15 agosto 2007

Alívio aos Cansados – 4

Introdução

Onde reclinamos a cabeça quando o dia parece que não vai terminar? Onde buscamos alento quando a tristeza se torna insuportável? Onde procuramos remédio para as dores da alma, para as crises de fé e as angústias da vida? Onde procuramos respostas para as dúvidas que nos consomem por dentro? Quando estamos cansados e sobrecarregados, para onde vamos?

Jesus faz um convite simples: vinde a mim... E eu vos aliviarei. Vinde a mim... E encontrareis descanso.

O convite é simples e atendê-lo também. Mas, é preciso tomar a decisão de ir até Ele. Isso implica em evitar as rotas de fuga que a vida nos oferece.

Sempre surgem rotas de fuga que nos levam para longe de Jesus. Elas parecem atrativas. Algumas são prazerosas e apelam ao que a bíblia chama de concupiscência; outras são cômodas e apelam para o comodismo e acomodação; e outras ainda são práticas e apelam para o utilitarismo que “coisifica” as pessoas.

Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte. (Prov 14:12)

As rotas de fuga são caminhos que usamos para fugir da presença do Senhor e evitar ficar face a face com Ele. É assim que a busca pela produtividade, a preguiça espiritual e a sede insaciável de prazer, cada um do seu jeito, se transformam em caminhos que levam para morte, não para a vida.

Religiosidade

Quando Jesus chama vinde a mim, muito viram as costas e fogem por uma outra rota de fuga: a religiosidade. Quem faz isso nunca encontra o alívio e o descanso prometidos por Jesus. Ao contrário, se torna mais ansioso, angustiado e culpado.

O Senhor se relacionou com todo tipo de pessoa durante o seu ministério. Mas, havia um desses tipos que ouviu palavras muito duras, ditas com muita ênfase: os fariseus. Hoje quando ouvimos a palavras fariseu nossa mente imediatamente associa a palavra a alguma coisa ruim, que às vezes nem sabemos muito bem o que é.

Os fariseus eram uma espécie de facção religiosas entre os judeus. Eles eram extremamente zelosos e tentavam cumprir a lei em tudo que ela mandava. Os fariseus recomendavam pureza, tinham uma vida moral acima da média e eram reconhecidos como pessoas tementes a Deus. Se havia alguém que parecia estar bem perto de Deus, eram os fariseus.

Jesus, no entanto vai além das aparências e denuncia o pecado dos religiosos: a religiosidade como um fim em si mesmo. No capítulo 23 de Mateus, o Senhor falou sobre os males da religiosidade e sobre como ela afasta as pessoas de Deus.

(1) Então falou Jesus às multidões e aos seus discípulos, dizendo: (2) Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus. (3) Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam. (4) Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.

Religiosos criam rituais complicados, desenvolvem novenas e correntes complexas que precisam ser cumpridas como prova de devoção; e colocam essas tarefas como um peso sobre os ombros das pessoas, embora eles mesmos não as cumpram.

Os religiosos na sua maioria são arrogantes. É uma arrogância disfarçada, mas é arrogância. Onde está a arrogância? Ela reside no fato de se achar que o simples cumprimento de uma tradição religioso é suficiente para Deus. A religiosidade e um substituto de Deus.

Em vez de buscar ao Senhor de todo coração, de procurar conhecê-Lo e se familiarizar com o Seu jeito de ver a vida, o religioso cumpre tarefas como uma fuga da presença de Deus.

(5) Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam os seus filactérios, e aumentam as franjas dos seus mantos; (6) gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas, (7) das saudações nas praças, e de serem chamados pelos homens: Rabi.

A religiosidade anda de mãos dadas com a pompa e a exibição. Os filactérios eram as duas caixinhas que contêm uma faixa de pergaminho com passagens bíblicas que os judeus ainda hoje trazem junto à testa e ao braço esquerdo, durante a oração matinal dos dias úteis.

Primeiros lugares... Primeiras cadeiras... Saudações nas praças... Reconhecimento. Deus deixa de ser o centro e os próprios religiosos assumem o seu lugar.

(8) Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos. (9) E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus. (10) Nem queirais ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo. (11) Mas o maior dentre vós há de ser vosso servo.

O Senhor explica que a religiosidade é uma tentativa de assumir o lugar de Deus. É por isso que ela nos afasta de Deus. Porque o Senhor não divide sua glória com ninguém.

Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não a darei, nem o meu louvor às imagens esculpidas. (Isa 42:8)

(12) Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado. (13) Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais aos homens o reino dos céus; pois nem vós entrais, nem aos que entrariam permitis entrar.

A lógica do Reino de Deus não funciona como a lógica do mundo. Quem tenta se promover e colocar-se acima dos outros, e se utiliza da arrogância como rota de fuga, não encontrará lugar próximo a Deus.

(14) [Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque devorais as casas das viúvas e sob pretexto fazeis longas orações; por isso recebereis maior condenação.]

A religiosidade leva os religiosos a esquecerem das pessoas. Os outros passam a ser apenas meios para alcançar objetivos pessoais e às vezes escusos. Assim o religioso é capaz de explorar em nome da fé e se justificar com a prática da religião.

(15) Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós.

A religiosidade valoriza o fazer discípulos de si mesmos. O ensino meramente religioso não leva a alma à liberdade diante de Deus, mas aprisiona ao cumprimento de regras e preceitos.

(16) Ai de vós, guias cegos! que dizeis: Quem jurar pelo ouro do santuário, esse fica obrigado ao que jurou. (17) insensatos e cegos! Pois qual é o maior; o ouro, ou o santuário que santifica o ouro? (18) E: Quem jurar pelo altar, isso nada é; mas quem jurar pela oferta que está sobre o altar, esse fica obrigado ao que jurou. (19) Cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar que santifica a oferta? (20) Portanto, quem jurar pelo altar jura por ele e por tudo quanto sobre ele está; (21) e quem jurar pelo santuário jura por ele e por aquele que nele habita; (22) e quem jurar pelo céu jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está assentado.

(23) Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas. (24) Guias cegos! que coais um mosquito, e engulis um camelo.

A religiosidade transfere a importância do principal para o secundário. Manter-se no principal é muito simples para os religiosos, porque a mente legalista tem necessidade de complexidade. A importância sai do principal para o secundário, porque o principal está sempre ligado a Deus. Ouro é sempre ouro em qualquer lugar, mas o altar está ligado a Deus; a oferta tem vida própria, mas o altar está ligado a Deus. Assim o religioso se afasta da presença de Deus.

George Müller (1805-1898)


O gigante da fé, George Müller (1805-1898), nasceu na Alemanha, e converteu-se com idade de 20 anos numa missão morávia. Foi para a Inglaterra em 1829, onde trabalhou para o Senhor até o final de sua vida.
Em 1830, três semanas depois de seu casamento, Müller e sua esposa decidiram abrir mão de seu salário como pastor de uma pequena congregação, e depender exclusivamente de Deus para suas necessidades. Já desde o início, ele tomou a posição que manteria durante todo o seu ministério, de nunca revelar suas necessidades às pessoas, e de nunca pedir dinheiro de ninguém, somente de Deus. Ao mesmo tempo, decidiu que também nunca entraria em dívida por motivo algum, e que não faria reservas, nem guardaria dinheiro para o futuro.
Durante mais de sessenta anos de ministério, Müller iniciou 117 escolas que educaram mais de 120.000 jovens e órfãos; distribuiu 275.000 Bíblias completas em diferentes idiomas além de grande quantidade de porções menores; sustentou 189 missionários em outros países; e sua equipe de assistentes chegou a contar com 112 pessoas.


