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24 janeiro 2007

Martin Luther King (1929-1968)

Martin Luther King nasceu em 15 de janeiro de 1929 em Atlanta na Georgia, filho primogênito de uma família de negros norte-americanos de classe média. Seu pai era pastor batista e sua mãe era professora.

Com 19 anos de idade Luther King se tornou pastor batista e mais tarde se formou teólogo no Seminário de Crozer. Também fez pós-graduação na universidade de Boston, onde conheceu Coretta Scott, uma estudante de música com quem se casou.

Em seus estudos se dedicou aos temas de filosofia de protesto não violento, inspirando-se nas idéias do indu Mohandas K. Gandhi.

Em 1954 tornou-se pastor da igreja batista de Montgomery, Alabama. Em 1955, houve um boicote ao transporte da cidade como forma de protesto a um ato discriminatório a uma passageira negra, Luther King como presidente da Associação de Melhoramento de Montgomery, organizou o movimento, que durou um ano, King teve sua casa bombardeada. Foi assim que ele iniciou a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos.

Em 1957 Luther King ajuda a fundar a Conferência da Liderança Cristã no Sul (SCLC), uma organização de igrejas e sacerdotes negros. King tornou-se o líder da organização, que tinha como objetivo acabar com as leis de segregação por meio de manifestações e boicotes pacíficos.

Vai a Índia em 1959 estudar mais sobre as formas de protesto pacífico de Gandhi.

No início da década de 1960, King liderou uma série de protestos em diversas idades norte-americanas. Ele organizou manifestações para protestar contra a segregação racial em hotéis, restaurantes e outros lugares públicos. Durante uma manifestação, King foi preso, tendo sido acusado de causar desordem pública.

Em 1963 liderou um movimento massivo, "A Marcha para Washington", pelos direitos civis no Alabama, organizando campanhas por eleitores negros, foi um protesto que contou com a participação de mais de 200.000 pessoas que se manifestaram em prol dos direitos civis de todos os cidadãos dos Estados Unidos. A não-violência tornou-se sua maneira de demonstrar resistência. Foi novamente preso diversas vezes. Neste mesmo ano liderou a histórica passeata em Washington onde proferiu seu famoso discurso "I have a dream" ("Eu tenho um sonho"). Em 1964 foi premiado com o Nobel da Paz.

Os movimentos continuaram, em 1965 ele liderou uma nova marcha. Uma das conseqüências dessa marcha foi a aprovação da Lei dos Direitos de Voto de 1965 que abolia o uso de exames que visavam impedir a população negra de votar.

Em 1967 King uniu-se ao Movimento pela Paz no Vietnam, o que causou um impacto negativo entre os negros. Outros líderes negros não concordaram com esta mudança de prioridades dos direitos civis para o movimento pela paz.

Em 4 de abril de 1968 King foi baleado e morto em Memphis, Tenessee, por um branco que foi preso e condenado a 99 anos de prisão.

Em 1983, a terceira segunda-feira do mês de janeiro foi decretada feriado nacional em homenagem ao aniversário de Martin Luther King Jr.'s.

Fonte: http://www.lutherking.hpgvip.ig.com.br/biografia.html

03 agosto 2006

Fanny Crosby (1820-1915)

Cega desde criança, Fanny Crosby tornou-se a maior autora de hinos sacros de toda a História.


A vida da poetisa e compositora Fanny Jane Crosby (1820-1915) é tão impressionante quanto à qualidade e quantidade de seus hinos. Ao todo são quase nove mil hinos que incentivam a mudança de vida de pecadores, encorajam cristãos e inspiram toda a humanidade até os dias de hoje. É difícil ficar passível diante da força das palavras do hino 15 do tradicional Cantor Cristão, cujo título é Exultação
A Deus demos glória, com grande fervor,
Seu Filho bendito por nós todos deu
A graça concede ao mais vil pecador,
abrindo-lhe a porta de entrada no céus
Exultai, exultai, vinde todos louvar
a Jesus, Salvador, a Jesus redentor
a Deus demos gloria, porquanto do céu,
Seu filho bendito, por nós todos deu!
A beleza e o poder contidos nesses versos surpreendem ainda mais por terem sido escritos por uma mulher que ficou cega com apenas seis semanas de vida. Sua vida foi a prova de que dificuldade alguma pode conter a unção de Deus, nem mesmo tirar o prazer de um dos servos. Em outro de seus mais famosos e belos cânticos, intitulado Segurança, ela escreveu:
Vivo
feliz, pois sou de Jesus,
e já desfruto o gozo da luz [...]
Canta minha alma,
canta ao Senhor,
rende-lhe sempre ardente
louvor.
Outra curiosidade na vida da maior autora de hinos da história da musica sacra é o fato de ela ter escrito seu primeiro cântico aos 44 anos.
Infecção nos olhos - Nascida em 24 de março de 1820 no município de Putnam, em Nova Iorque, Fanny tinha pouco mais de um mês de vida quando sofreu uma infecção nos olhos. O clínico geral estava fora da cidade e um outro médico fora chamado para tratar do caso. Receitou cataplasmas de mostarda quente e o efeito foi desastroso: a menina ficaria cega pelo resto da vida. O "médico" teve de fugir da cidade, tamanha a revolta suscitada entre os parentes e vizinhos do bebê.
Aos cinco anos, foi levada pela mãe para consultar o melhor especialista no país, o Dr. Valentine Mott. Uma coleta feita entre os vizinhos pagou a viagem. O pai de Fanny já havia morrido e a situação financeira da família era muito difícil. O sacrifício, infelizmente, foi em vão, já que o médico decretou o caso como incurável. A menina teve então de acostumar-se as dificuldades, ao mesmo tempo em que demonstrava uma habilidade incomum para compor poesias.
Naquela época, a mensagem do Evangelho foi plantada no coração da jovem Fanny, por intermédio de sua avó. Era ela quem passava horas lendo Bíblia para a menina, que demonstrava ter uma memória extraordinária: decorou diversos trechos do Livro de Rute e dos Salmos. Aos 15 anos, ela entrou para o Instituto de Cegos de Nova Iorque, para onde voltaria anos depois para ensinar Inglês e História. Como aluna e professora, Fanny passou 35 anos na mesma escola.
Testemunho de fé - Em 1844, escreveu seu primeiro livro de poemas - "A Menina Cega e Outros Poemas". Uma de suas primeiras participações como compositora aconteceu em um dos cultos de Dwight L. Moody, um dos maiores pregadores da história do Evangelho, que realizava uma conferência na cidade de Northfield, no estado de Massachussetts. Impressionado com o talento de Fanny, Moody pediu que ela contasse o testemunho pessoal de sua fé e de seu relacionamento com Deus. Assustada, Fanny a princípio relutou, mas depois leu a letra de um hino que acabara de escrever: "Eu o chamo de meu poema da alma. Às vezes, quando eu estou preocupada, eu repito isto para mim mesma, e essas palavras trazem conforto ao meu coração, disse ela, antes de recitá-lo."
O hino, é verdade, não é citado em sua biografia, mas isso, de fato, pouco importa, já que poderia ser qualquer um daquelas centenas de cânticos que embalaram o avivamento americano no século 19, período que ficou conhecido como O Grande Despertamento. Naquela ocasião, os momentos de apelo à conversão eram freqüentemente inspirados por palavras como as do hino Mais perto da Tua cruz, composto por Fanny Crosby, em 1868:

Meu Senhor sou Teu
Tua voz ouvi, a
chamar-me com amor [...]
mais perto da Tua cruz leva-me, ó Senhor.

Fanny era membro da Igreja Episcopal Metodista, de Nova Iorque. Ela era uma oradora devota e freqüentemente preparava os cultos infantis da igreja.
Casamento - Em 1858, Fanny casou-se com o professor de música e cantor de concerto Alexander Van Alstyne. Nessa época, ela havia deixado o ensino para acompanhá-lo tocando piano e harpa em apresentações públicas. Compôs diversas canções populares nesse período. Na mesma ocasião, a vida trouxe-lhe uma das maiores aflições que uma pessoa pode enfrentar: a perda de um filho. A criança, seu único filho, morrera ainda pequena.
Em 1864, por influência do famoso evangelista, escritor e compositor William Bradbury, que tem dezenas de canções registradas nos hinários e cantores cristãos até hoje, Fanny passou a escrever exclusivamente musicas sacras. Apaixonada por crianças e motivada pela perda irreparável de seu filho, a compositora criou um estilo próprio: "Achei que as crianças também tinham de entender as letras e as melodias teriam de ser simples também." Ela esforçou-se para retratar os temas do céu e o retorno de Cristo com palavras simples.
Ímpeto criativo - O número extraordinário de composições da autora pode ser explicado não só pelo ímpeto criativo de Fanny, mas também pelo fato de ela ter um contrato de trabalho com uma editora, a Biglow & Co., que a obrigava a entregar três composições novas a cada semana. Ela chegou a compor sete canções em apenas um dia. Como de hábito, não iniciava seu trabalho sem antes dedicar horas à oração.
Curiosamente, Fanny não escrevia as letras de seus hinos, por nunca ter dominado o método Braille. Dona de uma memória extraordinária, memorizava-as facilmente. Quando morreu, aos 94 anos, amigos e parentes escreveram na lápide de sua sepultura: Ela fez o máximo que pôde. Sem dúvida, foi uma heroína da fé.
Fonte: Revista Graça, ano 2, n.º 25 – Agosto/2001

02 agosto 2006

Charles Haddon Spurgeon (1834-1892)

Houve época em que o simples fato de optar pela religião evangélica equivalia a colocar a cabeça a prêmio. No século 15, Carlos V, o imperador espanhol, queimou milhares de evangélicos em praça pública. Seu filho, Filipe II, vangloriava-se de ter eliminado dos países baixos da Europa cerca de 18 mil "hereges protestantes". Para fugir da perseguição implacável, outros milhares de cristãos foram para a Inglaterra. Dentre eles, estava a família de Charles Haddon Spurgeon (1834-1892), o homem que se tornaria um dos maiores pregadores de todo o Reino Unido. Charles obteve tão bom resultado em seu ministério evangelístico que, além de influenciar gerações de pastores e missionários com seus sermões e livros, até hoje é chamado de Príncipe dos pregadores.

