31 dezembro 2017

Ganhando Perspectiva



Ganhando perspectiva

Hoje estamos atravessando a ponte que serve de passagem entre os anos de 2017 e 2018. É uma ponte curta e dentro de alguns instantes estaremos na outra margem. Exatamente por ser essa uma travessia rápida, que a cada ano cruzamos com velocidade, quero convidá-los a parar por um breve momento antes que 2018 chegue.

Essa é uma ponte curta. Não há o que se vê olhando para os lados. Aqui, no alto da ponte onde estamos, caminhando em direção ao próximo ano, é possível olhar para trás ou para frente. Para onde você está olhando?

Algumas pessoas são especialistas em olhar para o passado, outras preferem voltar-se para o futuro; uns gostam de recordar, outros acham melhor planejar o que está por vir. E você? Para onde o seu olhar se volta enquanto estamos atravessando a ponte para 2018?

É muito comum a afirmativa de que apenas o presente nos pertence: o passado já se foi e o futuro ainda não é, mas o presente é tão breve quanto o toque das águas do riacho as suas mãos.

Hoje proponho que você decida olhar tanto para o passado quanto para o futuro a fim de viver o seu presente de forma intensa, alegre e significante. Minha proposta inclui duas palavras repletas de significado, sobretudo para aqueles que seguem a Jesus: Gratidão e Esperança.

Gratidão

Primeiro quero convidá-lo a olhar para este ano que passou. Eu sei que muitas pessoas afirmam que não vale a pena olhar para o passado, mas eu discordo delas. Olhar para o passado não é algo ruim em si mesmo, muito pelo contrário. Considerar o passado pode ser um exercício de sabedoria e crescimento se o seu coração estiver cheio de gratidão.

Todos sabemos que nem sempre é fácil cultivar um coração agradecido, mas somos exortados pela Palavra de Deus nesse sentido.

18Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. 1 Ts 5.18 (NVI)

Como é isso então? Devemos ser agradecidos por tudo? Tanto as situações boas como aqueles que quase nos devastaram em 2017? Sim. De forma simples somos chamados a agradecer a Deus por tudo que aconteceu em nossas vidas durante este ano: ganhos e perdas; alegrias e tristezas; sucessos e fracassos.

Veja como é o evangelho de Jesus: quando somos bem-sucedidos e estamos alegres por nossas realizações, as Escrituras nos convocam a dar ao Senhor (e não a nós mesmos) a glória e o reconhecimento pelas vitórias alcançadas.

Então, se você foi promovido no emprego, a glória pertence ao Senhor! Se o ano foi de saúde, o crédito é do Senhor! Se os seus filhos foram guardados em paz, é ao Senhor a quem você deve agradecer. Se o alimento foi suficiente, bendito seja o Senhor! Se você teve onde morar, sua gratidão deve ser a Ele. Fazendo assim você reconhece a presença e intervenção dele em sua vida.

Veja o alerta que o povo de Israel recebeu quando estava prestes a entrar na terra prometida:

7Eis que Yahweh, teu Deus, vai fazer-te herdar uma terra boa, repleta de riachos e tanques de água, de fontes que jorram nos vales e colinas; 8terra que produz muito trigo e cevada, videiras e figueiras, romãzeiras, azeite de oliva e mel; 9terra onde não faltará pão e onde não sentireis falta de nada; terra onde as rochas têm ferro e onde podereis extrair cobre das colinas.