Seu maior trabalho foi dos orfanatos em Bristol, na Inglaterra. Começando com duas crianças, o trabalho foi crescendo com o passar dos anos, e chegou a incluir cinco prédios construídos por ele mesmo, com nada menos que 2000 órfãos sendo alimentados, vestidos, educados e treinados para o trabalho. Ao todo, pelo menos dez mil órfãos passaram pelos orfanatos durante sua vida. Só a manutenção destes órfãos custava 26 mil libras por ano. Nunca ficaram sem uma refeição, mas muitas vezes a resposta chegava na última hora. Às vezes sentavam para comer com pratos vazios, mas a resposta de Deus nunca falhava.
No decorrer da sua vida, Müller recebeu o equivalente a sete milhões e meio de dólares, como resposta de Deus. Além de nunca divulgar suas necessidades, ele tinha um critério muito rigoroso para receber ofertas. Por mais que estivesse precisando (pois em milhares de ocasiões não havia recursos para a próxima refeição), se o doador tivesse outras dívidas, se tivesse evidência de que havia alguma atitude errada, ou alguma condição imprópria, a oferta não era aceita.
E mesmo quando tinha certeza de que Deus estava dirigindo para ampliar o trabalho, começar uma outra casa, ou aceitar mais órfãos, ele nunca incorria em dívidas. Aquilo que Deus confirmava como sua vontade certamente receberia os recursos necessários, e por isto nunca emprestava nem contraía obrigações sem ter o necessário para pagar.


A seguir um trecho da sua autobiografia, onde ele define sua posição com relação a dívidas:


Minha esposa e eu nunca entramos em dívidas porque acreditávamos que era contrário às Escrituras (Rm 13.8). Por isto, nunca tivemos contas para o futuro com alfaiate, açougue, padaria ou mercado. Pagamos por tudo em dinheiro. Preferimos passar necessidade do que contrair dívidas. Desta forma, sempre sabemos quanto temos, e quanto podemos dar aos outros. Muitas provações vêm sobre os filhos de Deus por não agirem de acordo com Romanos 13.8.
Alguns podem perguntar: Por que você não compra o pão, ou os alimentos do mercado, para pagar depois? Que diferença faz se paga em dinheiro no ato, ou somente no fim do mês? Já que os orfanatos são obra do Senhor, você não pode confiar que ele supra o dinheiro para pagar as contas da padaria, do açougue, e do mercado? Afinal, todas estas coisas são necessárias para a continuidade da obra.
Minha resposta é a seguinte: Se esta obra é de Deus, certamente ele tanto quer como é capaz de suprir todo o necessário. Ele não vai necessariamente prover na hora que nós achamos que deve. Mas quando há necessidade, ele nunca falha. Podemos e devemos confiar no Senhor para suprir-nos com o que precisamos no momento, de forma que nunca tenhamos que entrar em dívida.
Eu poderia comprar um bom estoque de mantimentos no crediário, mas da próxima vez que estivéssemos em necessidade, eu usaria o crediário novamente, ao invés de buscar o Senhor. A fé, que somente se mantém e se fortalece através de exercitar, ficaria mais e mais fraca. No fim, provavelmente acabaria atolado em grandes dívidas, sem perspectiva de sair delas.
A fé se apóia na Palavra Escrita de Deus, mas não temos nenhuma promessa de que ele pagará nossas dívidas. A Palavra diz: "A ninguém fiqueis devendo coisa alguma" (Rm 13.8), e: "Quem nele crer não será de modo algum envergonhado" (1 Pe 2.6). Não temos nenhuma base bíblica para entrar em dívidas.
Nosso alvo é mostrar ao mundo e à igreja que mesmo nestes dias maus do tempo do fim, Deus está pronto para ajudar, consolar, e responder às orações daqueles que confiam nele. Não precisamos recorrer a outras pessoas, nem seguir os caminhos do mundo. Deus tanto é poderoso, como desejoso, de suprir todas nossas necessidades no seu serviço.
Consideramos um precioso privilégio continuar a esperar no Senhor somente, ao invés de comprar mantimentos no crediário, ou de emprestar de bondosos amigos. Enquanto Deus nos der graça, olharemos somente para ele, mesmo que de uma refeição para a próxima tivermos que depender do seu suprimento. Já faz dez anos que trabalhamos com estes órfãos, e ele nunca permitiu que passassem fome. Ele continuará a cuidar deles no futuro também.
Estou profundamente consciente da minha própria incapacidade e dependência no Senhor. Pela graça de Deus, minha alma está em paz, embora dia após dia tenhamos que esperar a provisão milagrosa do Senhor para nosso pão diário.
Fonte: http://www.financasparaavida.com.br/artigo04.htm

Charles Haddon Spurgeon (1834-1892)


Um dos maiores pregadores de todos os tempos

Houve época em que o simples fato de optar pela religião evangélica equivalia a colocar a cabeça a prêmio. No século 15, Carlos V, o imperador espanhol, queimou milhares de evangélicos em praça pública. Seu filho, Filipe II, vangloriava-se de ter eliminado dos países baixos da Europa cerca de 18 mil "hereges protestantes". Para fugir da perseguição implacável, outros milhares de cristãos foram para a Inglaterra. Dentre eles, estava a família de Charles Haddon Spurgeon (1834-1892), o homem que se tornaria um dos maiores pregadores de todo o Reino Unido. Charles obteve tão bom resultado em seu ministério evangelístico que, além de influenciar gerações de pastores e missionários com seus sermões e livros, até hoje é chamado de Príncipe dos pregadores.


O maior dos pecadores

Spurgeon era filho e neto de pastores que haviam fugido da perseguição. No entanto, somente aos 15 anos, ocorreu seu verdadeiro encontro com Jesus. Segundo os livros que contam a história de sua vida, Spurgeon orou, durante seis meses, para que, "se houvesse um Deus", Este pudesse falar-lhe ao coração, uma vez que se sentia o maior dos pecadores. Spurgeon visitou diversas igrejas sem, contudo, tomar uma decisão por Cristo.

Certa noite, porém, uma tempestade de neve impediu que o pastor de uma igreja local pudesse assumir o púlpito. Um dos membros da congregação - um humilde sapateiro - tomou a palavra e pregou de maneira bem simples uma mensagem com base em Isaías 45.22a: Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra. Desprovido de qualquer experiência, o pregador repetiu o versículo várias vezes antes de direcionar o apelo final. Spurgeon não conteve as lágrimas, tamanho o impacto causado pela Palavra de Deus.



Início de uma nova caminhada

Após a conversão, Spurgeon começou a distribuir folhetos nas ruas e a ensinar a Bíblia na escola dominical para crianças em Newmarkete Cambridge. Embora fosse jovem, Spurgeon tinha rara habilidade no manejo da Palavra e demonstrava possuir algumas características fundamentais para um pregador do Evangelho. Suas pregações eram tão eletrizantes e intensas que, dois anos depois de seu primeiro sermão, Spurgeon, então aos 20 anos, foi convidado a assumir o púlpito da Igreja Batista de Park Street Chapel, em Londres, antes pastoreada pelo teólogo John Gill. O desafio, entretanto, era imenso. Afinal, que chance de sucesso teria um menino criado no campo (Anteriormente, Spurgeon pastoreava uma pequena igreja em Waterbeach, distante da capital inglesa), diante do púlpito de uma igreja enorme que agonizava?

Localizada em uma área metropolitana, Park Street Chapel havia sido uma das maiores igrejas da Inglaterra. No entanto, naquele momento, o edifício, com 1.200 lugares, contava com uma platéia de pouco mais de cem pessoas. A última metade do século 19 foi um período muito difícil para as igrejas inglesas. Londres fora industrializada rapidamente, e as pessoas trabalhavam durante muitas horas. Não havia tempo para as pessoas se dedicarem ao Senhor. No entanto, Spurgeon aceitou sem temor aquele desafio.