O maior dos pecadores - Spurgeon era filho e neto de pastores que haviam fugido da perseguição. No entanto, somente aos 15 anos, ocorreu seu verdadeiro encontro com Jesus. Segundo os livros que contam a história de sua vida, Spurgeon orou, durante seis meses, para que, "se houvesse um Deus", Este pudesse falar-lhe ao coração, uma vez que se sentia o maior dos pecadores. Spurgeon visitou diversas igrejas sem, contudo, tomar uma decisão por Cristo.

Certa noite, porém, uma tempestade de neve impediu que o pastor de uma igreja local pudesse assumir o púlpito. Um dos membros da congregação - um humilde sapateiro - tomou a palavra e pregou de maneira bem simples uma mensagem com base em Isaías 45.22a: Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra. Desprovido de qualquer experiência, o pregador repetiu o versículo várias vezes antes de direcionar o apelo final. Spurgeon não conteve as lágrimas, tamanho o impacto causado pela Palavra de Deus.

Início de uma nova caminhada - Após a conversão, Spurgeon começou a distribuir folhetos nas ruas e a ensinar a Bíblia na escola dominical para crianças em Newmarkete Cambridge. Embora fosse jovem, Spurgeon tinha rara habilidade no manejo da Palavra e demonstrava possuir algumas características fundamentais para um pregador do Evangelho. Suas pregações eram tão eletrizantes e intensas que, dois anos depois de seu primeiro sermão, Spurgeon, então aos 20 anos, foi convidado a assumir o púlpito da Igreja Batista de Park Street Chapel, em Londres, antes pastoreada pelo teólogo John Gill. O desafio, entretanto, era imenso. Afinal, que chance de sucesso teria um menino criado no campo (Anteriormente, Spurgeon pastoreava uma pequena igreja em Waterbeach, distante da capital inglesa), diante do púlpito de uma igreja enorme que agonizava?

Localizada em uma área metropolitana, Park Street Chapel havia sido uma das maiores igrejas da Inglaterra. No entanto, naquele momento, o edifício, com 1.200 lugares, contava com uma platéia de pouco mais de cem pessoas. A última metade do século 19 foi um período muito difícil para as igrejas inglesas. Londres fora industrializada rapidamente, e as pessoas trabalhavam durante muitas horas. Não havia tempo para as pessoas se dedicarem ao Senhor. No entanto, Spurgeon aceitou sem temor aquele desafio.

Tamanha audiência - O sermão inaugural de Spurgeon, naquela enorme igreja, ocorreu em 18 de dezembro de 1853. Havia ali um grupo de fiéis que nunca cessou de rogar a Deus por um glorioso avivamento. No início, eu pregava somente a um punhado de ouvintes. Contudo, não me esqueço da insistência das suas orações. As vezes, parecia que eles rogavam até verem a presença de Jesus ali para abençoá-los. Assim desceu a bênção, a casa começou a se encher de ouvintes e foram salvas dezenas de almas, lembrou Spurgeon alguns anos depois.

Nos anos que se seguiram, o templo, antes vazio, não suportava a audiência, que chegou a dez mil pessoas, somada a assistência de todos os cultos da semana. O número de pessoas era tão grande que as ruas próximas à igreja se tomaram intransitáveis. Logo, as instalações do templo ficaram inadequadas, e, por isso, foi construído o grande Tabernáculo Metropolitano, com capacidade para 12 mil ouvintes. Mesmo assim, de três em três meses, Spurgeon pedia às pessoas, que tivessem assistido aos cultos naquele período, que se ausentassem a fim de que outros pudessem estar no templo para conhecer a Palavra.

Muitas congregações, um seminário e um orfanato foram estabelecidos. Com o passar do tempo, Charles Spurgeon se tornou uma celebridade mundial. Recebia convites para pregar em outras cidades da Inglaterra, bem como em outros países como França, Escócia, Irlanda, País de Gales e Holanda. Spurgeon levava as Boas Novas não só para as reuniões ao ar livre, mas também aos maiores edifícios de 8 a 12 vezes por semana.

Segundo uma de suas biografias, o maior auditório em que pregou continha, exatamente, 23.654 pessoas: este imenso público lotou o Crystal Palace, de Londres, no dia 7 de outubro de 1857, para ouvi-lo pregar por mais de duas horas.

Sucesso - Mais de cem anos depois de sua morte, muitos teólogos ainda tentam descobrir como Spurgeon obtinha tamanho sucesso. Uns o atribuem às suas ilustrações notáveis, a habilidade que possuía para surpreender a platéia e à forma com que encarava o sofrimento das pessoas. Entretanto, para o famoso teólogo americano Ernest W. Toucinho, autor de uma biografia sobre Spurgeon, os fatores que atraíam as multidões eram estritamente espirituais: O poder do Espírito Santo, a pregação da doutrina sã, uma experiência de religioso de primeira-mão, paixão pelas almas, devoção para a Bíblia e oração a Cristo, muita oração. Além disso, vale lembrar que todas as biografias, mesmo as mais conservadoras, narram as curas milagrosas feitas por Jesus nos cultos dirigidos pelo pregador inglês.

As pessoas que ouviam Spurgeon, naquela época, faziam considerações sobre ele que deixariam qualquer evangélico orgulhoso. O jornal The Times publicou, certa ocasião, a respeito do pastor inglês: Ele pôs velha verdade em vestido novo. Já o Daily Telegraph declarou que os segredos de Spurgeon eram o zelo, a seriedade e a coragem. Para o Daily Chronicle, Charles Spurgeon era indiferente à popularidade; um gênio, por comandar com maestria, uma audiência. O Pictorial World registrou o amor de Spurgeon pelas pessoas.

Importância - O amor de Spurgeon tinha raízes. Casou-se em 20 de setembro de 1856 com Susannah Thompson e teve dois filhos, os gêmeos não-idênticos Thomas e Charles. Fazíamos cultos domésticos sempre; quer hospedados em um rancho nas serras, quer em um suntuoso quarto de hotel na cidade. E a bendita presença do Espírito Santo, que muitos crentes dizem ser impossível alcançar, era para nós a atmosfera natural. Vivíamos e respirávamos nEle, relatou, certa vez, Susannah.

A importância de Charles Haddon Spurgeon como pregador só encontra parâmetros em seus trabalhos impressos. Spurgeon escreveu 135 livros durante 27 anos (1865-1892) e editou uma revista mensal denominada A Espada e a Espátula. Seus vários comentários bíblicos ainda são muito lidos, dentre eles: O Tesouro de Davi (sobre o livro de Salmos), Manhã e Noite (devocional) e Mateus - O Evangelho do Reino.

Até o último dia de pastorado, Spurgeon batizou 14.692 pessoas. Na ocasião em que ele morreu - 11 de fevereiro de 1892 -, seis mil pessoas leram diante de seu caixão o texto de Isaías 45.22a: Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra.


Fonte:http://www.ippinheiros.org.br

Jessie Penn-Lewis (1851-1927)

Nasceu em 1851, em Neath, País de Gales, filha de Samuel Jones, pastor da Igreja Metodista Calvinista em Neath (Glamorganshire, Gales). Foi convertida ao Evangelho pelo ministério de Evan H. Hopkins em 1o. de janeiro de 1882, com 21 anos. Dele escutou o caminho da vitória por meio da cruz de Cristo. A cruz como identificação do crente com Cristo no poder de Sua morte e a glória de Sua ressurreição: este foi o tema principal dos livros e discursos da sra. Penn-Lewis. Durante a primeira década que se seguiu a sua conversão, sua experiência cristã foi cada vez mais e mais profunda, de modo que se transformou num maravilhoso testemunho de vitória e resoluta obediência. Em 1895, pediram a ela que falasse em uma reunião marcada pela Missão para o Interior da China, fundada por Hudson Taylor. O impacto de sua mensagem foi tal que se decidiu imprimi-la. O título era O Caminho para a Vida em Deus, que vendeu milhares de exemplares.

Posteriormente, foi convidada a falar no exterior, viajando pela Suécia, Rússia, Finlândia, Dinamarca, Alemanha, Suíça, EUA, Canadá, Coréia, China e Índia, (país este em que realizou importante trabalho missionário em Madras), mesmo tendo graves períodos de enfermidade. Falou em várias Convenções de Keswick, ainda que sua paixão pela mensagem da cruz a tenha levado a abandonar qualquer outra atividade e aspecto de seu ministério que não estivesse com ela relacionado.

Em 1909, fundou a revista The Overcomer (O Vencedor), que continua sendo publicada até hoje, a qual, no início, foi somente uma carta de oração enviada aos amigos e interessados em seu ministério. Testemunha excepcional do avivamento galês de 1904, escreveu Guerra Contra os Santos, uma importante obra sobre o tema relacionado com o mundo das manifestações espirituais.

Ela conheceu as obras de Madame Guyon, as quais lhe ajudaram a conhecer a vida profunda com Deus. Por sua experiência com o Senhor, com Sua cruz e Sua Palavra, influenciou homens como Watchman Nee e T. Austin-Sparks.

Casou com 19 anos e não teve filhos. Morreu na Inglaterra, em 1927. Mary Garrard continuou com a revista The Overcomer e publicou uma biografia da sra. Penn-Lewis.


Fonte: Editora dos Clássicos

26 julho 2006

Theodore Austin-Sparks (1910-1971)

Theodore Austin-Sparks converteu-se aos dezessete anos, ao ouvir uma pregação de rua em Glasgow, na Escócia. Dessa forma, iniciou-se uma vida de pregação do Evangelho que durou sessenta e cinco anos. Sparks nasceu em 1910, numa cidade escocesa. Sua mãe conhecia o Senhor e O amava, pois era uma mulher de oração. Theodore cresceu num lar em que sempre havia reuniões de oração, no qual se cria que a Palavra de Deus é a autoridade máxima em todas as questões e no qual se esperava a volta do Senhor Jesus. Sua mãe teve grande influência em sua vida.

