·        Tenho evitado as pessoas com quem preciso tratar problemas?
·        Tenho evitado tarefas sob minha responsabilidade?
·        Tenho falhado em ser objetivo naquilo que precisa ser feito?
·        Tenho agido com precipitação e impulsividade?

Caminhos de arrependimento

Considere o amor graciosos e corajoso de Cristo por você até que...

... não haja qualquer fuga covarde dos problemas difíceis (lembre-se do que Cristo enfrentou por você);
... os comportamentos ansiosos e cheios de preocupação se dissipem (lembre-se de que Deus já provou o amor dele por você, pelo fato de haver Cristo morrido na cruz, e que ele jamais o abandonará).

A coragem sábia não é mero destemor quanto às coisas da vida. Também não é resultado de sentir-se forte e capaz de resolver qualquer coisa. Essa coragem não é ter convicção de que você vai conseguir.

Coragem sábia é enfrentar os problemas da vida confiando que Ele estará conosco até o final: consolando, encorajando, animando, ou simplesmente nos fortalecendo nos dias maus.

Conclusão

O arrependimento religioso é um sinal de fracasso; arrepender-se segundo o evangelho é um brado de vitória a respeito do amor de Deus

O arrependimento religioso é motivo de tristeza pelo que não fizemos; arrepender-se segundo o evangelho é motivo de alegria pelo que já fez e fará por nós.

O arrependimento religioso esperança frustrada de acerta; arrepender-se segundo o evangelho é a esperança realizada que temos em Cristo Jesus.

O arrependimento religioso fala de mim mesmo e de meus esforços e ser bom; arrepender-se segundo o evangelho é proclamar as virtudes de Cristo.

O arrependimento religioso é desejo de independência; arrepender-se segundo o evangelho é declarar sua dependência da graça amorosa de Deus.

O profeta Isaías relatou algo maravilhoso e terrível ao mesmo tempo. A fala do Senhor ao seu povo naqueles dias foi a seguinte:

“Diz o soberano Senhor; o santo de Israel: “No arrependimento e no descanso está a salvação de vocês, na quietude e na confiança o seu vigo, mas vocês não quiseram.”


Qual será sua resposta nessa noite? Eu desejo que você diga sim ao arrependimento, que decida experimentar as disciplinas que podem conduzi-lo à maturidade, à perfeita varonilidade de Cristo.

29 junho 2015

Lugar de oração, comunhão, paz e amor


Mensagem pregada em 28/06/15 no aniversário de fundação
 da Igreja Evangélica Batista no Castelo Branco - João Pessoa/PB

Texto Básico – Hebreus 10

Agradecimentos

Hoje é dia de festa e celebração por mais um ano de existência da igreja batista, aqui no Castelo Branco. Eu estou convicto de que o testemunho do amor de Deus, revelado em Jesus, tem sido apresentado com graça e compaixão através dos irmãos aqui presentes e de muitos outros que por aqui passaram durantes esses 17 anos.

Para mim é um privilégio e uma alegria poder compartilhar as Escrituras em uma data tão especial. Por isso, deixo aqui meu agradecimento pelo convite feito através do querido Anchieta, diácono nesta igreja e companheiro nos estudos teológico ali no ITEBES.

Minha gratidão também ao Pr. Juarez por compartilhar de forma generosa o púlpito desta amada igreja.

Peço os irmãos que agora orem comigo pedindo ao Senhor que continue falando conosco e nos dê compreensão do texto bíblico em que vamos refletir. Peça junto comigo que Ele também nos dê força e coragem para aplicar Sua Palavra em nossas vidas.

A Carta aos Hebreus

Não sabemos com certeza quem foi o autor da Carta aos Hebreus. Alguns pensam ter sido o apóstolo Paulo, outros acham que a carta poderia ter sido escrita por Apolo. Provavelmente o texto foi escrito na década de 60 do primeiro século da era cristã, portanto menos de 40 anos depois da morte e ressurreição de Jesus.

Pelo teor da carta é fácil concluir que ela foi endereçada a judeus que haviam se convertido a Cristo. O texto fala muito de rituais e práticas que eram comuns na antiga aliança e tenta ajudar seus leitores a compreender como é viver a vida com Deus nessa nova aliança que Jesus inaugurou.