Tamanha audiência

O sermão inaugural de Spurgeon, naquela enorme igreja, ocorreu em 18 de dezembro de 1853. Havia ali um grupo de fiéis que nunca cessou de rogar a Deus por um glorioso avivamento. No início, eu pregava somente a um punhado de ouvintes. Contudo, não me esqueço da insistência das suas orações. As vezes, parecia que eles rogavam até verem a presença de Jesus ali para abençoá-los. Assim desceu a bênção, a casa começou a se encher de ouvintes e foram salvas dezenas de almas, lembrou Spurgeon alguns anos depois.

Nos anos que se seguiram, o templo, antes vazio, não suportava a audiência, que chegou a dez mil pessoas, somada a assistência de todos os cultos da semana. O número de pessoas era tão grande que as ruas próximas à igreja se tomaram intransitáveis. Logo, as instalações do templo ficaram inadequadas, e, por isso, foi construído o grande Tabernáculo Metropolitano, com capacidade para 12 mil ouvintes. Mesmo assim, de três em três meses, Spurgeon pedia às pessoas, que tivessem assistido aos cultos naquele período, que se ausentassem a fim de que outros pudessem estar no templo para conhecer a Palavra.

Muitas congregações, um seminário e um orfanato foram estabelecidos. Com o passar do tempo, Charles Spurgeon se tornou uma celebridade mundial. Recebia convites para pregar em outras cidades da Inglaterra, bem como em outros países como França, Escócia, Irlanda, País de Gales e Holanda. Spurgeon levava as Boas Novas não só para as reuniões ao ar livre, mas também aos maiores edifícios de 8 a 12 vezes por semana.

Segundo uma de suas biografias, o maior auditório em que pregou continha, exatamente, 23.654 pessoas: este imenso público lotou o Crystal Palace, de Londres, no dia 7 de outubro de 1857, para ouvi-lo pregar por mais de duas horas.

Sucesso

Mais de cem anos depois de sua morte, muitos teólogos ainda tentam descobrir como Spurgeon obtinha tamanho sucesso. Uns o atribuem às suas ilustrações notáveis, a habilidade que possuía para surpreender a platéia e à forma com que encarava o sofrimento das pessoas. Entretanto, para o famoso teólogo americano Ernest W. Toucinho, autor de uma biografia sobre Spurgeon, os fatores que atraíam as multidões eram estritamente espirituais: O poder do Espírito Santo, a pregação da doutrina sã, uma experiência de religioso de primeira-mão, paixão pelas almas, devoção para a Bíblia e oração a Cristo, muita oração. Além disso, vale lembrar que todas as biografias, mesmo as mais conservadoras, narram as curas milagrosas feitas por Jesus nos cultos dirigidos pelo pregador inglês.

As pessoas que ouviam Spurgeon, naquela época, faziam considerações sobre ele que deixariam qualquer evangélico orgulhoso. O jornal The Times publicou, certa ocasião, a respeito do pastor inglês: Ele pôs velha verdade em vestido novo. Já o Daily Telegraph declarou que os segredos de Spurgeon eram o zelo, a seriedade e a coragem. Para o Daily Chronicle, Charles Spurgeon era indiferente à popularidade; um gênio, por comandar com maestria, uma audiência. O Pictorial World registrou o amor de Spurgeon pelas pessoas.

Importância

O amor de Spurgeon tinha raízes. Casou-se em 20 de setembro de 1856 com Susannah Thompson e teve dois filhos, os gêmeos não-idênticos Thomas e Charles. Fazíamos cultos domésticos sempre; quer hospedados em um rancho nas serras, quer em um suntuoso quarto de hotel na cidade. E a bendita presença do Espírito Santo, que muitos crentes dizem ser impossível alcançar, era para nós a atmosfera natural. Vivíamos e respirávamos nEle, relatou, certa vez, Susannah.

A importância de Charles Haddon Spurgeon como pregador só encontra parâmetros em seus trabalhos impressos. Spurgeon escreveu 135 livros durante 27 anos (1865-1892) e editou uma revista mensal denominada A Espada e a Espátula. Seus vários comentários bíblicos ainda são muito lidos, dentre eles: O Tesouro de Davi (sobre o livro de Salmos), Manhã e Noite (devocional) e Mateus - O Evangelho do Reino. Até o último dia de pastorado, Spurgeon batizou 14.692 pessoas. Na ocasião em que ele morreu - 11 de fevereiro de 1892 -, seis mil pessoas leram diante de seu caixão o texto de Isaías 45.22a: Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra.

Texto: Marcelo Dutra
Fonte: Revista Graça, ano 2 nº 19 – Fevereiro/2001

Arthur Walkington Pink (1886-1952)

Arthur Walkington Pink (1886-1952)

Arthur Walkington Pink (1886-1952) nasceu na Grã-Bretanha e imigrou para os Estados Unidos para estudar no Instituto Bíblico Moody. Pastoreou igrejas no Colorado, na Califórnia, no Kentucky, e na Carolina do Sul, antes de se tornar um professor itinerante da Bíblia em 1919. Ele retornou à sua terra natal em 1934, estabelecendo residência na Ilha de Lewis, na Escócia, em 1940, permanecendo lá até sua morte em 1952.

Muitos de seus trabalhos originalmente apareceram como artigos em "Estudos nas Escrituras" (Studies in Scriptures), uma revista mensal que lidava estritamente com a exposição bíblica. A revista nunca teve mais que 1.000 assinantes, mas Pink descobriu que a maioria deles eram ministros, com seus próprios rebanhos, e que passavam o que haviam aprendido da exposição de Pink em seu pastorado, dando-lhe um grande efeito de cascata. Ele apreciou este pensamento. Superficialmente o ministério de Pink e seus escritos não pareceram ser de muito efeito, pois, Pink foi virtualmente desconhecido e certamente desconsiderado em seus dias, contudo agora que já faleceu, é muito mais amplamente conhecido e lido que quando estava entre nós.

O estudo independente da Bíblia o convenceu que muito do moderno evangelismo era defeituoso e incorreto. Quando os livros puritanos e reformados foram geralmente escarnecidos como um todo pela Igreja, ele desenvolveu a maioria de seus princípios com um zelo incansável. O progressivo declínio espiritual de sua própria nação (a Grã-Bretanha) foi, para ele, uma conseqüência inevitável do predomínio de um "evangelho" que não podia nem ferir (com a convicção do pecado) nem curar (através da regeneração).

Profundo conhecedor de toda a extensão da revelação, o Pr. Pink raramente se desviou dos grandes temas das Escrituras: a graça, a justificação, e a santificação. Nossa geração tem para com ele um grande débito pela duradoura luz que irradiou, pela graça de Deus, sobre a Verdade da Bíblia Sagrada.

http://www.luz.eti.br/pink.html

George Vicesimus Wigram (1805 -1879)

George Vicesimus Wigram era o vigésimo filho de Sir Robert Wigram, um rico comerciante de Londres. É disso que resulta o seu segundo nome em latim que em português quer dizer “vigésimo”.

Ele nasceu no 1805. Enquanto ainda jovem, ingressou no exército britânico. Foi provavelmente por volta do ano de 1824 que chegou a se converter e em 1826 deixou o serviço militar, para estudar teologia no colégio “Queen’s College” em Oxford. Na sua condição de filho de um pai rico, ele teve algumas características especiais de que tomaram nota os seus colegas de estudos.