Naqueles dias, um dos maiores pregadores na Inglaterra, Dr. G. Campbell Morgan, desejando ajudar a um grupo de jovens no estudo da Palavra, passou a se reunir com eles todas as sextas-feiras, dando-lhes vários estudos bíblicos. Por 52 semanas, Campbell Morgan se reuniu com esses jovens e, dentre os mais brilhantes, estava T. Austin-Sparks. Por esse motivo, ele passou a ser sempre requisitado como preletor em várias Conferências.

Certa vez, ao ministrar numa igreja batista, ele viu uma tremenda mudança vindo sobre toda a congregação. Um após o outro, dentre os conhecidos ali como cristãos, foram sendo salvos. A secretária da igreja, os diáconos, todos foram encontrando o Senhor. Mas, apesar de T. Austin-Sparks ser um conferencista nacionalmente conhecido e requisitado, e apesar de ser um jovem com tanto futuro, ele mesmo sentia uma terrível pobreza em sua vida. Ele sentia que estava proclamando coisas que, na realidade, não eram experiências suas. Ele não tinha dúvidas de que era nascido de novo, mas sentia que estava pregando coisas que ele mesmo não experimentava. Por natureza, Sparks era alguém que se entregava completamente ao que cria, nunca se contentando com uma posição intermediária. Por isso, começou a se sentir um fracasso, pois o que lia na Bíblia não era, para ele, uma experiência própria.



Certo dia, então, ele disse à sua esposa: "Eu vou para meu estúdio; não quero que ninguém me interrompa. Não importa o que aconteça, eu não sairei daquele quarto até que tenha decidido qual caminho vou tomar". Ele sentia imensamente a necessidade de que o Senhor o encontrasse de forma nova, ou cria que não poderia mais continuar seu ministério. Havia chegado ao final de si mesmo.



Fechado naquele quarto, ele passou a maior parte do dia quieto diante do Senhor, e então, começou a ler a carta aos romanos. Nada aconteceu. Ele a conhecia muito bem, pois a havia ensinado tantas vezes e dava esboços dessa porção das Escrituras. Nada de novo ela lhe apresentava, até que ele chegou ao capítulo 6. Ele mesmo disse: "Foi como se o céu tivesse se aberto, e luz brilhou em meu coração." Pela primeira vez ele compreendeu que havia sido crucificado com Cristo e que o Espírito Santo estava nele e sobre ele para reproduzir a natureza de Cristo. Isso revolucionou completamente a vida de Sparks. Quando saiu daquele quarto, ele era um homem transformado. A partir daquele momento, ele começou realmente a pregar a Cristo, começou a magnificar o Senhor Jesus.



Logo começou a ensinar o que chamava de "o caminho da cruz", dando grande ênfase à necessidade da operação interior da cruz na vida do crente. Ele mesmo havia passado por uma crise e aceito o veredito da cruz sobre sua velha natureza, percebendo que essa crise fora a introdução para um desfrutar completamente novo da vida de Cristo, tão grandioso que ele só conseguia descrevê-lo como "um céu aberto".



Sparks recebeu também grande ajuda espiritual da Sra. Jessie Penn-Lewis, a quem o Senhor dera um claro entendimento sobre a necessidade da operação interior da cruz na vida do crente. Ela viu em T. Austin-Sparks o herdeiro de toda a obra que o Senhor lhe havia dado. Sparks se tornou um pregador e mestre muito querido e popular no meio do chamado "Movimento Vencedor".Mas a experiência que Sparks tinha, em vez de lhe abrir as portas para todos os púlpitos, fechou a maioria delas. Os líderes o temiam, pois achavam que algo estranho, perigoso e errado havia lhe acontecido. E assim começaram a opor-se a ele.



Houve um momento em que ele ficou na rua, sem casa para morar com a esposa e filhos, mas o Senhor logo lhe providenciou uma moradia, na rua Honor Oak. Uma senhora que servia ao Senhor como missionária na Índia e havia sido grandemente ajudada através do ministério de Sparks, ouviu dizer de uma grande escola na rua Honor Oak que estava à venda. Então, comprou toda a propriedade e a deu à igreja. Ali veio a ser um local de comunhão cristã e a sede de conferências Honor Oak. Esse foi o lugar onde conferências eram realizadas três ou quatro vezes ao ano, para as quais vinham pessoas de toda a parte.



Em 1937, Watchman Nee se encontrou pela primeira vez com Sparks. Nee havia lido alguns escritos seus e fora grandemente ajudado. Logo após, porém, começou a 2ª Guerra Mundial, e aquelas conferências cessaram, pois o mundo todo estava em turbulência. Todavia, ao terminar a guerra houve um período maravilhoso na história daquela obra e ministério. De 1946 até 1950 houve conferências cheias da presença do Senhor.



Por várias razões, muitos outros sofrimentos vieram à sua vida, mas ele cria que, se por um lado, a cruz envolve sofrimento, por outro, ela é também o segredo da graça abundante. Por ela, o crente é levado a um mais amplo desfrutar da vida de ressurreição e também a uma verdadeira integração na comunhão da Igreja, que é o Corpo de Cristo.



A enorme oposição que Sparks enfrentava era inacreditável. Livros e panfletos eram escritos contra ele, pregadores falavam contra ele, davam-lhe a fama de ser um falso mestre, cheio de ardis. Esse isolamento total a que o colocavam era, de muitas formas, a prova mais dura que ele suportava. Ano após ano, ele ia a Keswick onde, atrás da plataforma, estava escrito: "Todos somos um em Cristo". Mas sempre que ia ao encontro daqueles com quem já havia trabalhado e estendia-lhes a mão, eles não o cumprimentavam, não lhe dirigiam nem uma só palavra e lhe viravam as costas. Isso era para ele muito mais difícil de suportar do que todos os outros problemas.



No final da vida, Sparks estava só; havia muito poucas pessoas com ele. Campbell Morgan, Jessie Penn-Lewis, F. B. Meyer e A. B. Simpson tiveram grande influência na vida de T. Austin-Sparks. Ele costumava dizer que de todos os pregadores americanos que ele conhecera quando jovem, A. B. Simpson era o mais espiritual e o que falava com mais poder.



Sparks sempre utilizava algumas frases que, na época, praticamente não eram ouvidas em outro lugar. Uma delas era que "a Igreja é o corpo de Cristo", outra era que "precisamos ter uma vida de Corpo, que os membros de Cristo são membros uns dos outros". Eram frases muito mencionadas por ele, mas algo totalmente novo e desconhecido no mundo cristão da época. Certa vez ele disse: "Podemos tomar a Igreja, que é o Corpo do nosso Senhor Jesus unida ao Cabeça que está à mão direita de Deus, e reduzi-la a algo terreno, fazer dela uma organização humana". Todas essas frases eram consideradas muito estranhas. No mundo cristão falava-se sobre conversão, estudo bíblico, oração, testemunho, missões, vida vitoriosa. Mas nada se ouvia sobre a Igreja, sobre o Corpo de Cristo, sobre sermos membros uns dos outros. Ele era uma voz profética solitária. Foi isolado, rejeitado, caluniado.



Uma das ênfases de seu ministério era "a universalidade e a centralidade da cruz". Essa era uma das ênfases do seu ministério. Outra ênfase era a preeminência do Senhor Jesus. Para ele, o Senhor Jesus era o início e o fim de tudo, o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último. Ele via que tudo está em Cristo: toda a nova criação, o novo homem, tudo. Outra ênfase era "a casa espiritual de Deus". Ele via a Igreja como a casa espiritual de Deus, como a noiva de Cristo, como o Corpo do Senhor Jesus. Seu entendimento sobre a Igreja era muito claro. Ele dizia: "Isso é o coração da história, o coração da redenção". Por isso, costumava dizer: "Há algo maior do que a salvação". Por essa razão, as pessoas se iravam contra ele e diziam que falar desse modo não estava correto, não era bíblico. Mas Sparks sempre respondia: "A salvação não é o fim, mas é o meio para o fim. O fim que o Senhor tem é Sua habitação, é Sua casa espiritual, Sua habitação no Espírito, e a salvação é o meio para nos colocar nessa casa espiritual de Deus."



T. Austin-Sparks foi um grande homem, e os grandes homens têm também grandes falhas. Ele possuía fraquezas, mas a impressão que ficava em quem o conhecia não era dessas fraquezas, mas o fato de que ele sempre magnificava o Senhor Jesus, não apenas por palavras, mas pela sua vida. Sua própria presença trazia algo do Senhor Jesus. Sempre que ele chegava ou falava, recebia-se a perfeita convicção de quão grandioso o Senhor Jesus é. Isso foi algo que o Senhor fez nele de tal forma que sua presença e seu ministério glorificavam o Senhor.



Em abril de 1971, o irmão Sparks partiu para estar com seu amado Senhor, para esperar até o momento em que a esperança da reunião da noiva de Cristo se tornará gloriosa realidade.

(Adaptado da biografia publicada no livro O Testemunho do Senhor e a Necessidade do Mundo. © Editora dos Clássicos, 2000.)

26 abril 2006

George Whitefield (1714 - 1770)

Adaptado de uma biografia por Dr. Rimas J. Orentas

George Whitefield viveu de 1714 a 1770. Na sua vida adulta, era tão conhecido quanto qualquer outra figura pública nos países de língua inglesa. Com apenas 22 anos, era um dos mais destacados proponentes do movimento religioso que sacudiu aqueles países, que seria conhecido como o Grande Despertamento. Talvez se possa dizer que só a Reforma Protestante e a Era Apostólica tenham ultrapassado o fervor espiritual que Deus derramou neste período.

George Whitefield pregou na Inglaterra, na Escócia, no País de Gales, em Gibraltar, em Bermudas, e nas colônias norte-americanas. Sua vida serviu de inspiração e tocha para vários outros pregadores contemporâneos e posteriores. Eram homens de fervor que procuravam entregar suas vidas 100% a Cristo Jesus.