Os judeus cristãos vinham de uma origem muito religiosa, isto é, antes de seguirem a Jesus eles seguiam uma porção de regras de comportamento e rituais de culto. De certa forma, eles eram como muitos de nós que chegamos a Cristo vindos do catolicismo tradicional, das crenças e crendices populares ou do esoterismo supersticioso e seus rituais.

O escritor dessa carta procurou deixar bem claro que todo esforço religioso para reconectar o ser humano a Deus é insuficiente. Ele aponta para Jesus e sua morte na cruz como o caminho eficaz e suficiente para que a ação de Deus seja completa em nossas vidas.

Ele explica que tentar trazer regras e ritos religiosos, crendices ou superstições e misturar isso com a nova aliança firmada em Cristo Jesus só faz confundir as pessoas e retardar o processo de santificação em nossas vidas. Tanto isso é verdade, que no capítulo 5 o autor deixa claro que, pelo tempo de fé, muitos dos irmãos para quem a carta foi escrita já deveriam ser mestres da Palavra, mas continuavam como crianças, que não podem comer comida sólida, mas apenas leite e papinha.

Sacrifícios e Sacerdotes

A religião judaica, de onde aqueles irmãos hebreus vieram, era uma religião de sacrifícios e sacerdotes. Eles tinham uma lei a ser cumprida e esforçavam-se para fazer tudo quanto estava escrito nela. Quando eles fracassavam, e se tornavam culpados por quebrar a Lei, ofereciam sacrifícios e faziam ofertas demonstrando seu arrependimento e pedindo perdão a Deus.

Isso pode parecer um bom caminho para alguns, mas o escritor de Hebreus, meus irmãos, nos ajuda a entender que esse modo de viver a fé não era (e não é) eficaz, mas apenas um vislumbre, uma imagem retorcida, uma sombra daquilo que a Nova Aliança em Cristo finalmente nos trouxe.

 1 A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a realidade dos mesmos. Por isso ela nunca consegue, mediante os mesmos sacrifícios repetidos ano após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para adorar. 2 Se pudesse fazê-lo, não deixariam de ser oferecidos? Pois os adoradores, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais se sentiriam culpados de seus pecados. 3 Contudo, esses sacrifícios são [apenas] uma recordação anual dos pecados, 4 pois é impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados. (Hebreus 10.1-4 – NVI)

Hoje em dia há muitas pessoas que tentam reviver esse esquema de sacrifícios e sacerdotes. Há lugares onde as pessoas são chamadas a fazerem sacrifícios (o que normalmente envolve dinheiro ou bens) para que Deus possa ouvi-las e atende-las. Esses guias agem como os antigos sacerdotes, como se fossem mediadores entre as pessoas e Deus.

Antigamente apenas os sacerdotes autorizados é que sabiam como era o culto que Deus aceitava. Eram eles que conheciam as regras para os sacrifícios e que apresentavam as ofertas diante de Deus. Mas esse sistema era apenas um prenúncio do que estava adiante. Em Cristo todo esse modelo caducou, porque não era eficaz para remover os pecados.

11 Dia após dia, todo sacerdote apresenta-se e exerce os seus deveres religiosos; repetidamente oferece os mesmos sacrifícios, que nunca podem remover os pecados. (Hebreus 10.11 – NVI)

Meus irmãos, a partir de Cristo não existe mais a figura do líder religioso cumprindo funções sacerdotais; não precisamos mais de sacerdotes, porque Cristo, o perfeito sacerdote, intercede por nós hoje.

Tampouco há a necessidade de que sacrifícios (correntes, novenas, dízimos, jejuns, vigílias, etc.)  sejam oferecidos a Deus para que Ele seja bondoso conosco e ouça nossas orações; Jesus já se ofereceu, uma única vez, como oferta perfeita em nosso lugar. Vejamos o que diz o escritor da carta aos hebreus:

12 Mas Cristo entregou-Se a Si mesmo a Deus pelos nossos pecados, como um único sacrifício duma vez para sempre, e depois Se assentou no lugar de maior honra à direita de Deus, 13 esperando que os seus inimigos sejam postos debaixo dos seus pés. 14 Pois por meio daquela oferta única Ele tornou perfeitos para sempre aos olhos de Deus todos quantos Ele está santificando. (Hebreus 10.12-14 - BV)

O que isso tudo tem a ver como nosso tema?