Assim ele era o único estudante que tinha como ter uma charrete fechada; por outro lado, teve o costume de esfregar um manto novo tanto tempo na parede até que tivesse aparência de usado. Também era conhecido pelo fato de possuir um coração aberto e elevadas forças intelectuais.

Na sua condição de estudante, teve contato com James Lampden Harris e Benjamin Wills Newton em Oxford, e mais tarde, no ano de 1830, também com John Nelson Darby . Mais ou menos um ano depois, George Vicesimus Wigram se separou da Igreja Anglicana e mudou-se, juntamente com B. W. Newton, para Plymouth. De sua considerável fortuna, sem mais nem menos, G. V. Wigram comprou ali uma capela, a Providence Chapel na rua Raleigh, onde então cada noite houve preleções sobre assuntos bíblicos.

Durante uma visita de John Nelson Darby, os irmãos ali começaram a partir o pão. Assim se formou ali a primeira “assembléia” na Inglaterra. Um traço bastante notável e conhecido dos crentes reunidos ali conforme os pensamentos de Deus era, que se separaram de tudo que consideraram ser mundano, seja de livros, vestimenta e móveis. Essas ofertas voluntárias foram juntadas em tal quantia que era necessário vendê-los em leilão público. O que faz esse caso de Plymouth tão impressionante é que a assembléia agia em unanimidade e também a maneira sincera e convicta em que aconteceu esse abandono do mundo.

Embora George Vicesimus Wigram passasse a maioria do tempo em Plymouth, pouco tempo depois surgiu também uma assembléia em Londres por meio dele. Naqueles anos, G. V. Wigram se dedicou principalmente a uma tarefa especial, ou seja à compilação de concordâncias bíblicas, que haviam de servir como ajuda àqueles que possuíam pouco ou nenhum conhecimento das línguas hebraica ou grega. Ele financiou esses empreendimentos de sua considerável fortuna, embora ele mesmo dissesse em grande modéstia, que “apenas passou por minhas mãos”.

No ano de 1839 foi publicada “The Englishman’s Greek Concordance of the New Testament” (“A Concordância Grega do Leitor Inglês referente ao Novo Testamento”) e em 1843 “The Englishman’s Hebrew and Chaldee Concordance of the Old Testament” (“A Concordância Hebraica e Aramaica do Leitor Inglês referente ao Antigo Testamento”). Os dois volumes, desde então, sempre têm sido republicados e foram úteis e de bênção para inúmeros estudantes das Escrituras Sagradas.

Assim essa obra de G. V. Wigram se constituiu em um serviço relevante para toda a Igreja de Deus até em nossos dias.

George Vicesimus Wigram era um fiel amigo de John Nelson Darby e seu companheiro durante muitas viagens. Na questão de Bethesda nos anos de 1845 a 1850 estava firme ao lado dele. A sua sinceridade e lealdade nunca têm sido questionadas.

Era editor da revista “The Present Testimony” (“O Testemunho Atual”) nos anos 1849 a 1873 (uma revista sucessora da primeira revista dos irmãos intitulada “The Christian Witness” — “O Testemunho Cristão”). Nela publicou diversos de seus escritos que, mais tarde, foram publicados em cinco volumes (a última edição em inglês por H. L. Heijkoop, Winschoten).

Quando por volta de 1873 o testemunho florescente das igrejas diminuiu por causa de diversas influências, ele desistiu da edição dessa revista. Sentiu que os irmãos não correspondiam mais ao chamado de Deus. Certa vez mencionou: “Nós tínhamos de reconhecer a verdade de joelhos em oração perpétua, mas hoje pode ser comprada por um preço barato”.

Já no ano de 1838 ele compilou um hinário sob o título “Hymns for the Poor of the Flock” (“Hinos para os Pobres do Rebanho”; compare Zacarias 11:7). Pelo fato de circular também outros hinários, George Vicesimus Wigram recebeu em 1856 o convite de se ocupar detalhadamente com esse assunto. Disso surgiu um novo hinário sob o título “A Few Hymns and Some Spiritual Songs Selected 1856” (“Alguns Hinos e Cânticos Espirituais Selecionados 1856”). Esse, então, foi usado de forma geral até que, em 1881, sob liderança de John Nelson Darby , foi revisado e ampliado mais uma vez. De forma modificada esse hinário ainda hoje está sendo usado nos países de fala inglesa.

Alguns hinos bonitos contidos nele são de autoria de G. V. Wigram. Durante o tempo por volta de 1850, George Vicesimus Wigram visitava os grupos de crentes que haviam surgido em decorrência do trabalho de William Darby e Julius Anton von Poseck na Renânia (região na Alemanha) em diversas localidades (Benrath, Hilden, Haan, Ohligs, Rheydt e Kettwig).

Também fazia visitas mais prolongadas nos últimos anos de sua vida na Nova Zelândia, nas ilhas do Caribe etc. Por todos os lados o seu ministério foi bastante apreciado. Sempre era seu alvo servir somente a Cristo. No dia 1 dejaneiro de 1879 o Senhor o tomou para consigo.

Julius Anton von Poseck (1816 - 1896)

Julius Anton Eugen von Poseck (* 2. September 1816 in Zirkwitz in Pommern; † 6. Juni 1896 in Lewisham bei London) war evangelischer Theologe.

Er stammt aus einer alten sächsischen Adelsfamilie. Seine Eltern zogen schon bald nach seiner Geburt nach Westfalen um, und erzogen ihren Sohn katholisch.

Nach dem Besuch des Gymnasiums in Duisburg studierte Julius Anton Eugen von Poseck zunächst ab 1836 katholische Theologie in Münster, aber ab 1838 Rechtswissenschaften.

1843 wurde er Referendar bei der Düsseldorfer Regierung. 1848 kam er zur Bekehrung. In Düsseldorf lernte er John Nelson Darbys Schriften ebenso kennen wie dessen Bruder William Darby. 1854 zog er nach Barmen wo er auch zusammen mit Carl Brockhaus und John Nelson Darby an der Übersetzung der Elberfelder Bibel beteiligt war. Im Jahre 1856 ging er nach Hilden und 1857 nach England, wo er schließlich heiratete und als Sprachgelehrter tätig war und auch einige Bücher herausgab.

Von Poseck ist der Verfasser des bekannten Liedes „Auf dem Lamm ruht meine Seele“. Nach den Lebenserinnerungen von Else Zint geb. Trappmann (1908–1977) soll dieses Lied am Krankenbett ihrer Urgroßmutter Henriette Trappmann geb. Gördts (1836–1900, in der Sterbeurkunde als „Dissidentin“ bezeichnet) auf Gut Winkelsen in Mettmann entstanden sein, als von Poseck eine Nacht bei ihr wachte.

James Arminius (1560-1609)

(H. C. Rogge, em The New Schaff-Herzog Encyclopedia Of Religious Knowledge, Vol I, Editado por Samuel Macauley Jackson)

 ARMINIUS, JACÓ (Jakob Hermanss): Um teólogo holandês. Arminius nasceu em Oudewater (18 m. em direção ao leste e nordeste de Roterdã) em 10 de outubro de 1560 e morreu em Leiden em 19 de outubro de 1609. Após a morte prematura de seu pai ele foi morar com Rudolphus Snellius, professor em Marburg. Em 1576 retornou para casa e estudou teologia em Leiden sob Lambertus Danæus. Aqui ele passou seis anos, até que recebeu autorização dos burgomestres de Amsterdã para continuar seus estudos em Genebra e Basel sob Beza e Grynæus. Ele fez preleções sobre a filosofia de Petrus Ramus e a Epístola aos Romanos. Sendo chamado de volta pelo governo de Amsterdã, em 1588 ele foi nomeado pregador da congregação reformada. Durante os quinze anos que passou aqui, ele obteve o respeito de todos, mas suas concepções sofreram uma mudança. Sua exposição de Rm 7 e 9 e seu pronunciamento sobre a eleição e reprovação foram considerados ofensas. Seu colega, erudito mas irascível, Petrus Plancius se opôs a ele em particular. Disputas surgiram no consistório, que temporariamente foram impedidas pelos burgomestres.