George era o sétimo e último filho de Thomas e Elizabeth Whitefield. O pai era proprietário da Bell Inn, um hotel em Gloucester, na Inglaterra. Era o maior e mais fino estabelecimento da cidade e tinha dois auditórios, um dos quais era usado para exibição de peças teatrais.

Quando tinha apenas dois anos de idade, o pai de George faleceu. Depois de alguns anos, sua mãe casou-se novamente, porém foi uma união malograda que terminou em divórcio e fracasso financeiro.

Desde pequeno, George se destacou como talentoso orador e ator nas peças teatrais da escola. Sua mãe, vendo seu potencial, fez questão que ele estudasse, embora outros de seus irmãos tivessem que trabalhar para sustentar a família.

Da mãe, George herdou a forte ambição de ser "alguém no mundo". De alguma forma, ela sempre esperava mais dele do que de seus outros filhos. Outra influência forte na juventude era sua paixão pelo teatro. Como garoto, lia incessantemente peças teatrais e faltava da escola para ensaiar suas apresentações. Esta necessidade e dom de se expressar dramaticamente continuariam durante todo o resto da sua vida.

Aos quinze anos de idade, George foi obrigado a deixar seus estudos para trabalhar pelo sustento da família. Durante o dia trabalhava e à noite lia a Bíblia. Seu sonho era de estudar em Oxford. Porém, não havia condições financeiras para isto. Finalmente, sua mãe descobriu uma saída. Ele poderia ir como "servidor", que era uma espécie de empregado para três ou quatro estudantes de classe alta. Assim, aos 17 anos, com muita expectativa, ingressou na Universidade.


A Busca Intensa Por Deus

Suas responsabilidades como servidor incluíam lavar as roupas, engraxar os sapatos e fazer as tarefas dos estudantes a quem servia. Os servidores viviam com o dinheiro e as roupas usadas que aqueles quisessem lhes dar. Tinham de usar uma túnica especial e era proibido que os estudantes de nível mais elevado lhes dirigissem a palavra. A maioria acabava abandonando os estudos para não terem que sofrer tamanha humilhação.

George era extremamente intenso e dedicado e, achando que tinha de ganhar a aprovação de Deus, visitava prisioneiros e pobres, além de todas suas outras obrigações. Seus colegas, por um tempo, tentaram atraí-lo à vida social e às festas, mas logo viram que não adiantaria e deixaram-no em paz Alguns começaram a chamá-lo de "metodista", que era o nome pejorativo que davam aos membros do Clube Santo, embora ele ainda não tivesse tido nenhum contato com aquele grupo. Como servidor, não lhe era permitido tomar a iniciativa de procurá-los.

O Clube Santo era um pequeno grupo de estudantes dirigido por um professor em Oxford, chamado John Wesley. Aos outros estudantes, a vida disciplinada exigida pelo Clube parecia tolice e o nome "metodista" dava a idéia de uma vida regida por métodos mecânicos, desprovidos de racionalidade, como se as pessoas fossem meros robôs.

Foi Charles Wesley que ouviu falar desse aluno dedicado e piedoso e, rompendo as barreiras sociais, procurou Whitefield e o convidou para um café da manhã. Com isso, iniciou-se uma amizade que duraria para o resto das suas vidas.

Os membros do Clube Santo levantavam-se cedo, tinham prolongados tempos de devoções a sós com Deus, praticavam autodisciplina e tentavam garantir que nenhum momento do dia fosse desperdiçado. À noite, guardavam um diário para fazer uma avaliação da sua vida e arrancar qualquer pecado que estivesse brotando ou se manifestando. Celebravam a Eucaristia aos domingos, jejuavam toda quarta e sexta-feira e usavam o sábado como dia de preparação para a festa do Senhor no domingo.

O Clube Santo também era profundamente comprometido com a Igreja Anglicana e conhecia sua história e suas normas melhor que ninguém. Visitavam prisões e bairros pobres, e contribuíam a um fundo de auxílio para os presidiários e especialmente para os seus filhos. Os membros também se esforçavam muito no pastoreamento de estudantes mais jovens, ensinando-os a evitar más companhias e encorajando-os a serem sóbrios e estudiosos, até mesmo auxiliando-os quando tinham dificuldades nos estudos.

Tudo isto era ótimo, mas havia um problema fundamental: era uma salvação baseada em obras. Por mais que fizessem, experimentavam pouquíssima alegria, pois a natureza da sua salvação ainda era um mistério insondável e Deus estava distante. Nenhum dos líderes havia ainda experimentado a verdadeira graça de Deus no evangelho de Jesus Cristo.


O Desespero Fica Maior

Whitefield ficou mais e mais consciente do seu anseio interior por conhecer Deus de forma íntima e verdadeira, mas não sabia aonde recorrer. Ele lia com voracidade e finalmente achou um livro antigo, escrito por um escocês desconhecido, o Rev. Henry Scougal, intitulado A Vida de Deus na Alma do Homem. Neste livro, ele descobriu que todas suas boas ações, que pensava estarem conquistando-lhe o favor de Deus, não tinham valor algum. O que precisava realmente era Cristo ser formado "dentro" dele, ou seja, nascer de novo.

Scougal ensinou que a essência do cristianismo não é a execução de obrigações exteriores, nem uma emoção ou sentimento que se pode ter. A verdadeira religião é a união da alma com Deus, a participação na natureza divina, viver de acordo com a imagem de Deus desenhada sobre nossa alma – ou na terminologia do apóstolo, ter "Cristo formado em nós". Whitefield aprendeu destes ensinos a maravilha que é Deus querer habitar no nosso coração e realizar sua obra através de nós, e quão profunda e admirável é a graça que torna possível a vida de Deus habitar na alma do homem.

Este livro maravilhoso, porém, acabou deixando Whitefield quase enlouquecido. Ele não sabia como nascer de novo, mas começou a buscar esta experiência com todas suas forças. Deixou de comer certos alimentos e dava o dinheiro que economizou com isto aos pobres; usava só roupas remendadas e sapatos sujos; passava a noite inteira em fervorosa e suada oração; e não falava com ninguém. Para negar a si mesmo, abandonou a única coisa de que realmente gostava, que era o Clube Santo. Começou a ir mal nos estudos e foi ameaçado com expulsão. Seus colegas o acharam completamente "pirado". Orava ao ar livro, no relento, mesmo nas madrugadas mais gélidas, até que uma de suas mãos ficou preta. Finalmente, ficou tão doente, enfraquecido e magro que não conseguia nem subir a escada para sair do quarto. Tiveram de chamar um médico que o confinou à cama por sete semanas.


Uma Simples Oração

De forma surpreendente, foi neste tempo de descanso e recuperação que sua vida finalmente foi transformada. Ele ainda mantinha um tempo devocional com Deus, de acordo com suas forças. Mas agora começou a orar de forma mais simples, deixando de lado todas suas idéias e esforços e tentando realmente escutar a voz de Deus.

Certo dia, ele se jogou sobre a cama e clamou: "Tenho sede!" Foi a primeira vez que havia clamado a Deus em total incapacidade e insuficiência. E foi a primeira vez em mais de um ano que sentira alegria.

Neste momento de total entrega ao Deus Todo-poderoso, um pensamento novo penetrou seu coração. "George, você já tem o que pediu! Você cessou suas pelejas e simplesmente creu e agora nasceu de novo!"

Foi tão simples, tão absurdamente simples, ser salvo por uma oração tão singela, que Whitefield começou a rir. E assim que riu, as comportas dos céus se romperam e sua vida foi inundada por "gozo indizível, cheio e transbordando de grande glória".

Sua aparência exterior ainda era de um universitário doentio e fraco, porém a carreira do maior evangelista do século XVIII tinha acabado de nascer. Ele ainda levou nove meses para recuperar fisicamente, mas no seu coração havia só um desejo: compartilhar as Boas Novas que Jesus Cristo viera para os pecadores e que o pecador só precisava arrepender-se, aceitar a morte expiatória de Jesus e lançar-se espiritualmente nas mãos de Deus.

Em sua casa em Gloucester, Whitefield manteve sua vida disciplinada do Clube Santo, mas tudo agora tinha um novo significado. Não era mais para alcançar o favor de Deus ou tornar-se justo, mas para focalizá-lo em servir a Deus. Diariamente, meditava numa passagem bíblica que lia em inglês, depois em grego, e finalmente no famoso comentário de Matthew Henry. Orava sobre cada linha que lia, até que entendesse e recebesse o seu significado, e sentisse que já fazia parte da sua vida. Logo fundou uma pequena sociedade que se reunia todas as noites.


O Leão Começa a Rugir

Não demorou muito e já estava tendo oportunidades de pregar. Inicialmente, tinha receio de ser ordenado muito jovem e de se envaidecer. Mas colocou diante de Deus um sinal: se, por um milagre, houvesse provisão para voltar a Oxford e se formar, ele aceitaria a ordenação. E, pouco a pouco, foi isto que aconteceu. Ao mesmo tempo, soube que os irmãos Wesley tinham ido à América como missionários e que precisavam de alguém para dirigir o Clube Santo. Desta forma, voltou a Oxford, completou seu curso e foi ordenado.

Inicialmente, tentou ficar quieto no seu lugar. Seu objetivo era alcançar outros estudantes, na base de um a um. Mas havia um problema. Desde o momento que abriu sua boca, todos queriam ouvir mais. Depois de quatro semanas pregando mensagens em Gloucester, Bristol e Bath, um pequeno avivamento se iniciara. As igrejas estavam lotadas e as ruas estavam cheias de gente tentando entrar. Whitefield tinha apenas 22 anos.

Apesar da sua formação acadêmica, Whitefield utilizou muito mais seus talentos dramáticos para comunicar as verdades espirituais do que conhecimentos intelectuais. Concentrou no aperfeiçoamento do que hoje chamaríamos de linguagem corporal. A paixão seria sua chave na pregação das verdades espirituais que muitos já tinham ouvido, porém sem vida.Sem muita prática em homilética, sua sensibilidade dramática logo o colocou numa classe à parte. Lágrimas, fortes emoções, agitado movimento corporal – mas acima de tudo, uma experiência intensamente pessoal do Novo Nascimento – eram características da sua pregação e das reações dos seus ouvintes. Sua prodigiosa memória o capacitava a transformar o púlpito num teatro sagrado que representava os santos e pecadores da Bíblia diante dos seus ouvintes fascinados.