É simples. Estamos pensando hoje na igreja como Casa de Deus, um lugar de oração, comunhão, paz e amor. Mas, enquanto fazemos isso nosso passado religioso e a influência de muitos pregadores midiáticos, pode nos levar à ideia de que ser igreja, e experimentar a bênção da oração, da comunhão, da paz e do amor, tem a ver com sacerdotes e sacrifícios.

De forma equivocada, podemos imaginar que aquilo que desejamos viver como igreja é o resultado do esquema de sacerdotes e sacrifícios. Mas não é verdade!

Oração, comunhão, paz e amor acontecem quando cada um de nós se deixa guiar pelo Espírito Santo e se permite moldar pela Mente de Cristo. É a renovação da mente pelo Espírito de Deus, mediante a Palavra, que produz transformações em nossas vidas.

Portanto, meus irmãos, se queremos experimentar, como igreja, a plenitude daquilo que Deus tem preparado para nós, precisamos deixar de ser meninos na fé e assumir a responsabilidade de nossos relacionamentos com Deus. Devemos deixar de lado a postura de dependência, tanto dos que se fazem sacerdotes quanto daqueles que nós fazemos sacerdotes, e caminhar em direção Deus por meio de Cristo Jesus. Vejamos o que nos diz o escritor da carta aos hebreus:

19 E assim, queridos irmãos, por causa do sangue de Jesus, nós agora podemos ir diretamente até dentro do Santo dos Santos, onde Deus está. 20 Este é o caminho novo, recém-aberto e vivificante que Cristo nos franqueou ao rasgar a cortina - O seu corpo humano - para dar-nos acesso à presença santa de Deus. 21 E, visto que este nosso grande Supremo Sacerdote governa sobre a casa de Deus, 22 entremos e vamos diretamente ao próprio Deus, com o coração sincero e confiando plenamente que Ele nos receberá, porque o sangue de Cristo já foi salpicado em nós para nos purificar, e porque já fomos lavados com a água pura ( do batismo pelo Espírito Santo ). (Hebreus 10.19-22 - BV)

Templos e altares

Outra parte fundamental da religião dos hebreus era o templo. Desde o primeiro, construído por Salomão, os templos sempre ocuparam um lugar central no culto hebraico. Era em torno do templo que girava toda a vida religiosa judaica: adoração, oração, sacrifícios... tudo acontecia no templo. A parte mais importante do templo era o altar, onde os sacrifícios eram oferecidos pelos sacerdotes.

Nisso também os hebreus, para quem a carta foi escrita, eram parecidos com muitos de nós. Assim como eles, vários de nós chegamos a Cristo vindo de religiões e cultos que valorizam o templo e o altar, sobretudo o catolicismo romano: o templo é considerado como a Casa de Deus, o lugar onde Ele fica; e o altar é tratado como o lugar onde nos encontramos com Ele. Mas esses são conceitos da velha aliança. A partir de Cristo tudo isso mudou.

Jesus tentou explicar isso para a mulher samaritana em uma conversa que eles tiveram, ao meio dia, na beira de um poço na cidade de Sicar. Ela perguntou (Jo. 4.20) pra Jesus onde era o lugar certo para adorar. Os judeus achavam que o lugar certo era no templo em Jerusalém, mas os samaritanos tinham feito um outro lugar de adoração no monte Gerizim. Veja o Jesus disse para ela:

22...”Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém. (...). 23 ..., está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.24 Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade". (João 4.22-24 - NVI)

Jesus não deixou dúvida: o que realmente importa não é o lugar em que adoramos a Deus, mas a qualidade da nossa adoração. O lugar é uma questão secundária. Isso quer dizer que para os que seguem a Jesus, os lugares de reunião NÃO têm uma santidade própria deles. Embora muitos chamem de templo, os prédios em que nos reunimos não são templos; os púlpitos de onde nossos pregadores falam não são altares. Tudo isso é parte da velha aliança.

E o que tudo isso tem a ver com nosso tema? 

É simples: Nós estamos vivendo tempos em quem muitos valorizam mais os prédios onde se adora do que a qualidade da adoração que se faz nesses prédios. Assim, quando usamos a expressão “Casa de Deus” somos tentados a olhar nossos locais de reunião como se fossem pequenos templos, lugares exclusivos da adoração e da manifestação de Deus.