Arminius foi suspeito de heresia porque considerava o consentimento com os livros simbólicos como não unificadores e estava pronto a conceder ao Estado mais poder nas questões eclesiásticas do que os rígidos calvinistas gostariam de admitir. Quando dois dos professores da Universidade de Leiden, Junius e Trelcatius, morreram (1602), os administradores chamaram Arminius; e Franciscus Gomarus, o único professor de teologia vivo, protestou, mas ficou satisfeito após uma entrevista com Arminius. O último assumiu suas obrigações em 1603 com um discurso sobre o ofício sumo sacerdotal de Cristo, e se tornou doutor em teologia. Mas as disputas dogmáticas foram renovadas quando Arminius realizou palestras públicas sobre a predestinação. Gomarus se opôs a ele e publicou outras teses. Sucedeu uma grande agitação na universidade e os estudantes foram divididos em dois partidos. Os ministros de Leiden e de outros locais participaram da controvérsia, que se tornou geral. Os calvinistas queriam que a questão fosse decidida por um sínodo geral, mas os Estados Gerais não queriam fazê-lo. Oldenbarneveldt, o estadista liberal holandês, deu em 1608 a ambos os oponentes oportunidade para defender suas opiniões diante da suprema corte, e o veredicto pronunciado foi que, visto que a controvérsia não tinha qualquer relação com os pontos principais relativos à salvação, cada um deveria ser indulgente com o outro. Mas Gomarus não se renderia. Até os Estados da Holanda tentaram realizar uma reconciliação entre os dois, e em agosto de 1609, ambos os professores e quatro ministros foram convidados para fazer novas negociações. As deliberações foram primeiro mantidas oralmente, sendo depois continuada por escrito, mas foram encerradas em outubro com a morte de Arminius.

Em suas Disputationes, que foram parcialmente publicadas durante sua vida, parcialmente após sua morte, e que incluíam toda a seção de teologia, assim como em alguns discursos e outros escritos, Arminius clara e diretamente definiu sua posição e expressou sua convicção. No geral estes escritos são um belo testemunho de sua erudição e sagacidade. A doutrina da predestinação pertencia aos ensinos fundamentais da Igreja Reformada; mas a concepção dela afirmada por Calvino e seus partidários, Arminius não poderia adotar como sua. Ele não queria seguir um desenvolvimento doutrinário que tornava Deus o autor do pecado e da condenação dos homens. Ele ensinava a predestinação condicional e atribuiu mais importância à fé. Ele não negava nem a onipotência de Deus nem sua livre graça, mas ele considerava que era seu dever preservar a honra de Deus, e enfatizar, baseado nas claras expressões da Bíblia, o livre-arbítrio do homem bem como a verdade da doutrina do pecado. Nestas coisas ele estava mais do lado de Lutero do que de Calvino e Beza, mas não pode ser negado que ele expressou outras opiniões que foram vigorosamente contestadas como sendo afastamentos da confissão e do catecismo. Seus seguidores expressaram suas convicções nos famosos cinco artigos que eles apresentaram diante dos Estados como sua justificação. Chamados de remonstrantes, por causa destas Remonstrantiæ, eles sempre se recusaram a ser chamados de arminianos.

Tradução: Paulo Cesar Antunes

Simon Episcopius (1583-1643)

 EPISCOPIUS, (Simon,) cujo nome verdadeiro era Bisscop, nasceu em Amsterdã em 1583. Após passar por escolas de latim em Amsterdã, foi, em 1602, estudar em Leiden, onde conheceu Arminius pessoalmente, e absorveu suas opiniões. Ele tratou desse teólogo em sua extrema doença, e teve muitas reuniões com ele sobre religião e o estado da Igreja. Foi ordenado na Holanda em 1610, e se tornou ministro de uma povoação perto de Roterdã. Foi um dos deputados na reunião realizada em Haia em 1611 diante dos estados da Holanda entre seis ministros remonstrantes ou arminianos e seis ministros anti-remonstrantes. Em 1612 foi escolhido professor de teologia em Leiden no lugar de Gomarus. O partido arminiano, do qual ele agora era considerado como o dirigente, era impopular tanto com as autoridades eclesiásticas como as civis, e também com o povo. Os ministros que seguiam suas opiniões enfrentavam o desalento de seus irmãos e do governo, e ocasionalmente suas vidas estavam em perigo por causa da fúria popular. O sínodo de Dort, em 1618, recusou tolerar uma associação com os arminianos, expulsou-os da assembléia, destituiu-os de suas funções, e fez com que fossem banidos dos territórios da nação. Episcopius foi para Antuérpia, e mais tarde para a França; mas em 1626, estando os tempos mais favoráveis, retornou para a Holanda, se tornou ministro da igreja remonstrante em Roterdã, e, em 1634, reitor da universidade remonstrante em Amsterdã, em cujo cargo permaneceu até sua morte. Morreu em 1643. Sua vida foi publicada por Limborch em Amsterdã em 1701, e é uma obra de grande interesse. Foi ele quem primeiro sistematizou, sob um sistema uniforme, as opiniões de Arminius, e sua erudição e talento lhe concedeu um lugar próximo ao de fundador do grupo. Ele escreveu muitas obras sobre a diferença entre os arminianos e os calvinistas, e entre os protestantes e a igreja romana. Suas obras foram reunidas e publicadas em Amsterdã, 1665-1671, e em Leiden em 1678.

Hugh James Rose, em A New General Biographical Dictionary, Vol VII, p. 243-4.

1643. Ano da morte de SIMON EPISCOPIUS, um hábil teólogo holandês. Ele adotou as doutrinas de Arminius em relação à predestinação, o que o expôs a muita perseguição e censura, e finalmente levou ao seu banimento da nação: mais tarde recebeu permissão para retornar, e se tornou ministro da igreja remonstrante. Sua morte, acontecendo no momento de um eclipse lunar, foi considerada como um símbolo da partida do mais brilhante ornamento da igreja.

Joel Munsell, em The Every Day Book of History and Chronology, p. 133.

Tradução: Paulo Cesar Antunes

Philipp Van Limborch (1633-1712)


 PHILIPP VAN LIMBORCH (1633-1712), teólogo remonstrante holandês, nascido em 19 de junho de 1633, em Amsterdã, onde seu pai foi advogado. Recebeu sua educação em Utrecht, em Leiden, em sua cidade natal, e finalmente na Universidade de Utrecht, na qual entrou em 1652. Em 1657 tornou-se pastor remonstrante em Gouda, e em 1667 mudou-se para Amsterdã, onde, no ano seguinte, o ofício de professor de teologia no seminário remonstrante foi acrescentado ao seu cargo pastoral. Foi amigo de John Locke. Morreu em Amsterdã no dia 30 de abril de 1712.