Entre os que ficavam encantados diante das pregações, estava um grande ator inglês, David Garrick, que exclamou: "Eu daria cem guineas (moeda inglesa da época – equivalente a mais de uma libra moderna) se eu pudesse dizer Oh como o Sr. Whitefield!"

Com suas mensagens vivas, dramáticas e cheias de alegria espiritual, o país da Inglaterra começou a ser abalado. As verdades eram simples, diretas e baseadas nas doutrinas básicas do novo nascimento e da justificação pela fé. Mas para as pessoas que nunca antes ouviram tais coisas com clareza, eram como descargas de raios no coração. Ele não estava declarando sua própria mensagem, mas a mensagem de Deus: "É necessário nascer de novo".

Logo houve resistência, principalmente por parte dos clérigos que se perturbavam com a oração de Whitefield para que eles também nascessem de novo. Pessoas das camadas mais elevadas da sociedade também não gostavam de ouvir que eram pecadores e precisavam se arrepender.


Uma Forma Revolucionária de Pregar

Em 1739, com 24 anos de idade, Whitefield começou a pregar ao ar livre. Várias igrejas haviam fechado as portas para suas pregações e ele não queria depender mais da disponibilidade de igrejas ou auditórios. Partiu para Kingswood, perto de Bristol, onde havia milhares de mineiros de carvão, que viviam em condições deploráveis. Homens, mulheres e crianças trabalhavam longas horas embaixo da terra, no meio de morte e doença. Para Whitefield, eram como ovelhas sem pastor.

Em fevereiro, o frio era intenso, mas ao passar pelos barracos e favelas, Whitefield encontrou 200 pessoas dispostas a ir ouvi-lo. Ele pregou dramaticamente sobre o amor de Jesus por eles e como sofreu a cruel morte da crucificação, só para salvá-los dos seus pecados. Enquanto pregava, começou a notar faixas brancas nas faces enegrecidas de alguns mineiros. Logo, todos os rostos escuros estavam manchados com as valetas brancas das lágrimas que corriam enquanto o evangelho de Jesus convencia a todos, um por um.

Três dias depois, Whitefield foi proibido de pregar em Bristol novamente pelo conselho da diocese. Porém, no dia seguinte ele pregou na própria mina, onde desta vez havia 2000 pessoas para ouvi-lo. No domingo seguinte, havia 10.000 e muito mais pessoas da cidade do que das minas. E no dia 25 de março de 1739, a multidão foi estimada em 23.000. Com este método heterodoxo e controvertido de pregação ao ar livre, parecia não haver limites para o crescimento do Grande Despertamento.

Estima-se que Whitefield tenha pregado para mais de dois milhões de pessoas, só naquele verão. Sua ousada pregação nos campos abalara de vez o fraco e tímido cristianismo da sua época. Quando chegou em Filadélfia, em agosto daquele ano, os jornais noticiaram que George Whitefield havia pregado a mais pessoas do que qualquer outra pessoa viva, e provavelmente do que qualquer outra pessoa na história, até então.


Melhor Esgotar-se do que Enferrujar

Whitefield cruzou sete vezes o oceano Atlântico entre a Inglaterra e a América. Faleceu em 1770, com apenas 55 anos de idade. Em 34 anos de ministério, pregou mais de 18.000 sermões, ou uma média de mais de 10 por semana. No seu último ano de vida, apesar da saúde prejudicada pela extrema intensidade da sua vida, recusou-se a parar, dizendo que preferiria se "esgotar a enferrujar".

Antes de pregar sua última mensagem, sentindo-se muito mal, Whitefield orou: "Senhor, se ainda não completei minha carreira, deixa-me ir falar por ti mais uma vez no campo, selar tua verdade e voltar para casa e morrer!"

Sua oração foi respondida. Seu último discurso foi no meio da tarde, num campo, em cima de um barril. Seu texto foi: "Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé" (2 Co 13.5). O tema foi o novo nascimento.

No começo falava com muita dificuldade, sua voz rouca, sua dicção pesada. Frase após frase saía sem muito nexo, sem atenção a objetivo ou oratória. Mas, de repente, sua mente se acendeu e sua voz de leão bradou mais uma vez, alcançando as extremidades da sua audiência.

Falando da ineficácia de obras para merecer a salvação, Whitefield trovejou: "Obras! Obras! O homem alcançar o céu por obras! Eu pensaria antes em alcançar a lua subindo numa corda de areia!"

Esta foi a exortação final do grande pregador. A luz que brilhou na sua alma queimou com ardor até o fim da sua vida.

Talvez Deus não lhe tenha dado uma voz de leão, nem o talento dramático da comunicação em massa. Mas não há limites para o que Deus pode fazer através de uma vida, por jovem que seja, quando o genuíno fogo do céu se acende nela.

Martinho Lutero (1483 - 1546)


Martinho Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, Alemanha. Foi criado em Mansfeld. Na sua fase estudantil, foi enviado às escolas de latim de Magdeburg(1497) e Eisenach(1498-1501). Ingressou na Universidade de Erfurt, onde obteve o grau de bacharel em artes (1502) e de mestre em artes (1505).

Seu pai, um aldeão bem sucedido pertencente a classe média, queria que fosse advogado. Tendo iniciado seus estudos, abruptamente, os interrompeu entrando no claustro dos eremitas agostinianos em Erfurt. É um fato estranho na sua vida, segundo seus biógrafos. Alguns historiadores dizem que este fato aconteceu devido a um susto que teve quando caminhava de Mansfeld para Erfurt. Em meio a uma tempestade, quase foi atingido por um raio. Foi derrubado por terra e em seu pavor, gritava "Ajuda-me Santa Ana! Eu serei um monge!". Foi consagrado padre em 1507.

Entre 1508 e 1512, fez preleções de filosofia na Universidade de Wurtenberg, onde também ensinou as Escrituras, especializando-se nas Sentenças de Pedro Lombardo. Em 1512 formou-se Doutor em Teologia.

Fazia conferências sobre Bíblia, especializando-se em Romanos, Gálatas e Hebreus. Foi durante este período que a teologia paulina o influenciou, percebendo os erros que a Igreja Romana ensinava, à luz dos documentos fundamentais do cristianismo primitivo.

Lutero era homem de envergadura intelectual e habilidades pessoais. Em 1515, foi nomeado vigário, responsável por onze mosteiros. Viu-se envolvido em controvérsias com respeito a venda de indulgências.


Suas Lutas Pessoais.

Lutero estava galgando os escalões da Igreja Romana e estava muito envolvido em seus aspectos intelectuais e funcionais. Por outro lado, também estava envolvido em questões pessoais quanto à salvação pessoal. Sua vida monástica e intelectual não forneciam resposta aos seus anseios interiores, às suas aflitivas indagações.

Seus estudos paulinos deixaram-no mais agitado e inseguro, particularmente diante da afirmação "o justo viverá pela fé", Rm 1:17. Percebia ele que a Lei e o cumprimento das normas monásticas, serviam tão-somente para condenar e humilhar o homem, e que nesta direção não se pode esperar qualquer ajuda no tocante à salvação da alma.

Martinho Lutero, estava trabalhando em "repensar o evangelho". Sendo monge agostiniano, fortemente influenciado pela teologia desta ordem monástica, paulina quanto aos seus pontos de vista, Lutero estava chegando a uma nova fé, que enfatizava a graça de Deus e a justificação pela fé.

Esta nova fé tornou-se o ponto fundamental de sua preleções. No seu desenvolvimento começou a criticar o domínio da filosofia tomista sobre a teologia romana. Ele estudava os escritos de Agostinho, Anselmo e Bernardo de Claraval, descobrindo nestes, a fé que começava a proclamar. Staupitz, orientou-o para que estudasse os místicos, em cujos escritos se consolou.

Em 1516, publicou o devocionário de um místico desconhecido, "Theologia Deutsch". Tornou-se pároco da igreja de Wittenberg, e tornou-se um pregador popular, proclamando a sua nova fé. Opunha-se a venda de indulgências comandada por João Tetzel.


As Noventa e Cinco Teses

Inspirado por vários motivos, particularmente a venda de indulgêngias, na noite antes do Dia de Todos os Santos, a 31 de outubro de 1517, Lutero afixou na porta da Igreja de Wittenberg, sua teses acadêmicas, intituladas "Sobre o Poder das Indulgências". Seu argumento era de que as indulgências só faziam sentido como livramento das penas temporais impostas pelos padres aos fiéis. Mas Lutero opunha-se à idéia de que a compra das indulgências ou a obtenção das mesmas, de qualquer outra maneira, fosse capaz de impedir Deus de aplicar as punições temporais. Também dizia que elas nada têm a ver como os castigos do purgatório. Lutero afirmava que as penitências devem ser praticadas diariamente pelos cristãos, durante toda a vida, e não algo a ser posto em prática apenas ocasionalmente, por determinação sacerdotal.

João Eck, denunciou Lutero em Roma, e muito contribuiu para que o mesmo fosse condenado e excluído do Igreja Romana. Silvester Mazzolini, padre confessor do papa, concordou com o parecer condenatório de Eck, dando apoio a este contra o monge agostiniano.

Em 1518. Lutero escreveu "Resolutiones", defendendo seus pontos de vista contra as indulgências, dirigindo a obra diretamente ao papa. Entretanto, o livro não alterou o ponto de vista papal a respeito de Lutero. Muitas pessoas influentes se declararam favoráveis a Martinho Lutero, tornando-se este então polemista popular e bem sucedido. Num debate teológico em Heidelberg, em 26 de abril de 1518, foi bem sucedido ao defender suas idéias.


Reação Papal

A 7 de agosto de 1518, Lutero foi convocado a Roma, onde seria julgado como herege. Mas apelou para o príncipe Frederico, o Sábio, e seu julgamento foi realizado em território alemão em 12/14 de outubro de 1518, perante o Cardeal Cajetano, em Augsburg. Recusou-se a retratar-se de suas idéias, tendo rejeitado a autoridade papal, abandonando a Igreja Romana, o que ficou confirmado num debate em Leipzig com João Eck, entre 4 e 8 de julho de 1519.