10Comerás e ficarás satisfeito, e bendirás a Yahweh, teu Deus, na terra que Ele te dará! 11Contudo, tem cuidado em relação a ti mesmo, a fim de que não esqueças do SENHOR, teu Deus, e não deixes de cumprir seus mandamentos, doutrinas e decretos que hoje te ordeno! 12Não aconteça que, havendo comido e estando plenamente saciado, havendo construído casas confortáveis e habitando nelas, 13havendo-se multiplicado teu gado e o número de tuas ovelhas tendo aumentado, e também se multiplicado tua prata e teu ouro, e tudo o que tiveres, 14que teu coração se ensoberbeça e venhas a te esquecer do Eterno, o teu Deus, que te fez sair livre da terra do Egito, da casa da escravidão; (...)  17Portanto, não digas no teu íntimo: ‘A minha força e o poder do meu braço me conquistaram estes bens e riquezas’. 18Antes, te recordarás de Yahweh teu Deus, porque é Ele o que te dá força e capacidade para gerar riqueza, confirmando a Aliança que jurou a teus pais, conforme hoje se constata claramente. Dt 8.7-14, 17,18

Enquanto ainda não atravessamos a ponte para 2018, olhe para trás por um momento. Considere tudo que lhe aconteceu durante o ano de 2017 e coloque diante de Deus como uma oferta de gratidão ao Senhor.

Por outro lado, irmãos, ao olharmos para 2017 certamente veremos também perdas, tristezas e fracassos. O que fazer com eles?

Há um modo de pensar sobre as dificuldades da vida que deixa muitos cristãos desconfortáveis com perdas, tristezas e fracassos. Essas pessoas acham que isso tudo não combina com a condição de discípulo de Jesus. Por isso elas consideram que as dores, o sofrimento, a angústia e as tribulações que se abatem sobre suas vidas são obra exclusiva do inimigo de nossas almas, e que por isso nós devemos nos rebelar contra qualquer circunstância que nos aflige e exigir de Deus que elas sejam retiradas de nossas vidas.

Para essas pessoas é impossível agradecer a Deus pelo emprego perdido, pela dor que não se vai ou pela doença que alcançou a família. Mas elas estão enganadas! Em TUDO dai graças, diz a palavra de Deus.

Ao considerarmos as perdas que tivemos em 2017, as tristezas que nos abateram e nos levaram ao fundo do poço, ou o fracasso que nos entristeceu e nos enuviou a alma, somos chamados a manter no coração uma atitude de gratidão a Deus. Em TUDO daí graças! Será que isso é possível? Como? Sim! Em Cristo é possível.

Para que nossas almas sejam preenchidas com gratidão, mesmo diante das situações mais adversas, precisamos olhar o mundo do ponto de vista de Cristo. Então a vida de Cristo, isto é, seu modo de se relacionar com Deus e com as pessoas, vai tomando conta de nós.

Um dia alguns de nós aqui decidimos confiar em Jesus para salvação. Pois bem, aqueles que já deram esse primeiro passo precisam também viver nele. Viver a vida de Cristo.

6Portanto, assim como vocês receberam a Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele, 7enraizados e edificados nele, firmados na fé, como foram ensinados, transbordando de gratidão. Col 2. 6,7 (NVI)

Esse sentimento de confiança no amor de Deus precisa ser aquecido todos os dias pela meditação no evangelho da graça. Quando nos damos conta da largura, do comprimento, da altura, e da profundidade do amor de Deus em Cristo Jesus, os dias difíceis podem ser encarados por um coração cheio de gratidão.

4Salmodiai ao SENHOR, vós que sois seus santos, e dai graças ao seu santo nome. 5Porque não passa de um momento a sua ira; o seu favor dura a vida inteira. Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã. Sl 30.4,5 (NVI)

Ainda não atravessamos a ponte. Olhando para o ano que passou você já entregou o seu sucesso como uma oferta de gratidão. Agora eu o convido a entregar a ele as perdas, tristezas e fracassos deste ano. Faça isso com a confiança de quem foi alcançado pelo amor gracioso de Deus. Faça isso como quem está aprendendo a viver nele, enraizado nele, edificado ele e firmado na fé. Porque “o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.”

Esperança

Ainda estamos na ponte, entre 2017 e 2018, mas logo vamos colocar nos pés no novo ano. Por isso agora eu peço que você volte seu olhar para o futuro.

Um ano inteiro está prestes a começar. O que nos espera neste novo ano? A cada final de ano vemos futuristas e adivinhadores tentando prever o que virá. Búzios, cartas e programas de computador são usados para aplacar nossa sede de conhecer o futuro e de nos preparar para ele. Nós também estamos aqui, prestes a começar o novo ano. Com que olhos estamos enxergando o outro lado dessa ponte?