Sua obra mais importante, Institutiones theologiae christianae, ad praxin pietatis et promotionem pacis f'christianae unite directae (Amsterdã, 1686, 5a edição, 1735), é uma exposição completa e clara do sistema de Simon Episcopius e Stephan Curcellaeus. A quarta edição (1715) incluía um “Relatio historica de origine et progressu controversiarum in foederato Belgio de praedestinatione” póstumo. Limborch também escreveu De veritate religionis Christianae amica collatio cum erudito Judaeo (Gouda, 1687); Historia Inquisitionis (1692), em quatro livros prefixados ao “Liber Sententiarum Inquisitionis Tolosanae” (1307-1323); e Commentarius in Acta Apostolorum et in Epistolas ad Romanos et ad Hebraeos (Roterdã, 1711). Suas obras editoriais incluíam a publicação de vários trabalhos de seus precedessores, e da Epistolae ecclesiasticae praestantium ac eruditorum virorum (Amsterdã, 1684), principalmente por Jakobus Arminius, Joannes Uytenbogardus, Konrad Vorstius (1569-1622), Gerhard Vossius (1577-1649), Hugo Grotius, Simon Episcopius (tio de seu pai) e Gaspar Barlaeus; eles são de grande valor para a história do Arminianismo. Uma tradução inglesa da Theologia foi publicada em 1702 por William Jones (A Complete System or Body of Divinity, both Speculative and Practical, founded on Scripture and Reason, Londres, 1702); e uma tradução da Historia Inquisitionis, por Samuel Chandler, com “uma grande introdução sobre o crescimento e progresso da perseguição e suas causas reais e simuladas” prefixada, apareceu em 1731. Veja Herzog-Hauck, Realencyklopeidie.

Fonte: Enciclopédia Britânica

John Hales (1584-1656)

Teólogo, nascido em Bath, e educado lá e em Oxford, se tornou um dos melhores eruditos do grego de sua época, e deu palestras sobre essa língua em Oxford. Em 1616 ele acompanhou o embaixador inglês a Haia na qualidade de capelão, e esteve presente no Sínodo de Dort, onde ele se converteu do Calvinismo para o Arminianismo. Amante da tranqüilidade e da erudição, ele rejeitou todo cargo eclesiástico alto e de responsabilidade, e escolheu e conseguiu isolamento para dedicar-se aos estudos em uma Sociedade de Eton, da qual seus amigos Sir Henry Savile e Sir Henry Wotton foram sucessivamente dirigentes. Um tratado sobre Schism and Schismatics (1636?) causou ofensa a Laud, mas Hales se defendeu tão bem que Laud fez dele Prebendado de Windsor. Recusando reconhecer o Estado Democrático, ele foi deposto, caiu na pobreza, e teve que vender sua biblioteca. Após sua morte seus escritos foram publicados em 1659 como The Golden Remains of the Ever-Memorable Mr. John Hales of Eton College.

John W. Cousin, A Short Biographical Dictionary of English Literature, p. 173.

O sempre memorável John Hales, professor de grego na Universidade de Oxford, e posteriormente Membro do Eton College, por causa de sua vasta erudição, chamado de “A Biblioteca Ambulante,” foi considerado como um dos maiores eruditos na Europa. Estando ao serviço de Tiago I no Sínodo de Dort, ele compôs, numa série de cartas, uma narrativa regular e muito fiel da conduta daquela assembléia. Obrigado a vender sua muito valorosa coleção de livros a um preço baixo, morreu em extrema miséria, em 19 de maio de 1656, com a idade de 72 anos.

Izaak Walton, The Lives of Donne, Wotton, Hooker, Herbert, and Sanderson, Vol I, pg. 206.

(…) Um dos mais notáveis incidentes na vida de Hales, foi sua presença no famoso Sínodo de Dort, em 1618. Ele partiu para a Holanda na qualidade de capelão para o Sir Dudley Carlton, embaixador naquele país, e através de sua influência foi apresentado a Bogerman, presidente do Sínodo e conseguiu admissão em todas as reuniões públicas daquele grupo. Ele foi um observador crítico do que passou lá, e escreveu quase todo dia a Sir Dudley, descrevendo detalhadamente a conduta, e observando desembaraçadamente os propósitos e ações dos principais protagonistas. Estas cartas ainda existem e foram publicadas nas obras do autor. Eles estão escritas em um espírito franco e moderado, mas elas também muitas vezes denunciam uma repressão da parte do autor, uma cautela que o assunto não merecia, e uma evidente disposição para esconder coisas desagradáveis, e expor o lado mais belo de uma narrativa, que em seus completos e verdadeiros aspectos poderiam desacreditar a causa da religião, ou a moderação e o bom senso dos teólogos reunidos.


Deve ser lembrado, entretanto, que Hales foi para o Sínodo com fortes predileções calvinistas, e igualmente fortes preconceitos contra os remonstrantes, e sob estas circunstâncias, era natural que o mau tratamento recebido por Episcopius e seus amigos não aparecessem claramente como de outra forma ele teria feito. Mas apesar de suas impressões dos eventos passados, conforme expressas em suas cartas, seu pensamento foi completamente mudado no final. Calvinista ele foi para o Sínodo; arminiano ele o deixou, como ele mais tarde admitiu.


A eloqüente e fervorosa maneira com que Episcopius defendeu sua causa, diante de uma maioria impaciente e dominadora, seu modo claro e compreensível de interpretar as Escrituras, sua afirmação resoluta do direito e liberdade cristãos, seu comportamento sério e a força de seu raciocínio, causaram uma profunda impressão na mente de Hales, uma impressão que jamais foi apagada. Ele estudou os princípios dos arminianos, foi convencido de sua verdade geral, e permaneceu firme nesta persuasão pelo resto de sua vida. A singular e repreensível conduta do Sínodo, em expulsar os remonstrantes, é bem descrita por Balcanqual, o membro presente da igreja escocesa. Escrevendo na época sobre este assunto de Dort, ele diz,

“A confusão aqui para lidar com os negócios é muito grande, eles não sabem como expor qualquer coisa para a delegação para chegar a um acordo, e então a propõem ao Sínodo para ser aprovada ou desaprovada, o que tem sido o costume observado em todos os concílios e sínodos; mas nada é conhecido até que seja proposto no Sínodo, e então há quase tantas vozes quanto cabeças.”

O membro escocês então continua e fala da maneira na qual os remonstrantes foram expulsos do Sínodo, por um voto parcial e injusto, pelo qual ele chama “os últimos atos de sua incrível obstinação,” (que quer dizer sua determinação de reivindicar privilégios iguais aos outros membros da assembléia, e não submeterem a tentativa de catequisá-los para o outro partido,) depois do que ele acrescenta,

“eles foram convocados, e expulsos com um discurso vigoroso, como eu não duvido que vossa senhoria ouviu com muita tristeza; afirmo que fico muito angustiado quando penso nisso; pois se os remonstrantes dissessem que o presidente pronunciasse uma sentença, que não fosse a sentença do Sínodo, eles não deviam ficar prostrados.”

Esta é uma linguagem expressiva e mostra o espírito com o qual os membros líderes daquele famoso grupo foram induzidos. Os remonstrantes, ou arminianos, desejavam reunir com seus oponentes em condições iguais, ou seja, entrar em uma mútua discussão dos pontos de diferença; isto lhes foi negado; os supostos artigos de sua fé foram compostos na forma de acusações, e eles foram chamados para reconhecê-los ou rejeitá-los na mesma hora. As perguntas eram colocadas em seqüência, e respostas diretas eram exigidas sem permiti-los por sua vez fazer perguntas similares nem exigir respostas similares.


Por causa deste injusto procedimento eles estavam justamente indignantes; eles não foram lá para ser catequisados por uma maioria ardilosa, mas para manter um dever nobre ao expressar e defender seus entendimentos que eles estavam dispostos a ponderar, mas não confessar ser um crime crer no que julgavam ser a verdade; eles queriam argumentar sobre as doutrinas disputadas, exercer tolerância mútua e mostrar as bases de sua fé a partir das Escrituras, mas não estavam preparados para submeterem-se mansamente à ordem de pessoas que não tinham nenhuma autoridade sobre eles.


