Penso que um elemento comum à diferentes igrejas cristãs no Brasil é a salvação. Cada uma observa e entende a salvação por um prisma particular e apresenta-se como defensora e promotora da sua salvação.
Assim, se alguém deixa de beber e fumar para preservar seu corpo, foi salvo; se uma comunidade passa a valorizar a vida humana acima do dinheiro, foi salva; se valoriza a dimensão espiritual e busca uma experiência de transcendência, foi salvo; se defende a vida em suas expressões mais frágeis, foi salvo; se reconhece a responsabilidade de cuidar do planeta, foi salvo.
É como se todos estivessem tateando o grande elefante da salvação (como na história dos cegos) e o descrevendo pelas partes. Tudo isso é salvação, ou melhor, tudo isso resulta de salvação.
Então, um grande desafio para a proclamação do evangelho seria admitir que todos somos parciais em nossa compreensão da salvação, mas todos a desejamos para nós e para os que nos cercam. Cada igreja promove aquilo que acha razoável para explicar e convencer a respeito da salvação que percebe mas, muitas vezes, o faz negando ou diminuindo o entendimento alheio, o que em nada ajuda à compreensão dessa tão grande salvação.
Penso que muito do que entendemos e apresentamos como salvação decorre de uma transação que conhecemos apenas em parte. Algo que não está em nossa dimensão, embora que seus sinais e marcos tenham invadido a humanidade na pessoa de Cristo. Quem sabe, então, se nos detivéssemos a explorar essa tão grande salvação, compreender e experimentar os seus aspectos multifacetados, passaríamos a percebê-la mais presente operando na vida daqueles que nos cercam e a proclamação seria uma grande orquestra de sons harmoniosos.
Quem sabe se a salvação da confissão se juntasse à salvação da espiritualidade e à salvação revolucionária à salvação da proclamação e a todas a demais teríamos boa chance de impactar nossa geração com as boas notícias do Reino de Deus.
Texto extraído e editado a partir de minha participação no fórum de discussão realizado no contexto da disciplina "História da Igreja na América Latina" tendo como assunto "Religiosidade, Piedade e Teologia na Época Colonial". Fórum realizado dentro do formato proposta pela EST - Escola Superior de Teologia.
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