Meu convite é para que ao vislumbrar 2018 você se deixe tomar pela Esperança.

A esperança de que fala as Escrituras não é um incentivo à negação do sofrimento que há no mundo nem uma espécie de ingenuidade tola. Somos chamados a reconhecer a nossa dor, mas também a alimentar nossas almas com as verdades sobre Deus que nos animam e fortalecem.

19Recordo-me da minha aflição e do meu delírio, do meu profundo sofrimento e do meu enorme pesar.  20Lembro-me bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim.

21Contudo, quero lembrar do que pode me dar esperança: 22A bondade do SENHOR é a razão de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; 23renovam-se plenamente a cada manhã! Grande é a tua fidelidade!

24Sendo assim, digo a mim mesmo: A minha porção é o SENHOR, portanto, nele depositarei toda a minha esperança. Lm 3.19-24 (KJA)

Portanto, irmãos, a esperança que deve alojar-se em nossas almas quando olhamos para 2018 não é a da mera solução dos problemas que nos afligem, mas aquela que afirma a bondade do Senhor em meio aos problemas. É a esperança que se agarra na misericórdia do Senhor, que nos tira dos caminhos de morte e nos coloca em caminhos de vida. É a esperança de quem confia na fidelidade, no amor fiel que o Senhor tem por nós, amor que não desampara.

Que tal entrar nesse novo ano com os olhos fitos no Senhor e trazer à memória esse salmo de Davi?

Pois tu és a minha esperança, ó Soberano Senhor, em ti está a minha confiança Sl 71.5 (NVI)

Não precisamos prever o futuro nem deixar que a ansiedade nos consuma, irmãos, porque nosso futuro está nas mãos daquele que é a esperança do mundo: Jesus.

1Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança. 1 Tm 1.1 (ARA)

Antes do novo ano começar, ore ao Senhor e peça que 2018 seja para você uma escola sobre Esperança, sobre confiar no Senhor Jesus.

Nesses últimos passos em cima da ponte que separa 2017 de 2018 eu proponho irmãos, que vivamos a vida comum e cotidiana deste novo ano como pessoas cheias de esperança.

Não aquela esperança frívola da falta de problemas, nem a esperança ingênua das soluções mágicas; mas a esperança corajosa de quem enfrenta a vida porque confia que seu Senhor está conduzindo a História (e a sua história) a fim de fazer convergir todas as coisas em Cristo Jesus, de colocar todo o universo em submissão a sua autoridade e assim proclamar as grandezas do Deus Eterno, justo e amoroso.

Essa esperança que temos em Deus não é apenas para este mundo. Porque a grande esperança dos filhos de Deus vai além. E foi Jesus quem abriu o caminho para essa esperança de eternidade:

13Irmãos, não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se entristeçam como os outros que não têm esperança.14Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e juntamente com ele, aqueles que nele dormiram.15Dizemos a vocês, pela palavra do Senhor, que nós, os que estivermos vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, certamente não precederemos os que dormem. 16Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. 17Depois disso, os que estivermos vivos seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre. 18Consolem-se uns aos outros com estas palavras. 1 Ts 4.13-18

Fomos criados por Deus para a eternidade, irmãos. Nossa maior esperança é essa. Um dia estaremos face-a-face com o Senhor. Um dia reencontraremos nossos irmãos que morreram crendo em Jesus. Um dia não haverá mais pranto, nem dor, nem lágrima, porque o Senhor mesmo enxugar todas as lágrimas. Um dia a Esperança será plenamente realizada e estaremos com o Senhor para sempre.

Aqui, em cima da ponte que une 2017 a 2018, olhamos para o passado e para o futuro. Olhamos para o passado com o coração cheio de gratidão a Deus pelo que ele tem sido e feito em nossas vidas. Olhamos para o futuro com a alma cheia de esperança tanto para os dias de nossas vidas como para a vida futura e eterna que está preparada para aqueles que se rendem a Jesus.