Estes termos eram bem vigorosos e muito escrupulosamente equilibrados nas escalas da eqüidade, para causar dano ao partido oposto; eles motivaram a censura de “incrível obstinação,” e finalmente a expulsão dos remonstrantes do Sínodo. Jubilosamente livre desta importunação, tudo fluiu calmamente até o final da sessão, e foi solenemente votado e registrado no Sínodo de Dort, como todo o mundo sabe, que a predestinação e os outros cinco pontos do Calvinismo deveriam ser os principais pilares do sistema cristão. (...)

Jared Sparks, A Collection of Essays and Tracts in Theology, from Various Authors, with Biographical and Critical Notices, Vol V, pp. 6-10.

Tradução: Paulo Cesar Antunes

David Martyn Lloyd-Jones (1899-1981)


Nascido em Cardiff, Gales do Sul, em 20 de dezembro de 1899, Martyn Lloyd-Jones gastou a maior parte da sua infância na rural Cardingshire, em Llangeitho. Em 1914 sua família se mudou para Londres e ele concluiu sua educação escolar na Escola de Gramática de St. Marylebone. Ingressou no Hospital de Bart com a idade de somente 16 anos. Ele foi bem sucedido em seus exames, mas, por ser tão jovem, teve que esperar para conseguir seu Mestrado (MD). Nessa ocasião, já estava no Harley Street como principal assistente clínico de Sir Thomas Horder, um dos melhores e mais famosos doutores da sua época. Ele vislumbrava um futuro brilhante e lucrativo como um destacado médico. Então, algo aconteceu.

Ele serviu à Igreja do Movimento Avançado Belém, em Sandfields, Abevaron, até janeiro de 1938, e viu um crescente número entre a classe trabalhadora do Sul de Gales convertido e transformado.

O evangélico com, talvez, o maior destaque nacional nos anos trinta era G. Campbell Morgan, ministro da Capela de Westminster. Quando ouviu Martyn Lloyd-Jones, ele quis tê-lo como colega e sucessor em 1938. Mas isso não era fácil, pois também havia uma proposta de que ele fosse indicado como Diretor da Faculdade Teológica em Bala; e o clamor do País de Gales e do treinamento de uma nova geração de ministros para o País de Gales era forte. Enfim, o chamado da Capela de Westminster prevaleceu e a família Lloyd-Jones foi para Londres em abril de 1939. Ele começou seu ministério lá, em caráter temporário, em setembro de 1938 o mês da crise de Munique.

Na sua abordagem para o trabalho do púlpito, o Dr. LLoyd-Jones seguiu um método muito claro e distinto. Ele cria em se trabalhar firmemente através de um livro da Bíblia, tomando um verso ou uma parte de um verso por vez, mostrando o que ele ensinava, como aquilo se harmonizava com o ensino do assunto em outros partes da Bíblia, como o ensino todo era relevante para os problemas da nossa época e como o ensino todo se contrastava com os pontos de vista contemporâneos vigentes.

Ele se conservava retraído, como pano de fundo, e tentava mostrar para sua congregação a mente e a palavra de Deus, deixando que a mensagem da Bíblia falasse por si mesma. Sua pregação expositiva tinha como objetivo deixar que Deus falasse o mais diretamente possível ao homem que estava no banco para que ele sentisse o pleno peso da autoridade divina. Ele também procurava minimizar a intervenção do pregador e a diluição da mensagem direta e autoritativa pela intrusão e distração humana.

Seu estilo consistia de uma habilidosa diagnose clínica, analisando a perspectiva mundana, mostrando sua futilidade ao tratar do poder e da persistência do mal, e contrastando-a com a perspectiva cristã, sua lógica, seu realismo e seu poder. Ele tinha a habilidade de vestir sua análise clínica com uma linguagem viva e convincente, de tal maneira que ela ficava grudada na mente. Ele poderia falar duramente sobre as tolices do mundo e dar uma visão contrastante da sabedoria e do poder de Deus de uma tal maneira que provocava uma forte reação por parte da sua audiência. As pessoas se retiravam determinadas a nunca mais voltar; contudo, apesar de si mesmas, elas voltavam para os bancos no domingo seguinte até que, incapazes de continuar resistindo à mensagem, elas se tornavam cristãs.

Depois da guerra, a sua congregação cresceu rapidamente. Em 1947, as galerias foram abertas e de 1948 até 1968, quando ele se aposentou, a congregação tinha uma freqüência média de talvez 1500 aos domingos pela manhã e 2000 à noite.

No começo da guerra o Dr. Lloyd-Jones tinha se tornado presidente das Uniões Evangélicas de Comunhão Universitária e estava profundamente envolvido em aconselhar e guiar seu fundador e secretário geral, Dr. Douglas Johnson se reuniram com os líderes dos movimentos em outros países e formaram a Comunidade Internacional dos Estudantes Evangélicos (aqui no Brasil conhecida como ABU - N. do T.).

Tanto os movimentos britânicos como internacional têm crescido grandemente e ambos devem uma boa parte ao Doutor, por sua influência formativa e por seu serviço por diversos períodos. Ele os encorajava a somar à sua piedade e evangelismo uma sólida estrutura de ensino doutrinário sadio.

O Doutor se tornou amigo e conselheiro de muitos. Na sua própria amada Gales, depois da guerra, ele encorajou um corpo de jovens ministros e seus trabalhos levaram ao surgimento do “Movimento Evangélico de Gales”. A “Comunhão de Westminster” de ministros era muito querida ao seu coração, como também era o trabalho do Concílio Evangélico Britânico, a Biblioteca Evangélica (na qual ele serviu como presidente), e a “Conferência de Westminster”. Ele também foi instrumento no estabelecimento do Seminário Teológico de Londres.

Logo no início de 1968, aos 68 anos, Dr. Lloyd-Jones se submeteu a uma operação e, apesar de ter se recuperado completamente, ele decidiu que o tempo de se aposentar tinha chegado, depois de 30 anos de Westminster.

O resultado mais duradouro dos seus anos restantes foi o tempo que ele teve para verter seus sermões na forma de livros. Ele já tinha publicado alguns pequenos livros tais como Por que Deus Permite a Guerra? e Depressão Espiritual. O primeiro dos livros maiores foram os dois volumes dos Estudos no Sermão do Monte. Depois de 1968 ele começou a publicar duas séries, em Efésios e em Romanos, produzindo um ou dois livros por ano, principalmente através da Banner of Truth Trust. Em 1979 a enfermidade voltou e ele teve de cancelar todos os compromissos até a primavera de 1980. Seu último sermão foi pregado em 08 de junho de 1980, na inauguração da nova capela em Barcombe, East Sussex. Ele morreu na madrugada de domingo de 01 de março de 1981, tendo dito para a sua família: “Não orem por cura, não tentem me impedir de ir para a glória”. 1.000 pessoas foram ao culto fúnebre em Newcastle Emlyn, em 06 de março. Um culto de ação de graças igualmente comovente e triunfante foi ministrado na capela de Westminster, em 06 de abril. Sua voz ainda fala poderosamente nos seus muitos livros expositivos e nas gravações agora acessíveis dos muitos dos seus principais sermões.

Fonte: Jornal Os Puritanos, Ano II - Número 2 - Abril/1993.

George Campbell Morgan (1863 - 1945)

George Campbell Morgan nació el 9 de diciembre de 1863, en una granja de Tetbury, Gloucestershire, Inglaterra. Fue hijo de un piadoso ministro bautista de tradición puritana. Su casa trasuntaba verdadera piedad.