A partir de então Lutero declara que a Igreja Romana necessita de Reforma, publica vários escritos, dentre os quais se destaca "Carta Aberta à Nobreza Cristã da Nação Alemã Sobre a Reforma do Estado Cristão". Procurou o apoio de autoridades civis e começou a ensinar o sacerdócio universal dos crentes, Cristo como único Mediador entre Deus e os homens, e a autoridade exclusiva das Escrituras, em oposição à autoridade de papas e concílios. Em sua obra "Sobre o Cativeiro Babilônico da Igreja", ele atacou o sacramentalismo da Igreja. Dizia que pelas Escrituras só podem ser distinguidos dois sacramentos o batismo e a Ceia do Senhor. Opunha-se à alegada repetida morte sacrificial de Cristo, por ocasião da missa. Em outro livro, "Sobre a Liberdade Cristã", ele apresentou um estudo sobre a ética cristã baseada no amor.

Lutero obteve grande popularidade entre o povo, e também considerável influência no clero. Em 15 de julho de 1520, a Igreja Romana expediu a bula Exsurge Domine, que ameaçava Lutero de ser excomungado, a menos que se retratasse publicamente. Lutero queimou a bula em praça pública. Carlos V, Imperador do Santo Império Romano, mandou queimar os livros de Lutero em praça pública.

Lutero compareceu a Dieta de Worms, de 17 a 19 de abril de 1521. Recusou-se a retratação, dizendo que a sua consciência estava presa à Palavra de Deus, pelo que a retratação não seria seguro nem correto. Dizem os historiadores que concluiu a sua defesa com estas palavras : "Aqui estou; não posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém". Respondendo a Dieta em 25 de maio de 1521, formalizou a excomunhão de Martinho Lutero, e a Reforma nascente também foi condenada.


Influência Política e Social

Por medidas de precaução, Lutero este recluso no castelo de Frederico, o Sábio, cerca de 10 meses. Teve tempo de trabalhar na tradução do Novo Testamento para a língua alemã. Esta tradução foi publicada em 1532. Com a ajuda de Melancton e outros, a Bíblia inteira foi traduzida, e, então, foi publicada em 1532. Finalmente, essa tradução unificou os vários dialetos alemães, do que resultou o moderno alemão.

Tem-se dito que Lutero foi o verdadeiro líder da Alemanha, de 1521 até 1525. Houve a Guerra dos Aldeões em 1525, das classes pobres contra os seus líderes. Lutero tentou estancar o derramento de sangue, mas, quando os aldeões se recusaram a ouví-lo, ele apelou para os príncipes a fim de restabelecerem a paz e a ordem.

Fato notável foi o casamento de Lutero, com Catarina von Bora, filha de família nobre, ex-freira cisterciana. Tiveram seis filhos, dos quais alguns faleceram na infância. Adotou outros filhos. Este fato serviu para incentivar o casamento de padres e freiras que tinham preferido adotar a Reforma. Foi um rompimento definitivo com a Igreja Romana.

Houve controvérsia entre Lutero e Erasmo de Roterdã, que nunca deixou a Igreja Romana, por causa do livre-arbítrio defendido por este. Apesar de admitir que o livre-arbítrio é uma realidade quanto a coisas triviais, Lutero negava que fosse eficaz no tocante à salvação da alma.
Outras Obras.

Em 1528 e 1529, Lutero publicou o pequeno e o grande catecismos, que se tornaram manuais doutrinários dos protestantes, nome dado aqueles que decidiram abandonar a Igreja Romana, na Dieta de Speyer, em 1529.

Juntamente com Melancton e outros, produziu a confissão de Augsburg, que sumaria a fé luterana em vinte e oito artigos. Em 1537, a pedido de João Frederico, da Saxônia, compôs os Artigos de Schmalkald, que resumem seus ensinamentos.


Enfermidade e Morte

Os últimos dias de Lutero tornaram-se difíceis devido a problemas de saúde. Com frequência tinha acesso de melancolia profunda. Apesar disso era capaz de trabalhar tenazmente. Em 18 de fevereiro de 1546, em Eislebem, teve um ataque do coração, vindo a falecer.

05 abril 2006

John Fletcher (1729 - 1785)

Jean Guillaume de la Fléchère, um Suíço de língua Francesa que nasceu em Nyon em 12 de Setembro de 1729, foi um verdadeiro grande homem de Deus. John William Fletcher - o seu nome foi anglicizado para ajudá-lo a ser aceito por aqueles a quem ele foi chamado a pastorear e pregar - serviu o Senhor em Madeley (Inglaterra) de 1729-1785 e foi presidente da Trevecca, a universidade do Sul de Gales fundada pela Condessa de Huntingdon, concebida para treinar líderes Cristãos durante o reavivamento do Séc. XVIII. Ele era altamente respeitado e amado, - quase que adorado pelos estudantes. Amigo íntimo tanto de John como de Charles Wesley, Fletcher foi considerado sucessor de John Wesley, mas, ao morrer em 1785, precedeu Wesley na morte. Wesley disse que, espiritualmente, nunca encontrara ninguém como Fletcher, “alguém tão devotado a Deus tanto exterior como interiormente; e dificilmente encontrarei outro como ele deste lado da eternidade”.Quando morreu foi dito: “John Fletcher, um modelo de santidade sem paralelo neste século.”.

John Fletcher era conhecido por De Madeley devido ao impacto que causou nesta terra inglesa. A influência do seu ministério foi de tal envergadura que os bares fecharam todos nesta localidade.Alguns apresentavam como desculpa para não irem aos cultos, aos Domingos de manhã, o fato de não conseguirem acordar a tempo suficiente para terem a família pronta. Ele arranjou um remédio para este mal. Pegando numa sineta, às cinco horas da manhã, durante meses, todos os domingos, percorria as ruas convidando os habitantes para a casa de Deus. Era incansável. Mesmo doente nunca recusava sair de casa a altas horas da noite, ou de madrugada, em qualquer estação do ano, mesmo sob as condições atmosféricas mais severas e desconfortáveis, para visitar os doentes e moribundos, e oferecer-lhes as consolações do Evangelho.O pai dele era membro de uma das famílias mais respeitadas no Cantão de Berna, na Suíça, e foi Coronel no Exército Francês. O pai colocou-o a estudar em Geneva, onde se distinguiu academicamente pelo brilhantismo. Depois foi estudar alemão e Hebraico no cantão Suíço de Lensbourg. O pai queria que ele seguisse a carreira eclesiástica. No entanto, quando concluiu os estudos, e não obstante ter tido uma infância que o marcou positivamente a nível espiritual, resolveu enveredar por outra via. Disse ele depois que tal mudança se deveu à corrupção existente no mundo e no seu próprio coração. Os colegas aliciaram-no a seguir o Exército. Ele tentou em vão obter o consentimento do pai para entrar no Exército.


NA MARINHA PORTUGUESA

Apesar de ter qualificações intelectuais para trabalhar como professor, preferiu o risco da aventura de ser mercenário. Chegou a vir a Lisboa para comandar um navio de guerra Português que o levaria ao Brasil, ao serviço do Rei de Portugal. Entretanto algo o obrigou a ficar em terra e a desistir dessa via. Uma criada, que servia o pequeno-almoço, entornou-lhe em cima duma perna um bule de Chá a ferver, impossibilitando-o de concretizar este seu desejo. Ainda tentou ingressar no Exército da Holanda onde tinha um tio no posto de Coronel, mas, entretanto o tio morreu e as suas esperanças desvaneceram-se. O que se teria perdido, se estes reveses não tivessem acontecido?!


EM INGLATERRA

Desempregado, resolveu ir para Londres. Uma vez aqui, ouviu o Evangelho através dos metodistas e converteu-se ao Senhor. Começou então uma vida maravilhosa. Pouco tempo decorrido após a conversão começou a pregar – com muita bênção. Era muito solicitado em diferentes igrejas. A humildade e o fervor eram as suas grandes características. Toda a sua vida passou a ser uma vida de devoção; e tão ansioso ele estava em manter a comunhão com Deus, que por vezes dizia, “Não me levantarei, sem primeiro erguer o meu coração a Deus”."Sempre que nos encontrávamos”, observa um amigo íntimo, "se estivéssemos sós, a sua primeira saudação era, 'Interrompo a tua oração?' Se conversávamos sobre qualquer ponto doutrinal, quando estávamos na profundidade da questão, ele interrompia muitas vezes de forma abrupta a conversa e perguntava, 'Onde estão agora os nossos corações?' Se a má conduta de uma pessoa ausente fosse mencionada, a sua atitude era,'Oremos por ele.' "Ele escreveu muito. Embora tendo nascido e sido educado na Suíça, John Fletcher adotou a língua inglesa deixando obras importantes nesta língua. Foi considerado um grande teólogo. Ele chegou a estudar 14 a 16 horas por dia as Escrituras, combatendo, por escrito, idéias estranhas à fé Cristã nos seus dias. Comia apenas para sobreviver fisicamente. Era raro tomar as refeições a horas regulares. Em 24horas comia 2 ou 3 vezes, comendo pão, queijo, fruta e leite.