Que ele seja de fato a esperança de nossas almas.

17 dezembro 2017

Natal: foi assim...



Natal: foi assim...

Como foi realmente o nascimento de Jesus? Que fatos e circunstâncias cercaram a chegada do Messias, o enviado de Deus? Certamente a história do nascimento de Jesus é rica em detalhes que podem aquecer nossa fé e nos desafiar a uma vida de confiança em Deus.

Para saber como foi de fato o nascimento de Jesus, vamos olhar com atenção para o texto bíblico. Quando falamos de seguir Jesus como discípulo é importante sempre voltar para as narrativas bíblicas, porque as tradições populares nem sempre retratam com fidelidade o que aconteceu. Os seguidores de Jesus sempre se voltam para a Bíblia como alimento para a alma e fonte de orientação.

No Novo Testamento temos quatro evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Os evangelhos são um tipo de biografia e foram escritos para registrar os fatos que cercaram a vida do jovem pregador que foi morto em uma cruz.

Marcos não fala sobre o nascimento de Jesus. Na verdade, o seu evangelho começa quando Jesus já é adulto e está prestes a ser batizado por João, o Batista, e assim iniciar seu ministério público. Por outro lado, o evangelho de João, escrito por um dos apóstolos de Jesus usa suas primeiras linhas para apresentar Jesus como aquele que sempre existiu. Ele afirma que antes de tudo Jesus, o verbo de Deus já existia. Assim ele também não fala do nascimento de Jesus.

Temos então os evangelhos de Mateus e Lucas, que são os que nos fornecem os fatos e as circunstâncias do nascimento de Cristo. Em Mateus a história é contada no trecho entre Mt 1.18 e 2.23. Em Lucas a história tem mais detalhes e está no trecho entre Lc 1.16 e 2.20.

Hoje à noite eu o convido a viajar comigo pelas páginas das escrituras e conhecer um pouco mais sobre o nascimento de Jesus e seu significado para nós. Esse não é um evento qualquer! Portanto quero apresentar cinco marcas que fazem do nascimento de Jesus um evento singular e com grande impacto para a humanidade.

Um nascimento profetizado

A primeira marca que faz do nascimento de Jesus algo notório e singular é que ele foi profetizado séculos antes de acontecer. De Gênesis a Malaquias as Escrituras estão repletas de profecias sobre Jesus, mas algumas delas falam especificamente sobre seu nascimento.

Quem vai nos ajudar com isso é Mateus, porque parte do objetivo de seu evangelho era demonstrar aos seus compatriotas que Jesus, o filho do carpinteiro, era exatamente aquele sobre quem os profetas falaram. Vejamos então algumas dessas profecias.

Uma virgem conceberá
Ao refletir sobre os eventos que cercaram o nascimento de Jesus, sobretudo a gravidez de Maria sem que houvesse um relacionamento sexual... Ele lembrou de uma antiga profecia apresentada pelo profeta Isaías mais de 700 anos antes de Cristo (Mt 1.18-23):

Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente. Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.

Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco) Mt 1.18-23 (RA)

A profecia de Isaías (Is 7.14) fala da ação maravilhosa e miraculosa de Deus que concede a uma jovem virgem um embrião fecundado. Isso realmente impressiona! Mas tão impressionante quanto isso é o fato de que Isaías nos apresenta o Messias como o próprio Deus que se faz presente entre nós.

É exatamente isso que Jesus é: Deus entre nós. Sim, Deus tomou forma humana e habitou entre nós. Em Jesus Deus se fez próximo de mim e de você. Por isso podemos contar com ele, porque ele sabe as dores que sofremos e deseja nos guiar com seu amor a um lugar de descanso.

O lugar
Também o lugar do nascimento de Jesus estava previsto. Mateus narra a tentativa de Herodes para descobrir onde Jesus nascera. No diálogo entre Herodes e os sacerdotes surge então a profecia sobre o lugar.

Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo. Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes, e, com ele, toda a Jerusalém; então, convocando todos os principais sacerdotes e escribas do povo, indagava deles onde o Cristo deveria nascer. Em Belém da Judeia, responderam eles, porque assim está escrito por intermédio do profeta:

E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar a meu povo, Israel. Mt 2.1-6 (RA)

O profeta que fez essa previsão, também 700 anos antes de Cristo, foi Miquéias (Mq 5.2). E a profecia vem com o gosto bom das surpresas de Deus. Belém era uma cidade sem expressão econômica e sem tradição entre as grandes cidades do reino de Judá. Era uma pequena vila sem importância. Mas é nessa pequena vila nasceria o Salvador do mundo, Jesus.

Não é assim também nas nossas vidas? Às vezes o socorro do Senhor vem de uma forma que a gente não espera. O agir dele não está limitado às nossas expectativas, porque Ele é livre para abençoar como quer. Na verdade, a cada dia percebo que Ele gosta de nos surpreender com seu amor e cuidado.

A tragédia
Mateus não para aí. Ele narrou a terrível atitude Herodes, um rei dominado pela maldade e pela insegurança. Consumido de medo do rei menino, Herodes mandou matar todas as crianças com dois anos de idade ou menos. Diante dessa tragédia, o evangelista lembra da profecia do profeta Jeremias, 600 anos antes de Cristo (Jr 31.15).

Vendo-se iludido pelos magos, enfureceu-se Herodes grandemente e mandou matar todos os meninos de Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo, conforme o tempo do qual com precisão se informara dos magos. Então, se cumpriu o que fora dito por intermédio do profeta Jeremias:

Ouviu-se um clamor em Ramá, pranto, [choro] e grande lamento; era Raquel chorando por seus filhos e inconsolável porque não mais existem. Mt 2.16-18 (RA)

No contexto imediato Jeremias se refere às famílias que perderam seus filhos durante o cativeiro babilônico. Mateus viu ali uma clara referência àquela matança dos meninos de Belém.

Que grade lição temos aqui, irmãos. Junto com a notícia do nascimento do salvador, a melhor de todas as notícias, acontece uma grande tragédia. Ela não foi provocada por um terremoto ou uma grande tempestade, mas pelo pecado que consome o coração humano.

Não é assim também nas nossas vidas? Basta uma boa notícia se pronunciar que as más notícias parecem sentir que estão perdendo espaço e vêm com força sobre nós. O mundo não é um jardim florido nem a vida um parque de diversões, irmãos. A vida nos reserva muitas alegrias, mas está também repleta de dores e sofrimentos. Mateus não escondeu a tragédia porque ele cria que tudo aquilo, ainda que maneira incompreensível, fazia parte do agir de Deus.

Ao relacionar cada uma dessas profecia com os fatos que cercaram o nascimento de Jesus, Mateus na verdade ressaltar que as coisas não estavam acontecendo aleatoriamente. Há um Deus conduzindo a história! Nas coisas belas e nas feias, nas alegrias e nos sofrimentos, nas facilidades e nas dificuldades, há um Deus conduzindo a história das nossas vidas e somos chamados a confiar nele.

Um nascimento histórico

A segunda marca que põe o nascimento de Jesus em destaque é que ele foi um fato histórico. Não um fato notório para os historiadores da época, mas um acontecimento inserido na história humana. Para que a fé em Jesus não fosse tida como uma lenda, os evangelistas situação o nascimento de Cristo dentro dos eventos históricos de sua época.

Quem nos ajuda agora é Lucas. Ele não foi um dos discípulos de Jesus. Era um médico que acompanhou o apóstolo Paulo em suas viagens. Lucas fez uma pesquisa acurada sobre Jesus. Entrevistou pessoas, visitou lugares e por fim escreveu seu evangelho. Vejamos como que ele situa historicamente o nascimento de Cristo.

Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se. Este, o primeiro recenseamento, foi feito quando Quirino era governador da Síria. Lc 2.1-2 (RA)

Também aqui temos algo a aprender com o nascimento de Jesus. O Deus todo poderoso autolimitou-se e entrou na história da humanidade. Não foi algo invisível, apenas no mundo espiritual, mas aconteceu no mundo palpável, nas ruas violentas e empoeiradas das vilas e cidades. Deus não está tentando se livrar do mundo, mas sim restaurá-lo.

Mesmo entre os discípulos de Jesus, sempre tem alguém desejando se livrar do mundo de carne e osso, tijolos e pedras, como um passe de mágica. Uma oração poderosa, uma vigília libertadora, uma promessa infalível, uma cura celeste, algo vai acontecer para que a vida sejam menos dura e sofrida. Mas o nascimento de Jesus nos informa que Deus age na história da humanidade. Ele age sem nos tirar da nossa própria história: age através da dor, do trabalho duro e cansativo, do chefe exigente, do político desonesto, na doença do filho, na saudade da família.

Jesus aprendeu isso, tanto que depois em uma oração que fez por mim e você ele disse: “não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal”.

Um nascimento natural

A terceira marca de destaque sobre o nascimento de Jesus é que ele foi natural. Deus decidiu habitar entre nós e veio da forma mais natural possível. Foi gerado no ventre de uma mulher, nasceu como com qualquer ser humano, foi criança, cresceu e tornou-se homem adulto. Ora, mas porque isso seria um destaque?

José também subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, para a Judeia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Lc 2.4-7 (RA)

A cidade estava cheia de gente de todo tipo, vinda de todo lugar. Todos procurando um lugar para dormir, mas as pousadas estavam cheias. No meio de tudo isso, chega o tempo de Jesus nascer. Maria se abriga no curral de uma das pousadas e lá nasce o salvador do mundo.

Deus está além de nós, irmãos. Tudo sobre ele é sobrenatural para nós. Ele é Deus de milagres e maravilhas, mas o seu agir é mais frequente nas coisas simples e naturais da vida. O sobrenatural nos atrai e muitos se tornam obcecados por tudo que é extraordinário. Mas precisamos ficar atentos à vida comum, aos relacionamentos cotidianos, aos encontros fortuitos, aos imprevistos, à fidelidade silenciosa, ao amor sem anúncios, à vida simples e ordeira. Em todas essas coisas o poder de Deus se revela.

Eu acredito irmãos, que quando o natural da vida se descortinar para nós como o palco do agir sobrenatural de Deus, certamente viveremos vidas menos ansiosas e estaremos prontos para aprender a confiar nele em todas as circunstâncias.

Um nascimento sobrenatural

A quarta marca sobre o nascimento de Jesus é que ele foi sobrenatural. E não era para menos! A promessa do Messias remonta ao Gênesis e faz parte do grande plano de Deus para resgatar uma humanidade perdida em sua própria desconfiança, que chafurda na lama do próprio pecado. Vejamos então como Deus interveio além do natural para executar o plano para salvar a mim e a você:

1.  Um anjo foi preparar Maria, que estava noiva, sobre seu papel no que estava prestes a acontecer.

26No sexto mês Deus enviou o anjo Gabriel a Nazaré, cidade da Galiléia, 27a uma virgem prometida em casamento a certo homem chamado José, descendente de Davi. O nome da virgem era Maria. 28O anjo, aproximando-se dela, disse: "Alegre-se, agraciada! O Senhor está com você! " Lc 1.26-28

2.  A gestação de Maria foi resultado da ação do Espírito Santo. No seu útero, Deus fez surgir um embrião fecundado.

18Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Mt 1.18

3.  Um anjo apareceu a José para tranquiliza-lo sobre a gravidez de sua noiva.

20Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Mt 1.20

4.  Uma estrela sinalizou o lugar do nascimento de Jesus. Foi um sinal claro que foi interpretado por alguns estudiosos do movimento dos astros e os conduziu do oriente até Belém.

Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo. Lc 2.1,2

5.  Um anjo anunciou o nascimento de Jesus a um grupo de pastores de ovelhas. Foi um evento tão impressionante que os pastores ficar com medo.