Morgan fue un niño enfermizo, incapaz de asistir a la escuela, por lo que tuvo que ser enseñado en casa. El resultado fue una sólida inclinación por el estudio que llevó durante toda su vida. Recluido en casa por largos períodos, solía entretenerse predicando a las muñecas de sus hermanas.
Cuando Morgan tenía 10 años de edad, el evangelista norteamericano D. L. Moody fue por primera vez a Inglaterra, y el efecto de su ministerio, más la dedicación de sus padres, dejó tal impresión en la vida del joven Morgan, que a los 13 años predicó su primer sermón. Dos años después, él ya predicaba regularmente en capillas rurales los domingos y festivos.

Sin embargo, a los 19 años, su mente se entrampó en las teorías del materialismo. Estudió filosofía, y mientras más leía, más preocupado se tornaba. Dejó su Biblia cerrada durante dos años en lo que él llamó el «eclipse» de su fe. Cuando llegó a los 21 años, estaba lleno de dudas. Entonces guardó con llave sus libros filosóficos en un armario, se compró una nueva Biblia y la leyó de principio a fin. Recordando esos años caóticos, Morgan escribió después: «La única esperanza para mí fue la Biblia... Dejé de leer libros sobre la Biblia y empecé a leer la Biblia misma. Allí vi la luz y fui devuelto al camino». Durante los siete años siguientes, él leyó sólo la Biblia, en total, más de 50 veces.

Entre 1883 y 1886, él enseñó en una escuela judía en Birmingham, de cuyo director, un rabino, aprendió a valorar la herencia de Israel.

Morgan trabajó con D. L. Moody y Sankey en su recorrido evangelístico por Gran Bretaña en 1883. En 1886, a los 23 años, dejó su profesión de maestro, y se consagró a tiempo completo al ministerio de la Palabra.
Pronto su reputación como predicador y expositor de la Biblia abarcó Inglaterra y se extendió a los Estados Unidos.
Fue ordenado como ministro congrega-cional en 1890, habiendo sido rechazado dos años antes por el Ejército de Salvación y por los metodistas wesleyanos, en su sermón de prueba. ¡Esta parece ser la suerte de muchos hombres de Dios, ser reprobados por los hombres, para ser vindicados después por Dios mismo!

En 1896, D. L. Moody lo invitó a dar una conferencia a los estudiantes del Instituto Bíblico Moody, en Estados Unidos. Ésta fue la primera de sus 54 travesías por el Atlántico para ministrar la Palabra. Tras la muerte de Moody en 1899, Morgan asumió el cargo de director de la Conferencia Bíblica de Northfield, que aquél había dirigido por muchos años. Los miles de convertidos por el ministerio de Moody necesitaban un maestro de la Biblia para fortalecer y profundizar su fe. Campbell Morgan llegó a ser ese maestro.

El método de Morgan era orar, a menudo brevemente, y luego estudiar la Escritura misma –tomándola en su pleno contexto– antes de iniciar los comentarios. Él nunca usó la pluma para hacer ninguna anotación sobre alguno de los libros de la Biblia antes de leerlo por lo menos 50 veces. Esto daba a su trabajo una extraordinaria frescura e inspiración. Él rara vez citaba a otros maestros de la Biblia, ni dependía de la luz que otros recibieron. Sus exposiciones bíblicas aun hoy resultan tan motivadoras e inspi-radoras, que uno no puede sino maravillarse de la luz que Morgan recibió de la Palabra.

En 1904, Campbell Morgan asumió la dirección de la congregación de la famosa Capilla de Westminster, conocida como «el bastión del no-conformismo» en Londres. La congregación estaba de capa caída por ese tiempo, y añoraba los viejos y dorados tiempos de Samuel Martin, quien la había pastoreado entre los años 1842 y 1878. El profundo conocimiento bíblico, y la presencia imponente de Campbell Morgan, además de su correctísima dicción, le hicieron muy pronto conocido. La Capilla de Westminster revivió. Pronto instituyó una escuela bíblica nocturna los viernes, que más tarde llegó a ser la Escuela de Teología de la Capilla de Westminster.

Poco después, Morgan estableció la Conferencia Bíblica Mundesley, una versión inglesa de la Northfield de Moody, que reunía anualmente a eminentes ministros y obreros cristianos de varias corrientes denominacionales y países. Mundesley llegó a ser una parte vital de la Capilla de Westminster.
Tras un largo pastorado, se retiró en 1916, debido a una debilitadora enfermedad, convirtiéndose luego en un predicador itinerante. En 1919 y 1932 realizó amplias giras evangelísticas y de predicación en Estados Unidos. Muchos miles de personas le oyeron predicar en casi cada estado y en Canadá. Durante un año (1927-1928) sirvió en la facultad del Instituto Bíblico de Los Angeles, y durante un año (1930-1931) fue un expositor de la Biblia en la Universidad de Gordon de Teología y Misiones en Boston. Entre 1929 y 1932 fue pastor de la Iglesia del Tabernáculo Presbiteriano en Filadelfia, Pennsylvania.

El atractivo de Morgan era asombroso. A menudo cuando él hablaba, las muchedumbres eran tan grandes que era necesario el control policial.
F. B. Meyer cuenta que cierta vez él compartió el púlpito con Campbell Morgan en la Conferencia de Northfield, y que la gente llegaba en tropel a escuchar las brillantes exposiciones de éste sobre las Escrituras. Meyer confesaría después que al principio tuvo envidia, pero luego encontró un maravilloso remedio: «La única manera por la cual yo pude conquistar mis emociones fue orando por Morgan cada día».
Más tarde, en 1933, Morgan habría de reasumir el pastorado de Westminster hasta el año 1943. Su vida terrenal de testimonio y servicio concluyó en mayo de 1945.
Un rico legado para la Iglesia

Campbell Morgan fue, durante toda su vida, fiel a su vocación: «Sólo hay una cosa que quiero hacer y no puedo evitarlo: predicar», solía decir. Expositivo en sus sermones, siempre se ciñó al texto bíblico y a él apeló en primera y última instancia.
Fue, además, un prolífico pero profundo de libros, folletos, tratados y artículos. Entre sus libros publicados en inglés se destacan: «Las Parábolas del Reino», los once volúmenes del «Púlpito de Westminster», «La Biblia analizada», en diez volúmenes, y «Una Exposición Completa de la Biblia».

En español se han publicado: «Principios básicos de la vida cristiana», «Profetas menores», «El discipulado cristiano», «Las enseñanzas de Cristo», «El Espíritu de Dios», «Evangelismo»; «El ministerio de la predicación», «Pedro y la Iglesia», «La perfecta voluntad de Dios», «El plan de Dios para las edades», «Principios básicos de la vida cristiana», «Los triunfos de la fe», y «El último mensaje de Dios al hombre», por la editorial CLIE, de España; y «Las cartas de nuestro Señor», «Jesús responde a Job», «El corazón de Dios: Oseas», «Grandes capítulos de la Biblia» (dos volúmenes), «¡Me han defraudado!: Malaquías», «Las Crisis de Cristo» (dos volúmenes), por la Editorial Hebrón, de Argentina.
Aunque no pueda atribuirse a G. Campbell Morgan la apertura de grandes verdades bíblicas, como hicieron otros grandes siervos de Dios, él expuso la Biblia con luz fresca y con una expresión muy peculiar.
Gracias a su inspiradora y vigorosa predicación, Morgan atrajo a miles a amar la Biblia a través de sus mensajes, y sus libros de reflexiones bíblicas son populares entre los buscadores del Señor aún en nuestros días. Los escritos de Campbell Morgan tienen una profunda visión, son únicos e incomparables en expresividad. El Señor Jesús le dio una revelación especial para traer al pueblo de Dios a la comunión con Él, siendo nutrido e iluminado a través de un conocimiento espiritual de la Biblia.