JOVENS MARCADOS

Ele também lecionou. Os estudantes ficavam tão impressionados com ele que quando entrava na sala de aulas fechavam os livros sobre Virgílio, Cícero e outros, muito em moda na época. Preferiam escutá-lo. Depois de falar sobre grandes temas como a oração, a plenitude do Espírito e o poder e bênção de Deus na vida quotidiana, convidava-os a colocarem a teoria na prática. Normalmente saía da sala de aulas e dirigia-se a um compartimento onde se punha a orar. Invariavelmente os estudantes todos seguiam-no. Estes contaram que um dia, quando ele orava, o êxtase espiritual que experimentava era tão elevado que exclamou. “Senhor, não me enchas mais senão rebento. Perdoa-me Senhor, continua a encher-me; prefiro rebentar a perder esta bênção de ser cheio de Ti”. Os estudantes confessavam que às vezes não sabiam se ainda estavam neste mundo ou já no próximo. Havia dias que passavam com ele horas a buscar a face de Deus. Um dia ele disse-lhes: “Se Deus vos conceder arrebatamentos e experiências extraordinários, agradecei-Lhe; mas não vos glorieis nisso fora da medida. Sede prudentes, para que a desilusão não se intrometa; e lembrai-vos que a vossa perfeição Cristã não consiste tanto na construção de um tabernáculo no Monte Tabor, para descansardes e desfrutardes de VISTAS RARAS ALI, mas em tomardes resolutamente a cruz, e seguir Cristo no palácio de um arrogante Caifás, até ao átrio de juízo de um injusto Pilatos, e até ao cume de um ignominioso Calvário. Nunca lestes nas vossas Bíblias, “Que esteja sobre vós a glória que também esteve sobre Estêvão, quando ele olhou firmemente para o céu, e disse, ‘Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus’, mas tendes lido nelas freqüentemente, ‘De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.’”


HOMEM DE ORAÇÃO

A oração, com Fletcher, não era um dever mas um refrigério e uma inspiração. Todos os Domingos de manhã, entre as quatro e as cinco da manhã, e duas ou três noites por semana, depois dos alunos estarem a dormir, ele costumava sair para os prados, ou para as margens do Severn, reunindo-se com um funcionário de finanças, um criado, e uma viúva pobre.Os quatro derramavam a sua alma em oração a Deus, sendo admiráveis as manifestações de amor e graça divinos que lhes era concedido. Henry Venn disse dele: “Fletcher foi um luminar — eu disse, um luminar? Ele foi um sol! Conheci todos os grandes homens de Deus nestes 50 anos, mas nunca conheci ninguém como ele, e conheci-o intimamente... Nunca o ouvi proferir uma única palavra que não fosse própria. E tinha uma tendência impressionante de ministrar graça aos que o ouviam… Nunca ouvi Fletcher falar mal de alguém. Ele orava pelos que andavam desordenadamente, mas nunca publicava as suas faltas.”


SERÁFICO

Quando visitou determinada localidade um crente idoso rogou-lhe que prolongasse a sua visita somente por mais uma semana. Quando viu que seria impossível, desabafou para outro crente, com lágrimas nos olhos: “Oh, que infelicidade para a minha terra! Durante a minha vida só vi ser produzido um homem anjo e agora que o temos perdemo-lo.”Quando ele pregava o sentimento de quem o ouvia era de que falava como alguém que acabara de conversar com os anjos e Deus, e não como ser humano. John Fletcher certa ocasião ausentou-se 5 meses de Inglaterra para, numa viagem, pregar em França, Itália e Suíça. Por onde passou deixou marcas profundas nas almas que o receberam e escutaram. Fez o mesmo, noutras ocasiões, por toda a Grã-Bretanha, regressando sempre à imensa labuta entre os seus, em Madeley.


REMINDO O TEMPO

Para se ter uma noção de como ele remia o seu tempo notemos o que se passou certa ocasião. Certa manhã, ele quis estar presente quando as raparigas da escola foram tomar o seu pequeno-almoço, observando o tempo que demoravam. Quando acabaram ele falou com cada uma separadamente, e no fim disse-lhes: “Observei esta manhã como vocês tomam o vosso pequeno-almoço. Convido-vos a estardes presente no meu pequeno-almoço amanhã, para verdes como eu o tomo. Ele informou-as que o seu pequeno-almoço seria às 7h. Quando elas vieram à hora marcada observaram-no comer uma malga de leite com pedaços de pão enquanto ao mesmo tempo conversava com elas. Ele tinha colocado um relógio na mesa, e quando acabou de comer perguntou-lhes quanto tempo demorara. Elas disseram-lhe que comera num minuto e meio. Contrastando com o tempo que elas tinham tomado no dia anterior -uma hora -, disse-lhes: “Ainda temos 58 minutos!” E começou a cantar um hino com esta letra: A nossa vida é como quimera! A nossa temporada escoa efêmera. O momento fugidio já era. A seguir pregou-lhes sobre o valor do tempo e da alma. Por fim ajoelharam-se todos em oração.


FAZIA BALANÇO DIÁRIO

Antes e além de tudo o mais John Fletcher buscava Deus. Como ajuda neste supremo esforço ele redigiu as seguintes regras para usar à noite:

Hoje, ao levantar-me estive espiritualmente vigilante, e tive o cuidado de impedir que a minha mente vagueasse?
Neste dia estive mais perto de Deus em momentos de oração, ou dei azo à preguiça e ociosidade?
Neste dia a minha fé foi enfraquecida por falta de vigilância, ou despertada pela diligência?
Neste dia andei pela fé e vi Deus em todas as coisas?
Neguei-me a proferir palavras e pensamentos maus? Alegrei-me por ver outros preferidos a mim?
Fiz o máximo com o meu precioso tempo, ou enquanto tive luz, força e oportunidade?
Guardei as saídas do meu coração com graça, de modo a tirar proveito delas?
O que é que neste dia fiz em proveito das almas e corpos dos queridos santos de Deus?
Fiz alguma coisa para agradar ao meu ego quando podia ter poupado dinheiro para a causa de Deus?
Neste dia governei bem a minha língua, lembrando-me que “na multidão de palavras não falta pecado”?
Em quantos exemplos me neguei a mim mesmo hoje?
A minha vida e conversação adornaram o Evangelho de Jesus Cristo?


FÉ PRÁTICA

Com o fim de encorajar os outros se manterem em comunhão com Deus e desfrutarem da salvação plena, Fletcher formulou uma série de questões como forma útil de se examinarem a si mesmos. O exemplo que a seguir apresentamos mostra quão prática era a fé que ele vivia e pregava.“Sinto algum orgulho? Estou morto para todo o desejo de ser elogiado? Se me desprezam, gosto menos deles por causa disso? Ou se me amam ou aprovam, amo-os mais como resultado? Cristo é a vida de todas as minhas afeições e projeto, do mesmo modo que a minha alma é a vida do meu corpo? Realizo sempre a presença de Deus? ...Estou livre do medo dos homens? Estou sempre pronto para confessar Cristo, sofrer com o Seu povo, e morrer por amor a Ele?...Estou pronto a abrir mão da minha tranqüilidade e comodidade para fazer algo em favor dos outros, ou espero que sejam eles a fazerem isso por mim?...Nunca tomo para mim a glória que pertence a Cristo?...Sou amável, não severo; adaptando-me a todos com doçura; esforçando-me para não causar dor, mas para ganhar e vencer tudo para seu bem?...Realizo as tarefas mais servis, como as que requerem muito trabalho e humilhação, com alegria?...Sujeito todos os pensamentos a Cristo?...Não penso no mal, não dou ouvidos a conjecturas sem fundamento,nem julgo pela aparência? Como é que sou na tentação? Se Satanás me apresenta uma má imaginação, a minha vontade resiste imediatamente, ou cede? Sofro as enfermidades da velhice ou doença sem procurar reparar a decadência da natureza com bebidas fortes? Ou faço de Cristo o meu único apoio, lançando o peso do corpo enfraquecido nos braços da Sua misericórdia?” Nada havia inferior à sua imersão na profundidade d’Aquele Cuja santidade era origem, convite e recompensa para o homem que insistiu muito com a sua mulher: “Não escrevas nada sobre mim; Deus é tudo.”


REVOLUÇÃO EM MADELEY

O povo de Madeley estava num enorme desconforto, quando John Fletcher surgiu. Eles nada mais queriam, do que serem deixados sós, mas a influência deste novo ministro era de uma força tremenda.Eles começaram a temer abrir as suas tabernas e salões de dança. A aparência deste homem pálido, quando repreendia o pecado com palavras que queimavam e feriam, era de olhos relampejantes, como brasas incandescentes. Fletcher insistia na urgência da sua conversão a Deus e não na simples ida à igreja. Em público dirigiam-se a ele com raiva; em privado falavam mal dele; perturbavam as suas reuniões informais; amaldiçoavam o seu nome. Porém houve uma coisa com que não conseguiram lidar – a sua coragem e bondade, que foram determinantes para mudar a maré.O seu estilo de pregação não foi bem recebido e não obteve o apoio do clero e dos abastados. Eles referiam-se a ele como sendo um herege cismático. Mas, com suas boas obras, qualidades pessoais e dom de oratória venceu-os a todos. Uma das características de Fletcher é que ele não requeria sempre um púlpito para pregar; uma área aberta, ao ar livre, era igualmente boa para ele. Muitas vezes aventurava-se a trabalhar nas comunidades, com os mineiros, os metalúrgicos, os marinheiros e os pobres, a quem ele fazia freqüentes visitas. Ele tratava todos por igual, nunca tirando partido dos caprichos dos poderosos.


ENORME DIANTE DO REI

Em 1776 ele escreveu um folheto. Uma cópia foi enviada ao Rei de Inglaterra.Este quis recompensá-lo com uma posição eclesiástica elevada. Com cortesia ele recusou a oferta do monarca, acrescentando, “Apenas quero mais graça”. Sempre que lhe perguntavam se tinha alguma necessidade, ele respondia, “... não quero nada, a não ser mais graça”.


CASAMENTO

Ele casou-se com Mary Bosanquet, uma mulher que conhecia há muito tempo, na esperança de que ela o ajudasse no reavivamento. Adotaram uma menina chamada Sally. Eles casaram-se em 1781, quando o noivo tinha 52 anos de idade. Foi um casamento muito feliz e aceito com muita alegria em Madeley, mesmo apesar da noiva ser natural de Leytonstone e não uma rapariga local. Este casamento feliz rompeu-se forçosamente devido à morte dele, apenas três anos, nove meses e dois dias depois de se realizar.


SEGREDO DO SUCESSO

O segredo do seu sucesso parece ter sido uma mistura de oração contínua, devoção pessoal à Pessoa de Cristo, estudo intenso das Escrituras, preocupação social pelo rebanho, e uma prontidão voluntária em visitar qualquer pessoa que se encontrasse de alguma forma aflita. Ele orava muito todos os dias e dedicava duas noites por semana – que se estendiam pela madrugada - ao estudo das Escrituras para melhor compreender a fé Cristã.