É claro que Deus se faz presente quando o seu povo se reúne, mas não é por que estamos em um templo; é claro que Ele recebe nossa adoração quando estamos aqui, erguemos nossas vozes e declaramos quem Ele é, mas não é por que esse espaço seja um altar. Essas coisas acontecem por que Jesus garantiu “...onde dois ou três se reunirem em meu nome, ali eu estou no meio deles.” (Mt. 18.20 – NVI)

É a presença de Cristo no meio do Povo de Deus, gente cheia do Espírito Santo, que santifica o lugar e o transforma em lugar de adoração e manifestação da presença de Deus. Não é o prédio que santifica o povo ou o culto, é o povo cultuando que santifica qualquer lugar em que estivermos.

Então, quando pensamos na casa de Deus como lugar de oração, comunhão, paz e amor, devemos saber que onde quer que estejamos reunidos como igreja, ali se torna Casa de Deus.

Assim, a comunhão dos filhos de Deus não pode ficar restrita a este espaço: podemos exercitá-la em nossos lares, por exemplo, sendo hospitaleiros; A oração não deve acontecer só aqui: precisamos orar juntos onde houver oportunidade - no café do shopping, por exemplo; Nossa opção pela paz precisa fazer parte também das nossas casas, dos nossos trabalhos, nos bairros e nos condomínios em que moramos. O amor pelas pessoas não pode ser apenas uma palavra dita nos cultos, ele precisa fazer parte do nosso modo de viver a vida (inclusive virtual).

Reunindo-se como Igreja

Quando nós nos reunimos como igreja, aqui ou em qualquer outro lugar, estamos cuidando uns dos outros, treinando uns aos outros, aperfeiçoando uns aos outros, tudo isso para vivermos a vida com Cristo lá fora, onde a coisa é pra valer. Veja, meu irmão, a importância de estarmos juntos!

Em nossos dias muitas pessoas estão entristecidas com a igreja. Pessoas que sofreram decepções, que foram traídas, exploradas, manipuladas e oprimidas por líderes, e até por outros irmãos em Cristo, jogaram a toalha e se distanciaram das reuniões da igreja.

Além disso há muitos que levam consigo denúncias sérias e procedentes sobre o modo como a igreja tem se comportado... olhando apenas para si mesma, sem amor, sem compaixão, inchada de orgulho e autossuficiente. Muitos desses deixaram de se reunir como igreja porque não sabem como lidar com tudo isso.

Alguns dos hebreus para quem a carta foi escrita também estavam prestes a desistir da igreja. Eles foram rejeitados e perseguidos. Os judeus olhavam para eles como traidores, os gentios com desconfiança e os romanos com indignação. Os relacionamentos entre os irmãos eram tão complicados que alguns estavam pensando seriamente em retroceder. Você já se sentiu assim? Com vontade de desistir? Não há razão para se sentir culpado por isso. Essas lutas fazem parte da caminhada. Erga a cabeça, meu irmão, e prossiga em direção ao alvo.

Ouça as palavras de encorajamento do escritor de Hebreus:

21 Temos, pois, um grande sacerdote sobre a casa de Deus. 22 Sendo assim, aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada e tendo os nossos corpos lavados com água pura. 23 Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel. 24 E consideremo-nos uns aos outros para incentivar-nos ao amor e às boas obras. 25 Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia.

Não há nada que substitua a igreja! Esse é o projeto de Deus para completar em nós a boa obra de salvação que Ele começou. É reunidos como igreja que somos cuidados, treinados e aperfeiçoados! Pode ser difícil, pode ser complicado e até aborrecido às vezes; mas é assim, através dos irmãos e irmãs que Deus opera em nossas vidas. Ele expõe com amor nossas fraquezas para que sejamos transformados pela ação do seu Espírito em nós.

A gente costuma dizer que vai à igreja, mas na verdade nós somos a igreja. E é isso mesmo! Nós somos a Casa de Deus! O Espírito de Deus fez morada em cada um de nós. E se somos nós a Casa de Deus, nossas vidas é que são lugares de oração, comunhão, paz e amor.

Juntos somos a igreja!
Juntos nos encorajamos mutuamente à prática do amor!
Juntos deixamos de ser meninos e meninas na fé e caminhamos em direção ao aperfeiçoamento de nosso caráter em Cristo.


Que ele nos abençoe e faça germinar a semente desta palavra em nossas vidas.