8Havia pastores que estavam nos campos próximos e durante a noite tomavam conta dos seus rebanhos. 9 E aconteceu que um anjo do Senhor lhes apareceu e a glória do Senhor resplandeceu ao redor deles; e ficaram aterrorizados. 10Mas o anjo lhes disse: "Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: 11Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é Cristo, o Senhor. 12Isto lhes servirá de sinal: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura". Lc 2.8-12

Há algo muito importante aqui, irmãos, nessas intervenções sobrenaturais de Deus: a convicção de que Deus fará o que for necessário para realizar seus propósitos. Ele não pode ser detido, nem impedido. O que impossível para nós, para ele é trivial. A criação e as circunstâncias da vida estão sob seu comando.

Mas, preste atenção! Deus age assim para realizar os propósitos dele, que santos, retos, amorosos e perfeitos. Ele não é manipulável ou influenciável. Ele não negocia favores nem mercadeja bênçãos. Portanto, se quero fazer parte do agir maravilhoso de Deus preciso me juntar a ele naquilo que ele está realizando neste mundo.

Maria poderia ter dito não. José poderia ter dito que não acreditava nisso. Os sábios poderiam ter-se dedicado a outras estrelas. Os pastores de ovelhas poderiam ter fugido assustados. Mas todos eles decidiram participar daquilo que Deus estava fazendo. Os planos não eram deles nem eles haviam planejado. Deus os chamou fazer parte e ele aceitaram o convite.

É assim também em nossas vidas. Deus não tem compromisso com nossos planos. Ele nos chama para fazer parte do que ele está fazendo no mundo. Qual será nossa resposta?

Uma prova de amor

Para concluir nossa reflexão sobre o nascimento de Jesus tenho algumas perguntas e uma consideração:

Porque um Deus santo se faria gente e viveria em um mundo tosco e pecador como o nosso?

Porque o criador do universo, todo poderoso Deus, se autolimitaria em forma humana e se submeteria ao cuidado e à autoridade de pessoas mergulhadas no pecado?

Porque o Deus supremo subsistiria como uma criança, limitado e dependente?

Porque o autor da vida se deixaria acusar injustamente, espancar, cuspir, agredir e por fim se submeteria à morte humilhante dos bandidos, a morte de cruz?

A única resposta possível é “por amor”! Deus se fez gente por amor! O menino Jesus envolto em panos e indefeso em um cocho é fruto do amor de Deus por mim e por você. Não sei se você tem se sentido amado ultimamente, mas o natal nos diz que somos muito amados por Deus. É assim que as Escrituras falam sobre esse amor (Rm 5.6-11)

Cristo chegou na hora certa para tornar isso realidade. Ele não esperou que todos estivessem preparados. Apresentou-se disposto ao sacrifício quando ainda éramos fracos e rebeldes demais para fazer alguma coisa por nós mesmos. Mesmo que não fôssemos tão fracos, de qualquer maneira não saberíamos o que fazer. Podemos entender quando alguém morre por uma pessoa digna e como alguém bom e nobre poderia inspirar um sacrifício abnegado. Mas Deus demonstrou quanto nos ama ao oferecer seu Filho em sacrifício por nós quando ainda éramos tão ingratos e maus para com ele. Agora que nossa situação com Deus está resolvida, por meio dessa morte sacrificial, o perfeito sacrifício de sangue, não há mais razão para estar em oposição a Deus, sobre qualquer assunto. Se em nossa pior situação fomos postos em condição favorável diante de Deus, pelo sacrifício de seu Filho, agora que estamos nesta situação maravilhosa, apenas imaginem como nossa vida poderá ser plena e gloriosa por meio da vida proporcionada pela ressurreição! Agora que já desfrutamos esta maravilhosa amizade com Deus, não nos contentaremos com meras declarações formais, mas cantaremos louvores a Deus, por meio de Jesus, o Messias! Rm 5.6-11 (AM)

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