ALTRUÍSTA

Ele organizou a ajuda - e ele mesmo empenhou-se nela – aos velhos, pobres, moribundos, viúvas e órfãos. Ele manifestou uma compaixão evangélicatípica pelas necessidades sociais dos que o rodeavam, dando ele mesmo sacrificadamente para que a sua visão se materializasse. Ele dava tanto que pouco ficava para manter a sua casa e comer. A sua atitude imutável para com o dinheiro e toda a forma de riqueza mundana, deve ter parecido incompreensí vel aos seus contemporâneos; ele era bastante insensível às ofertas de conforto e luxúria. De fato, tendo puramente por base o fato de que uma “certa jovem senhora” tinha riqueza, ele menosprezou o amor da única mulher com quem achava que se podia casar. Só depois de Miss Bosanquet ter sido deserdada pela sua família devido às suas convicções evangélicas, é que Fletcher rompeu o silêncio e fez a proposta há muito esperada – vinte e cinco anos depois de se terem encontrado pela primeira vez. E mesmo então, ele tornou bastante claro que, embora ele a amasse, foi a penúria dela que tornou possível que ele a abordasse daquele modo!


PODEROSO

Para um homem com o talento treinado como o dele, tendo um poder de expressão que destilava eloqüência diante de qualquer audiência, Fletcher podia ter conseguido para si um nome famoso. Em vez disso, o propósito dele foi levar à conversão e não encantar os seus ouvintes; assegurar os seus interesses eternos e não obter os seus aplausos momentâneos… Ele falava como na presença de Deus, e ensinava com autoridade Divina. A energia da sua pregação era irresistível. Os seus temas, linguagem, gestos, tom de voz, e a sua face, tudo conjugava para fixar a atenção e afetar o coração. Sem pretender a sublimidade; ele foi verdadeiramente sublime, e de eloqüência rara.”


ESQUECIDO

John Fletcher tem sido esquecido pela Cristandade moderna, não sendo muito mencionado pelos historiadores, no entanto alterou o curso de eventos nacionais por meio das suas orações e zelo. Apesar de reservado (e por isso esquivo) não deveríamos negligenciar o testemunho desta vida que é uma autêntica fonte de inspiração e piedade. A Bíblia tem razão: A memória do justo é uma bênção (Prov. 10:7).


DEPENDENTE

O acontecimento que a seguir narramos ilustra o poder da bênção divina abundante no seu ministério. Uma senhora que se tinha convertido e que desejava muito ir aos cultos, sofria o antagonismo de um marido terrível. Ele era um perfeito pagão que fazia tudo para a reter em casa, e transformar a sua vida numa miséria. Um dia em que ela se preparou para ir ao culto ele disse-lhe, com sinceridade óbvia que, se ela saísse de casa, a estrangularia quando voltasse. Apesar da ameaça, ela foi. À medida que o tempo passava, ela pensava, receosa, na recepção que teria no regresso. John Fletcher, que nada sabia disto, não sentiu liberdade nenhuma em pregar a partir das anotações que preparara. Sentiu-se pressionado pelo Senhor para pregar de memória, guiado pelo Espírito. A mente dele foi orientada para a história de Sadraque, Mesaque e Abdenego, lançados na fornalha, em Daniel. Sem saber, ele foi levado a encorajar aquela mulher preocupada. Após o culto, encorajada com o que ouvira, a mulher regressou a casa sem receio, confiada na provisão do Senhor. Contudo, ao chegar a casa, o que os olhos dela contemplaram excedia tudo o que a sua mente tinha imaginado. O seu marido pagão estava prostrado no chão, com a face no soalho, em agonia, clamando a Deus por misericórdia, tal a convicção a que estava sujeito pelo Espírito de Deus.


INFLUENTE

Em toda a sua vida ministerial John Fletcher conheceu um poder espiritual notável na pregação; não há dúvida que ele estava ungido com a unção divina e falava no poder do Espírito Santo. A sua congregação cresceu exponencialmente, sendo grandemente afetados, nos cultos, tanto jovens como idosos. As lágrimas eram lugar comum. Independentemente do local onde ia e da língua falada, o resultado era o mesmo. As audiências ficavam num estado de profunda convicção. Por vezes as congregações não dispersavam, ficando reunidas horas depois de acabada a pregação, por causa do desejo da obtenção da graça divina que se seguia ao arrependimento.


CONVITE DE JOHN WESLEY

Fletcher era tão poderoso e eloqüente que John Wesley afirmava repetidas vezes que era ele, e não George Whitefield, que deveria ter tamanha fama nacional. Wesley não dizia isto maldosamente, pois ele tinha a mais elevada consideração pelo seu entusiástico colega Whitefield; ele olhava para os fatos de uma forma lógica, e apenas emitia a sua opinião. De fato, Wesley foi mais adiante e manifestou o seu desejo permanente de que Fletcher liderasse o movimento metodista após a sua morte. Quando Wesley tinha 58 anos e John Fletcher 32, ele pediu a Fletcher para que fosse seu companheiro e sucessor. Wesley ficou desiludido quando Fletcher decidiu restringir-se a Madeley. Wesley não imaginava que viveria mais 6 anos do que John Fletcher, apesar da diferença significativa das suas idades.


FANTÁSTICO ATÉ AO FIM

Ele contraiu a tuberculose tendo ido para um clima mais quente para recuperar. Nunca recuperou e morreu em 14 de Agosto de 1785 com 56 anos de idade. Quando Fletcher soube que tinha tuberculose ficou calmo, como sempre.Em vez de assumir o papel de doente, ele percorreu a Suíça comunicando aos seus conterrâneos as coisas que Deus lhe tinha mostrado nos anos anteriores. Ele suportava o sofrimento do mesmo modo que suportou a incompreensão –ficando calmo, com a ajuda de Deus. Estando gravemente enfermo alguém foi visitá-lo e ficou impressionado: “Fui visitar um homem que tinha um pé na sepultura; mas encontrei um homem com um pé no céu”. Mesmo extremamente doente foi pregar numa conferência. Alguém escreveu o que viu: “Toda a assembléia se colocou de pé como que movida por um choque elétrico. John Wesley ergueu-se e avançou uns passos para segurar o seu amigo e irmão quando este acabou de pregar. A face de Fletcher parecia pronunciar fortemente que ele se abeirava da sepultura, enquanto os olhos relampejavam amor seráfico, indicando que habitava nos subúrbios do Céu … Ele tinha falado com uma eloqüência tão santa que nenhuma descrição minha pode expressar adequadamente. Ele acabava de falar a uma centena de pregadores, em números redondos, que estavam inundados em lágrimas … Wesley, para aliviar o seu amigo lânguido de fadiga e desgaste pelo enorme esforço que fizera ao pregar, ajoelhou-se abruptamente ao seu lado, secundado por todo o congresso de pregadores, enquanto num modo conciso e enérgico, orou pela restauração da saúde de John Fletcher.”


UMA NAÇÃO AFETADA

A sua morte em 14 de Agosto de1785, com a idade de 56 anos, foi, humanamente falando, inoportuna e prematura; ele viveu como uma labareda que durou menos tempo do que o esperado; todo o país ficou triste com a perda. John Wesley prometeu escrever a história da sua vida logo que pudesse, de modo a que as suas experiências pudessem ser úteis para a posteridade. Um ano depois, com a idade de 83 anos, a tarefa estava concluída. No grande manuscrito produzido, Wesley escreveu, “Nunca conheci alguém tão uniforme e profundamente devotado a Deus... E dificilmente encontrarei, deste lado da eternidade”. Wesley conduziu o seu funeral com 82 anos de idade, usando como texto da mensagem o Salmo 37:37: “Nota o homem sincero, e considera o reto, porque o fim desse homem é a paz.” O seu epitáfio: Jaz aqui o corpo do REV. JOHN WILLIAM DE LA FLÉCHÈRE,Vigário de Madeley; O qual nasceu em Nyon, na Suíça, em 12 de Setembro de 1729, tendo consumado a sua carreira, em 14 de Agosto de 1785, nesta Vila, onde os seus trabalhos sem precedentes nunca serão esquecidos. Ele exerceu o seu ministério no espaço de 25 anos nesta comunidade, com um zelo e capacidade invulgares. E apesar de muitos terem crido no seu testemunho, ele podia com justiça ter adotado a lamentação do Profeta: “Estendi as minhas mãos o dia todo a um povo rebelde e contradizente: todavia o meu direito está perante o SENHOR, e o meu galardão perante o meu Deus.”


RETRATO JORNALÍSTICO

A personalidade de John Fletcher foi assim retratada por um jornal, escassos dias após a sua morte: --"No dia 14 deixou esta vida John Fletcher, de Madeley, para indescritível dor e apreensão do seu rebanho, e de todos os que tiveram a felicidade de o conhecer. Se falarmos dele como homem, e como cavalheiro, ele era detentor de todas as virtudes que adornam e dignificam a natureza humana. Se tentarmos falar dele como ministro do Evangelho, será extremamente difícil transmitir ao mundo uma idéia justa deste grande homem de Deus. Os seus conhecimentos profundos, a sua exaltada piedade, os seus labores incessantes para realizar o importante dever das suas funções, juntamente com as capacidades e bom efeito com que o conseguia, são bem conhecidos e nunca serão esquecidos na vinha em que labutou. A sua caridade, a sua generosidade universal, a sua mansidão,e a sua bondade exemplar, são dificilmente igualadas pelos filhos dos homens. Ansioso por cumprir os sagrados deveres do seu ministério até aos últimos momentos da sua vida, ele pregou a cerca de 200 pessoas no Domingo que antecedeu a sua morte, confiado no poder Todo-Poderoso e entregando a sua vida nas mãos d’Aquele que lha deu, com a serenidade e a alegre esperança de uma ressurreição feliz, que acompanham os últimos momentos dos justos.” Que os dias que nos restam sejam como os seus!